Aurora Boreal escrita por Mr Ferazza


Capítulo 23
XX. INTERESSANTE


Notas iniciais do capítulo

Desculpem-me por não ter postado ontem, como eu havia prometido, mas é que minha Net resolveu tirar umas férias (sem permissão), mas já estou de volta.



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XX. INTERESSANTE

Cerca de três semanas e meia depois da partida de Renesmee e Jake para a Argentina, soubemos notícias dos dois; Jake se comunicava com Seth, Leah, Embry, Quil ou Victor telepaticamente, é claro. Mas não era a mesma coisa. Todos ficamos impressionados com a capacidade de alcance desse dom que a matilha tinha. A ideia fora de Jake; a necessidade de comunicação criara isso. Era fabuloso. E então, exatamente como havia dito, Renesmee nos enviara um postal.

Ela escrevera com sua caligrafia elegante e impecável.



Querida Família,

Mamãe, como lhe disse, estou, agora, lhes mandando um postal. Espero que tudo esteja bem aí pela América do Norte — Com vocês, quero dizer. Nós estamos perfeitamente bem.

Faz frio aqui, nem tanto, para mim e Jake pelo, menos — apesar de ser primavera; a neve não cai sempre, mas o vento não é agradável. São as altas latitudes (baixas, nesse caso).

Estamos voltando para o Norte na semana que vem; Já estou com muitas saudades de todos. Jake também. Ele manda lembranças.

Ah, e diga a tia Alice que agradeço muito pelo “empréstimo” da casa — é maravilhosa; Muito obrigada.

Agora, acho que tenho de ir. Preciso caçar. Eca! — Mamíferos aquáticos são piores do que os cervos, apesar de serem carnívoros.

Beijos a todos. Até mais.

Renesmee Cullen B.



Na parte de trás do cartão havia uma imagem das montanhas nevadas da cordilheira dos Andes; uma bonita foto.

Eu me diverti um pouco; Renesmee nunca deixava sua insatisfação com a dieta de cervos. E agora tinha de se virar com os mamíferos aquáticos. — eu podia ter sugerido alguns peixes, mas eles não têm o sangue quente e, provavelmente, só serviria para deixá-la mais aborrecida.

Isso era bom; Renesmee estaria de volta na semana que vem. Eu já estava com uma saudade louca de minha filha. Na verdade, todos estávamos. Ele era daquelas pessoas que iluminam um ambiente só por estar ali. Ela me fazia lembrar Jake, naqueles primeiros meses de nossa amizade. Sempre radiante, iluminando a sí própria e também aos outros. Era uma parte muito natural dela, na verdade.

Eu não tiver tempo de pensar em certas coisas, como; O que Renesmee faria se quisesse ter filhos? — Porque isso era óbvio. E eu não havia pensado nessas coisas antes, mas agora elas eram tremendamente óbvias para mim. Ou para todos.

E ainda mais porque todos sabiam, e isso era uma regra biológica imutável, e eu duvidava que qualquer um de nós pudesse passar por cima dela agora. — Ou em qualquer momento, antes ou depois daquilo. Os seres híbridos — Como Renesmee — eram estéreis, e isso significava que ela não poderia, em momento algum, gerar uma prole.

Eu arfei com esse pensamento, algo que eu não havia, pelo menos conscientemente, me dado conta até aquele momento, mas agora isso era claro. Claro como a água.

— O que foi querida? — perguntou-me Edward, que estava ao meu lado, assim que me ouviu arfar, atravessando a sala rapidamente. — No que está pensando?

Eu sacudia a cabeça para pensar com mais clareza e organizar meus pensamentos; não havia motivo para pânico — Eu nem sabia se Renesmee queria ter filhos; ela nunca dissera isso a ninguém, mas ela já devia saber.

— Renesmee — foi só o que eu disse.

Ele me investigou minuciosamente, como se pudesse saber o que eu pesava a respeito de nossa filha somente por minha expressão. — eu sabia que sim.

— Renesmee está bem. — garantiu-me ele. — ela voltará na semana que vem; está escrito no postal.

— Eu sei o que diz no postal — falei-lhe. — Mas não era a isso que me referia.

Ele me investigou de novo, tentando descobrir sobre o que eu falava.

— A quê, então? — perguntou ele, seus olhos dourado-escuros ainda me sondando.

— Me refiro às leis da biologia fundamental. — eu disse, numa frase confusa, que nada tinha a ver com contexto do que ele imaginava; a não ser que sua linha de raciocínio estivesse em harmonia com a minha.

— Quê? — perguntou ele, surpreso, como se eu tivesse dito uma besteira. — Que tipo de leis da biologia? Eu sei; todos os seres são formados de células... — ele não terminou.

— Edward, eu estou me referindo ao fato de que talvez Renesmee seja estéril. — disse-lhe. — Eu nunca havia pensado nisso, mas agora que eu pensava no contexto da Lua-de-Mel, ficou claro. É verdade, não é? A maioria dos híbridos é estéril.

Ele me fitou com tranquilidade, como se já tivesse pensado nisso há muito tempo. E ele já pensara. E Carlisle também, eu tinha certeza. Os dois tinham diplomas de medicina, sendo que Carlisle exercia a profissão há séculos. E a curiosidade e a especulação faziam parte dessa profissão. Era natural que Carlisle já tivesse pensado sobre isso. E talvez Edward, mas ele nunca me dissera isso.

Ele deu de ombros

— Talvez ela seja mesmo — disse ele, dando de ombros; Edward não estava sendo frio. Somente, eu tinha certeza, já havia pensado nisso. No entanto, se aquilo fosse verdade, algumas coisas teriam de ser revistas. Como o conceito de imprinting, por exemplo.

Eu perguntei isso a Edward e ele me disse que também era muito confuso, porque, se o imprinting existia para dar continuidade à espécie dos descendentes de Taha Aki, então isso teria de ser discutido com mais calma, pois, obviamente, não seria uma explicação válida.

— Fique calma, Bella — disse ele, afagando minha bochecha com os lábios cheios; senti uma corrente de calou inundar meu corpo — Nós não poderemos saber de fato que Nessie é estéril sem que a vejamos e Carlisle possa fazer alguns exames. Muitos híbridos, da primeira geração são férteis... E se esse for o caso, devemos nos preocupar com os filhos de Nessie... Assumindo, é claro, que ela não seja.

É claro que sim. Eu havia me esquecido disso. Às vezes isso acontecia... Pelo menos no que era natural, e Nessie não se encaixava muito bem nessa categoria; seu ciclo de vida não era muito comum, de modo que ela viveria para sempre. Então... Ah, dane-se, pensei. Por que eu estava me preocupando com isso desse jeito? Era como se eu estivesse desesperada para ser avó. Na verdade, eu me preocupava com Renesmee. E se ela e Jake quisessem um filho e não pudessem ter? O que as histórias da tribo diziam sobre isso?

Tentei pensar com clareza: Leah havia tido um imprinting com um garoto de, aparentemente, 16 anos de idade, que, na verdade, tinha 6, e ainda por cima, era a uma mistura perfeita de lobo com semivampiro. Aquilo não era comum. O corpo de Leah, de certa forma, estava paralisado... Então como ela poderia ter filhos, também? Esse pressuposto de que o imprinting servia para dar origem a lobos mais fortes me parecia tremendamente tolo, agora que já havia provas que pudessem contestar isso — Renesmee e Leah.

Resolvi deixar aquele assunto para mais tarde; teríamos tempo para resolver e especular sobre aquilo.

Em um instante Edward estava ao meu lado; suas mãos sobre as minhas. Seus olhos, dourados escuros, agora, pareciam a antídoto perfeito para que eu me esquecesse completamente de minhas preocupações bestas — do meu nome, de onde eu morava, de quanto era a raiz quadrada a 144...

— Não precisa se preocupar com isso, Bella — disse ele, sua voz era tranquila. Eu fiz o que ele disse. Parecia que eu não precisava de Jasper para me acalmar; a voz perfeita de Edward fazia isso sozinha.

Eu assenti, mirando seus olhos calorosos como se neles eu encontrasse a solução para aquilo. No entanto, era mais complicado do que isso... Não. Eu não pensaria nisso. Não era exatamente um problema meu. Renesmee agora era casada e eu tinha de deixar de trata-la como se ela fosse meu bebê... E eu sabia que para Edward também era assim. Nessie era nossa única filha, e era difícil deixar que ela seguisse sua vida dessa forma, sem qualquer preparação. Agora ele era a senhora Black... Um sentimento de frustração tomou conta de mim, eu quis que Jake estivesse aqui, a centímetros de distância, para que eu pudesse socar sua cara infeliz de vira-lata; ele havia roubado meu bebê...

Argh! Eu estava sendo ridícula. E sabia disso. Renesmee sempre seria minha filha, não importava se ela agora pertencia a outra pessoa além de Edward e de mim. Antes de tudo, eu a havia concebido, e nem Jake poderia mudar isso.

— Venha, querida — disse Edward, me puxando do sofá. — Vamos caçar... Sei que deve estar com sede; seus olhos começam a escurecer.

Eu assenti. Era verdade; eu podia ver o reflexo de minhas íris um pouco escurassem seus olhos. Ele também deveria estar.

— Vamos — eu disse, e nós disparamos porta afora.

Seguimos para as montanhas saturadas de verde, pulando ora do chão para os galhos das árvores, ora dos galhos para o chão. O vento frio da noite era agradável contra meu rosto; Edward segurava minha mão enquanto corríamos, seu toque morno me fez ter vontade de ir mais devagar, para que pudesse apreciar o contato por mais tempo.

Eu já podia ver o espaço aberto à frente, que dava lugar, cautelosamente, ao Mount Olympus West Park, Quando Edward parou.

— O que foi? — perguntei, um pouco cautelosa.

Edward colocou o indicador entre os lábios, pedindo silêncio.

— Escute — instruiu ele.

Deixei que minha audição ampliasse o alcance e percebi o que ele estava falando e porque estava tão cauteloso; eu pude ouvir ruídos ásperos e molhados de sucção. Então percebi que havia outro vampiro por ali, se alimentando de humanos. Não prendi a respiração. Foi muito fácil encontrar o controle para que eu não saísse à procura de sangue humano. Isso me deixou feliz.

Por ali, em algum lugar na montanha, um vampiro matava pessoas. E aquele era nosso território. Tínhamos que proteger nossa obscuridade, e um vampiro ignorante e morto de sede estava caçando no lugar onde morávamos. Seattle era nossa área. Não que fôssemos caçar humanos por ali, mas tínhamos que proteger o anonimato de nossa família.

Eu e Edward rosnamos baixo ao mesmo tempo.

Estendi a mão para ele. Edward me fitou, a confusão atravessando seus olhos.

— O que vai fazer? — perguntou ele, movendo os lábios. Sem emitir som algum.

— Confie em mim — disse, também sem sons.

Ele agarrou minha mão com um aperto cheio de afeto e depois revirou os olhos.

— Você está muito misteriosa... — ele disse, e seu comentário baixíssimo se perdeu no silêncio, que era interrompido somente pelo barulho de sucção que o vampiro fazia ao drenar sua vítima.

— Observe... — sussurrei.

Tive de me concentrar um pouco, mas funcionou; em alguns segundos, Edward e eu, de mãos dadas, estávamos invisíveis. Agora seguíamos em direção aos ruídos, que vinham de algum lugar ao sul do sudeste.

— Fascinante — ouvi Edward murmurar consigo mesmo depois de alguns milésimos de segundo; eu sabia que ele não poderia me ver, mas sabia, com a mesma convicção, que ele podia me sentir. Assim como eu o sentia, de mãos dadas, correndo junto comigo.

Eu ri baixinho; tinha de me concentrar para que não perdêssemos nossa invisibilidade. E isso não era particularmente difícil.

Quando chegamos ao local, vi o vampiro agarrado ao pescoço de sua vítima, ainda drenando-a. havia mais três pessoas, mortas aos seus pés. Suas cabeças estavam separadas do corpo, o que fazia da cena um filme de terror malfeito.

O vampiro tinha a cara enterrada no pescoço da vítima, que era um homem de, mais ou menos, uns 30 anos de idade. — Homens tinham mais sangue.

O monstro que estava agarrado a seu pescoço também era homem — sua pele com um tom levemente azeitonado sugeria que ele deveria ter sido um pouco mais moreno em sua encarnação humana; ele devia ser de algum lugar do Sul, isso, é claro, levando-se em conta sua altura, a cor de sua pele e a total falta de discrição. Ele deveria ser, também, muito jovem.

Eu também podia sentir algo a mais... Talvez ele também tivesse algum dom. Tentei me concentrar: Não era uma grande coisa; só capacidade de autopreservação, como Victoria tivera... Mas esse era mais forte. Talvez o vampiro não fosse um recém-criado, afinal, porque pude sentir que ele sabia lutar. Tão bem quanto Jasper, Emmett ou Edward. Mas eu já havia me enganado antes. Nenhum vampiro com menos de uma década de fato sabe lutar razoavelmente.

Eu me concentrei de novo, mas desta vez foi para ficar visível sem deixar que Edward ficasse também; Tentei pensar exatamente no que eu queria; Largar a mão de Edward, mas que ele ficasse invisível. Só ele.

Arrisquei-me. Quando fiquei visível de novo, Edward não estava em nenhum lugar onde eu pudesse vê-lo. Contudo, eu podia sentir sua mão em meu ombro; ele devia estar com medo.

Afastei meu escudo rapidamente e lhe disse:

“Não se preocupe. Vou ficar bem. Quando quiser ficar visível de novo, é só pensar nisso, mas não se exalte, por favor”. Com algum esforço de minha mente, já com o escudo de volta, eu pude vê-lo, mesmo ele estando invisível.

A cada passo que eu dava, Edward me acompanhava de perto, silenciosamente; o vampiro parecia estar absorto demais em sua refeição para me notar ou notar meus passos.

Eu me aproximei de vagar do monstro indisciplinado que estava cada vez menos distante de mim; ele, ainda assim, não pareceu notar minha aproximação. — continuava com os dentes cravados no pescoço do homem que, àquela altura, já deveria estar quase drenado.

Me aproximei mais um pouco e me preparei. Provavelmente eu poderia não ter começado o encontro de forma tão hostil, mas aquele vampiro estava chamando atenção demais para ele mesmo e, por consequência, para nós. Enchi minha mão com uma carga elétrica relativamente baixa — aquilo ainda podia derrubá-lo, mas, para o que eu podia fazer, ainda era uma voltagem suave.

Eu já estava perto dele. Pensei que ele ainda não havia notado minha aproximação, então entendi a mão para sua nuca. Pretendia aplicar-lhe um choque que o incapacitasse por algum tempo. Não deu certo e eu lamentei não ter entrado em sua mente para ver o que ele estava pensando, mas havia ficado com receio de sentir a descrição silenciosa do gosto do sangue.

Quando cheguei suficientemente perto para tocá-lo, o vampiro — com os olhos de um rubro escuro incrível (ele era mais velho do que eu pensava, mas, ainda assim, mais jovem do que eu) — me pegou de surpresa; aplicou-me um golpe na barriga e eu fui atirada longe, caindo de costas em direção a uma árvore. Não era uma sensação desagradável, mas me senti um pouco vulnerável. Antes de cair de encontro à árvore, segurei estrategicamente um galho alto, reposicionando-me para que pudesse cair de pé.

Funcionou. Minha queda foi rápida e exatamente como eu imaginava: Eu caí de pé, com os joelhos dobrados exatamente na posição em que melhor absorviam o impacto com o solo rochoso e irregular. Meu corpo se retesou automaticamente em uma posição de ataque. Eu expus os dentes, grunhindo uma advertência para o vampiro desconhecido. O rosnado saiu ameaçador e hostil.

Edward estava a meu lado em um instante, o corpo também retesado para atacar. Eu toquei seu braço imperceptivelmente, para adverti-lo. Eu dava conta daquilo sozinha.

Meu rosnado não funcionou como eu esperava que funcionasse. O vampiro investiu contra mim novamente — Edward a meu lado, agora em uma posição mais relaxada do que antes; ele sabia que eu estava certa. —, correndo em minha direção mais rápido do que eu imaginava; sua força havia aumentado por causa do sangue humano que acabara de beber.

Ele podia ser mais forte por causa do sangue, mas eu era mais madura e, portanto, sabia o que estava fazendo, enquanto ele atacava pela frente, como se fosse um recém-criado. — com certeza ele não devia ter mais de dois anos e meio nessa vida.

Era agora. Minha oportunidade de usar o que Jasper me ensinara: O vampiro investia contra mim ainda, em um movimento retilíneo. Mas eu sabia o que iria ocorrer — vampiros mais jovens eram inábeis e óbvios. Ele se desviou para a esquerda, para onde o maior peso de meu corpo pendia no momento, pensando que era para onde eu iria. Eu, diferente do que ele pensava, peguei impulso em uma rocha incrustada no chão molhado e voei para cima, caindo diretamente sobre seus ombros. Cruzei os braços abaixo de seu pescoço, dando-lhe uma gravata apertada que teria arrancado sua cabeças se ele não tivesse dito:

Todo bien, — disse ele em espanhol; eu estava certa em supor que ele não era do norte. O vampiro encrenqueiro deveria ser de algum lugar da América Latina — yo me rindo. — ele disse, a voz assustada.

Foi engraçado. Quando ele pensava que ganharia, eu não havia captado nele nenhuma vontade de se render. Agora ele queria trégua?

Eu suavizei um pouco o aperto em seu pescoço.

— Edward? — chamei; eu precisava dele para se comunicar com o desconhecido. Poderia até entender o que ele dizia, mas ainda não podia falar com perfeição.

Ele ficou visível imediatamente, em minha frente e na frente do vampiro desconhecido. O vampiro arfou quando viu Edward se materializar em sua frente.

Que es esto? — perguntou ele retoricamente.

Edward o fitou de um modo incrédulo e, depois, gesticulou para que eu descesse dos ombros do vampiro.

O vampiro perguntou de novo o que estava acontecendo e Edward explicou que naquela área não e podia caçar humanos — não tão perto de casa assim; era mais uma precaução para evitar chamar a atenção dos Volturi do que qualquer outra coisa. O vampiro entendeu.

Les ruego me perdonen, no tenía ni idea de que esta zona pertenecía a alguien. — disse ele, seu tom de voz era baixo.

Edward assentiu.

Cierto — disse Edward, a pronúncia perfeita — Vete. No te olvides de cargar los cuerpos. — ele disse, gesticulando para os mortos no chão.

O vampiro, que ia juntando os corpos e os colocando sobre os ombros, virou-se de novo para Edward e os deixou cair... Ele podia tratar com mais cuidado os corpos que acabaram de lhe fornecer alimento.

O vampiro viu minha expressão para o que ele acabara de fazer e me disse:

No te preocupes; están muertos. — ele disse e sorriu; eu dei um sorriso amarelo de volta.

Ele se voltou para Edward de novo, os olhos curiosos:

Perdón, pero... Se no cazan aquí, ¿cuál eres tu territorio?

Edward revirou os olhos e disse:

No cazamos los humanos; sobrevivimos con la sangre de los animales. — ele disse e depois deu de ombros.

Os olhos toldados de vermelho do vampiro se encheram de uma curiosidade genuína.

Edward respondeu a um pensamento que não fora verbalizado dizendo que era necessário muito autocontrole. Depois se despediu do vampiro e lhe sugeriu que fosse mais discreto em suas caçadas, falando-lhe dos Volturi que, por acaso, seu criador havia se esquecido de mencionar. Na verdade, o vampiro não conhecia seu criador, já que, segundo ele, havia sido criado por acidente.

O vampiro desconhecido seguiu seu caminho enquanto Edward e eu nos afastávamos; era a nossa vez de caçar.

Nós não comentamos nada sobre aquele pequeno incidente enquanto abatíamos nossas presas.

Eu captei o cheiro de um alce que estava a alguns quilômetros dali e o segui. Quando saltei sobre ele, logo quebrei seu pescoço para que o animal não sentisse a dor desnecessária.

Quando acabei ele já estava a meu lado, esperando-me.

Ele deliberava sobre alguma coisa que eu não sabia o que era; não iria entrar em sua mente para descobrir.

— Pronta para ir para casa? — perguntou, estendendo-me sua mão, agora ligeiramente mias quente do que antes.

Eu assenti, mirando seus olhos calorosos, dourados e fascinantes. Me perdi neles antes que pudesse responder de uma forma audível. Depois eu me esqueci de tudo, quando ele acariciou minha face e algo parecido com a minha corrente elétrica percorreu meu corpo em menos de um segundo. Eu podia ficar ali o dia inteiro, sem me mexer, só olhando para ele e apreciando seu rosto perfeito.


— Nessie! — exclamei e corri para abraçá-la quando ela desembarcou do avião.

Renesmee estava irradiando sua beleza, é claro; a viagem havia feito bem a ela; seus longos cabelos ruivos caíam-lhe sobre os ombros de uma forma que parecia uma cortina de veludo, algo muito refinado lindo. Seus olhos castanhos cor de chocolate eram calorosos ao me abraçar forte e depois enterrar o rosto em meus cabelos.

E então, só naquele momento eu me dei conta de quanto Renesmee fazia falta. Eu estava sentindo uma saudade desvairada de minha filha. — a maior parte estava em meu subconsciente eu e só me dera conta agora.

— Mãe! — disse ela, me beijando no rosto também — Senti sua falta também. De todos vocês. — ela disse enquanto passava de meu abraço para o de Edward, e depois para o de Rose, que esperava ao lado dele.

Rose sorriu para ela e a abraçou apertado. As duas tinham um relacionamento tão próximo que, às vezes, eu ficava com ciúmes — mas eu não me incomodava verdadeiramente; Rose amava Renesmee, e isso era o que contava para mim.

— Que saudade, Nessie! — disse ela, passando a mão em seu cabelo cor de bronze. — Como foi de viagem? Você se divertiu?

Renesmee a tocou na face.

— Que bom, querida. — Falou Rose, afagando a bochecha de Nessie.

Só agora eu me dera conta de Jake, parado no ponto em que Nessie correra para nós, segurando a bagagem. Ele se deu conta e se aproximou.

— Oi, Jake — eu disse — Como foi de viagem?

Ele pareceu estar disperso em outras coisas, mas me respondeu.

— Foi ótimo, Bells. — disse ele, assentindo.

Fiquei tentada a perguntar a Edward o que Jake estava pensando, mas me controlei — eu mesma poderia ter feito isso, mas não gostava de invadir a privacidade alheia. —, porque não era como se Jake estivesse escondendo alguma coisa, mas como se estivesse distraído demais para prestar atenção a alguma coisa. Deveria ser algum assunto da alcateia.

Virei-me para que Edward enroscasse o braço em minha cintura. Inclinei-me para beijá-lo e vi que seu rosto não estava muito diferente do de Jake.

Resolvi, então, dado teor de mistério que envolvia o clima emocional ali — perguntei-me o que Jasper diria se estivesse ali; Alice e ele haviam saído para caçar. —, entrar na mente de Jake e saber o que ele estava pensando.

Ah, que maravilhoso! Ele estava pensando em outra coisa, para evitar que Edward ou eu víssemos seus pensamentos. Eu tinha certeza absoluta que era esse o caso, porque ele estava concentrado demais em cantar uma música em pensamento. “Well, you built up a world of magic. Because your real life is tragic. Yeah, you built up a world of magic”.

Pelo amor de Deus! Como ele fingia mal. — Alguma hora ele teria que parar de cantarolar “Brick by Boring Brick” em sua mente e me dizer o que estava acontecendo.

If it's not real, you can't hold it in your hands — Cantarolei a próxima parte da música para que ele soubesse que eu ouvia seus pensamentos.

Edward riu e continuou a música. Era bom saber que ele estava tão curioso quanto eu.

You can't feel it with your heart, and I won't believe it — cantou ele, com a voz mais perfeita que se podia imaginar.

Nós rimos juntos e todos — principalmente Jake — nos olharam como se tivéssemos enlouquecido. Jake ergueu uma sobrancelha para nós, como quem diz: “Eu conto a história depois, casal de intrometidos.”

— Parapaparapaparaparapapaparapapa. Parapaparapaparaparapapaparapapa. — cantou Jake, encerrando o assunto da música de sua mente.

Renesmee, que estava na frente, abraçada com Rose, olhou para trás. Um sorriso deslumbrante no rosto. O que ela estava achando de nossa pequena apresentação?

— Ninguém vai enterrar o castelo hoje, certo? — disse ela. — Vamos para casa.

Rose, Emmett, Nessie e Jake foram no carro enquanto Edward e eu corremos para casa, invisíveis, apostando uma corrida.

— O que você acha que Jake está escondendo? — perguntei a ele, mirando-o, mesmo sabendo que ele não podia me ver.

Ele deu de ombros e disse:

— Não tenho ideia. Na verdade, ele não pensou um segundo sequer no que estava escondendo. Ficou cantarolando musiquinhas desde que desceu do avião. — Disse ele. Sua voz não passava de um sussurro, o som disperso pelo vento forte de nossa corrida. No entanto, eu consegui identificar facilmente um tom de irritação em sua voz.

Eu fiquei confusa.

— Tem alguma ideia do que pode ser? — perguntei; eu já estava me corroendo de curiosidade.

Ele sacudiu a cabeça negativamente. Ainda um pouco irritado.

— Sabe que não. Seu palpite deve ser melhor do que o meu, já que o conhece melhor. Talvez melhor do que Nessie — disse ele, sua voz um pouco mais controlada.

Eu assenti. Era verdade; eu o conhecia bem, mas nem tanto a ponto de adivinhar o que Jake guardava.

— Tem razão — eu disse. — Mas não deve ser algo tão terrível. Jake não conseguiria mentir se estivesse apavorado com alguma coisa. Provavelmente tem a ver com seu sobrinho.

Ele assentiu e, depois disso, seguimos em silêncio para casa; chegamos lá um minuto depois de Rose, Emm, Jake e Nessie.

Quando chegamos a casa, só Rose e Emm estavam ali. Sentados no chão, suas expressões pareciam um pouco estressadas. Será que havia dado tempo para que que algo acontecesse assim tão rápido? E onde estava Jake? Eu teria apostado que, depois de uma viagem tão longa, ele e Nessie iriam querer nos contar sobre a América do Sul. E, sim, eu também estava tremendamente curiosa para saber o que Jake escondia; eu não captara nada nos pensamentos de Nessie, tampouco.

Aliás, onde estava ela? Com Jake? Não. Eu sabia que ele havia ido tratar com Victor, Leah, Quil e Embry sobre os assuntos da alcateia. Ela devia estar em seu quarto aqui da casa principal. Eu podia ouvir Carlisle e Esme no escritório de Carlisle. Enquanto Carlisle lia um livro — eu consegui ouvir o virar das páginas —, Esme estava estudando seus projetos. Renesmee não estava lá. Alice e Jazz haviam ido caçar muito antes de irmos buscar Nessie no aeroporto. Seth estava na cozinha preparando o café da manhã.

Então eu pude ouvi-la - Não com a mente, mas com os ouvidos - em algum dos banheiros do terceiro andar; ela lavava as mãos.

Edward arquejou antes que eu pudesse perguntar a Emm ou Rose o que havia acontecido. Eu o mirei com uma expressão confusa e depois fiz uma careta.

— O que há, Edward? — perguntei a ele, roçando a parte superior da mão em seu rosto vincado pela tensão.

Ele segurou minha mão por um instante — o que era estranho, já que ele não evitava um gesto de carinho. —, mas depois pegou minha mão, aproximou-a de seus lábios e a beijou.

— Eu não sei... — ele hesitou, sua voz parecia um pouco... Estressada. Suas sobrancelhas se uniram em uma expressão que eu conhecia bem; preocupação e... Um pouco de temor.

— Edward, você está me deixando nervosa. — eu disse, e sabia que, se quisesse, poderia ler sua mente, mas não queria ser enxerida em uma situação tão estressante.

De repente me dei conta de uma coisa: E se alquilo tudo — todo o mistério dessa manhã — tivesse a ver com os Volturi? Estariam eles vindo para cá? Decidiram mudar seu plano original?

Ele não respondeu. Eu arquejei e ele voltou seus olhos, que estavam fixos no nada, para mim. Sua expressão era um pouco confusa, como se ele esperasse que eu tivesse reagido ao que ele estava reagindo, mas visse em meus olhos algo diferente.

— Os Volturi... — comecei, respondendo ao seu olhar. — Eles estão vindo? — perguntei, embora eu soubesse que essa possibilidade era um pouco remota; Demetri estava morto.

O entendimento pareceu clarear um pouco mais os seus olhos, e Edward riu pelo nariz. Só um pouco.

— Não — ele me tranquilizou quando eu comecei a quicar no mesmo lugar, pronta para agir. — Não se trata disso...

— Então o que é? — interrompi-o — Por que todo esse mistério?

Ele me olhou com os olhos um pouco severos, seus lábios formando uma linha fina enquanto eu devolvia o olhar de uma maneira um pouco ansiosa.

— Ah, fale logo, Edward. — Disse Emmett do outro lado da sala; ele também não estava aguentando o mistério, apesar de que, eu tinha desconfiança, ele e Rose já soubessem do que se tratava.

Ele me olhou confuso por um minuto e depois recompôs sua expressão serena.

— Quando Nessie chegou a casa, Seth estava cozinhando e... — ele pereceu hesitar um pouco para continuar; vi uma chama negra de incerteza arder sob suas íris douradas e deslumbrantes — E... — ele pareceu relutar em continuar. —... Nessie sentiu o cheiro e... Bem, correu para o banheiro. O cheiro lhe deu enjoo.

Eu precisei de algum tempo para processar o que ele havia dito. Oh, sim. É claro. Eu já passara por isso. Os sinais — nesse caso o sinal — eram claros demais. Eu havia vivenciado aquilo. Os enjoos, principalmente com cheiro de comida. As náuseas que haviam desaparecido no mesmo instante que surgiam.

Era óbvio que o enjoo de Renesmee já havia passado. Eu podia ouvi-la no terceiro andar, andando de um lado para o outro, sem saber o que fazer. E, de repente, a forma que Jake cantarolava um música em pensamento para me distrair, tornou claro o seu objetivo. Nessie e ele já sabiam o que acontecia.

Acabou que minha preocupação pela fertilidade de Nessie havia sido inútil. Renesmee — eu tinha quase certeza — estava grávida.

Naquele momento, ela desceu as escadas, preenchendo o ambiente com o cheiro de sua pasta de dentes. Ah, agora era óbvio. Como eu podia ter caído naquela distração de Jake? Como Edward caíra? Estava evidente agora; o cheiro dos hormônios — agora em uma quantidade muito grande em sua circulação — era meio vertiginoso.

Edward a estudou por algum tempo.

— Sente-se bem, querida? — perguntou ele quando ficou claro que não havia nada de evidente na expressão de Renesmee. Ela não parecia estar se sentindo, de alguma forma, desconfortável.

Ela olhou para Edward e depois para mim, suas bochechas, já fervilhando de vida, coraram ainda mais.

— Sinto muito por não ter lhes contado assim que chagamos — ela disse em um tom indevidamente envergonhado. Era perfeitamente compreensível. — Não queria assustá-los.

É claro que não; eu já havia contado a ela a história de minha gravidez. Renesmee havia ficado um pouco alarmada com a parte da história que ela não se lembrava.

— Não deveria tentar esconder esse tipo de coisa de nós, mocinha — disse Edward, seu tom de voz estava censurando a atitude de Renesmee — Foi negligente de sua parte. O que aconteceria se conseguisse fazê-lo? Se Seth não estivesse cozinhando? — perguntou ele, num tom um pouco mais brando que o que usara antes.

— Me desculpe. Como eu disse, só não queria que se preocupassem... Eu estou bem — disse ela, na defensiva, assim que Edward a olhou; a maneira como ela havia dito aquilo tinha dado a entender que havia mesmo motivos para preocupação.

— Tudo bem, Nessie — eu disse, atravessando a sala e afagando seus cabelos que, eu podia jurar, estavam, também, mais brilhantes. Assim como seus seios poderiam ter aumentado um pouco.

As mudanças estavam ocorrendo muito rápido — não tanto quanto ocorreram em mim, é claro, mas, ainda assim, não no ritmo de uma gravidez normal. Como aquele ritmo, — eu podia fazer cálculos muito bem agora — sua gestação não passaria de mais de 5 meses e meio.

Eu queria respostas exatas. Queria que Carlisle estivesse aqui para que pudesse estimar o tempo de gestação que Renesmee teria.

E então, como se naquele momento ele pudesse ler os meus pensamentos, Edward disse:

— Vamos esperar que Carlisle termine o que está fazendo lá em cima para que possamos saber ao certo sobre essa gestação misteriosa.

Eu assenti de pronto — assim como Renesmee —, tentando não pensar no fato mais óbvio que eu podia enxergar até ali: eu seria avó em menos de seis meses.



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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado do capítulo, assim como da ideia de Bella e Ed serem avós. No próximo capítulo, se eu não resolver escrever mais alguma coisa antes, vai começar o que estávamos todos esperando.