Aurora Boreal escrita por Mr Ferazza


Capítulo 14
XI. INSATISFEITOS




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XI. INSATISFEITOS

                                                                                             

O fim estava próximo.

Ele estava condenado. Usara todos os seus fracos artifícios contra ela.

 Renesmee estava perto. Jacob iria ser derrotado.

 Ele perderia.

Seria destruído por um reflexo de imprinting.

Era tarde demais para ele. Tarde demais para que alguém o ajudasse de alguma forma.

Só lhe restava uma estratégia, mas ele estava cercado; cercado daqueles que eram mais fortes do que ele.

Era uma covardia ter quatro à sua volta, esperando para acabar com ele, quando ele mesmo só contava com ajuda de um – Um que, em comparação com os outros, era extremamente fraco -, porque os outros, os que o ajudavam antes, tinham sido massacrados num lampejo de força e estratégias mais racionais do que as dele.

Agora, então, os outros jaziam derrotados em algum lugar à frente de onde Jacob estava.

E então, com um movimento simples de sua mão direita, Renesmee atacou.

E por um segundo — e pelo resto da eternidade, naquele instante que não acabava. —, nada mais existia a não ser a derrota de quem antes lutara a favor dela.

O rei branco de Jacob caiu para fora do tabuleiro, a torre negra ocupando seu lugar na extremidade superior esquerda, Renesmee sorriu com satisfação.

- Xeque-Mate – disse ela a Jacob num tom desafiador e ao mesmo tempo entediado.

                Era a oitava vez em uma hora que Renesmee ganhara de Jacob, consecutivamente. Ele ganhara apenas quatro.

                Renesmee estava se divertindo. Entretanto as partidas não duravam mais de vinte minutos. – Às vezes, raras essas, ela entregava o jogo a Jacob.

                - Hei, Bells quer jogar com Nessie?  - Perguntou ele a mim, vendo que eu também me divertia. – Estou cansado de perder para ela.

                Todos os que estavam na sala – Alice, Rose, Esme, Carlisle, Jasper e Edward - sorriram.

                — Duvido que você consiga ganhar de Nessie com um número satisfatório – Continuou Jake.

                Com certeza não conseguiria. Considerando, é claro, que eu não usaria meu dom para isso. Seria trapacear.

                Mas uma ou duas partidas, quem sabe. – Sabendo que era no mínimo que se podia fazer. Renesmee treinara muito com Edward nesses últimos quatro meses. Ela ficara quase tão boa quanto ele.

                Joguei dez partidas com Renesmee. É claro, ela ganhou seis – foi um verdadeiro massacre.

                Renesmee chegou perto de mim e me tocou. Ela estava com fome. – Eu também estava.

                - Vamos – eu disse a ela, segurando sua mão.

                Edward e Rose nos seguiram. Fazia mais de duas semanas que Rose não caçava. – Emmett estava sem tempo para acompanhá-la.

                Eu abati três alces – agora eu já saía de minhas caçadas quase tão limpa e impecável quanto Edward.

Um ou dois fios de cabelo fora do lugar, talvez.

                Renesmee se satisfez com um leão da montanha. – Ela o fez sem dificuldade, apesar de sua parte humana – Igual a mim, ela não era muito de caçar herbívoros. Eles cheiravam mal. Eu já estava quase acostumada com isso. – Talvez a abstinência do sangue de carnívoros nos fizesse acostumar com herbívoros, pelo menos no meu caso.

                Edward e Nessie abateram dois alces cada um. Eles também abateram um leão da montanha cada um. — Eles gostavam de se divertir nas caçadas. Eu era mais objetiva. Quanto mais rápido, melhor.

            Rose e eu ficamos paradas, observando Renesmee e Edward se divertirem com seus carnívoros do dia.

                Quando acabaram, eles vieram a nosso encontro. Edward – agora com seus olhos de um incrível dourado líquido – pegou Renesmee nos braços e a beijou na testa. Depois me beijou. – Parecia que um beijo era sempre diferente do outro. Sempre sentia coisas diferentes – e, de certa forma, iguais.

                Quando ele me beijou eu sabia que havia algo diferente nos lábios dele. – certa tensão. Que eu reconheci. Era algo que ele estava disposto – por enquanto – a não me contar.

                Eu poderia tentar ler a mente dele, entretanto ele faria um esforço e não pensaria nisso. – Nós nos conhecíamos muito bem. Ele, porque saberia o que eu faria. E eu, por saber o que ele faria.

                Eu poderia perguntar a ele. Mas não sabia se Nessie e Rose ficariam preocupadas – A não ser que Rose já soubesse. Mas era o tipo de coisa que Edward saberia esconder muito bem, até que chegasse a hora de revelar a todos.

                Eu tinha quase certeza de que era algo que Alice vira.

                — Seu pai está chegando – disse Edward entre risos. – Eu te peguei. Pensou que era alguma coisa muito grave, não é?!

                Eu ri com ele. Realmente eu acreditara que fosse algo muito grave.

                - Não tem graça, – eu disse, dando-lhe um tapinha no braço. – eu fiquei realmente preocupada.

                Ele riu e revirou os olhos. Disparamos para casa.

Agora eu estava preocupada de novo. – Mesmo mentindo para Charlie há mais de um ano e meio, eu não conseguia me sentir totalmente segura com relação à mudança de cor repentina de meus olhos. Em maio passado fora a última vez que ele os vira castanhos. No mês seguinte eles já estavam dourados. - Eu não poderia ver Charlie se eles estivessem pretos. Inventei a desculpa das lentes de contato.

Eu sabia que ele não acreditava nela, mas se conformava, pois era o que ele precisava saber; somente o necessário.

Eu me perguntava como ele conseguia agir como se estivesse diante de algo extremamente comum e normal. Mas eu também agia assim. Pelo menos em público.

Como de costume, repassei as instruções para Renesmee. – Perecia loucura diante de uma criança tão inteligente, mas era bom prevenir.

Eu sabia também que ela não sentiria sede. Mas pedi a ela que não mostrasse nada a Charlie.

Ela me tocou e mostrou que já sabia disso;

- Eu sei querida, mas é sempre bom lembrar. – Eu disse a ela sorrindo.

Quando meu pai chegou Edward, Alice, Rose, Carlisle e eu estávamos sentados no sofá. Jake estava sentado no tapete de Esme com Nessie ao seu lado; Eles montavam um enorme quebra-cabeça de 30 mil peças. – Eu não sabia que existia um tão grande. Ele fora comprado em uma daquelas lojas em que o "normal" não é satisfatório; Tudo muito exagerado.

Carlisle levantou-se elegantemente e atendeu à porta.

- Boa tarde, Charlie. – Disse Carlisle numa voz agradável.

- Boa tarde Dr. Cullen – Disse Charlie apertando a mão dele. Se ele ainda percebia a temperatura de nossa pele, não comentava nada.

- Olá Bells, como tem passado?

- Estou muito bem, pai e você? – Perguntei a ele.

- Estou ótimo querida.

Ele voltou o rosto para Nessie e Jake no tapete.

- Como vai Nessie? Eles a estão obrigando a isso? – Perguntou ele, com os olhos no enorme quebra-cabeça que eles montavam.

Renesmee sorriu para ele e balançou a cabeça negativamente.

- Ela odeia ficar sem fazer nada – Disse Jake a Charlie.

- Mas parece complicado demais para ela. – disse Charlie, encaixando uma peça no lugar correto.

- Acredite, só parece. Ela monta um desses quase todos os dias. – Jake riu. – Além disso, ela ganha de todos no Xadrez, ou quase. – Jake fitou Edward - Você precisava vê-la esta manhã.

- Ah, seria mesmo um evento interessante – Disse Charlie com um tom de espanto na voz. Com certeza uma garota de dois anos e meio não poderia jogar Xadrez. Quanto mais ganhar de todos. Isso com certeza parecia muito estranho. Principalmente se essa garota de dois anos tivesse a aparência de seis.

Charlie sentou-se ao lado de Nessie. – Ainda que isso assustasse qualquer humano, era inevitável querer ficar ao lado de Nessie. Ela era fascinante. Qualquer um – humano ou vampiro – poderia ficar horas observando-a.

Passaram-se algumas horas enquanto Charlie estava conosco. Renesmee e ele se divertiam juntos; Charlie já havia ido embora quando minhas falsificações chegaram pelo correio. Eu já havia me esquecido delas. – O que era estranho para uma vampira.

E, para começar, eu não iria buscá-las no escritório de J?! Isso parecia estranho. Não fora combinado. Ele deveria ter tido suas razões.

Os documentos estavam perfeitos. – como sempre.

Mais tarde liguei para J. Eu estava curiosa para saber o motivo da mudança de planos.

“... Não, senhora Cullen, de forma alguma. Meu escritório está passando por algumas reformas e eu quis evitar transtornos para a senhora. Desculpe tê-lo feito sem a consultar” – Me explicou J por telefone.

 - É claro, eu entendo. – disse eu tranqüilizando-o. – Só quis saber o motivo de você ter mudado os planos. Mas tudo bem, não são necessárias mais explicações. Obrigada. Tchau. Vemos-nos em breve.

Desliguei o telefone e sentei-me ao lado de Alice, que estava vasculhando o futuro.

Eu nunca tentara ver o que ela via. Mas naquele dia eu fiquei curiosa. Então me concentrei nela e em seus pensamentos.

Entre uma possível queda no mercado de ações e uma nevasca de muitas semanas na Europa, Alice vigiava os Volturi. Eu não entendia o motivo que levava ela a vigiar as decisões de Aro, uma vez que “supostamente” eles ainda estariam se recuperando do “trauma” que fora seu último embate.

Enquanto eu vasculhava o futuro com Alice, – eu tinha de admitir que fosse fascinante ver o que ela via. – uma imagem clara e definida, nítida, veio a nossas mentes: Havia areia, sol, e o clima daquele lugar, que parecia extremamente seco. Um deserto, sem dúvidas. E, ao longe, três mantos longos, de um preto opaco, e outros seis mantos de um cinza-escuro – quase preto – igualmente opaco.

Reconheci os rostos imediatamente: Aro, Caius, Marcus – os mantos mais escuros – Jane, Alec, Demetri, Felix, Renata e Chelsea. – os mais claros.

Era quase a mesma cena daquele dia – infelizmente – memorável. Só não havia testemunhas, as esposas, e toda a guarda – dessa vez eram somente seis.

Aquela cena – apesar de nítida, era confusa em minha mente.

O que os Volturi estariam fazendo no meio do deserto?

                - Benjamin – sussurraram Alice e Edward, juntos, como se fosse uma resposta a minha pergunta retórica e muda. A imagem de uma pirâmide veio a nossas mentes, como se fosse para reafirmar Alice e Edward.

Os outros começaram a fitar Alice, como se esperassem por uma explicação.

Em um segundo Jasper sentou-se ao lado de Alice – com um movimento imperceptível.

- O que há Alice? – perguntou ele com os olhos fixos nos olhos dela. – como se ele quisesse ver o que ela via.

Alice ainda fitava o nada. Eu já não estava em sua mente; A raiva que eu senti me deixou desconcentrada.

Como era possível que Aro quisesse mais do que ele já tinha? Jane e Alec já não eram suficientemente fortes para que ele ficasse mais do que satisfeito?

Não! – Eu já sabia a resposta. – Havia coisas que os dons dos gêmeos superpoderosos não podiam afetar – como, por exemplo, eu.

Os Volturi, com certeza, estavam extremamente insatisfeitos com minha invulnerabilidade diante dos poderes deles. – E Alice não querer “juntar-se” a eles só intensificava essa insatisfação.

Aro ainda queria Alice. Isso era algo óbvio. Era o único motivo que eu via para que eles quisessem Benjamin.

Alice se tornara, então, a obsessão de Aro. Ele não descansaria até consegui-la. Eu não precisava ler a mente dele e nem prever suas decisões para saber que era exatamente isso que ele queria.

Passaram-se poucos segundos enquanto eu pensava sobre isso e enquanto Alice via os Volturi agindo.

- Os Volturi – Alice respondeu à pergunta de Jasper.

- O que tem os Volturi? – Perguntou ele, ainda fitando os olhos dela.

- Eles, ou melhor, Aro pretende que Benjamin junte-se a ele, de qualquer forma.

- Quando você diz “de qualquer forma”... – Jasper não terminou.

- Exatamente. Quer dizer que se eles tiverem de acabar com os demais membros daquele clã, eles o farão. Não medirão esforços para conseguir Benjamin.

- Eu me pergunto que desculpa eles irão inventar para “puni-los”. – Interveio Rosalie.

- Nenhuma. Aro pretende dar um ultimato. – Disse Alice.

- Como? – perguntou Edward furioso. – Aro perdeu seus limites. — Mas ele nunca teve muito, de qualquer forma. — terminou ele, a cólera impregnando seu tom de voz como se fosse veneno.

- Quer dizer que Benjamin tem somente uma opção?! Ou melhor, duas. Se juntar “por bem” ou “por mal”. – Disse Carlisle, com uma expressão desolada. Com certeza ele na esperava que Aro pudesse chegar a esse ponto. Eu também não esperava isso de Aro, mesmo que ele pudesse manipular sua própria lei para conseguir o que quer. Mas agora a lei não estava envolvida. Seria a lei do mais poderoso. Os Volturi, com certeza.

- Eu me pergunto que motivo Aro teria para isso. Quero dizer, sem a desculpa da lei. – disse Edward.

Então, eu era a primeira a entender.

- É obvio Edward. – eu disse a ele. – Alice se tornou a obsessão de Aro. E, acredito, ele não vai descansar até conseguir o que quer.

- Isso faz sentido – disse Jasper.

- Então, quer dizer que se ele conseguir Benjamin ele virá até aqui par conseguir o que ele tanto sonha?! – Perguntou Esme, que estava um pouco distante dos demais.

- Provavelmente – Respondeu Edward, fitando o chão. – Mas talvez não queiram ser tão óbvios e esperem algum tempo. Talvez uns três anos.

Edward conhecia Aro um pouco melhor nós. Ele sabia, com certeza que Aro esperaria um pouco. Para não ser tão óbvio.

- Não podemos fazer nada quanto a isso? – Emmett e eu perguntamos juntos.

- Acredito que não possamos fazer nada. Eles estão quase lá. Dois dias e meio, para ser mais precisa.

- Então, acredito, o que Amun mais temia está prestes a acontecer. – Disse Carlisle, ainda com a voz baixa.

- Com certeza. Eles ainda podem tentar lutar, mas Alec será mais rápido que eles desta vez. – Disse Alice, prevendo os planos de Aro.

- O que há? – Perguntou John chagando a porta.

- Os Volturi. Eles estão agindo contra o Clã egípcio. – Disse Rosalie a ele. – E se conseguirem o que querem, o que é muito provável, virão até aqui.

- Aqui? Mas o que vocês fizeram? – Perguntou ele a Rose, espantado.

- Nada. Nossa família tem um dom que eles, ou melhor, Aro, quer muito. – Disse Edward a ele, fitando Alice.

- Mesmo que ele queira Alice, ele jamais conseguirá – Eu disse a ele.

- Como você sabe? – Alice me perguntou retoricamente – Se ele conseguir Benjamin, basta que ameace qualquer um de vocês, então não terei escolha. Eu não vou “fugir” como da última vez. Seria óbvio demais. Mesmo que eu pense em tudo como antes, agora ele vai estar preparado. Eu posso sentir isso. – disse ela.

- Mas ele ainda não sabe de minhas novas habilidades. E é por isso que eu sei que ele não vai conseguir. Conseguirei os dons de Alec, Jane, Chelsea, Zafrina e Renata, se for necessário. Mas, eu juro, ele não conseguirá o que quer. Não enquanto eu estiver viva.


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