Lobos Do Norte escrita por Raquelzinha


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Mais um...
Em primeiro lugar um agradecimento todo especial a minha amiga Pimmentas pela recomendação da fic. Querida não imaginas o quanto fiquei feliz em ler suas palavras carinhosas!! Obrigada d coração, espero q continue gostando.
Bem, vejamos,nem só de Jacob nossa querida Bella viverá não é? Ela terá um período de adaptação importante e q em parte fará grande diferença na relação dela com seu desconhecido e desconfiado marido.



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A luz fraca da manhã penetrava por uma fresta da pesada cortina e batia sobre seu peito nu, acostumado a madrugar Jacob sentia-se sonolento e preguiçoso, um movimento leve e involuntário de uma mão que segurava a sua o despertou finalmente. Virou a cabeça com cuidado e viu um rosto perto do seu, Isabella dormia serenamente e, a medida que seus olhos se habituavam a parca iluminação os traços dela ficavam mais claros assim como as lembranças de poucas horas atrás.

Desejou aproximar-se e beijar-lhe a face e depois os lábios como já fizera, um desejo tão intenso que o assustou, porém Jacob acreditava que não era a hora de entregar-se a esse sentimento mal fundamentado e meramente carnal.

Concedera a Isabella toda a atenção e gentiliza que a figura de sua esposa merecia, fosse ela uma descendente dos Lobos ou não, porém não esperava que a entrega dela provocasse a queda de suas tão bem montadas barreiras.

O que ele sabia daquela mulher além de que ela visivelmente mexia com ele? Nada! Nada que justificasse uma aproximação sem reservas, sem cuidado. Sua consciência dizia que era necessário refrear, ao menos por enquanto, o desejo de transformar aquela união num casamento real no que se referia a sentimentos.

Contrariado soltou a pequena mão da sua e tentando não produzir barulhos saiu da cama desejando ficar. Enquanto se vestia seus olhos eram atraídos constantemente pela imagem suave do corpo perfumado que completara o seu de forma perfeita, e que parecia atraí-lo irremediavelmente para o leito.

Puxou o ar com força e afastou-se, teriam muito tempo para se conhecerem e só então ele saberia se poderia realmente entregar-se sem reservas a esse desejo pela mulher provavelmente muito diferente de si.






– Bom dia minha senhora! – a voz familiar de Suellen abrindo as cortinas deu a Isabella a ilusão provisória de que os acontecimentos do dia e da noite anteriores não passaram de sonhos.

Mas assim que sentou-se na cama e o lençol escorregou mostrando o corpo nu as lembranças voltaram com força, provocando um rubor e um sorriso de contentamento.

– Onde ele está? – foi a primeira pergunta.

– Estava na sala de armas se exercitando, mas agora a pouco o vi sair acompanhado de um jovem.

Isabella preguiçosamente arrastou-se para a ponta da cama, a primeira noite ao lado de seu marido fora algo com o qual ela nunca sonhara, mas acordar sozinha e saber que esse mesmo marido não estava ao seu lado também não fazia parte de seus sonhos.

Gentilmente Suellen passou uma toalha de algodão sobre os ombros nus de sua senhora e a conduziu para a saleta ao lado onde a tina estava novamente preparada para um banho, desta vez solitário. As esponjas continuavam no mesmo lugar, a água era morna e perfumada, mas inexplicavelmente aquele ambiente não tinha a mesma aura da madrugada.

Lentamente entrou na água morna, dispensado a ajuda de Suellen para o banho, recostou-se na tina fechando os olhos, relembrando das mãos de seu marido a passear por sua pele. Era a primeira vez que alguém além de sua ama a via nua, ou tocava seu corpo, entretanto, a intimidade dividida com Jacob pareceu completa e correta. Cada mínimo toque produzia sensações novas que conduziam a outras tão intensas quanto inesperadas.

Quando ele finalmente a possuiu, a dor intensa foi logo substituída por outra que a preencheu de um sentimento de gozo nunca experimentado. O corpo forte de seu marido balançou sobre o seu para logo depois espremer-se junto dela dentro da tina quase vazia, os lábios carnudos tomaram posse dos seus, carinhosamente gentis até que lentamente eles voltassem a respirar com regularidade.

Depois desse momento suas lembranças surgiam confusas. Recordava de braços fortes a envolverem com uma toalha macia, de ser outra vez carregada, do aroma dos lençóis, do calor exalado pelo corpo dele junto ao seu, da doce sonolência embalada pelo som de seu coração voltando ao ritmo normal, da respiração de Jacob perto de seu rosto. Pequenas memórias que faziam sua pulsação acelerar e provocavam o desejo de tê-lo ao seu lado novamente.

Distraindo a mente dessas imagens, sentou-se na tina pegando uma esponja, a claridade vinda da janela mostrava que o dia estava bonito apesar do frio, deveria agora concentrar-se no banho e mais tarde procurar conhecer um pouco mais daquele lugar, bem como das pessoas que lá viviam.

Quando finalmente saiu do quarto, depois do café da manhã, aproveitou o tempo para realizar seu intento, caminhar pelos vários cômodos do castelo. Desejava conhecer o ambiente e as pessoas, mas teve pouco tempo para isso, logo foi interceptada por uma ama, a mulher explicou que Sarah a chamava e a conduziu até a sogra.

– Querida, aproxime-se! – a mulher pediu sorrindo assim que ela ingressou na peça ampla, repleta de crianças.

Isabella imediatamente identificou na sogra o mesmo sorriso de Jacob, o que provocou uma respiração mais agitada. Afastando rapidamente a figura do marido de sua mente tentou prestar atenção ao que a mulher teria para lhe falar evitando encontrar nela semelhanças com o filho.

Sarah estava sentada em uma enorme almofada, contando histórias para crianças de várias idades, junto dela uma jovem que deveria ser um ou dois anos mais velha do que Isabella.

– Lembra-se de Leah?

Perguntou à nora estendendo a mão em direção a mulher.

– Ela esteve no casamento? – foi a pergunta rápida seguida da justificativa por não lembrar-se – Desculpe, não consegui memorizar todos os que me foram apresentados.

– Sim, estive no casamento. – Leah falou com voz firme sem parecer prestar atenção a explicação.

– Nossa querida Leah é prima de Jacob e em breve será a esposa de Samuel, o melhor amigo de meu filho!

Isabella sorriu aproximando-se mais antes de falar:

– Terei algum trabalho para lembrar de todos os nomes e principalmente ligar nomes e pessoas.

– Posso ajudá-la. – Leah sugeriu mostrando um olhar gentil que contrastava com a voz enérgica.

– Adoraria e agradeceria imensamente sua ajuda... – desviando o olhar da garota e encarando a sogra ela continuou: - Também gostaria de conhecer o lugar. Tudo aqui é tão grande e tão bonito!

– O castelo de seu pai é bem maior.

Ignorando a ironia na voz de Leah, Isabella sentou-se no tapete de pele de veado que revestia o piso de pedras antes de falar:

– Talvez seja, entretanto, me era um lugar familiar; aqui, ainda estou perdida.

– Leah a ajudará, e quando quiser minha companhia ficarei feliz em servir de cicerone.

– Obrigada minha sogra! – a palavra simples escapou de seus lábios com naturalidade, surpreendendo as três.

– Há mais alguma coisa que você gostaria de pedir Isabella?

Os olhos castanhos desviaram o foco demonstrando a meditação rápida.

– Ontem, durante a cerimônia de casamento, lembrei-me de uma coisa que me faria imensamente feliz e que facilitaria minha adaptação...

– E o que seria? – Sarah a observava com atenção a espera do pedido.

– Há alguns anos montei uma estufa num dos pátios internos do castelo de papai... gosto muito de flores e me sentiria muito feliz se pudesse dispor de uma aqui também.

Sarah sorriu novamente, aquele era um pedido inusitado, tantas coisas passaram por sua mente quando vira a nora pensativa, mas nenhuma delas era simples como a solicitação que saiu dos lábios de Isabella.

– Conversarei com Billy e Jacob hoje a tarde e logo você poderá usufruir de uma estufa... – a mulher moveu-se ficando de frente para a nora antes de completar o pensamento: - Talvez... seja melhor você falar com seu marido...

Ao ouvir a sugestão Isabella sentiu o coração bater apressado. Conversar com Jacob? Eles só haviam trocado aquelas poucas palavras durante a cerimônia, como seria chegar até ele e fazer um pedido?

Percebendo o impasse provocado por sua sugestão estampado no rosto da jovem, Sarah logo veio em socorro da nora:

– Ou seria melhor que nós duas falássemos com ele?- imediatamente o sorriso de agradecimento se formou nos lábios de Isabella, o apoio de Sarah seria bem vindo. Não era seu hábito usar de intermediários, mas naquele momento não sentia-se segura o suficiente para um pedido.

Sua consciência chegara a conclusão que antes da noite de núpcias talvez fosse mais fácil falar com seu marido, agora tudo estava diferente, eles usufruíam de intimidade física, mas nenhuma intimidade emocional, e inexplicavelmente parecia-lhe mais complicado aproximar-se dele neste momento do que antes.

Apreensiva, respirou profundamente vendo uma criança sentar-se no colo de sua sogra pedindo para ouvir uma determinada história. A voz serena de Sarah a afastou dos pensamentos preocupantes que ainda cruzavam por sua mente quando passou a contar para aos pequenos meninos e meninas sobre um casal que se conheceu no meio de uma tempestade.

Observadora, Isabella via nas crianças, em seus belos olhos negros a ansiedade pela continuação da história.

– O menino era muito esperto, muito corajoso, ele guiava sua nova amiga pelo meio da floresta conduzindo-a a um lugar seguro onde pudessem se esconder dos lobos que certamente os devorariam.

– Lobos como nós tia Sarah? – um menino perguntou aproximando-se ainda mais da mulher.

– Não, não eram lobos como vocês... eram animais, e as crianças jamais viram esses lobos, apenas ouviram seus pais falarem sobre eles.

– E as crianças eram lobos?

– Não, eram apenas crianças comuns que haviam se perdido na mata, estavam com fome, com frio e com muito medo. Eles sabiam de ouvirem seu povo contar, que os lobos devoravam quem se atrevesse a ficar naquele lugar durante a noite, principalmente se fossem crianças.

– Mas eles não fugiram? Não procuraram alguém para ajudar? – uma menina perguntou atraindo o olhar de Isabella, os longos cabelos negros da criança brilhavam num tom azulado sob a luz vinda da janela ao fundo.

– Eles buscaram abrigo em uma caverna.

– Ah! – o som uníssono de aprovação saiu da boca dos pequenos mostrando que eles concordavam com a decisão tomada pelas crianças da história.

– E vocês sabem o que eles encontraram lá?

Sons de risinhos foram ouvidos, sim eles sabiam, mas esperavam ansiosamente para ouvir novamente dos lábios de Sarah o restante daquela história.

– Pois eles encontraram justamente os lobos dos quais estavam fugindo. – olhos se arregalaram, bocas se abriram, mãos se uniram atraindo a atenção de Isabella que alegremente também ouvia aquele relato tão encantador.

– Mas os lobos não eram como eles esperavam! Os lobos falavam como as pessoas falam... eram animais inteligentes e sabiam que aquelas crianças eram muito especiais. – Sarah gesticulava enquanto falava dando ênfase a cada palavra, atraindo a atenção de seus ouvintes - Quando os dois se aproximaram do fundo da gruta e viram finalmente os animais gigantescos que lá viviam, ouviram seus nomes sendo pronunciados por uma voz forte; era o alfa, o líder da matilha quem falava.

Naquele ponto da história, nenhum som se ouvia além da voz sonora de Sarah e de algumas respirações rápidas.

– Solenemente o alfa garantiu manter-lhes vivos e proteger-lhes enquanto vivessem, e também a seus descendentes se os dois guardassem o segredo dos lobos...

– E qual é o segredo dos lobos tia Sarah? – perguntou um menino, o que parecia ser o mais velho de todos.

– O segredo dos lobos só vocês podem saber, porque vocês, são, lobos.

Novamente o som de risos tomou conta do ambiente antes que Sarah concluísse sua fala.

– E o segredo dos lobos se resumia ao fato de que eles sabiam falar. Aqueles animais não devoravam pessoas, adultos ou crianças, ao contrário, cuidavam delas, salvando quem se perdesse, ajudando principalmente aos pequenos a retornarem para seus lares em segurança...

– Então eles não comiam crianças?

– Não! – Sarah salientou a palavra – Eram eles que ajudavam todos aqueles que se perdessem na floresta. Porém, nunca se mostravam, apenas essas duas crianças tiveram o privilégio de vê-los e de falar com eles, por isso, eles se tornaram descendentes dos lobos.

– Quem são essas crianças tia Sarah?

– Eles são aqueles que deram origem ao que nós somos hoje, ao nosso povo Benjamim. Nós ainda guardamos, da mesma forma que eles, o segredo dos lobos e por isso somos por eles protegidos.

As crianças passaram a falar entre si, comentando a história, recontando partes, até que um deles encarou Isabella com um olhar curioso antes de perguntar:

– Mas ela não é uma loba tia Sarah, ela pode saber o segredo do nosso povo?

Carinhosamente a mulher acalentou o rosto bronzeado do menino com a ponta dos dedos antes de explicar:

– Isabella é mulher de Jacob, ela é sua companheira, assim como aquela menina foi para o menino, então, agora ela faz parte do nosso povo, pode saber nossos segredos. E um dia contará histórias para vocês assim como eu faço...

Um dia contaria aquelas histórias Isabella pensou satisfeita, ela adorava histórias, sabia muitas de cor, lera tantas vezes os livros presenteados por seu pai que várias narrativas lá contidas estavam gravadas em sua memória.

– Você sabe contar histórias Bella?

Ao escutar a maneira familiar usada por Benjamim ao se referir a nora, Sarah percebeu que não haveria grandes dificuldades na adaptação da jovem no que se tratava ao convívio com as crianças, e as crianças mostrariam a suas famílias a possibilidade da aceitação da jovem sem objeções.

– Posso contar-lhes uma narrativa poética da qual gosto muito... se Sarah assim permitir...

Observando a sogra a jovem esperou a autorização, que foi prontamente dada através de um gesto.

Isabella acomodou-se melhor no tapete e começou a contar num ritmo quase cantado:

– Conta-se que nas terras de além mar

Vivia um nobre guerreiro de coração puro.

Ele possuía família exemplar,

Pai amoroso,

Mãe devotada,

Irmãos e irmãs companheiros,

Mas o jovem guerreiro ,

De aventuras tinha necessidade.

Um belo dia montou seu cavalo,

Pelas terras de além mar viajou,

Trazia consigo apenas a coragem, seu cavalo e sua espada.

Quando num castelo chegou,

Novidades lá encontrou,

Muita música cantada,

Muita bebida saborosa.

Novos amigos ele conheceu,

E um grande amor descobriu

Em uma jovem donzela

A um poderoso senhor prometida.

A pobre donzela, ao nobre guerreiro

Concedeu seu coração

E o casamento não se realizou.

Furioso com o rompimento de tal compromisso

O poderoso senhor ficou.

Tentou separar os jovens apaixonados

Mas sua fúria de nada serviu,

Numa noite enluarada o jovem casal fugiu,

Queriam viver seu amor proibido.

Mas, a sorte não estava com eles,

Separados foram pela impiedade dos homens.

Ela casou-se com o senhor,

Ele voltou para além mar,

Viveram assim suas vidas,

Longe da felicidade almejada,

Apenas esperando um novo encontro,

Encontro de almas apaixonadas.

Só quando encerrou sua breve narrativa poética Isabella percebeu os olhares de todos fixos em seu rosto, amedrontada diante daquelas expressões que ela não conseguia definir, sentiu seu rosto avermelhar-se, apenas quando notou o olhar aprovador de Sarah teve o ímpeto de sorrir e perguntar:

– Como me saí?

– Sua história é triste! – Benjamim exclamou num tom amofinado.

– Sei histórias alegres também! Num outro dia poderei contá-las.

– Gostaria imensamente de ouvir outra de suas histórias Isabella.

A frase pronunciada orgulhosamente por Sarah, provou a jovem que naquela mulher poderia encontrar seu porto seguro, ela poderia lhe mostrar como portar-se diante das novas situações que se apresentariam a partir daquele momento, principalmente no que se referia a seu marido. Jacob era-lhe um mistério, sua personalidade e temperamento lhe surgiam como um segredo a ser desvendado, muito mais do que antes ela desejava conhecê-lo melhor.

Quem melhor do que Sarah para conduzi-la por esse caminho desconhecido?

– A manhã está muito bonita, aproveitem bem estes momentos para brincar. – Sarah sugeriu conduzindo as crianças para o lado de fora do cômodo, deixando Isabella e Leah a sós.

As jovens observaram-se e trocaram um sorriso cordial, Isabella sentiu seu peito desanuviar-se entendendo neste pequeno gesto o prenúncio de sua primeira amizade.


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Notas finais do capítulo

Então, parece q Sarah e Leah tornarão a vida de nossa amiga mais fácil, já d Jacob não sei o q esperar, ele casou, cumpriu sua primeira função como marido, mas e a relação dele com ela como será?
Beijos minhas lindas amigas, muito obrigada por cada comentário, é uma grande alegria ler e poder responder cada um deles!!! Me sinto incentivada a continuar toda a vez q leio um comentário novo, e podem deixar suas opiniões elas me ajudarão a montar a fic...
bjssssssssssssss e OBRIGADA