Do céu choviam finas lágrimas de tristeza, um lindo dia para um casamento que não tem fundamento, sentido e muito menos amor, talvez alguém lá em cima saiba como eu me sinto, ou como em penso, mas em verdade se alguém soubesse choveria o ano inteiro, meu pai um dia disse (uma das poucas coisas que ele me disse de bom na infância) que as gotas de chuva são as lágrimas que deixam de ser derramadas pelas pessoas e quando elas não podem mais chorá-las elas caiem em forma de chuva, quero acreditar que isso é verdade.

Eu fechei o zíper do vestido, tentava disfarçar com meios sorrisos que queria fugir dali, a todo o momento vinha aquela voizinha da consciência no meu ouvido dizer que ainda da tempo de fugir, da tempo de correr, mas não, não faria isso com o Kiba, meu melhor amigo, era assim que o descrevia, a ideia de Kiba meu marido eu preferia guardar para o final do casamento.

Desci as escadas dando atenção a cada degrau, pisando levemente, como se fosse a primeira vez que desce aquela escada, senti o impacto do salto na minha perna como uma menina que calça um sapato alto pela primeira vez, ao chegar no final Neji pegou no braço e me conduziu a limusine, apesar deu achar que estava atrasada, mas Kiba nem havia chegado, pedi que todos me deixassem sozinha, alguns pensaram que era nervosismo, mas não, eu só queria pensar em algo feliz, coisa que não fazia a muito tempo, afinal eu não tinha mais tempo para parar pra pensar, tudo no automático, no prático, mas nada no subjetivo.

Fechei os olhos, vi a Tsubaki brincando na grama do jardim, mas ela não estava sozinha, havia um loiro, lindo, o pai dela, Naruto, eles riam bastante enquanto se sujavam na terra e eu também ria, eu estava sentada numa cadeira daquelas de praia, debaixo do guarda-sol olhando eles brincarem, uma lágrima escorreu dos meus olhos, essa não faria parte de uma nuvem para se precipitar como chuva, não, as minhas lágrimas seriam derramadas, por mais que doesse, porém eu não podia estragar a maquiagem, não podia entrar borrada na igreja, enxuguei a lágrima e voltei a fechar os olhos, mas dessa vez eu fui interrompida, ouvi um piso no carpete, mas não abri os olhos

-Eu já disse que quero ficar sozinha!

-Hinata... – abri os olhos de espanto, não era possível que ele estivesse aqui, virei a cabeça para ver e não havia errado era Naruto

-O que você esta fazendo aqui?Veio assistir a cerimônia?

-Pare de besteiras!Eu não viria aqui “prestigiar” você

-Então o que você esta fazendo aqui?

-Hinata você ainda tem tempo de desistir dessa loucura!

-O quê? – já estava ficando difícil ficar em pé e eu me sentei numa cadeira para não cair no chão

-Eu sei que você sabe que não ama o Kiba, você me ama!

-Pretensioso você, não?

-Hinata eu vou te esperar nem que seja uma vida inteira, eu vou te esperar, – ele veio na minha direção se ajoelhou e segurou meu rosto entre as mãos – pode ser a hora que você quiser, eu venho, é só você dizer meu nome que eu vou estar ao seu lado

-Naruto, por favor...

-A sede da empresa vai se mudar para China, se você disser que sim, que fica comigo eu fico aqui, eu fico com você e a Tsubaki, ainda da tempo, eu largo tudo para ficar com vocês duas, eu vou ficar na porta da igreja esperando por você, eu vou aguardar a cerimônia inteira se for preciso, e quando o padre perguntar quem é contra eu vou entrar fazendo o mais escândalo, porque eu te amo!

-Eu não posso... – agora não tinha mais como segurar as lágrimas e pouco me importava se ia borrar minha maquiagem toda, pois era involuntário, elas continuavam a descer – Por favor, vá embora, você não acha que já atrapalhou de mais? – tentei me desvencilhar das mãos dele, mas ele segurava firmemente o meu rosto

-Eu vou se você disser que não me ama mais

-Eu não te amo! – fechei os olhos, deixando que mais algumas lágrimas descessem, essa era a maior mentira que eu já contara

-Olha nos meus olhos e diz que não me ama mais!

-Naruto eu, eu, - encarando aquelas orbes azuis era impossível mentir, eu nunca conseguiria dizer que não o amava – para que isso?Me solta, por favor, eu já estou atrasada, todos devem estar me esperando... – levantei rápido, mas ele me segurou pelo braço

-Pouco me importa os outros!Eu quero ouvir de você!Diz que não me ama mais e eu vou embora

-Eu não, eu não

-Hinata!Já esta na hora! – Neji gritou

-Eu vou estar te esperando – ele saiu correndo pela janela da sacristia, me deixando desolada

-Vamos? – Neji ofereceu o braço, mas ao olhar para o meu rosto tomou um susto – O que foi?Você estava chorando?

-Não foi nada, só emoção

Nós adentramos a igreja, todos de pé sorridentes, menos a noiva e daminha que vinha logo atrás, Neji me deixou ao lado de Kiba que apenas sorriu timidamente para mim o ato não foi recíproco, a missa foi decorrendo bem, eu estava longe, olhava a todo momento para Naruto sentado na escadaria da igreja, ele me olhava com súplica, o buquê ainda estava na minha mão.

-Inuzuka Kiba você jura respeitar e amar Hyuga Hinata na saúde e doença, na riqueza e na pobreza, na alegria e na tristeza, até que a morte o separe?

-Sim    

-Hyuga Hinata você jura respeitar e amar Inuzuka Kiba na saúde e doença, na riqueza e na pobreza, na alegria e na tristeza, até que a morte o separe? – não prestei atenção no que padre disse até Tsubaki me dar uma cutucadinha, então ele repetiu:

-Hyuga Hinata você jura respeitar e amar Inuzuka Kiba na saúde e doença, na riqueza e na pobreza, na alegria e na tristeza, até que a morte o separe? – era algo a se pensar, eu realmente estava disposta a tudo isso?Mas o padre continuava insistindo – Hinata?

-Hinata esta tudo bem? – Kiba perguntou ao ver minhas mãos trêmulas – Você esta suando frio!

-Kiba?

-Sim – ele sorriu para mim, mas as palavras que eu diria agora seriam sussurros

-Seja feliz! – coloquei o buquê nas mãos dele, ele me olhava sem entender – Desculpe se vou te fazer sofrer, – o abracei e falei em seu ouvido – mas eu não posso perder o amor mais uma vez, sabe a felicidade não bati duas vezes na mesma porta, mas vai ver eu poso operar milagres, pois ela já esta batendo a meses na minha porta e essa é minha última chance, então desculpe-me –me virei para o padre – não

Todos me olharam com espanto, enrolei a cauda do vestido num dos braços e sai correndo para saída, mas ao chegar lá Naruto não estava mais lá, o Porsche já estava dobrando a esquina, fiquei atônita, Tsubaki veio ao meu lado

-Vai lá mamãe! – todos os convidados vieram para a porta da igreja ver para onde a noiva fugitiva estava indo, comecei a correr em direção ao carro gritando o nome dele, nem que eu tivesse que correr até casa dele o alcançaria.

-NARUTO!!!!!!!OLHA PRA CÁ!!!!PARA ESSE CARRO!!!NARUTO!!!!!! – quando ele já havia feito a curva da esquina eu tropecei, ele olhou pelo retrovisor, deixou o carro no meio da rua e desceu correndo, me levantei e corri em direção a ele, pode ter sido imaginação, mas eu vi uma lágrima rolar daquela imensidão azul que eram seus olhos

-Eu achei que você não vinha mais! – pulei nele o fazendo ir ao chão – Você fica linda de noiva

-Eu te amo, eu te amo, eu te amo, eu te amo, ai shiteiru!!! – a cada frase dita eu dava beijinhos na boca dele

-Eu também, eu também te amo muito! – eu levantei de cima dele, pois apesar de todo o pano do vestido de noiva eu estava caída sobre ele no meio da rua e todos que passavam nos olhavam estranho, ele levantou e me carregou me deixando totalmente desconsertada – Agora para casa e nem venha me dizer que esta ocupada – corei

-Me bota no chão!O que é que a Tsubaki vai pensar?

-Nada, afinal ela é só uma criança

-Não!Pera aí!SAKURA!!!!!Dá a volta e para na igreja pra quê? – ele vinha descendo os beijos pelo meu pescoço – Faz o que eu estou mandando? – ele parou na frente da igreja

-Sakura, por favor, você pode ficar com a Tsu-chan hoje?
-Claro, olha o que você vai fazer com a minha amiga viu Naruto?

-Pode deixar, ta comigo, ta com Deus

-Assim eu espero ¬¬’

A Tsubaki acenou ao longe nós apenas retribuímos, botei minha mão sobre o banco, ele colocou a dele por cima e apertou, era maravilhosa aquela sensação de proteção, aquelas mãos macias, quentes e confortáveis e como eu adorava aquele calor que emanava dele.

-Arigatô – sussurrei

-Por quê?

-Se não fosse por você talvez hoje eu não estivesse aqui

-Como assim?

-Se você não me amasse, se você não tivesse me atropelado, se você não tivesse me abrigado na casa do Kakashi, se você não acreditasse em mim, talvez hoje eu não fosse quem eu sou, eu só estou aqui porque você me amou, porque você acreditou em mim e me deu forças, porque sempre que algo fava errado você vinha me dava o que estava faltando de casa a carinho, você me deu tudo!

-Faço suas as minhas palavras, você não sabe mais eu realmente estava nas trevas antes de conhecer você, você se tornou minha luz, mas eu não te definiria como o Sol, talvez uma flor, uma baunilha, pequena, frágil e cheirosa

-Mas você sempre será meu Sol, totalmente necessário para a sobrevivência de uma flor, não sei por que eu demorei tanto para entender que eu não vivo sem você

-Porque você é imatura, egoísta e birrenta - ¬¬’ eu pensei que ele responder algo fofinho, mas vindo do Naruto eu já devia esperar uma pedrada

-Às vezes eu acho que você não pensa nas coisas que fala, ou melhor, eu acho que às vezes você não pensa - ^^’

-Não entendi... – já era de se esperar

-Deixa para lá...

O silencia tomou conta do carro, ele dirigia a altíssima velocidade e a cada segundo nós nos afastávamos cada vez mais da cidade, eu não sabia para onde ele estava nos levando, mas a mim pouco importava, pois o importante é que ele estava ali ao meu lado e minha filha estava bem com a Sakura, não tinha nada para me preocupar.Olhei para o lado e vi o meu loirinho preferido, ele sempre tinha um sorriso no canto da boca, eu nunca soube o porque, mas por mais que as coisas estivessem ruins ele poderia coçar a cabeça e desgrenhas um pouco mais aqueles fios de ouros que ele tinha na cabeça, sorrir e dizer que tudo ficaria bem, é o estilo dele, é o jeito dele de fazer as coisas.

Ele saiu da estrada e entrou numa floresta, sinceramente eu achei que ia morrer, mas logo a frente havia uma clareira, Naruto parou o carro e me ajudou a descer, fechei um pouco os olhos, pois ali estava muito claro, pisquei um pouco até me acostumar com a claridade então vi uma lagoa?Não, era um rio, havia um rio ali?Eu nunca soubera disso, ele fez um movimento rápido e me carregou, notei que ele já estava sem os sapatos

-Você não vai fazer isso! – olhei para ele e dele para o rio

-Ah vou sim

-Não! – ele correu com tudo e nos jogou no rio, encharcando o meu vestido

-Baka!Agora eu estou encharcada! – joguei água nele

-Tudo bem, você fica linda assim

-É linda! – falei sarcasticamente – Difícil vai ser andar com esse pano, eu devo estar pesando uns 10 quilos a mais!

-Deixa de exagero e vem cá – eu já estava me apoiando para subir quando ele me puxou

-Qual é o seu problema?Por acaso você quer que eu me afogue?

-Eu não, mas se isso esta te atrapalhando então tire – passou a mão pelo meu cabelo molhado e me beijou

-E eu consigo?Nem sei onde esta o zíper! – procuramos o zíper por todo o vestido até que eu o encontrei e abri me livrei daquele pano todo ficando somente com um vestidinho branco, meio transparente

Nós ficamos brincando o dia inteiro, era bom ver ele jogar aquele cabelo dourado para trás e sacudi-lo para expelir a água, a luz do Sol refletia nos pingos d’água tornando a cena digna de um quadro, o Sol foi se pondo e junto com ele a minha energia, pois o meu acompanhante era um hiperativo de berço, não se cansava por nada, quando o Sol já tinha desaparecido totalmente e as estrelas já tinham começado a aparecer nos deitamos na grama, ele trouxe um lençol de dentro do carro nos enrolamos.

-Obrigada por me fazer ver a luz no fim do túnel

-Que é isso, foi um prazer ;]

-Não sei por que você consegue ficar sorrindo o tempo todo

-Nem eu sei, é de nascença, é natural, eu sorrio porque quando você sorri as outras pessoas sorriem para você, se você é sério com elas, elas serão sérias com você, é uma forma de desinibir até, porque até os mais tímidos sorriem de volta e percebem que você é uma pessoa legal e essas coisas, o sorriso desarma as pessoas, as vezes elas vem cheias de pedras nas mãos, mas é só você sorri que todas as pedras caiem no chão e ela fica surpresa, é assim que funciona

-Então você não tem nenhum motivo em especial para ficar sorrindo?

-Claro que eu tenho!Eu só consigo manter esse sorriso até nas pior das hipóteses por sua causa e pela a Tsu-chan, vocês são a força do meu sorriso em sem vocês talvez eu não conseguisse nem mesmo ter um olhar simpático para com qualquer um

-Eu te admiro por isso, eu nem sempre consigo sorrir, é mais fácil chorar

-Eu sei, mas eu nunca gosto do mais fácil, o mais fácil todo mundo faz, o divertido é fazer o difícil, pois ninguém faz

-Eu te amo sabia?

-Eu também te amo!Mais do que você imagina

-É impossível porque eu com certeza te amo mais

-Hinata

-Oi

-Quer casar comigo? – ele não olhou para os meus olhos, estava olhando para o céu, ele já sabia da resposta

-Sim, claro que sim!Não precisava nem perguntar! – pulei por cima dele olhando nos seus olhos

-Você não sabe quanto tempo eu esperei para ouvir isso! – ele me puxou para perto me envolvendo num beijo carinhoso e urgente, fiquei abraçada a ele torcendo para que aquele momento nunca acabasse, poderia ter dito mil coisas, mas tudo em que eu pensava em dizer morria em minha boca e nunca chegaria a seus ouvidos, mas de todas as coisas que eu pensei para dizer a melhor de todas foi essa: Obrigada, obrigada por ter me amado, você foi meu tudo quando eu não tinha nada, e quando eu tive tudo você foi o nada que ficou faltando, o buraco, o vazio, mas hoje eu estou completa e por isso obrigada por ter me amado.