–Então era aqui onde queria tanto me trazer?- Dominique perguntou, enquanto comia seu sorvete com M&Ms- Hum, isso é bom.

James riu, bagunçando ainda mais o cabelo. Nunca havia levado nenhuma garota ali sem segundas intenções. Ela era a primeira. Não que ele fosse achar ruim se tivessem ido ali com segundas intenções, claro. Estavam apenas sentados na varanda, conversando na suíte dos Potter no Plaza. Podia ver o apartamento onde seus pais ainda deviam estar conversando.

–É meu preferido.

–O que?

–O sorvete, Nicki- estava escuro lá fora, mas podia ver que ela tinha sorrido. Apenas ele e Lily a chamavam de Nicki, porque quando Lily era um bebê não conseguia falar Dominique de jeito nenhum. E ela era linda sendo lerda.

–Tem tempo que ninguém me chama assim.

–Você gosta?

–Gosto.

Ficaram em silêncio algum tempo.

–Já é uma da manhã- ela comentou, sem se importar muito. Quem ligava que era uma da manhã? Ela ainda estava com James, e estava se divertindo mais do que havia se divertido a noite inteira, naquele restaurante chique.

–Quer ir para casa?- James não conseguiu conter uma pontinha de tristeza na voz. Mas conhecia meninas como ela, e nunca sabia o que esperar.

Ela balançou a cabeça:

–Não- encostou a cabeça no ombro de James, terminando o sorvete- Eu ia ficar lá sozinha mesmo.

–Posso ficar lá com você- sugeriu, e ganhou outro tapa.

–Claro que não, seu idiota!- exclamou, para depois voltar a colocar a cabeça em seu ombro. Sentia-se protegida, segura e um pouco ansiosa também. Nunca sabia o que esperar, e o sempre bad-boy James estava fazendo ultimamente era inacreditável.

Mais uma vez, ficaram em silêncio. Não era incômodo. Era silêncio de quem não tem mais o que dizer. James olhava para Dominique que olhava as estrelas. De repente ela se levantou.

–Achei- disse, pegando a mão dele e apontando para uma estrela grande e brilhante- Sirius. - completou, sorrindo.

–Sirius? Meu nome do meio?

–É o nome de uma estrela, James... Daquela estrela- continuou, ainda segurando sua mão. Soltou quando percebeu. - Ninguém nunca te disse?

James balançou a cabeça:

–Meu pai não fala muito disso. Deve ser difícil para ele, sabe, com toda aquela história de que viu o padrinho ser assassinado...

–Vai ver ele não tem tempo. - ela tentou, mas não tinha nenhum argumento bom de verdade naquele momento.

–Ele nunca teve tempo para os filhos. Nenhum dos nossos pais tem, não é mesmo?- James continuou, sem encara-la- Não é?

Dominique olhava para ele, que observava as estrelas. Parecia tão sério e distante naquele momento, diferente do que era normalmente. Mas estranho num bom sentido.

–Eles nos amam, Jay.

–Amam mesmo? Sabe, eu não vou fazer isso com os meus filhos. Não vou trocar apresentações de escola por hora extra no escritório, mesmo se for para fechar algo importante. Todos tem que esperar os Potter.

–Isso foi convencido e fofo ao mesmo tempo- ela comentou rindo, e mexendo com a colher do sorvete.

No outro lado da rua, Rose Weasley ainda tentava lidar com o fato de estar perdidamente apaixonada por Scorpius Malfoy, e de não poder contar para ninguém. Planos? Quem era ela? A madrasta malvada da Branca de Neve? –A?

Pegou o telescópio e sentou-se a janela, mesmo sendo mais de uma da manhã. Ninguém ligaria se ela acordasse tarde um dia durante as férias. Mas não virou para as estrelas, e sim para o hotel em frente. Uma das varandas da cobertura estava com a luz acesa e... E... E Rose não podia acreditar no que via.

James Sirius e Dominique, rindo como velhos amigos de infância. O que eles eram, antes de toda essa coisa de adolescência começar, e eles começarem a brigarem. Na verdade, eram muito parecidos. Tinham que ter o controle da situação. Tinham que planejar. E podiam ser bem perigosos quando queriam. Não que Rose ou algum dos outros não pudessem. Mas ali ela tinha a chance de terminar o romance que Dominique nem havia começado (mas podia começar) com Scorpius.

Ela balançou a cabeça, saindo da janela. Tentou ligar para Lily, mas ela não atendia de jeito nenhum. Depois da quarta tentativa, se jogou em cima da cama balançando o celular entre as mãos, sem nada mais para fazer, até adormecer perto de ter alguma boa ideia.

***

Dominique acordou com dor no pescoço. Por um momento, entrou em pânico. Aquela não era sua cama, aquele não era seu quarto no loft de Victorie. Então se lembrou da noite anterior, e de como tinha sido... diferente, no bom sentido. Sentou, apoiando-se nos cotovelos. A metade da cama onde ela dormiu estava desarrumada, e a outra assustadoramente esticadinha. Ela ainda estava com o vestido de ontem, apenas um pouco dobrado e amassado.

–James?- perguntou para o nada, sem nenhuma resposta.

Levantando-se, seguiu até a sala, onde um James dormindo estava largado no sofá, o controle da TV ainda nas mãos e de um modo geral, quase caindo. E babando. Era nojento, mas a situação era toda bonitinha. Ela riu, observando-o por mais algum tempo antes de se abaixar para tentar acorda-lo.

–James, vamos, acorda- disse, sacudindo-o de leve. Olhou para o relógio, resmungando internamente. Eram onze da manhã- James Sirius Potter, levante agora ou eu terei que tomar atitudes drásticas!

James abriu os olhos lentamente, sentando no sofá e se espreguiçando.

–Ai, Dominique, isso é jeito de acordar alguém? Ameaçando jogar água na cabeça dos outros, sério?- respondeu, irritado, mas no fundo não podia estar mais feliz pelo simples fato de que ela estava ali. Um sentimento totalmente estranho para James Potter.

Dominique riu, sentando no sofá a sua frente e ficando bem perto.

–Quem disse que eu ia jogar água em você?- sussurrou, antes de se levantar rapidamente e entrar no banheiro.

Ele ficou encarando a porta durante alguns minutos antes de pedir o café da manhã.

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–E então, eu... Olá, Dominique!- Scorpius cumprimentou, vendo a garota entrar com seus shorts jeans com tachas e a blusa vintage de alguma antiga banda de rock, e andar na direção da mesa onde ele, Alvo, Lily e Rose já estavam.

Ela sorriu, checando o celular antes de sentar e guardando rapidamente.

–E aí?

Antes que alguém pudesse responder, James Potter entrou, causando o estardalhaço e atraindo os olhares femininos como sempre.

–Gostei da blusa, Dominique.

Ela revirou os olhos, sem responder nada, mas Scorpius não era idiota o suficiente para não perceber alguma coisa estranha.

–Ei, Alvo- cutucou o amigo, que já devorava um prato de tacos- Seu irmão estava em casa ontem?

–Desde quando você se interessa pela vida do meu irmão?- Alvo respondeu, com a boca cheia e depois engolindo rapidamente- Mas... não, ele não estava. Sexta-feira a noite, ele nunca estaria.

–O que você acha, Scorpius? Scorpius? Olá, Malfoy!- Dominique disse, estalando os dedos na sua frente e o tirando de seus pensamentos. Na opinião dela, ele estava muito estranho.

–O que eu acho do que?

Rose riu debochadamente, jogando o cabelo ruivo para trás. Ele era muito fofo agindo feito um idiota, mas não é como se todos fossem saber que ela, logo ela, achava isso.

–E ainda vem dizer que é mais inteligente do que eu...

–Eu sou, Weasley.

–Prove, Malfoy.- ela devolveu, encarando-o com seus olhos castanho escuros. Se não fosse tão irritante, seria até bonita, ele pensou, parando para observar como o cabelo dela caia para frente. -Eu disse para provar.

Piscou. Não tinha ficado tanto tempo encarando a Weasley, tinha?

–Não preciso provar nada para você.

Do outro lado da mesa, Makayla soltou um muxoxo de irritação, abrindo um espelhinho para retocar o batom depois de ter bebido um copo de Coca-Cola.

–Parem, vocês dois. Como a sábia Gossip Girl já disse, há uma linha ténue entre amor e ódio, e vocês com certeza disfarçam o amor com esse ódio fingido.

–Não foi essa ridícula da “Gossip Girl” que falou isso- cortou Dominique, se debruçando sobre a mesa- Afinal, que garota mais clichê. Gossip Girl é até um seriado, um dos melhores na verdade. Estou completamente deprimida porque vai acabar. O que será da minha vida sem Blair e Chuck?

Rose achou que pelo menos às vezes a prima tinha um pingo de sabedoria, apesar de ser totalmente fútil. Todos continuaram ouvindo Dominique falar.

–É completamente ridículo. Ela fala sobre nossas vidas, posta fotos. Devíamos denuncia-la, na verdade.

–É um blog inofensivo, Nicki- protestou Makayla, abrindo o celular.

–Por enquanto- insistiu, tirando o espelho da amiga e arrumando o cabelo- Quero ver quando ela fizer algo realmente grave.

Makayla ignorou, e pegou o espelhinho de volta.

–Preciso dela para saber das fofocas. Acredita que Nate Brown já está namorando?

Lily, que até o momento estava conversando com James, virou a cabeça rapidamente.

–Quem?

–Nate Brown, está namorando- repetiu Dominique, com tédio- Aquela vadiazinha da festa? Por favor, olha o cabelo dela!- abriu o site no próprio celular e mostrou para Lily Luna, o cabelo realmente seco da garota.

–Eu quero dizer ela. Quem é ela?

–É o que todos queremos saber, Lils- Rose se intrometeu, virando a tela para ela- Não me lembro de conhecê-la de nenhum lugar.

Lily bufou, inclinando-se para tentar ler.

–Lê aí, MAC.

Makayla parou de passar o gloss (para dar mais brilho por cima do batom).

–“Parece que N. B. já abocanhou outra vítima. Será que usou o mesmo conto de fadas com um final diferente? E aí, acham que ele está mais para lobo mau ou príncipe dessa pobre criatura que nunca conheceu um salão de beleza? Vamos ficar de olho.”

Lily meneou a cabeça, e tentou fingir que fosse só mais uma fofoquinha.

–Entendi.

–Por que esse interesse repentino em Nate Brown?- indagou Dominique, os olhos brilhando e um sorrisinho no rosto. Lily arregalou os olhos em sinal de aviso.

Deu de ombros, fingindo olhar de novo o cardápio.

–Nada, só curiosidade.

O assunto Nate Brown morreu quando começaram a falar do baile em homenagem a algumas personalidades que aconteceria naquele domingo.

–Papai será homenageado. De novo- bocejou Scorpius, passando o braço pelo ombro de Dominique, que simplesmente se esquivou.

Do outro lado da mesa, James riu, ganhando um olhar irritado da loira, que arrumou os cabelos.

–Todos têm pares?- perguntou, batendo palmas.

–Eu não. Nem ia- disse Rose, timidamente, tomando um gole da coca-cola.

–Compreensível- sussurrou Scorpius, alto o suficiente para que Dominique o ouvisse e o fuzilasse com o olhar. Ela sorri solícita para Rose.

–Então arranjaremos um. Qualquer pessoa nessa cidade venderia seus órgãos para estar com uma de nós. Não vai ser difícil. E nem vamos fazer ninguém traficar órgãos, é claro.- fez um gesto irritado com a mão- Hum, Roxy, pegue nossa lista. Vamos ver quem está disponível.

–A conversa se resumirá a isso agora?- interrompeu Alvo, terminando de comer a sobremesa. - Porque, sabe, não é como se fosse meu assunto preferido.

–Podem ir- respondeu Makayla, com a lista de contatos do celular aberta.

Dominique sorriu, e Rose achou que era um sorriso bem maligno.

–Vamos encontrar um par para a Rose. E bem rápido. Trabalhando meninas!

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Gossip Girl.net

Ao que parece, Queen D. está de volta... Mas por quanto tempo suas fiéis súditas M. e R. vão aguentar de ficar enfeitando o segundo plano? De novo? Porque o maior veneno é já ter sentido o gostinho da popularidade.

#rapidinhas

@gossipgirl do meu apartamento tenho uma vista ótima das varandas do Plaza. J. e D. estavam lá, parecendo um casalzinho meloso, até bem tarde.

R.: seus olhinhos não mentiram. casalzinho meloso? eca. não esperava essa de J., você sabe como é.

@gossipgirl R. saiu hoje para comprar um novo bloquinho. Ela disse a atendente que tinha acabado com o seu. Tinha comprado um novo semana passada.

R.: quem sabe ela não está tramando planos malignos? Vamos descobrir em breve, não se preocupe.