Aurora Boreal escrita por Mr Ferazza


Capítulo 24
XXI. PACIFICADORES (POV: EDWARD)


Notas iniciais do capítulo

Pode haver alguns erros; me esqueci de revisar. Me desculpem



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XXI. PACIFICADORES

EDWARD

Nós chegamos ao fundo das colinas, onde havia uma entrada não vigiada - Benjamin havia indicado a Bella essa entrada, que era usada somente por Heidi, quando ia buscar um lanche.

Vampiros Italianos desprezíveis.

Renesmee e Jake insistiram em vir conosco para essa expedição pacificadora. Certo. Agora devíamos tomar muito mais cuidado. Mas eu sabia que minha Bella não iria vacilar. Não Agora, quando estávamos mais perto do inimigo do que todos jamais imagináramos, sequer em nossos maiores devaneios.

Carlisle, Bella e eu íamos à frente; Bella estava entre nós dois, agindo como guia, já que Carlisle e eu não sabíamos onde ficava a entrada, uma vez que ela era nova e Carlisle não tinha conhecimento dela.

Os pensamentos de todos estavam um pouco tensos - exceto, é claro, os de Emmett, que conseguia fazer piadas até mesmo sob tensão. Ele, às vezes, me irritava um pouco. - Qualquer criatura sã guardaria as asneiras para si mesmo, mas ele não. Como sempre, ele era o lago profundo e cristalino. Nada que, eventualmente, passe por sua cabeça ele se dá ao trabalho de guardar.

Bella enlouqueceu; eu devia ter dado a ela um GPS, como havia prometido.

Eu grunhi baixo, mas ninguém ouviu.

- Emmett!  - eu disse - Bella sabe exatamente onde estamos indo.

- Tudo bem, mas, se nós nos perdermos, a culpa é dela. - depois ele riu baixo.

Agora Bella bufou. Eu sabia que não era um protesto ao que Emmett dizia, mas sim uma confirmação do que eu dizia antes - que ela sabia exatamente onde estava indo.

Ela sabia mesmo, pensou Emmett, decepcionado; nada o desagradava mais do que perder uma oportunidade de fazer uma piada à custa dos outros.

Eu ri baixo de sua frustração. Não exatamente disso, mas do fato de Bella estar se saindo perfeitamente bem em sua experiência de guia. - como ela era em tudo, é claro.

Ao longe, via-se uma velha e minúscula igreja que, mesmo de perto, eu tinha certeza que era uma miniatura de um estabelecimento religioso. Era uma igreja torta, que parecia ter saído do livro "O mágico de Oz", a casa que fora levada pelo furacão, e parecia que, com um vento mais forte, desabaria. A casa era descorada - parecia os edifícios da periferia de Seattle; desbotada pela chuva. Mas ali era seco, então deveria ser outro motivo.

Voltei a me concentrar no que estava fazendo - As distrações poderiam ser fatais.

Bella tentava farejar. Farejar rastros frescos e recentes. Eu também o fiz, mas não identifiquei nada além do cheiro de Heidi, mas já era disperso, então deveria ter alguns dias - Nada preocupante. Bella também não devia ter identificado nada - Eu vi pela minha visão periférica sua postura relaxar.

Apurei os ouvidos para tentar ouvir alguma coisa, mas tudo o que pude perceber foi o roçar fraco dos passos de minha família, atrás de mim.

Isso deveria ser um motivo de alívio, mas eu não senti; estava bom demais para ser verdade.

Bella também sabia, porque, em um movimento repentino, virou-se e disse a todos:

- Está na hora. - disse ela, em sua linda voz havia um toque de tensão, mas não muito. - Por favor, deem-se as mãos; ficaremos invisíveis. Movam-se juntos. - solicitou ela.

Porque, Muitos se perguntaram; eu não me dei ao trabalho de tentar identificar quem era. E então respondi para quem quer que fosse:

- Será mais fácil agirmos assim até que estejamos dentro do covil dos Volturi. Bem menos perceptível.

- Ah, certo.

¿Nos quedaremos invisibles?, perguntou alguém. A voz não era tão clara, então devia ser Carmen que estava com Eleazar, na extremidade mais afastada do grupo. Isso era legal e interessante, Mas era normal para todo mundo que sabia falar duas línguas. - É claro que os pensamentos seriam em seu idioma pátrio.

- Sim. - eu respondi a ela, mas ninguém sabia a quem eu estava me dirigindo.

Pero, aunque nos quedamos invisibles, ¿Podrán oír los sonidos que haremos, o sentir nuestro olor?, perguntou ela de novo; ela estava preocupada.

- Só o som. Eles não podem sentir nosso cheiro enquanto estamos invisíveis. E não sei bem o porquê disso, mas teremos de ter cuidado com nossos movimentos. - Eu respondi.

Eso es increíble, pensou ela.

- Yo lo sé. - eu disse, para que os outros não tivessem de pensar que eu estava enlouquecendo.

Carmen assentiu.

Eu estava me esquecendo do pedido de Bella, até que ela pegou minha mão e depois a de Carlisle, que estendeu sua mão para Esme... Logo a corrente estava formada e eu pude ver os outros sumindo. Agora não restava mais ninguém. Entretanto, eu podia sentir a mão de Bella na minha mão esquerda, e a de Rose, na direita.

E era estranho porque, embora eu não pudesse ver os outros, eu conseguia me ver. E conseguia ver minhas duas mãos, que pareciam estar segurando o ar.

E depois algo novo aconteceu - embora eu já estivesse prevendo isso.

As mentes que eu ouvia - O som agora, que eu ignorava, parecendo um enxame de abelhas; mais de dez vozes juntas - começaram a se calar, e voz por voz começou a sumir. A mente de Carlisle foi a primeira a se calar, até que não havia a voz de mais ninguém. E depois, eu pude ouvi-las de novo. Eu soube que estava dentro da proteção invisível que Bella conjurara para nós.

O escudo mental de Bella. — Só não sabia se era a proteção coletiva ou a individual ( a que havia pouco ela descobrira ser capaz de fazer).

Fascinava-me ver como ela era espontânea em tudo aquilo; como ela tinha um senso de proteção coletiva tão forte. E aquela pessoa divina era minha. Minha Bella.

Eu apertei sua mão um pouco mais forte. Ela devolveu a carícia; eu sabia que os pensamentos dela estavam em linha com os meus. E não precisava ler sua mente para isso.

E então nosso grupo seguiu para a velha casa em ruínas, a corrente — Ao contrário do que seria com os humanos — era algo disciplinado e cooperado por todos; não havia hesitação ou algum movimento errado para nos fazer perder o compasso de nosso avanço. Seguíamos rápido e isso não afetava a eficiência da corrente da invisibilidade. — Todos sabiam que passo dar, o tamanho ou a hora certa de se mover, mesmo sem poder ver um ao outro.

E em pouco tempo nós estávamos na igrejinha dilapidada e “esquecida” pelo tempo; Não havia janelas ou os vitrais que se veem em qualquer templo religioso normal. Só uma porta pesada feita de carvalho; como a do torreão dos anciãos.

Alguém rompera a corrente para abrir a porta com cuidado — Carlisle; uma vez que Bella teria de ficar mantendo contato com a pele de alguém para que a invisibilidade ilusória se alastrasse.

A porta não faz barulho algum ao se abrir, e entramos.

Não havia nada ali, a não ser um móvel pesado e alguns veículos; de dentro, o lugar parecia bem maior — talvez entrasse imperceptivelmente no chão, porque havia muitos carros ali.

— A entrada é atrás daquele móvel. — Disse Bella.

Eu fui até lá e, com um mínimo empurrão silencioso, o móvel deslizou para a esquerda e parou a poucos centímetros de um carro, evitando amassá-lo. Eu agradeci pela ausência de som.

Voltei à corrente, agarrando as mãos de Bella e Rose.

O corredor à frente era escuro — como todo o resto do castelo dos Volturi. — As pedras que constituíam o túnel não eram do castanho-avermelhado do resto do castelo, que Ficava dentro de Volterra. Essas eram um pouco mais claras. Quase pendendo para um tom de laranja desbotado. E, de certa forma, muito menos convidativo do que as perdas geladas do resto do castelo.

— Por favor, fiquem juntos e não emitam ruídos, logo sairemos na biblioteca. — Advertiu Bella, num tom baixo e sussurrado, ao mesmo tempo que era cauteloso.

E, de fato, eu podia ver as cores do corredor tomando outros tons – Em sua maioria, um pouco mais claros do que antes, a luminosidade que havíamos deixado para trás.

Não havia som de vozes na biblioteca, só o farfalhar de páginas sendo viradas; então a biblioteca não estava vazia. O vampiro que estava na biblioteca não parecia estar respirando, porque eu não podia ouvir o som de sua inspiração ou expiração.

Não podíamos mais falar, nem emitir o mais leve sussurro; seria bom lembrar a todos disso, só por precaução, mas isso não seria possível. Não agora.

Eu podia sentir os outros se esforçando para não fazer barulho. Era fácil não emitir sons. Os passos leves prosseguiram e logo estávamos verdadeiramente dentro do torreão do castelo dos Volturi.

Agora não havia volta; Só poderíamos ir adiante com nosso plano original.

E não havia sensação de medo nos pensamentos de ninguém; só cautela e ansiedade de que aquilo terminasse rápido.

Eu ouvia Carlisle se concentrando; tentando arrumar formas de evitar uma luta; mas ele estava relativamente tranquilo; Alice dissera que havia uma bela possibilidade de que aquele confronto se resolvesse pacificamente, sem luta ou alguma perda para qualquer um dos lados.

Mas nossos conceitos de “perda” eram bem diferentes. Morte seria a definição mais básica.

Se houver uma luta, vou ter ganhado o dia, pensou Emmett, já planejando uma forma de ataque.

Caius ainda me deve duas vidas, e não sei se consigo me contentar só com a dele, pensava Kate; o desejo de vingança não abrandava jamais. Kate planejava queimar Caius vivo, assim como ele fizera com Irina, e, provavelmente, com sua mãe — Sasha.

Não havia novidade nisso, e eu não a alertaria, a não ser que seus planos ficassem um pouco mais refinados. E não faria mal algum se isso não nos colocasse em risco; Eu também odiava Caius, aquele ancião descartável. Talvez, se não houvesse perigo, eu também a ajudasse a queimá-lo. Na verdade, todos gostaríamos disso.

Como fora traçado o plano, nosso objetivo agora era ter todos os três patifes reunidos. Talvez até a guarda, já que eles não saíam da cola de seus senhores; Eu tinha somente uma vaga ideia de como Bella se sentia com relação aos Volturi. Na verdade, ela era muito mais ressentida e irada com Jane, aquela mequetrefezinha. Mas, ao invés de rosnar para Jane, Bella tinha uma reação muito mais frustrante ­—pelo menos para Jane —, ela sorria cada vez que Jane lhe mostrava os dentes e tentava queimar Bella com seu dom que proviera diretamente do inferno que ela passara um dia. Eu sentia raiva; queria de alguma forma, avançar sobra a vampira baixinha e arrancar-lhe a cabeça.

Com um súbito tremor, eu senti o clima emocional, ao redor de todos, mudar radicalmente. Jasper. Eu tinha certeza. Talvez até o vampiro que, me era familiar, pudesse sentir a tensão que irradiava de Jazz.

Eu tinha certeza que já havia visto o rosto daquele vampiro em algum lugar. Disso eu estava certo, e arriscaria o que eu tinha de mais precioso — Bella e Renesmee — para me fazer entender que eu o conhecia. No entanto, eu não conseguia lembrar onde. O que eu tinha certeza era que nunca o vira na guarda antes. Naquele último dia de nosso fatídico encontro com os Volturi, eu não o vira pairando em lugar algum. Deveria ser um dos membros transitórios da guarda Volturi; Aro não se dava o trabalho de expor um membro transitório, ao contrário dos que eram permanentes, que ele exibia como uma criança que ganha um brinquedo novo de última geração. — É claro que esse era exatamente o caso. Sua guarda era um brinquedo. Mas Aro não era uma criança; ao contrário, já estava encarquilhado pelos seus três mil anos.

Eu podia sentir e ouvir os pensamentos dos outros à minha volta — exceto Bella —, discutindo consigo mesmos ou especulando sobre o novo acréscimo dos Volturi.

Quem é... Hã... Esse?, Perguntava-se Tanya.

Outro acréscimo à guarda? Que dom teria esse vampiro, um vez que Aro já possui quase todos os dons imagináveis?, Eu ouvi Carlisle especulando a si mesmo.

¿Qué puede hacer ese inmortal? ¿Aro ha logrado una nueva protección para él?, Perguntava-se Eleazar. E eu sabia que ele iria investigar o dom que o vampiro teria.

E ouvi a avaliação se Eleazar em silêncio. Não havia algo tão diferente assim, e, pelo que eu pude perceber, ele era um guarda. Sim. Os Volturi já possuíam um talento parecido com aquele, só que em uma versão muito mais fraca, por assim dizer; O vampiro louro, que estava sentado perto de uma enorme estante de livros antigos de alquimia, tinha um poder parecido com o de Afton — parceiro de Chelsea —, mas em uma versão vinte vezes mias poderosa.

Afton era , de certa forma, invisível aos olhos de outros vampiros. Não. Não era exatamente isso; era mais como uma repulsa, uma vez que ele continuava presente e visível aos outros, que impedia os outros imortais — ou quem quer que esteja por parto — de pensarem nele por alguns minutos. E também podia estender seu dom para outras pessoas, mas algumas poucas, na verdade. E isso só durava alguns minutos. — tecnicamente (ou subjetivamente), Afton não tinha poder suficiente para ser aceito como um membro fixo na guarda; ele tinha esse posto porque Chelsea assim quisera.

Mas aquele vampiro era diferente — eu pude sentir isso por intermédio dos pensamentos de Eleazar. Mais poderoso do que o parceiro de Chelsea, com certeza.

Eu podia ler os pensamentos daquele vampiro alto e louro, mas não havia vestígios sobre sua identidade, ou sobre seu nome. Ou sobre o qual era sua função na guarda. Ele só lia avidamente aquele livro de alquimia, e estava totalmente concentrado nele.

Mas, pensando bem... Eu não conseguia desgrudar os meus olhos indetectáveis daquele vampiro; porque eu tinha certeza que o conhecia de algum lugar, e não me lembrar de onde me deixava extrema e profundamente frustrado. Não era um resquício de lembrança forte para que eu pudesse ir mais a fundo para investigar. Não era uma lembrança fraca e gasta — não como se eu tentasse ver através de minhas lembranças humanas; décadas atrás. — Era mais como um eco, como se eu me lembrasse daquele rosto através das lembranças de outro vampiro. Era isso. Sempre assim — minhas lembranças que vinham das lembranças de outras pessoas. E eu não conseguia extrair o suficiente da recordação para fazer uma ligação coerente com esse fato.

De repente, pudemos ouvir passos no corredor, ao longe. Mas se aproximava rápido de nós — Passos ritmados e quase musicais em seu ritmo constante.

Isso era bom, porque, talvez, pensasse no vampiro e em seu nome, então eu poderia saber de onde o conhecia.

Era Caius; ele vinha convocar o vampiro alto para uma “reunião” da guarda. Foi frustrante; ele não pensou no nome do vampiro ao ir chamá-lo.

— Aro e eu queremos falar com todos os membros da guarda; por favor,  siga-me. — disse ele.

Mal sabe ele que ele vai ter o que merece, pensou Kate, que estava na extremidade próxima de Renesmee — Eu podia ouvir os pensamentos e soube que ela estava de mão dadas com Garrett, o mais novo vegetariano de todos nós, e, do outro lado, com Carmen.

Depois, enquanto o vampiro alto saía da biblioteca, senti uma nova mente me invadindo. Bella, logicamente.

Vamos atrás deles, amor; não podemos esperar para poder encontrá-los separados de sua guarda; é arriscado demais, e, para eles, será como uma ameaça.

É claro — você tem razão, querida, Pensei e sabia que ela estaria ouvindo. Numa situação dessas, ela deveria estar alerta.

Bella apertou uma pouco mais minha mão, dizendo que era isso que faríamos.

Porque você não vai até Renesmee e pede que ela passe a mensagem a todos que não sabem? Aproveite que não há ninguém para nos ouvir, sim?, Pediu ela.

Perfeitamente. Pensei, enquanto sentia a mente de Bella sumir.

Era algo bom que Renesmee tivesse descoberto mais sobre seus dons, com a ajuda de Bella, que usara o dom que tomara de Eleazar, para dizer a ela que poderia transmitir seus pensamentos a mais de uma pessoa por vez, se houvesse uma ligação entre elas — exatamente como uma corrente.

Eu soltei a mão de Bella e de rose a avancei para onde Renesmee deveria estar; seus pensamentos eram tão claros para mim que eu conseguiria encontrá-la e estimar perfeitamente onde qualquer parte dela estaria — Não foi difícil localizar seu ouvido invisível para lhe falar a mensagem de Bella e pedir que ela passasse-a adiante.

Eu me afastei de minha-filha-invisível rapidamente — não podia arriscar-me ser visto. — e voltei para meu lugar ente Bella e Rose bem a tempo de sentir a mensagem silenciosa de Renesmee em minha mente — Ou talvez eu estivesse ouvindo a mensagem em sua mente. Ou, talvez, na mente de todos os outros, uma vez que todos eles já estavam sabendo.

E, depois, rapidamente, eu pude ouvir a mente de todos sumindo. Mais uma vez. Bella estava protegendo-nos novamente.

E começamos a avançar para a “sala de reuniões da guarda”, que eu podia jurar, por todos que eu amava, que era o torreão redondo onde ficavam as cadeiras-trono, onde os Volturi aplicavam farsa de seus papeis de magistrados das leis.

Aonde vamos?, Perguntava Jake; eu sabia, pelo tom e pela intensidade — um pouco mais fraca, mínima coisa —, que ele estava na forma de lobo. Dava para perceber que ela estava de mãos dadas com Renesmee, à direita e com Esme, à esquerda; aquilo parecia um círculo desajeitado. E era.

Nosso ritmo era normal; todos sabíamos a hora de nos mover, para que isso não causasse nenhum descompasso, o que nos atrasaria —ou nos entregaria.

Chegamos ao espaço aberto — A “sala de reunião-torre-tribunal”; tudo junto. —, mas a reunião ainda não havia começado; faltavam, alguns membros da guarda. Os principais — Alec e Jane. Os outros esperavam por eles pacientemente. E nós também teríamos de esperar.

— Então, mestre, quem será? — Perguntou Jane, que estava chegando aos fundos da sala, por um caminho contrário ao que viemos. Alec poucos passos atrás dela, calado.

Nós nos posicionamos na frente da porta, para ficarmos de frente para a corja de escórias.

—Ora, ora, minha querida Jane! Suponho que você saiba quem cairá primeiro. Não poderei tomar decisões por mim mesmo, não agora enquanto estou sendo vigiado por Alice. — Ele explicou a Jane.

— Não quero que sobre cinza alguma daquele clã do Alaska, Jane. — disse Caius.

As palavras dele eram óbvias; eu havia captado os pensamentos de Jane. Os primeiros seriam a família de Tanya.

— É claro, mestre. — disse ela, sorrindo alegremente para ele.

Eu quase rosnei. Eles acreditavam que Alice não veria isso? Eles eram mesmo muito burros para acreditarem nisso — Caius e Jane, pelo menos.

Aro balançou a cabeça vagarosamente, discordando.

— Querida Jane, você não deve tomar decisões tão antecipadamente.

Jane assentiu.

— Vá, Jane e acabe o serviço que eu comecei. — encorajou-a Caius.

Eu senti a mente de Bella na minha e ouvi quando ela pensou:

Agora, Edward.

Uma risada histérica e assustadora ressoou de minha garganta e, de certa forma, era como uma rosnado.

Todos os Volturi olharam para onde vinha o som, mas não encontraram nada. Absolutamente nada.

Eu ignorei o choque nos pensamentos deles até que as vozes se tornassem um zumbido insignificante. Eu não iria me concentrar em coisas inúteis agora.

— Não tão rápido, Caius. — disse Bella, que já soltara minha mão. Agora todos estávamos visíveis de novo.

E todos vimos o choque novamente espalhado por todos os rostos da guarda e dos anciãos.

Conseguia ouvir os pensamentos de todos, alguns pensando que aquilo era uma ilusão de ótica. — Talvez eles pensassem que Zafrina estivesse por ali...

— Não, isso não é uma ilusão de sua cabeça, Aro. Nós estamos aqui de verdade. E não deixaremos que vidas inocentes sejam perdidas por causa do ressentimento que você sente com relação a minha família. — disse ela decididamente.

— Isso mesmo. Eu posso ler seus pensamentos. — Bella respondeu ao mesmo pensamento que eu captara há pouco. — Exatamente como Edward. Ou quase. Mas isso não vem ao caso... É uma longa história. — ela respondeu quando ele perguntou “como isso é possível.” O surpreendente é que nas palavras de Bella não havia raiva, ódio ou qualquer outro sentimento de desprezo; ela respondia simplesmente. Sem inflexão na voz.

Eu agora podia ouvir o espanto nos pensamentos de Aro, assim como nos de qualquer membro dos Volturi — Exceto Benjamin. É claro; ele já sabia de tudo isso.

— Exatamente. — respondeu Bella quando Aro pensou “Então vocês vieram... Para nos impedir?” e havia diversão no tom dos pensamentos de Aro, como se aquilo ainda não fosse possível. — Mas antes... Eu quero fazer algo... Acho que você deveria devolver o que não é seu. O que você tomou de outras pessoas, não é mesmo?

— A quê, exatamente, você está se referindo? — Perguntou ele, mesmo já tendo pensado na pergunta.

— Você verá. — disse Bella, enquanto assentia para Benjamin de forma encorajadora.

E, num instante, Benjamin estava do nosso lado, juntando-se a nosso grupo facilmente; eu pude ouvir a mente de Benjamin sumindo quando o escudo de Bella envolveu sua mente. Depois reapareceu com a mesma facilidade.

— Agora podemos conversar, já que o que não é seu será devolvido a quem genuinamente pertence — eu disse para Aro, que ainda fitava Bella, a confusão em seu rosto. Mas não era furiosa ou encolerizada. Era simplesmente curiosa; talvez ele ainda não tivesse percebido que perdera um de seus melhores e mais poderosos guerreiros.

— Não. — disse Aro, obstinadamente. — primeiro, gostaria de entender como e porque Bella consegue ler os pensamentos. Como? Por quê?

Por Deus. Que confusão!, Penou Aro.

— Amigo Edward? — chamou Aro, um convite para que eu deixasse que ele lesse minha mente

E então, rapidamente, eu senti as mentes de todos novamente, seguido pelo emudecimento delas. Bella deveria estar usando seus escudos individuais para nos proteger. E, depois, senti sua mente inundando a minha, que estava protegida pelo escudo individual. Permita-me.

— Bella... Não... — eu comecei a protestar, mas ela já andava até Aro.

— Confie em mim, amor. — disse ela, e depois voltou para me beijar rapidamente.

Eu nunca pensei que Bella seria tão imprudente; acreditei que ela tivesse percebido que ela era a prioridade número um dos soldados do inferno.

Mas os soldados Volturi estavam totalmente compostos enquanto Bella atravessava a linha invisível que separava o nosso grupo do deles; não havia sinal de ação em seus pensamentos, o que me fez relaxar um pouco.

— Que tal uma versão diferente da história? — perguntou Bella a Aro, num tom um pouco cauteloso, como se pedisse permissão; eu podia ouvir os pensamentos dela, e eram bem diferentes de suas palavras. — ela estava se esforçando ao máximo para não arrancar a cabeça de Aro ali mesmo.

Mas, em geral, ela estava despreocupada; havia relaxamento em seus pensamentos em vez da tensão que todos sentíamos. E logo eu soube por quê: Um escudo físico a estava protegendo. — como o de Renata. — Bella, certamente, obtivera mais dons naquela sua última viagem até aqui do que ela me contara, ou contara a todos.

Desculpe; foi necessário, pensou ela, num tom tímido. Bella, como sempre, sabia o que estava fazendo. E então não me chateei que ela tivesse guardado isso de mim, principalmente, por algum tempo.

Aro assentiu para sua pregunta.

— É claro, jovem e adorável Bella! Nada me agradaria assim; poder ouvir sua mente. Pelo que vejo, já adquiriu um controle invejável sobre seu dom! Deixe-me parabenizá-la por isso.

— Obrigada, Aro. — disse ela, sorrindo obliquamente para o vampiro ganancioso de olhos rosados.

Havia muito mais do que uma desejo de congratulações nas palavras de Aro; eu podia ver em sua mente que ele queria Bella. Queria tê-la. Como parte de sua guarda permanente. Agora nem seu desejo pelo dom de Alice era tão forte quanto aquele. E ele ainda não havia visto nada.

Aro, lentamente, estendeu sua mão esquerda para Bella, um convite; que era muito mais do que isso.

Droga; Jane percebeu que minha mente está desprotegida, Praguejou Bella. Não faça nada, Edward; eu sei o que ela vai fazer, mas não faça nada; ela vai ter uma surpresa.

E então Bella abriu um sorriso enorme para Jane.

— Não tão rápido, querida Jane. — disse ela, num tom normal, e depois pensou: “Mal sabe ela que ela vai ter o que merece”. Mas não havia diversão nos pensamentos de Bella, só um desejo de vingança. E, antes que eu pudesse compreender o que Bella faria, Jane estava no chão, arquejando e gritando, sentindo a dor lancinante que tantas vezes ela infligira a outras pessoas.

Bella estava concentrada em várias coisas ao mesmo tempo — ela era incrível. —, a maior parte de sua mente estava focada no que ela fazia com Jane. Mas restava um espaço para ela se lembrar de imagens humanas e turvas — era uma imagem minha; eu estava encolhido e com os dentes trincados, parado justamente no lugar onde eu estava nesse momento. Eu estava sentindo a dor horrivelmente lancinante que Jane infligia a mim. E eu pude fazer a ligação; o que Bella fazia agora era uma vingança.

Bella podia ser a criatura mais pura que eu já conhecera, mas ela ainda era uma vampira.

E seu desejo de vingança era quase tão forte quanto sua sede insaciável por sangue. Não era uma opção, para ela, fazer aquilo. Era uma compulsão.

Uma compulsão que eu não conhecia muito bem, mas que eu pudera ouvir nos pensamentos de vários vampiros, e, então, eu sabia que o peso de compulsão de vingança era quase esmagador.

E então, supreendentemente, quando eu pensei que Bella pararia com a sessão tortura, Bella aumentou a intensidade da dor.

Bella realmente havia conseguido mais coisas do que ela havia nos dito, mas eu fora tolo ao pensar que ela viria aqui e não tentaria conseguir o máximo que ela poderia, para que tivéssemos um confronto justo quando os Volturi atacassem de novo. E não me espantava nem um pouco que ela pudesse fazer isso; talvez meu subconsciente estivesse me avisando e eu já tivesse consciência disso, e, justamente por isso, eu não ficara nada surpreso. Agora nossas armas de combate eram iguais — talvez um pouco mais fortes. — às dos Volturi.

Desculpe, Edward; eu realmente lamento muito por ter escondido essas coisas de você. E, como já disse, foi necessário.

Eu sabia que Bella estaria ouvindo, então pensei a resposta para ela:

Tudo bem, amor. Não se aflija; eu acredito em você cegamente, — se você dissesse que dois mais dois são cinco, eu estaria com você até as últimas consequências — e sei que suas intenções não foram más, e fico grato porque você pensou nisso — Os Volturi não são fracos, e não podíamos sequer pensar em lutar sem ter, no mínimo, uma ofensiva comparável à deles.

Mas em seus pensamentos não havia algum sinal de que minhas palavras a tivessem reconfortado. Pelo contrário; sua linha de pensamento, apesar do alívio da vingança, era martirizada.

Edward, eu não me sinto confortável com essa situação. Apesar de estar vingando seu sofrimento, tantos anos antes, eu não me sinto “aliviada”; em que eu sou melhor do que ela? Eu estou jogando com as mesmas armas que Jane. Isso não pode ser chamado de justiça.

É claro que você é. Ouça-me, Bella: Você é muito melhor do que ela, e é por isso que você entende coisas que ela não consegue compreender! Se você fosse sequer um pouquinho semelhante a ela, não deveria poder reconhecer isso. Reconhecer o que não é verdade, para princípio de conversa. E depois, você tinha que dar a melhor proteção imaginável para sua família, e todos nos entendemos e reconhecemos isso — algo que só você poderia fazer; todos agradecemos. — E não posso dizer que você está certa, nessa última parte, pelo menos, porque eu seria tremendamente hipócrita se dissesse que eu não faria o mesmo, se fosse você.

Não, Edward. Eu estou errada! Deixei que isso me subisse à cabeça e agora eu não sou mais a Bella de antes. O poder que eu tenho mudou quem eu sou, minha essência. O que é muito difícil, porque a natureza de todos nós é imutável.

Você não está! E você é exatamente a Bella que sempre amei, — acredita mesmo que eu não perceberia qualquer mínima mudança, se isso acontecesse com você? Apesar de não poder ouvi-la, querida, eu conheço você melhor do que eu conheço a mim mesmo. — a mesma que jurei que amaria até que eu e você estivéssemos existindo, lembra? Com ou sem poderes formidáveis, cuidando ou não de nossa família, sendo ou não essa pessoa que enche de inveja qualquer imortal, você é e sempre será a pessoa que eu mais amo nesse Universo — e em quantos outros Universos existirem. — Então, pare com esse autoflagelamento e faça o que você acha que e certo — eu continuo confiando em você. Todos confiamos, e é por isso que estamos aqui.

Ela deixou Jane gritando por mais meio segundo e depois olhou para Aro, que ainda estava perplexo e em estado de choque, não deixando transparecer, nem minimamente, qualquer sinal de que tivera um diálogo silencioso com alguém.

Agora toda a guarda fitava Bella, prontos para saltar sobre ela a qualquer momento; e foi o que fizeram, mas eu não tive tempo da agir, e nem poderia.

E então os lutadores fortes, como Felix e Santiago, estavam em ação; eles partiram para cima de Bella, na esperança de arrancar-lhe a cabeça, mas, num piscar de olhos, eles estavam no mesmo lugar de que partiram antes da investida contra Bella — Olhos humanos acreditariam que não houve movimento, mas eu vira; a força do escudo físico que estava ao redor de Bella os repeliu e eles voltaram ao mesmo lugar em que estiveram.

“Por lo amor de Dios; ¿Qué hay alrededor de Bella?, Felix y Santiago no han logrado tocarla. Eso no es posible. No lo creo que Bella ha tomado también el poder de Renata”, Eleazar continuou a especular sobre o que Bella podia fazer, assim como todos os outros estavam fazendo; eu só me concentrara em sua voz para saber se havia uma explicação para o que todos estávamos vendo. Aparentemente, ele ainda não havia chegado a uma conclusão sobre isso. Todos estavam abismados demais para pensar com clareza — Teorias incoerentes sobre o que ocorria enchiam minha cabeça de coisas que eu já sabia. Nada de importante; minha mente já estava à frente, porque eu podia ouvir a explicação que Bella pensava para mim.

Aro, que estava absorto demais na avaliação que fazia de Bella, olhou-a, novamente espantado, quando ela repeliu fisicamente os seus guardas mais fortes, percebendo que qualquer poder que sua guarda tivesse não nos afetaria. Fazendo-nos, assim, quase indestrutíveis. E nós éramos exatamente isso; indestrutíveis, já que seus poderes mentais não seriam suficientes, porque eram bloqueados por Bella. Assim como um ataque físico nos deixava incólumes.

Nós estávamos totalmente de pé, enquanto seus poderes eram anulados; a sensação de Déja-vu era forte para mim, e eu duvidava que algum dia os Volturi conseguissem adversários com mais chances de derrotá-los. Mas não. Eu devia me sentir culpado, sequer por pensar nisso. Ninguém queria uma luta, mas era difícil tentar ignorar essa possibilidade.

— Alguém pode me dizer o que está acontecendo? — Perguntou Aro, com a mão ainda estendida na direção de Bella, um ritmo frenético na sua voz indicava que ele estava tão confuso quanto os outros Volturi — Tanto Caius (Marcus não estava nem aí para o que acontecia; como sempre, ele estava entediado), quanto o restante da guarda.

Bella tocou sua mão na de Aro, que se curvou para frente, diante de enxurrada de informações que ele recebia de uma mente inteiramente nova. Que antes era muda para ele, assim como fora para mim.

Eu podia ler tudo o que Aro tomava conhecimento — o que sempre permaneceu obscurecido na mente de Bella para mim. —, mas não havia a reação de Bella; ela não queria ouvir tudo o que Aro estava ouvindo. — Era a vida dela, e, portanto, ela não precisava saber, de novo, tudo o que acontecera com ela.

Alguns minutos se passaram, e Aro ainda segurava a mão de Bella, pelo menos fora o que me parecera. Mas então, pude compreender que, quando Bella se tornou vulnerável ao dom de Aro, ela também o tomara dele, e agora era a vez de Bella conhecer as informações da mente da longa existência de Aro, e, por consequência, das mentes de absolutamente todos os vampiros dos quais ele já lera a mente — inclusive a minha. Parecia um ciclo infinito.

Mais tempo se passou, e Bella ainda colhia as informações na mente de Aro. Por fim, o diálogo acabou e, tanto Bella como Aro, endireitaram suas posturas. A expressão de Aro era deliberativa, estando ele refletindo sobre o que acabara de receber de Bella.

Bella estava surpresa, na verdade. Eu soube que isso era algo que ela não quisera — conhecer cada canto da mente caótica e embaralhada de Aro.

Agora, eu pude sentir a mente de Bella emudecer de novo, ela estava protegendo seu cérebro. Depois, Bella disparou para o lado de nosso grupo.

Eu ouvia as especulações que eles faziam sobre os dons de Bella, e nenhum deles achava o mesmo que ela. Na verdade, estavam todos agradecidos por isso. Todos pensavam perguntas para ela, mas eu tinha certeza de que ela não estaria ouvindo absolutamente nada. — Isso era o que ela menos queria nesse momento: ouvir interrogações e exclamações de agradecimento, quando isso a deixava tão inquieta e angustiada, porque eu ainda não conseguira demovê-la de seus pensamentos mais autocriticamente negativos.

E as mentes de todos inundaram a minha, mas não por muito tempo, porque Bella estava protegendo-nos de novo com seu escudo. E depois eu pude ouvi-los de novo. Eu enxergava que ela confiava mais em sua proteção coletiva do que na individual, porque ela retirara os “miniescudos” e os substituíra pelo original e mais confiável — que ela não temia perder a concentração e deixar todos expostos.

— Interessante; de fato, muitíssimo interessante, jovem Bella. Eu diria que nunca em meus três mil anos eu havia visto alguém tão talentoso quanto você. E isso inclui meus gêmeos poderosos. — disse ele, que parecia a estar elogiando.

Ouvi um rosnado baixo que escapou por entre os dentes de Jane.

— Ora, minha cara Jane, não se aflija dessa maneira; por mais que a nossa amiga super talentosa seja incrivelmente forte, você e seu querido irmão são insubstituíveis para mim. Verdadeiramente, vocês são como meus filhos. — disse ele, e não havia mentira em seus pensamentos. Havia um amor familiar entre eles três. Muito mais do que qualquer outra relação com seus dois irmãos. Era verdade; no decorrer dos séculos, Aro verdadeiramente aprendera a amar — e isso não é algo fácil para um vampiro — aquelas duas crianças que ele, muitos séculos antes, salvara da fogueira ardente.

— É verdadeiramente intrigante o modo como você consegue afastar-se de sua proteção perene para deixar sua mente vulnerável, e, ainda assim, conseguir muito mais em troca do que a simples satisfação da curiosidade alheia. Ainda estou refletindo sobre suas habilidades. Você é uma imortal extremamente intrigante. Mas isso não deveria ser uma surpresa para mim, eu admito. Porque mesmo em sua encarnação humana, eu ficara intrigado com sua habilidade de bloquear quase todos nós. — ele disse, assentindo para Bella de forma agradável.

— Muito obrigada, Aro. — disse Bella simplesmente.

— Não há de quê, jovem companheira. Mas... Devo perguntar mais uma vez... Você e sua cunhada adorável não estariam cogitando se juntar a nós?

Pelo amor de tudo o que era sagrado! Ele não desistia mesmo! Aro parecia uma criança insistente. E aquela era sua frase mais conhecida. “junte-se a nós”. Humpf! Todos os vampiros do mundo deveriam fazer uma camiseta com uma foto de Aro e, abaixo dela, uma frese dizendo: “Junte-se a nós!”. Aquilo era cansativo.

— Você também seria muito útil a nós, querido Edward! — ele disse, interpretando mal minha expressão.

— Não. Obrigada — disseram Alice e Bella juntas, logo depois de eu ter dito a mesma coisa.

— Então eu suponho que a vinda de vocês até aqui deve ter outro motivo, não é verdade? Posso saber o que significa isso? Porque vocês vieram até aqui só para tirar Benjamin de meu poder?

— Cale a boca, Aro! — disse Caius. — Você não vê que eles estão planejando nos destronar? Sem dúvida aqueles romenos imundos estão com eles nisso. Mas que essa escória fique sabendo que jamais conseguirão nos tirar de nossos postos!

Por favor! Como ele pode ser tão patético?, eu ouvi Carlisle se perguntar.

— Por favor, irmão. Já basta. Não há tentativa de domínio alguma; eu pude ouvir isso nos pensamentos de Bella. Nossos velhos amigos vieram aqui numa tentativa de restabelecer a paz. Ouçamos o que eles têm a nos dizer! — ele disse a Caius pacificamente.

E então foi Carlisle quem avançou alguns passos e começou a falar.

— Nós não viemos aqui para roubá-lo, Aro. Viemos para recuperar o que não lhe pertence, o que nunca foi seu; ninguém pertence a ninguém. E, antes que você me pergunte o que tenho a ver com isso, eu digo que me sinto pessoalmente responsável pela captura de Benjamin, uma vez que isso aconteceu porque eu o convoquei para testemunhar naquele dia.

Aro olhou para Carlisle com olhos especulativos; ele não entendia o que Carlisle estava querendo dizer. Não o compreendia porque ele não acreditava fazer sentido o que Carlisle dizia — Aro não achava que Carlisle fosse o responsável por ele tomar conhecimento desses dons extraordinários. Na verdade, ele tinha certeza que logo ficaria sabendo sobre eles — mesmo sem a “ajuda” de Carlisle. E, conhecendo Aro, eu diria que isso era bem provável.

— Não se aflija com esses pensamentos, amigo Carlisle! Você não é responsável por nada disso que hoje está acontecendo, mas aprecio sua preocupação com todos os que você teve contato naqueles tempos difíceis, e sei que eles também. O que eu quero lhe dizer é que eu teria ficado sabendo, mais cedo ou mais tarde. Sim, sim, admito que o “mais tarde” venceu, nesse caso, mas eu saberia. Ninguém pode esconder algo de mim para sempre. Temos como exemplo sua querida nova filha, não é mesmo? Ela pretendia manter seus novos dons em segredo por muito tempo, mas não conseguiu por muito mais do que alguns anos.

— Você pode até ter razão, Aro — disse Carlisle, e eu podia ouvir em seus pensamentos o que ele iria falar. —, mas eu não entendo o motivo de as busca por mais poder que já tem, uma vez que ninguém de nossa família o desafiou, não há motivos para que você queira nos destruir.

— Destrui-los? — repetiu Aro — não... Nem pense em algo assim; seria um tremendo desperdício destruir imortais tão... Singulares como sua família. E não quero destruir ninguém, e tenho certeza que meus irmãos pensam de modo semelhante a mim...

Um grunhido o contradisse, revelando que Caius queria exatamente o contrário.

O desentendimento atravessou o rosto de Carlisle como uma nuvem negra.

— E então, o que você pretendia? Não estou entendendo mais nada.

— Tenho certeza de que muitos dos membros de sua família têm uma clara ideia do que eu quero. Mas eu sei que não consegui isso pelo modo mais fácil, então, quis tentar do modo mais difícil, mas vejo que também não é possível.

— Alice. — sussurrou Carlisle.

Aro assentiu.

— Sabe, meu amigo querido, eu nunca tive acesso a esse tipo de dom. Nunca. Mas queria tentar possuí-lo, e tudo o que mais queremos é sempre o que jamais poderemos ter, então... Você já sabe como isso termina... O que nos trouxe até esse ponto.

— Sim. Sua vontade de ter o que nunca teve; não podemos julgá-lo e nem condená-lo por isso, mas não adianta insistir quando isso não o leva a lugar algum, além de sua própria perdição.

— Eu sei. Acabei fazendo mal a mim mesmo e ao meu clã por causa de minha obsessão.

— Ora, Aro. Por favor, chega com essa ceninha de arrependimento, vamos logo com isso. Mande a guarda acabar com essa escória de uma vez! — disse Caius.

E, depois, eu ouvi um rosnado. Um rosnado familiar — familiar porque vinha de minha própria garganta. Logo outros grunhidos de desafio chagavam até mim, o de Bella foi o segundo, seguidos por Rose e Emmett, depois Jasper, os Denali, que rosnavam em sincronia... Por fim, ouvi um latido alto e ameaçador, vindo do fundo de nosso grupo. — Jake, que estava ao lado de Renesmee, respondera ao insulto.

Renesmee acabara de rosnar também, logo depois de Jake.

Logo outros rosnados começaram a preencher o lugar, mas não pertenciam a ninguém que estava ali, naquela reunião. Vinha do lado de fora das pesadas portas de madeira espessa.

Reconheci a fúria em alguns pensamentos dos recém-chegados, a incredulidade em outros, enquanto Vladimir derrubava a porta com um soco, forçando-a a ser aberta. O estrondo quase nem foi notado.

Agora todos estavam de costas, fitando a cena que antes estivera atrás de nós; Vladimir com os punhos cerrados, enquanto os abaixava, depois de ter amassado a porta como um punhado de massinha de modelar. Stefan ligeiramente atrás dele, com o olhar oblíquo e desafiador, igual ao rosnado que eu ouvira antes.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado do ponto de vista do Ed. Essa chagada repentina vai dar muita discussão. Comentem, por favor. O próximo capítulo será postado no Sábado. Obrigado.