Aurora Boreal escrita por Mr Ferazza


Capítulo 17
XIV. BREVE ETERNIDADE


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem; tem romantismo nesse capítulo.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/308367/chapter/17

XIV. BREVE ETERNIDADE

 Há pouquíssimo tempo Alice descobrira que, agora, ela podia ver o futuro de Renesmee e de Jacob também. – E, por consequência, de todos os lobos e/ou híbridos.

Havíamos ficado a noite inteira – Logo depois de Renesmee dormir – discutindo as probabilidades daquilo. Alice estava radiante, é claro.

Contudo, nenhum de nós sabia o que exatamente provocara aquilo. Tínhamos uma teoria.

A maioria de nós acreditava que era porque agora nossas espécies – Vampiro e lobo – se uniram, e os lobos deixando de ser uma incógnita para os vampiros. Mas essa teoria nos deixava um aspecto sem ser considerado. Renesmee.

Como Alice não poderia ver seu futuro, se Renesmee era uma junção de duas espécies das quais ela podia perfeitamente observar o futuro?

Jacob respondera a essa pergunta.

- Muito bem. Quando perguntei a Billy algumas curiosidades que eu tinha sobre o imprinting, ele me disse que a pessoa por quem nos ligamos eternamente já tem sua existência destinada ao imprinting. Como se destino existisse. E como se não fossem nossas escolhas que determinassem nosso futuro. Alice sabe disso. – Ele olhou para ela e sorriu.

“Agora eu sei que há algo de verdade nessa história. Não sei quando vou deixar de me surpreender com a veracidade delas. Eu já devia ter aprendido.” – Ele acrescentou isso como se estivesse falando consigo mesmo.

Edward interrompeu suas reflexões.

 - Em outras palavras, antes que Renesmee nascesse, o destino de Jake e o dela já estavam ligados. – Resumiu Edward.

Jake assentiu. Edward continuou.

- É uma boa resposta; esclarece esse ponto perfeitamente... – Edward não terminou.

Emmett interveio.

- Mas nos deixa outro, completamente sem resposta. Como ela não conseguiu ver Nahuel? Ele não estava destinado a nenhuma espécie híbrida e maluca – Emmett riu, é claro.

- Ah, Emmett. Isso é um ponto que nem Alice sabia. Aro conhece isso; ele sabe que Alice não pode ver nada que ela não tenha conhecimento de sua existência. – Disse Edward. – De modo que ela, obviamente, nunca pôde saber disso com certeza. Já que não vê isso.

- Certo, mas ela desconfiava da existência de outro semivampiro. – Eu intervim.

- É claro, mas desconfiar não adianta muita coisa. Por isso, essa ciência inexata de ver o futuro, muitas vezes, deve basear-se em certezas para que o resultado seja, no mínimo, extremamente volátil.

Eu assenti para ele.

- Mãe? – Perguntou Renesmee de seu quarto em nossa casa. Eu estava na margem superior do rio; ela sabia que eu ouviria, então não falou muito mais alto do que o tom usado numa conversa normal.

- Sim, querida? – perguntei a ela no mesmo tom de voz normal; Renesmee possuía uma audição tão boa quanto a de qualquer um da família.

Eu voltei para casa em dois segundos para verificar o que ela queria.

 - A senhora viu onde deixei meu vestido azul? Não consigo encontrá-lo. – Perguntou Renesmee, com seu rosto imaculado de anjo, sorrindo para mim.

 Às vezes – raramente - ela tinha alguns sinais de humanidade, como esquecer onde deixara algo, por menor que fosse.

Eu a fitei, sorrindo para seu sorriso divino. Eu não era a pessoa que mais gostava desses pronomes de tratamento formais; eu não tinha um rosto de senhora.

- Desculpe mãe – Disse ela ainda sorrindo para mim, seus olhos cor de chocolate faiscando. – Você viu onde deixei meu vestido azul? – Ela se corrigiu. Nada afetava seu sorriso deslumbrante. Eu era capaz de comparar sua beleza angelical com a de Rosalie. As duas eram divinamente lindas, como duas divindades deslumbrantes e geniais.

Eu sorri mais ainda.

- Ah, vi sim. Está em meu closet. Alice o colocou lá – Eu lhe falei, atravessando o quarto para beijá-la no rosto e depois na testa. – Quer que eu o pegue? – Perguntei

- Não, não é necessário. Obrigada. – Ele saiu do quarto e disparou para o meu. Era bom que ela não se perdesse lá dentro do monstruoso closet que Alice construíra para mim.

Em alguns segundos ela estava de volta, já vestida. – Nessie estava deslumbrante. Sempre estivera. Poderia se vestir com panos de chão e ainda assim seria o ser mais lindo do planeta inteiro. – Como Edward e Rosalie; os três seres mais lindos do universo.

- O que acha? – Perguntou ela, dando uma voltinha.

- Está deslumbrante, filha. Como sempre. – Sua pele de neve contrastava divinamente com o azul turquesa do vestido de seda. Sim, uma cor berrante, mas tudo caía bem em Renesmee.

- Acho que a tia Alice exagerou desta vez, mãe. O closet está saturado; com mais duas peças de roupa ele pode explodir. – Disse ela teatralmente, revirando os olhos como Edward.

Eu sentei-me em sua cama grande e, antes, perfeitamente arrumada, agora com pilhas de roupas tiradas do monstruoso closet, com uma cara de tragédia.

- Filha – comecei –, Alice é Alice. Quando é que ela não exagera?

Nós rimos juntas.

- Bem, de qualquer modo, você pode ficar com algumas, já que somos do mesmo tamanho. Cabe em você. – Eu disse.

- Obrigada. – Disse ela.

Eu estava feliz que Renesmee, agora, gostasse um pouco mais de falar do que mostrar. Em parte, porque amava ouvir sua voz de sinos.

                - Aonde vai? – Perguntei casualmente a ela.

                - Ah, esqueci-me de comentar, Jake me convidou para a festa na fogueira. Estava somente escolhendo a roupa; não é essa noite. – Disse ela. – Eu ia pedir sua permissão, primeiro.

                Eu assenti para ela, dando-lhe a permissão. Em parte, eu não achava muito conveniente que ela pedisse minha permissão e a de Edward para tudo o que fizesse, já que ela era tão madura quanto o restante da família.

                Lembrei-me vagamente – minhas memórias humanas desfocadas – de minha festa da fogueira, tantos anos atrás.

                - Ah, filha, você vai adorar as histórias. São mágicas. – eu disse a ela.

                Era ótimo que Renesmee pudesse passar algum tempo com Jake em La Push. – Eu me surpreendera que ela pudesse passar dos limites de território, impostos tantas décadas antes. Isso se devia ao lobo-vampiro que agora era presença quase permanente na reserva Quileute.

O reestabelecimento das fronteiras fora inevitável, embora a família de Rebecca morasse mais próxima a nós do que a La Push. – O irmão e o filho dela eram parte da matilha.

Victor também era um semimortal “vegetariano”, como o resto de sua família. – Aquele estilo de vida, na verdade, não era tão peculiar e raro assim. Havia muitos vampiros que respeitavam a vida humana. 

Renesmee sorriu para mim, recuperando minha atenção. Seu rosto, agora, era um pouco preocupado, mas também era alegre. – Ela tinha uma notícia a me dar.

Eu suspirei.

- Fale logo, Nessie – Eu disse e ela; não precisava ler seus pensamentos para saber que ela tinha algo a dizer.

Ela me fitou por um segundo, e depois falou:

- Bem, mamãe, é que hoje, antes de sair, tia Alice me disse algo. – Renesmee parou, deliberando, depois continuou – Ela falou que... Que eu iria ganhar um presente. E logo depois Jake me ligou, confirmando minha presença na festa da fogueira e disse que tinha uma surpresa para mim... – Disse Renesmee.

Ah, sim. Eu já sabia o que era, é claro. Um anel de “compromisso” – Um lindo anel com o rosto de um lobo castanho-avermelhado gravado em madeira – com o focinho de diamante. Alice vira isso.

 - Ah, sim Nessie. Ela disse isso porque viu o que ele vai dar a você.

- O que você disse? – Perguntou Nessie, interessada e também como seu eu houvesse falado um nome que não poderia ser pronunciado na TV.

Eu contei a ela o que havíamos discutido ontem à noite. No final, ela somente assentiu. Depois, lentamente, sentou-se em sua cama e murmurou as palavras: “isso é incrível”. – Renesmee sorriu.

Renesmee me olhou e perguntou:

- Que surpresa é? Já que tia Alice viu, pode me contar. – Ela disse interessada.

Eu a fitei. 

- Ah, não posso dizer, filha. Jake ficaria furioso se eu estragasse essa surpresa. – Eu disse a ela docemente.

- Sabe que eu odeio que escondam algo de mim. Principalmente surpresas. – Ela disse. – Se eu não gostar, como vou dar a impressão de que adorei? Tenho de saber o que é... Não posso ferir os sentimentos de Jake... – Renesmee não terminou.

- Calma, Nessie, calma. Garanto a você que você vai adorar. – Eu disse, pensando no pingente em minha pulseira; o minúsculo lobo entalhado em madeira que Jake me dera de formatura tantos anos atrás. Eu adorara aquele presente. Renesmee também gostara de meu pingente. Agora ela teria algo semelhante, então sabia que ela gostaria.

Ela me olhou, examinando minha expressão.

 - Tudo bem então. – Depois se virou e começou a arrumar a bagunça das roupas que estavam sobre a cama. Alice. – Como poderia caber tudo isso num closet menor do que uma sala de estar? Eu não conseguia pensar numa maneira que isso fosse possível.

Então a ajudei a dar um jeito na bagunça – O quarto estava perecido com o Labirinto da mitologia grega; um lugar onde um mortal não poderia sair vivo; Certamente, se nenhuma de nós duas tivesse um censo de orientação impecável, já estaríamos perdidas nas monstruosidades exageradas de Alice.

Durante a maior parte do tempo de meu dia eu passava treinando – física e mentalmente. A parte física não era problema para mim; Jasper estava me treinando. – Ele era um instrutor espetacular. Sabia analisar objetivamente o que eu fazia durante uma luta e dava dicas indispensáveis para um bom e eficiente ataque.

O mais interessante nisso tudo foi quando Jasper mostrou-me um movimento rápido e que me possibilitava ganhar tempo em um combate. Surpreendi-me; com um tipo de ataque que era comum a todos os vampiros, Jasper criara um movimento inteiramente novo, possibilitando que fugíssemos do ataque-desvio óbvio e investíssemos contra adversário sem que ele esperasse por essa atitude. Era uma técnica muitíssimo eficaz e, por ser incrivelmente óbvia, nunca fora cogitada por algum vampiro antes.

- Quero que repita essa investida mais algumas vezes, Bella. Pode fazer isso? – Perguntou Jasper; sua expressão parecia um pouco imersa em suas deliberações.

                Assenti para ele e ataquei novamente; foi um movimento rápido. Acabou antes que eu pudesse pensar no que havia feito. Ele se desviou para a esquerda bem a tempo de evitar que nos chocássemos um contra o outro. Ou que eu arrancasse sua cabeça.

                - Percebe o que você fez aqui? – Perguntou ele.

                - Eu investi contra você, mas você se desviou para a esquerda; foi mais você quem fez alguma coisa. Algo bem simples.

                Ele balançou a cabeça.

                - Agora vamos inverter a situação, OK? Eu vou atacá-la e você tenta se esquivar, certo?

                Assenti apenas.

                Ele começou a investir contra mim e, instintivamente, eu me desviei para a direita.

Pelo menos eu pensei ter me livrado de seu ataque. No mesmo instante em que eu me desviei, ele me acompanhou. Então Jasper passou a perna esquerda voando de encontro à minha, dando-me uma rasteira; Caí sentada no chão molhado do gramado em frente à casa.

- Ótima estratégia – cumprimentei-o.

Ele assentiu.

- Percebe o que quero lhe mostrar?

Eu ainda esta confusa; obviamente ele quisera dizer que percebera o que eu faria antes que eu fizesse.

- Em parte. Entendi o que fez, mas não como você fez. Como sabia que eu me desviaria?

- Isso tem muito a ver com estratégias de luta de recém-criados. É uma das únicas características de luta que permanece em todos os vampiros maduros. Todos os vampiros têm o reflexo de se defenderem exatamente dessa forma. Desviando. Os neófitos, por sua vez, desviam somente para um único lado, fazendo-os assim os alvos mais vulneráveis em uma luta com vampiros mais velhos. E é exatamente por isso que é tão fácil eliminá-los, além de seus impulsos selvagens e irracionais. Contudo, vampiros mais velhos nunca fazem um movimento exatamente igual ao outro. Desvia-se para a direita ou para a esquerda, alternadamente. Talvez até para cima, mas é um pouco incomum, já que muitos esperam por um ataque um pouco mais inevitável e certeiro, como se não houvesse para onde fugir. Ou conforme se pensa que é o necessário a fazer. Deve, a essa altura, ter percebido que todos temos um impulso, uma intuição que nos diz para onde um ataque penderá. Na verdade isso tem a ver mais com o balanço e com a inércia de nosso corpo. Por isso sentimos essas coisas com precisão.

Eu ouvi suas instruções com o máximo de atenção.

-Então é por isso que você já sabia o que eu faria.

Ele assentiu.

-Agora tente impedir meu ataque.

Não foi fácil; passamos e repassamos essa cena dezessete vezes. A cada lado que eu me desviava, Jasper sempre estava lá antes que eu chegasse, de modo que não tinha tempo de desviar de sua rasteira. – Até que entendi o que tinha de fazer; na última vez em que ele investiu, em vez de eu sair correndo feito uma lunática idiota, fiquei parada onde estava. Imóvel. Jasper desviou para a esquerda – onde eu deveria estar se tivesse me desviado de seu ataque. – e, eu, com um movimento rápido – quase um lampejo –, cheguei por sua retaguarda, chocando meu pé contra a face interna de seu joelho. Suas pernas dobraram e ele caiu sentado com minha rasteira.

Esse fora um bom e golpe e Jasper me parabenizara por ele; exatamente como ele havia feito.

Eu também treinava com meus dons mentais; meu escudo não parava de surpreender-me. Eu descobrira que podia fragmentá-lo e proteger certas lembranças ou pensamentos que eu tivera. Era algo terrivelmente útil. Descobri também que, ao fragmentá-lo, eu não perdia se tamanho total – Era algo como uma planária, que se pode cortar vária vezes e voltava, quase instantaneamente, ao seu tamanhão original.

Mas isso não era algo que se pode chamar de “simples”; eu tinha de me concentrar muito em duas coisas. A primeira era conseguir fragmentar o escudo, que, de certa forma, era parte de mim, tanto quanto minha pele ou meus olhos. E a segunda era a lembrança que seria protegida até que eu quisesse. Isso seria incrivelmente fácil, se eu não tivesse de me concentrar nos dois ao mesmo tempo. E isso tornava aquela tarefa umas quatro vezes mais difícil do que tentar desproteger completamente minha cabeça para deixar meu cérebro vulnerável a certos dons.

Eu também podia dividi-lo e formar um escudo individual para qualquer pessoa que eu quisesse, sem que eu estivesse perto da pessoa protegida por ele, era como se também tivesse um escudo só dela e a protegesse por tempo indeterminado, até que eu quisesse que ele voltasse à minha cabeça.

Eu testara essa última habilidade com Alice, certa vez. Quando uma parte de meu escudo dividido protegeu somente sua cabeça, Edward não pudera ler seus pensamentos. Eu conseguia isso por uma mínima fração de tempo – Um oitavo de segundo, com mais exatidão – nas primeiras vezes. Depois o tempo aumentara, até que eu fora capaz de deixar o escudo em sua cabeça por longas horas, sem precisar de muita concentração. Então eu experimentara isso em todos; mais oito miniescudos para proteger a mente de todos os outros (Edward, Jasper, Rose, Em, Carlisle, Esme, Nessie e Jake.) – eles não se deram conta de que suas mentes estavam protegidas. Eu deixara os “protetores de mente” por um tempo indeterminado, até que Edward dissera:

- Bella, querida, eu sei que isso é extremamente útil, mas eu estou ficando desconfortável com essa situação. É superdesorientador ficar assim, sem conseguir saber o que os outros estão pensando. – Dissera ele, com um sorriso.

Eu pensei um pouco nesse assunto; havia conjurado um mini escudo para ele sem que ele percebesse o que se passava e, com isso, pensava que ele poderia ouvir os outros. Eu estava errada.

Estranho, muito estranho. Será que eu poderia ouvi-los? Eu sabia a resposta antes mesmo de ter minha pergunta respondida por mim mesma, e assim que me concentrei nas mentes de todos, pude ouvir os pensamentos de cada um com uma clareza extraordinária. É claro. O escudo era meu, então ele não podia bloquear sua dona. Mas podia bloquear Edward.

- Tudo bem. – Respondi a ele, e com um leve pensamento, uma “ordem?”, todos os miniescudos voltaram a se fundir ao original.

Ele suspirou aliviado quando os pensamentos dos outros sete, sentados no sofá da sala, inundaram sua mente.

-Bella – A voz de Edward era tansa e impregnada de um falso medo

- Sim? – Respondi, entrando em sua brincadeira, fingindo que não percebera.

- Eu amo você. – disse ele, com um sorrido perfeito iluminando seu rosto.

Deixei minha mente desprotegida por um segundo: Eu também, pensei.

Assenti levemente e o beijei.

Por minha visão periférica, vi Jake e Nessie levantarem-se juntos, de mãos dadas.

Eu sabia o que aquele gesto queria dizer. Todos os fitamos, eles no meio da sala, esperando que um deles falasse; foi Jake que deu um passo à frente e começou a falar.

- Muito bem, acredito que todos vocês já saibam o que isso significa, não é? – Ele olhou sugestivamente para Alice. –, já que não há mais surpresa alguma. Você não consegue se conter, baixinha? – Perguntou a Alice, que não respondeu. No tom de Jake não havia crítica, só humor. Dava para ver que ele estava radiante.  – Mas eu queria fazer esse pedido oficialmente.

- Vá em frente, Jake. – eu o encorajei.

Ele piscou para mim.

- O.K., Edward, Bells, eu quero pedir oficialmente a mão da Srta. Renesmee Carlie Swan Cullen, nós vamos nos casar. Sei que vocês não têm cara para serem sogros, assim tão novos, mas nós nos amamos e queremos oficializar esse amor, como Deus manda. E quero o consentimento de vocês para que façamos isso. Se vocês não concordarem, nos casaremos do mesmo modo, mas assim será mais fácil... – ele se interrompeu, e depois voltou a falar. – Então, Bells, o que me diz?

Eu fingi pensar por um minuto.

- Não sei não, Jacob... – Ele me olhou confuso. – Ah, Jake, deixe disso, sabe que sim. Eu não poderia confiá-la alguém melhor. Meu amigo para sempre e, em breve, genro. Eu lhes desejo toda a felicidade do mundo.

Ele sorriu e voltou seu olhar para Edward.

- E você, Edward? Dá-nos seu consentimento? – Perguntou ele, temendo a reação de Edward.

Edward fingiu pensar, por mais tempo que eu.

- Não sei. Não creio que eu vá querer que Renesmee passe o resto da eternidade com fedor de cachorro por todo o corpo. – A última palavra falhou e ele não conseguiu reprimir a explosão de risos.  – Brincadeirinha, Jake. É claro que vocês têm meu consentimento, não poderia pensar em alguém melhor para ser meu genro pelo resto do sempre.

Jake suspirou, com alívio e tirou uma pequena caixa, revestida de veludo azul, de seu bolso de trás; depois se ajoelhou na frente de Renesmee e disse:

- Renesmee Carlie Swan Cullen, eu, Jacob Black, lhe ofereço essa aliança como uma forma de compromisso. – ele abriu a caixinha; era uma aliança de ouro, não de madeira, como havia previsto Alice, com um lobo entalhado. Os olhos do animal dourado eram de diamante. – Você gostaria de se casar comigo e viver ao meu lado para sempre?

Renesmee abriu um sorriso encantador para ele.

- Não. – Disse ela. Jacob a fitou, a confusão atravessando seu rosto, antes com um sorriso. Agora Jake estava sério, mas ainda parecia que ele digeria as palavras de Renesmee, com um pavor sombrio e incrédulo.

Os outros vampiros arfaram um pouco; só Edward estava relaxado, ele até sorria um pouco.

Eu não acreditava no que estava ouvindo.

Renesmee suspirou um pouco e continuou a falar.

- Não aceito viver para sempre ao seu lado, Jake – Ela disse, sem alterar seu sorriso deslumbrante – “Para sempre” é uma definição muito limitada do tempo que estou disposta a amar você e viver ao seu lado. Todavia, se seu problema é encontrar palavras que descrevam com mais perfeição esse tempo, que nem assim seria o bastante para mim, eu aceito. Quero ficar ao seu lado até que a eternidade pareça uma definição incrivelmente breve.

Jake somente suspirou de alívio e então sorriu. E depois, partindo do pressuposto que aquelas palavras significavam um “sim”, Jake colocou, bem lentamente, o anel no dedo anular da mão esquerda de Nessie. Jake se levantou e, devagar, beijou Renesmee e depois enterrou a cara em seus densos cabelos cor de bronze.

— Sim. Durante todos os dias da eternidade — Sussurrou no ouvido de Renesmee e, apesar de ele ter dito aquilo somente para ela, todos nós pudemos ouvi-lo.

— Por favor, Sr. Black. — Disse ela, e eu pude ouvir que estava sorrindo.

O.K. Estava tudo pronto. A festa de casamento fora, como sempre, meticulosamente planejada por Alice, de modo que seria um evento impecável. Só uma coisa estava faltando agora; todos esperariam minha volta da viagem à Itália. Eu iria amanhã, e, como minha maior meta, teria de conseguir o dom de Chelsea, para que pudéssemos estar preparados, quando os vampiros “italianos” decidissem agir contra nós.

E eu, de certa forma, estava apreensiva com aquilo; não com medo, é claro. Eu estava mais preocupada em conseguir alguns dons extras, e tentaria consegui-los. Mas eu não dissera nada e Edward. E nem a ninguém.

E Edward, por sua vez, não estava mais tão agitado por minha partida; ele sabia que eu seria capaz de manter minha discrição muito bem.

Naquela noite, eu saíra para caçar junto com Edward, durante o sono de Nessie; ela estava meio indisposta para sair para caçar, e dissera que ficaria em casa naquela noite. Às vezes era fácil esquecer que ela tinha uma parte humana. — que ela ficava cansada, por exemplo —, e, então, Edward e eu ficamos espantados e boquiabertos quando ela nos dissera que, na falta de disposição — para perseguir sua presa — ela se alimentaria com algo mais acessível. E então, eu ficara confusa ao perceber que ela dissera que comeria alimento humano. E isso não era um comportamento natural de Renesmee, porque, em geral, ela o evitava. “repulsivo e, às vezes, nojento”, era assim que ela o definia, porque ela, há alguns anos, realmente tentara comer comida de verdade. Depois desistira disso.

Os dois pumas que Edward abatera — às vezes a sorte lhe visita, murmurara Edward quando captara o cheiro dos enormes felinos. O que era muito raro no inverno, mesmo ele acabando, restando-lhe poucos dias — foram suficientes para amenizar sua sede e transformar seus olhos cor de carvão em um lindo dourado líquido que derretia meu coração parado. Quando ele terminou, se postou a meu lado, esperando pacientemente que eu terminasse o terceiro alce da noite. — Eu podia ter sido mais criativa e ter tentado rastrear um puma também, mas, como na maioria das vezes, a praticidade vencera. — Edward suspirou, fingindo impaciência. Em parte, porque eu era muito demorada; gostava de saborear o sangue plenamente, em vez de engoli-lo de uma vez só — como ele fazia —, depois que descobrira que, afinal de contas, o sangue animal não era totalmente repulsivo. E agora eu podia sentir o sangue quente em minha língua; ele era agradável. Eu conseguia discernir cada célula que passava escorrendo por minha garganta, e também as contava; oitocentos trilhões duzentas e oitenta e sete bilhões quinhentas e cinquenta e seis milhões, duzentas e vinte e um mil e quarenta e cinco hemácias depois, eu pude sentir o sangue se acabando; tinha um gosto diferente, como um refrigerante que está no final, no fundo da latinha. Um gosto mais saboroso e doce.

— Eu não tenho culpa se você é o vampiro mais esfomeado que já vi; acalme-se, não faz bem comer tão depressa. — eu disse, brincando, depois que havia drenado todo o alce, que, agora, jazia em algum lugar ao meu lado.

— Rá. — ele riu uma vez só — Engraçadinha. — Disse ele, depois deu seu costumeiro sorriso de canto, que chagava até seus olhos. Eu os fitei, eram calorosos e grandes. E também dourados, da cor exata de ouro fundido. E é claro que, para mim, eram muito mais preciosos que isso.

Eu podia me ver refletida no espelho prefeito que eles eram, e soube que meus olhos tinham quase o mesmo tom dos dele. A não ser pela intensidade do dourado, que era meio tom mais claro que os dele.

Levantei minha mão direita para tocar sua face perfeita e imaculada, e ele fez o mesmo comigo. Depois ele começou um beijo, que era cheio de paixão. E então minhas artérias estavam queimando, de modo que eu soube que a reação era mais por causa do beijo do que pelo sangue que eu acabara de beber.

Depois, estávamos deitados no chão, Edward embaixo de mim, sujando-se com a lama deixada pela chuva fria que caía, mas que parecia estar sendo atirada de uma mangueira de incêndio. Contudo, toda a água gelada não impediu que o calor de seu toque irradiasse por toda minha pele de pedra, incendiando o que restava de meu controle e fazendo com que eu, agora, me perdesse em seu abraço e suas carícias vorazes.

E a noite passou, literalmente, num relâmpago; logo era manhã e eu queria ser capaz de dormir. Dormir ali. Para sempre nos braços da pessoa que era seria eternamente minha.

Mas suspirei; eu deveria me pôr de pé, levantar do chão molhado e lamacento do bosque; Logo, muito brevemente, a urgência de coisas menos agradáveis estaria esperando por mim.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Postarei o próximo se houver alguns comentários. Obrigado por estarem lendo. Queria pedir, encarecidamente (nossa, parece que estou implorando hahahahaha), uma recomendaçãozinha, Please!