Aurora Boreal escrita por Mr Ferazza


Capítulo 5
II. EDWARD




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II. EDWARD

Eu havia conversado com Angela quase a tarde toda. Ela falou de seu noivado com Ben. – Fiquei feliz por ambos – Eles estavam na mesma universidade e iriam casar daqui a quatro meses.

                —Bem, agora me conte sobre você, o que tem feito nesses últimos meses?

                —O que quer saber especificamente? – Perguntei.

                -É verdade que você adotou?

                É claro que ela saberia; sua mãe e a Sra. Stanley, que era a maior fofoqueira da cidade, eram amigas. A mãe de Jessica deveria ter contado à Sra. Weber e ela contara a Ang. Contar à mãe de Jess não era muito diferente de postar uma informação no Twitter – Em poucos minutos todos já estavam sabendo.

                - É sim, Ang! Eu adotei Renesmee um mês depois do casamento. Ela é sobrinha de Edward. Seus pais morreram num acidente. – menti feliz por saber atuar um pouco melhor – não tão bem como Edward, mas já era alguma coisa.

                -Posso conhecê-la? – Perguntou ela.

                -Claro que pode – disse – Que tal ir até minha outro dia? É que ela foi visitar Charlie e não chegará muito cedo.

-Então está combinado – Disse ela. – Outro dia.

                - Até mais – eu disse

                Entrei no carro e liguei-o. Havia demorado demais, já estava quase escuro. A rua estava deserta, então desliguei os faróis e fui o mais rápido que pude.

                  Cheguei a casa, a sala vazia, exceto por Jacob e Renesmee que estavam sentados no sofá – Jacob com um sanduíche de queijo enorme nas mãos.

                - Olá pessoal. – disse eu sorrindo.

                - Olá mamãe – Renesmee com outro volume enorme nas mãos, pouco maior do que aquele que estava lendo esta manhã quando saí, já estava na metade dele. Perguntei-me quanto tempo ela levaria para ler a Bíblia.

                - Oi Bells, como vai? – Disse Jacob com a boca cheia.

                - Muito bem, e você? – Disse com um sorriso.

                - Vou bem também, obrigado. – Mas sua expressão estava meio triste.

                - Conte-me Jacob, porque está desse jeito? – perguntei curiosa.

                -Ah, Bells não é nada. É somente que outro membro da matilha teve um imprinting – disse ele com a boca cheia de novo. Espantei-me que ele ainda não tivesse devorado o sanduíche.

                - E por quê? Isso é ruim? – perguntei a ele.

                - Não é que seja ruim, é pela telepatia de lobo, você sabe. – disse ele, dando de ombros.

                - Ah, sim entendi. Quem foi dessa vez? – Perguntei curiosa de novo.

                - Foi o Embry Call.

                -Embry? Devo dizer que estou feliz por ele?

                - É, acho que sim – disse ele meio inconvincente. Resolvi mudar de assunto. – Pelo menos ele está contente, já passado o susto.

                -Bella? Nessie? – chamou Edward da varanda – Cheguei! – disse ele.

                Eu já estava com saudades, fazia três dias que ele estava viajando.

                Nessie correu para abraçá-lo. Tocou seu rosto.

                - Também senti saudades querida – disse ele com meu sorriso torto preferido no rosto.

                Eu afastei meu escudo de minha mente com certo esforço – não tanto como era antes — e dei “boas vindas” em pensamento, seguido de um “senti saudades” e “te amo”.

            —Eu também — disse ele respondendo a meus pensamentos. — dei-lhe um beijo. Meu escudo voltou quando seus lábios roçaram nos meus.

                —Onde estão os outros? – perguntou ele; estranhei um pouco, porque sua voz era meio ecoada, como de estivesse gritando ou falando um pouco alto demais diante da face de uma montanha que se erguia alguns metros muitos metros acima. – Quero falar com Alice.

                E de novo aquele som de eco em sua voz, quando ele continuou. Talvez ele estivesse tentando me irritar ou fazer uma gracinha; Emmett estava viajando, mas depois me dei conta que ele não sabia da viagem.

                —Emmett e Rose viajaram para a Austrália. De novo. — Já era a quinta vez nesse ano que iam para a Oceania. – Acho que eles vão nos trocar pelos cangurus, um dia desses — Como quase sempre, era raro que alguém os encontrasse em casa agora, em parte porque eles deveriam estar na faculdade – Carlisle e Jasper foram visitar Denali; parece que as irmãs estão tendo algum tipo de dificuldade com o luto — eu suspirei —, então Jasper foi junto para tentar acalmá-las, pelo menos por algum tempo. – Continuei – Esme e Alice foram caçar. Terá de esperar para falar com Alice. — eu terminei de passar as informações a ele.

                Estranho que eu não tivesse o visto assentir para mim com a visão periférica. Edward parecia paralisado. Eu o olhei por um breve segundo e vi sua expressão.

                De repente ele me fitava como se eu tivesse dito algum palavrão, ou como se eu estivesse cantando alto e desafinada demais. Não como se ele não estivesse gostando, mas com surpresa, como se eu tivesse feito algo que ele nunca sonhara que eu faria.

                E então ele me estava fitando com mais intensidade, e, depois, percebi que ele não estava me olhando. Ele me fitava, mas não me via; parecia com Alice quando fazia isso. Olhava para longe dali, deliberando. Pensando em algo importante. Algo, nem mesmo minhas mãos, que agora acenavam diante de seus olhos, poderia emergir de sua cabeça assim tão facilmente; ele parecia realmente preso a algum tipo de reflexão, que tinha um teor e uma importância que, para ele, parecia quase vital. E eu não entendia.

                Eu só respondera a uma única pergunta que ele fizera, porque ele me fitava daquele modo? Por favor, eu queria pedir a ele; Alice não estava ao alcance de seu dom para que ele pudesse ler sua mente. Não devia ser outra coisa. Algo que estava ali. Mas nada estava ali; Somente Jake, Nessie, ele e eu. Talvez ele tivesse perguntado a Nessie o que eu respondera. Dei de ombros. Porque importaria a quem ele fez a pergunta?

                 — O que há Edward? Porque está me olhando dessa forma? Disse algo errado?

                Ele não respondeu. Ficou paralisado.

                Por um instante eu achei que ele tivesse entrado em estado de choque permanente, já que ele não respirava. Mas, de repente, ele voltou a sugar o ar à sua volta e tentou falar. 

                — Como você... – ele não continuou. Ficou paralisado por trinta longos segundos novamente.

                — Como você... – Ele repetiu – Eu não perguntei nada! Pelo menos não em voz alta – disse ele parecendo estar em choque.

                 Ele só podia estar brincando. Era a resposta. Ele queria descontrair o ambiente, já que Emmett não estava aqui para isso. Ele estava muito engraçadinho essa noite. Mas não tinha a menor graça. Não para mim. Então eu não iria rir. Em vez disso, falei a ele.

                - Mas juro que ouvi você falar! – disse agora assustada, tentando não perecer que entendera sua brincadeira – Você falou. Juro que sim. – Continuei.

                Ele ficou paralisado. Dessa vez por mais tempo do que antes. Só que ele não estava em choque, parecia que ele pensava - como se estivesse resolvendo um complicado problema matemático. Um problema daqueles que você fica com dor de cabeça somente ao olhar para ele.

                De repente vi uma luz refletir-se em seus olhos. Eu quase podia ver a lâmpada do lado de fora de sua cabeça, como em um desenho animado. Ele me fitou com uma expressão de curiosidade.

                — Bella, eu estou falando sério, O.K? Eu não perguntei nada em voz alta. Como você conseguiu ouvir? Não emiti som algum.

                - Será que você pode ler meus pensamentos? Como? Por quê? – perguntou ele, me deixando confusa.

                - Claro que não. Você ficou louco? – Disse apavorada – Não diga isso! – Disse, dando lhe, de leve, um tapinha no lado esquerdo de seu ombro.

                -Mas eu não disse nada – disse ele.

                Eu não queria acreditar na besteira psicótica que ele dizia; Edward devia estar inventando isso, mas ninguém mais demonstrava sinais de estar se divertindo; então deveria ser verdade.

                -Então... Acha mesmo? — perguntei um pouco apavorada.

                -Sim. É o que acho.

Voltei-me para Jacob que estava quase olhando Nessie ler o enorme livro

                -Pense em um número, Jacob!

                “quatrocentos e noventa e sete mil duzentos e oitenta e nove ponto zero, zero, zero quatro cinco” – Pensou ele – “ouviu?” – pensou de novo.

                - Ouvi. Você disse, ou melhor, pensou em 497.289,00045.         

                -Foi isso mesmo – disse ele espantado, mas ao mesmo tempo sorrindo.

                Estendi meu escudo até ele.

                -Agora pense em outro. – disse eu.

                “dois” – Pensou ele.

                -Você está me ouvindo? – perguntou Edward.

                -Sim. Estou ouvindo Renesmee também – Disse eu – Estou concentrada nos dois.

 Naquele momento entendi. Eu tinha o dom de ler pensamentos. O sonho de Renesmee tornara-se realidade, mas como? Coincidência? Ou nós duas tínhamos novos poderes? Para aquilo eu não tinha resposta.


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