-Um chocolate quente com canela, por favor. – fiz meu pedido no Starbucks e me encostei para esperar que me chamassem.

Estava um pouco cheio hoje, mais do que o costume, e eu comecei a me arrepender de descer toda descabelada. Além de descer praticamente de pijama. O que posso fazer se tem uma Starbucks ao lado do meu prédio? Nada! A não ser tomar café nela todo dia, sempre vindo assim mesmo. Um dos garçons já até me conhecia! Nós conversamos em um dia que ele fez uma piada besta sobre eu ser a ruiva de pijamas que sempre pede chocolate quente.

-Ruiva de pijamas! – ouvi ao invés do meu nome.

Andei até a bancada para retirar e um garoto loiro, com uma cicatriz na bochecha sorria para mim. Eu dei uma risada e vi que o copo tinha “Lily” escrito, não ruiva. No começo eu achei que fosse um daqueles idiotas que dão em cima de você com brincadeiras bobas, mas ele começou a rir, entregou o copo e pediu desculpa, mas disse que não resistiu.

Ele falou que eu sempre desço ali, e como pessoas ruivas são fáceis de identificar, ele começou a achar comum a minha presença, até mesmo pelo pijama. Seu nome era Remus, e ele estava trabalhando ali para tentar pagar a faculdade. Tinha esse emprego e um estágio mal remunerado.

-Então não sou a única da cidade que se mata por estudos?

-Não! Mas meus amigos só querem saber de farra!

-Assim como as minhas amigas... Uma delas tem bolsa de esportes, e a outra tem a faculdade paga pelos pais, apesar de trabalhar. Eu não! Tenho que trabalhar pra pagar aluguel e faculdade!

-E seus pais ajudam?

-Eles moram na Austrália...

-Bem que eu vi um sotaque aí!

Ficamos conversando por um tempo, pois o café estava pouco cheio. Foi há cerca de uma semana atrás, mas eu não o vi mais. Não sei se pegou outro turno, mas nunca mais nos encontramos. Lamento, pois realmente parecia ser um cara legal.

-Srta. Lily Evans! – meu nome foi chamado e fui andando até a bancada, ainda mexendo no meu velho celular.

Estava respondendo as mensagens de Marlene, que me infernizava para ir a uma maldita festa hoje à noite, na casa de um colega nosso da faculdade. A resposta estava na metade, estava realmente educada: “NÃO, LENE! Eu já disse que não vou nessa festa porque, sinceramente, eu pareço uma idiota perto do Amos! Ok? E você e a Dorcas ficam...”.

Deixei o celular na bancada, peguei o chocolate e experimentei. Eca, precisava de mais açúcar! Remus fazia direito, que droga! Fui andando até onde ficavam os sachês de açúcar e despejei um. Fechei e experimentei: perfeito.

Agora eu poderia responder a Lene e dormir o domingo inteiro e... Onde estava meu celular? Eu deixei na bancada? Espera... Não está mais lá!

Ótimo. Realmente perfeito. Já sou pobre, agora sou roubada.