Lobos Do Norte escrita por Raquelzinha


Capítulo 17
Capítulo 17


Notas iniciais do capítulo

mais um capítulo... tive vontade de postar depois este capítulo, mas está aqui, espero q curtam, as coisas não seguirão tão lindinhas assim, então não me matem no futuro está bem?



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Uma manhã suave de sol penetrava pela janela grande do quarto do casal cruzando pelo desenho colorido dos vidros. Sonolenta Isabella moveu-se no colchão e observou a imagem bordada de Jacob junto a si estirada na parede de pedras logo acima do leito, a figura refletia, talvez por motivos agora conscientes, a plena felicidade vivida por eles.

Havia sentimentos profundos entre eles, ela pensou deliciando-se com essa constatação. Havia companheirismo nas longas noites de conversa.  Havia gentilezas e carinhos quando estavam a sós ou acompanhados. Havia delicadezas e provocações difíceis de serem ignoradas. Havia uma busca incessante por debaterem assuntos variados e mostrarem-se corretos.

Isabella percebia que mesmo nos pequenos desentendimentos culturais havia escondido sob um olhar ou palavra a possibilidade de um ou outro ceder e prol do entendimento.

O lençol foi jogado para o lado dando ao corpo nu movimentos livres. Jacob se fora depois de um beijo de bom dia, estava na sala de exercícios com Samuel. Lenta ela escorregou para a ponta do colchão e desceu sobre o tapete de peles estendido diante da cama, roçando a planta dos pés nos pelos macios do urso pardo.

Estranhamente, há alguns dias notara que todos os sentidos pareciam diferentes, havia sensações estranhas em tudo o que comia, bebia ou tocava. Essa mudança ocorrera tão lentamente que não se apercebera imediatamente, mas era algo real. Talvez, imaginava a esposa do jovem Lobo, fosse algo relacionado com o imenso sentimento que a invadira e que parecia não caber dentro do peito.

Seu rosto mostrava uma iluminação constante, um rubor suave que lhe proporcionava uma beleza radiante, todos haviam notado, alguns comentários quanto a felicidade explicita do casal eram motivos de conversas alegres e de prenúncios agradáveis de futuro.

Os dias mais quentes propiciavam passeios entre as bancas do povo, totalmente livre das desconfianças de Jacob, Isabella muitas vezes partilhava destes momentos com Leah e Benjamim, tornando cada vez mais estreito laço de afeto que os mantinha próximos.

Naquela manhã que se findava, a hora do almoço se aproximava e o passeio do trio precisava ser interrompido. Largando as últimas mudas de flores diante de uma banca, o grupo retornava ao castelo quando se depararam com a figura de Jacob que apeando do cavalo o deixou ao cargo do cavalariço para aproximar-se do grupo feliz.

Os traços marcados de seu marido apesar de tão familiares ainda faziam seu coração acelerar toda a vez que o via, provavelmente essa sensação nunca se modificasse, provavelmente Jacob sempre produzisse essa sensação em si, provavelmente sempre a fizesse ficar sem ar, a fizesse perder a noção de tempo e a tirasse da realidade.

Um toque quente sobre a pele do rosto despertou-a para a realidade.

- De onde vens?

Perguntou suavemente enquanto Jacob a puxava para perto sem mostrar cerimônia diante da presença da prima e dos feirantes.

- Da última vistoria pela região...

A voz rouca pareceu mais profunda e preocupada do que ela desejava.

- Problemas meu primo? – Leah perguntou mostrando que também não estava tranquila.

- Uma invasão...

- Invasão? – as duas mulheres pronunciaram rapidamente.

Jacob sorriu levemente antes de acariciar cuidadosamente os longos fios do cabelo de Isabella.

- Sim, temos uma invasão de patos perto do lago, do outro lado do bosque. Seu marido está eufórico com a novidade! Haverá caça por toda a primavera.

Isabella recostou a cabeça no peito do marido sentindo o coração bater forte sob o tecido agora mais fino que recobria o corpo bronzeado.

- Onde está Samuel? – Leah quis saber.

- Organizando um grupo de caça, voltará logo, não se anseie minha cara!

- Por que voltaste mais cedo Jacob? – a voz de Leah era provocante.

Os olhos escuros do guerreiro desceram para a pele delicada e rosada de sua esposa, percebendo que os longos fios cor de chocolate brilhavam sob o efeito do sol atraindo-o cada vez mais para junto dela.

- Sarah mandou avisar-me que deseja conversar conosco antes do almoço, e cá estou...

Leah fingiu acreditar na explicação do primo e dando uma desculpa qualquer afastou-se puxando Benjamim pelo braço.

Silenciosamente os dedos do casal se entrelaçaram  enquanto Jacob brincava com uma mexa de cabelo de Isabella.

- Vamos até a saleta onde Sarah está a nossa espera?

- Sarah está realmente a nossa espera? – Isabella perguntou desconfiada.

- Sim... ela está... 

Respondeu o guerreiro conduzindo-a na direção da entrada onde o cavalariço mantinha seu cavalo preso.

- Vais levar-me contigo? – ela perguntou observando Jacob tomar as rédeas de seu cavalo nas mãos.

- Sim, mas iremos caminhando, assim terei mais tempo para aproveitar-me de tua companhia antes de falarmos com Sarah.

Isabella sentiu-se estranha ao ouvir o comentário.

- Há algum problema Jacob? Sabes por que Sarah deseja falar conosco?

- Minha mãe algumas vezes é assim misteriosa, mas acredito que nada há para preocupar-se pois se algo sério houvesse ocorrido teria me avisado de imediato.

********************************************

No condado do oeste, o jovem conde Edward, sentado sob um enorme carvalho observava seu pai dar ordens a alguns soldados. Os poucos que ainda lhe restavam com experiência de luta, a maioria agora eram jovens pouco experientes que buscavam no exercito a chance de ter um lugar onde permanecer alimentados e poder assim manter suas famílias.

As ordens eram simples, manter os grupos de saqueadores longe, evitar confrontos diretos e que eles se aproximassem do castelo.

Há duas semanas que o conde tentava organizar uma provisória estratégia de proteção, não havia contingente de homens necessário para tanto e, talvez isso viesse em seu favor. Talvez lhe ajudasse a levar adiante o estratagema bem arquitetado, na próxima reunião seu plano era colocar claramente todas as dificuldades pelas quais passava, sabia de antemão que não receberia o apoio necessário de nenhum dos condados vizinhos, fato que o obrigaria a recorrer aqueles que ainda considerava como inimigos: os Lobos.

Seu condado estava praticamente cercado, não havia meios de evitar uma investida a longo prazo, qualquer atitude apenas retardava o inevitável, mas, ao mesmo tempo ele sabia que aqueles que tentavam tomar seus domínios não seriam adversários a altura para os Lobos, não, ele precisava de guerreiros mais ferozes e organizados.

Ouvira falar de grupos como aquele que tomara o condado do leste há mais de oitenta anos, um povo mais sanguinário que os Lobos; mais agressivo, que também ofereciam seus serviços de acordo com o que recebessem como pagamento.

Não era a intenção do conde conceder a esses guerreiros terras, mas bens materiais retirados dos Lobos logo após sua queda que se daria no momento em que ele conseguisse eliminar seus dois mais importantes representantes, o alfa e seu filho.

- Não devemos esperar mais tempo meu pai! – Edward retrucou assim que esteve próximo do pai.

Pelo jovem, a investida seria imediata, mas o velho conde não desejava se precipitar nem queria levantar sobre si suspeitas que posteriormente o colocariam em situação de desvantagem diante dos outros  nobres.

- Isabella está se precavendo de uma gravidez, e isso é uma verdade incontestável já que não ouvimos qualquer rumor sobre o fato da jovem condessa estar a espera de um herdeiro Lobo. Contando com isso poderemos organizar-nos com tranquilidade.

Edward ergueu-se da raiz onde se mantivera sentado e caminhou a volta do pai parecendo contrariado e pensativo.

- Estou farto desta espera!

- Tenha calma meu filho, nada poderá ser feito sem cautela, não poderemos perder mais do que já perdemos nestes anos...

- Será inevitável meu pai! – a voz ecoou entre os velhos carvalhos – Teremos que sucumbir antes de nos erguermos... o consolo deste plano é ainda a certeza da aniquilação dos Lobos, daremos fim a esse povo sem precisarmos mostrar-nos... 

- E então tu poderás finalmente tomar teu lugar como conde ao lado da jovem condessa Swan, ela ficará grata a ti por livrá-la de tão mau casamento...

O sorriso mostrado por Edward era enigmático, não demonstrava alegria pela proximidade do dia em que poderia finalmente possuir a mulher amada, mas sim pela proximidade do dia em que poderia tirá-la do jovem guerreiro Lobo.

- Minha única frustração se deve ao fato de que ele não poderá tomar conhecimento de que sua esposa se tornará minha... e que os filhos que ela não deu a ele, dará a mim.

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O corredor não lhes parecia tão estreito como quando passavam por ele de mãos dadas, abraçados e sorrindo o casal caminhava lentamente em direção a saleta onde Sarah os esperava já impaciente diante da proximidade do horário em que todos se reuniriam na mesma sala para partilharem a refeição.

A porta de madeira estava apenas recostada e pela fresta a mulher ouviu os cochichos, as vozes sussurrantes que trocavam palavras carinhosas e apaixonadas, não evitou liberar um sorriso descansado e alegre, seu coração se aliviava quando presenciava os pequenos gestos carinhosos trocados por seu filho e nora.

Toques suaves e íntimos quando se cruzavam, olhares e sorrisos cumplices mesmo quando estavam em posições opostas na sala, palavras carinhosas quando se aproximavam, beijos fugidos e apaixonados trocados nos recantos dos corredores e salas do castelo.

Jacob descobrira que poderia ser feliz com aquela jovem, estava vivendo tão intensamente esse sentimento que parecia dar a ele mais importância do que a qualquer outra coisa e, esse fato a preocupou. Entretanto, ao consultar Billy, teve a garantia de que o filho não se descuidava de seus deveres para com o conselho nem com o povo e sentiu-se aliviada.

O assunto a ser tratado naquele fim de manhã era outro, porém não menos feliz. E era certamente a coração do casamento do jovem Lobo com a filha do conde Swan.

Observadora, Sarah há dias guardava para si as modificações percebidas em Isabella, entretanto não havia mais como escondê-las, precisava tirar a prova final e por esse motivo atraíra o casal àquela peça num horário em que poderiam conversar sem serem importunados.

A voz forte de Jacob anunciou-lhes a entrada:

- Bom dia minha mãe!

O olhar sereno agora uma constante no rosto de seu filho muito a agradou, Sarah era feliz em saber Jacob feliz.

- Jacob... Isabella...

Como sempre a postura da mulher do alfa mostrava sua segurança e temperança em praticamente tudo o que fazia ou dizia.  Isabella a observava sabendo que um dia deveria seguir esse exemplo e mostrar-se assim diante de seus filhos ou filhas num futuro não muito distante. Diante desse pensamento seus olhos correram para o rosto do marido que estava parcialmente recoberto pelo cabelo em desalinho lembrando-lhe dos beijos trocados durante o trajeto até aquele cômodo.

- Estamos atrasados?

Jacob perguntou percebendo que Sarah não parecia satisfeita.

- Já os esperava há alguns minutos, mas os desculparei por saber que estes momentos que agora vocês vivem custaram muito a acontecer e devem ser vivenciados com intensidade... principalmente agora.

As últimas palavras de Sarah surgiram como uma charada para o casal que entreolhou-se a espera da continuidade do assunto.

- Sentem-se meus queridos.

Pediu a voz serena enquanto sua dona se acomodava em uma grande almofada, o casal sentou lado a lado e esperou para ouvir o motivo do chamado.

-Percebo com prazer, assim como todos que aqui vivem, a aproximação de vocês, meus queridos filhos nada poderia dar-me mais alegria do que sabê-los em harmonia, entregando-se sem medo a essa união que se mostra a cada dia mais fecunda.

- Desejas falar por enigmas Sarah? – brincou Jacob afagando a mão da esposa que estava sobre sua perna.

- Não... não é meu desejo ser enigmática... – respondeu sinceramente respirando antes de continuar – Primeiramente devo dizer que seu pai contou-me e consultou sobre os últimos acontecimentos, havia dúvidas quanto ao auxilio que seria por nós oferecido aos condados vizinhos...

- Não há mais dúvidas quanto a isso. – Jacob respondeu com firmeza – Nós daremos nossa ajuda se formos solicitados.

- Fato que considerei de grande bondade! – intrometeu-se Isabella – Já que os Lobos nunca foram bem-vindos no conselho dos nobres nada os obrigaria a auxiliar aos condados vizinhos.

O olhar de Sarah mostrou claramente que ela concordava com a nora, mas quando seus lábios se abriram a mulher apenas garantiu que era agora um dever dos Lobos já que Isabella estava entre eles para cumprir um tratado de paz.

Isabella  não partilhava da mesma opinião, entretanto não voltou a intrometer-se no assunto.

- Mas o tema que gostaria de tratar com vocês meus filhos é outro e bem mais feliz...

- De que se trata? – Jacob parecia impaciente.

- Trata-se de algo que esperamos ansiosamente desde que vocês se uniram naquela manhã fria de inverno.

O casal encarou-se curiosamente, sem compreender o assunto.

- Isabella... – Sarah chamou com cuidado.

- Sim...

- Controlas tuas regras?

Os olhos cor de chocolate estreitaram-se enquanto observavam o rosto totalmente sereno da sogra.

- Sim, entretanto elas não... – devido aos chãs os períodos entre as regras haviam se alterado e a jovem perdera o controle que fazia sobre elas desde a adolescência, mas não esclareceu o fato em voz alta já que supunha que a sogra estivesse cega quanto ao acontecido.

- Elas se apresentaram normalmente?

Sarah insistiu.

- Não posso dizer-lhe com clareza pois...

Sarah sorriu levemente diante do olhar confuso e encabulado da garota.

 - Seja como for, há alguns dias que a observo e, depois de tantos anos não posso dizer que estou errada, a certeza me é tão clara que não pude evitar...

- De que falas minha mãe?

- Isabella espera um filho... finalmente teremos sangue alfa correndo nas veias de um representante de sangue nobre!

Estupefato pelo anuncio Jacob ficou em pé, Isabella sem fala permaneceu sentada, unindo pensamentos contraditórios, desejos estranhos e sensações novas a informação dada pela sogra.

- Todos os sinais estão aí, estampados no rosto e no corpo de tua esposa...

Jacob encarou Isabella ainda com um olhar confuso vendo pela primeira vez um sorriso radiante nos lábios da esposa.

Havia mudanças e ele não notara?

Quais?

O corpo estava mais roliço? Os seios delicados estavam diferentes? Sim, estavam, a pele, a textura, tudo parecia diferente, como não notara?

Finalmente correspondeu ao sorriso dado pela jovem aproximando-se para beijá-la, sem compreender como sua mãe fora a primeira a notar tais mudanças.

-Vocês estão tão ocupados em estarem próximos que mal perceberam o que está ocorrendo... Isabella está radiante, é lógico que isso se dá em parte pelo atual entendimento de vocês, mas isso também acontece quando o sangue alfa se renova...

Sarah não soube se fora realmente ouvida ao dar suas explicações, pois o casal beijava-se ardentemente diante de si, mostrando um entendimento total.

- Estás feliz com a notícia meu marido?

Isabella perguntou acalentando a cabeça de Jacob em seu peito.

- Feliz não poderia explicar corretamente a emoção que me invade neste momento.

Ele respondeu sorrindo encarando os olhos da esposa antes de se dirigir aos gentis e felizes de sua mãe.

- Já contaste a meu pai?

Jacob perguntou desejando espalhar a notícia a todos.

- Não! Além de mim, apensa sua tia notou as mudanças, me consultou, mas neguei, pois não havia conversado com vocês antes... creio que a partir deste momento poderás comemorar a nova vida que tua mulher carrega...

- Daremos uma festa! – Jacob anunciou alegremente – Todos partilharão de nossa alegria! Devemos escrever a teu pai...

Jacob falava agitadamente de uma forma como a jovem jamais vira.

- Sim, devemos! – Isabella concordou alegre por Jacob pensar no conde.

Silenciosa Sarah apenas observava o filho e a nora a fazerem planos para uma comemoração, a felicidade estampada nos rostos jovens preenchia seu coração de uma alegria apenas sentida quando ela própria vivenciara a experiência que agora Isabella viveria.

Um neto, sim, agora essa alegria se renovava através de Jacob e Isabella!


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Notas finais do capítulo

OBRIGADA A TODAS VCS Q ESTÃO SEMPRE AQUI COMENTANDO, OBRIGADA PELO CARINHO E POR CADA COMENTÁRIO, ELES SÃO SUPER IMPORTANTES PARA MIM, LEIO TODOS SEMPRE!!!
BJS

como falei antes do capítulo, estamos com bons momentos para o casal uma proximidade necessária para q eles não voltem a duvidar do q sentem um pelo outro... isso é muito necessário para a sequencia da história!!!
bjs lindas e ate o próximo