Good Girls Go Bad escrita por BrunaBarenco


Capítulo 20
Reveal the secrets - part II


Notas iniciais do capítulo

Bonjour/bon aprè-mid/bon nuit (depende de que horas estão lendo isso)
Sejam bem vindos a mais um capítulo que não demorou três meses para sair! (high five!). Infelizmente, não se acostumem. Minhas aulas começam segunda e à 84 dias do enem estou mais ferrada, para não usar nenhuma palavra mais forte, do que nunca. Pretendo fazer uma maratona de postagens aqui em novembro/dezembro, assim que passar de ano ou potencialmente terminar a recuperação.
Enquanto isso, chega de papo chato que ninguém quer saber e ENJOY IT!
(perdoem os erros etc não tive tempo de corrigir)



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Roxanne não fez muito. Desde o começo daquela situação, que pessoalmente achava tão bizarra quanto interessante, sentia as pílulas no fundo da bolsa como se fossem enormes sinais neons. Parte dela, a parte que geralmente mais deixava aparecer, se perguntava como a noite quente com o pseudo surfista que não ia ligar no dia seguinte mais fizera o serviço direitinho tinha se transformado numa tarde tão pesada. E cargas emocionais não eram a especialidade de Roxanne.

Fred lançou um olhar de apoio. Ele sabia claro que sabia. Eram gêmeos, afinal de contas, e ela podia despreza-lo o quanto fosse à frente dos outros, mas era ele quem espantava os monstros de seu quarto à noite, quando eram crianças. Eles contavam tudo um para o outro.

Ela jogou o cabelo para longe do caminho, e virou a bolsa de grife, deixando o conteúdo cair no chão. As caixinhas de pílulas foram às últimas, quicando um pouco e a laranja se abriu, espalhando comprimidos pelo carpete creme do porão de Rose Weasley. A própria Rose foi a primeira a se manifestar.

–Isso são...

–Pílulas. – Roxanne deu de ombros, rindo nervosamente em seguida, encarando o chão, sua mente repetindo o mantra de todo dia “Azul, rosa e laranja para passar o dia. Azul rosa e laranja para acalmar a noite. Azul rosa laranja azul rosa laranja azul.” E, de repente, ela explodiu.

Outubro de 2012

Roxanne não gostava de perder o controle. Ela não suportava perder o controle. Precisava saber tudo que acontecia, quando acontecia e tinha que ser do jeito dela. Fred a chamava de mandona. Fred achava que namorar era uma péssima ideia, e céus, ele estava certo. Edmund fora uma péssima ideia. Mas ele parecera tão atlético e lindo, com a cabeça raspada de atleta, que Roxanne não soube dizer não. Ela sabia que era furada, se sabia. Edmund era uma alma livre, Roxanne, uma correia. Mas ter seu primeiro amor esmagado por uma vaga no sub-20 do Orlando City era demais. Ela nem sabia que o namorado tinha se inscrito! Então aquelas viagens eram para isso...

–Você não vai para Orlando. É uma cidade péssima, a não ser que você queira ir a Disney. É uma cidade passeio. – Roxanne argumentava, sem querer dar o braço a torcer.

Ed a encarou quase rindo, girando o precioso colar em forma de bola de futebol entre os dedos.

–Eu não vou para Orlando. – ele disse, calmamente, com o inglês arrastado de descentes de latinos. – Eu vou pro Brasil

–O QUE? – Roxanne escutava, mas as palavras não faziam sentido. Edmund continuava mexendo a boca, mas ela não escutava. Não importava. Sem dizer uma palavra, Roxanne pendurou a bolsa nos ombros e saiu dali.

Não era obrigada, pensou, enquanto chamava um táxi. Ela literalmente não era obrigada. Sabia que Edmund tinha corrido atrás dela. Mas sentia como se aquilo tivesse sido a gota d’água; o que faltava para que pudesse enlouquecer de vez. A vida toda ela tinha se sentido assim. Fazendo de tudo para se encaixar sem nunca fazer parte. Adorava seus fios negros e a pele morena, mas havia momentos que só queria ser como as primas. Que só queria ser a típica integrante da família Weasley, e não aquela que alguns secretamente acreditavam ser adotada. Era absurdo. Pelo menos, ela pensava, no amor eu teria sorte. Por que Dominique merece um bad boy apaixonado que muda por ela e eu não? Por que Molly e Fred vivem um romance épico que culminará num casamento na praia, e eu não?, Roxanne repetia. Por que Rose e Scorpius podem ser secretamente apaixonados e eu...

Ela era a ovelha negra da família. Sempre fora. E isso a consumia por dentro. Vovó tolerava os videogames de Hugo, as atitudes de Fred, as manhas de Lily, as frescuras de Molly. Mas as roupas modernas de Roxanne? Seus penteados em constante mudança? Todos toleravam todos, mas sempre queriam molda-la. E droga, eles podiam repetir que era para “melhora-la”, mas Roxanne não queria mudar. Queria escapar. E sabia que não tinha coragem para fugir de casa, ou algo louco assim. Então, assim que largou as chaves na sala do apartamento, subiu apressada.

–Roxy? Aconteceu alguma coisa? – um Fred sonolento colocou a cabeça para fora do quarto, cabeça para todos os lados. Observou bem a irmã. – Quer... conversar?

E tinha Fred. Que sabia tudo sobre ela. Seu amor por controle e como estava perdendo o controle de si mesma. E agora pisava em ovos toda vez que conversavam.

–Agora não.

–Rox...

–Agora não, Fred! – ela puxou o cabelo, seguindo pelo corredor.

–Quando precisar... – ouvi o irmão dizer, antes de bater a porta do próprio quarto. Precisava que ele se trancasse e voltasse a dormir. Precisava...

Roxanne sabia onde a mãe escondia os remédios. Calmantes, para dormir. Começou com estes, aquele dia, para esquecer Edmund. Não gostava tanto dele assim, percebia agora, enquanto abria a torneira e enchia o copo. Cinco. Cinco comprimidos. A mãe, uma ex atleta, não notaria a diferença. Cinco compridos. Roxanne engoliu-os pela primeira vez, e não parou mais. Pelo menos, uma vez por dia. Para continuar.

Ela riu de novo, sem nenhum resquício de graça no gesto. Fez gestões amplos, e depois ajoelhou para catar as pílulas.

–Eu sou. – pegou fôlego. – Uma viciada. Em remédios.

Makayla ergueu o olhar para a cena.

–Rox, eu não fazia ideia. Alguém... Alguém sabia?

Fred observava a cena sentindo o peso no peito aumentar mais e mais. Era o segredo dele em jogo também.

–Eu sabia. – admitiu, gerando olhares reprovadores. – Eu compro para ela. Levanta muito menos suspeita, sabe? E não quero... Não quero o nome da Roxanne ligado a esse mundo sujo.

–Mas e o seu? – indagou Molly, torcendo os cabelos ruivos.

–Eu só faço merda. – resmungou Roxanne, no chão. Ela queria gritar. Fred não parecia capaz de contar. – Eu fiz do meu irmão entregador de drogas.

–Rox! – Fred protestou dessa vez ele sentindo os olhares sobre si. James meneou a cabeça. Ele sabia o tempo todo. Roxanne não fazia ideia, mas Fred precisava de ajuda. Encarou Molly. – Não são... eram drogas pesadas. Só remédios. Cigarro. Ocasionalmente maconha. – Fred deu de ombros, imitando um dos gestos clássicos da irmã. – Precisava ajuda-la.

–E tratamento não seria a melhor ajuda? – rebateu Rose, abismada. – Em que tipo de mundo vocês vivem?

–No mesmo que o seu, docinho. – Scorpius respondeu. Roxanne não esperava que ele fosse tomar seu partido tão rápido. – Imagine chegando a famosa Hermione Granger e dizendo “mamãe, estou viciada em remédios me mande pra rehab”. – ironizou.

Rose se encolheu, mas se recuperou rápido.

–Qual o seu segredo, Malfoy?

Ela não esperou que ele respondesse, entretanto, raiva brilhando nos olhos.

–Eu entendo Roxanne. - ele disse. Pegou o maço escondido no bolso. - Só... Entendo.

Dominique assentiu. Ela entendia. Roxanne ainda estava no chão, digerindo todas aquelas informações. Não fazia sentido. Dominique abaixou para ajuda-la, não sem antes comentar.

–Todo mundo nem falou ainda, e já descobrimos o quanto somos todos fudidos. – afirmou, arrancando sorrisos discretos dos presentes e uma gargalhada de Scorpius.

Makayla, sentindo-se quase deslocada no momento, jogou-se de volta na cadeira, cruzando as pernas.

–Tem uma sextape minha circulando por aí.

Molly, a seu lado, riu.

–Vendo coisas lá de casa no ebay para comprar roupas.

As duas se encararam, fazendo um high-five e caindo na gargalhada e levando o resto da sala junto. Makayla ergueu os olhos castanhos para James, Rose e Alvo.

–E vocês?

Lily Luna desistiu dos lenços de papel, olhando os irmãos.

–E vocês? – repetiu a pergunta, genuinamente interessada.

Alvo olhou para longe, e James colocou as mãos no bolso. Procurou olhar nos olhos de Dominique, e enxergou a pergunta neles. Ela queria saber. Ela merecia saber. Ela precisava saber. Então ele respirou fundo.

–Não é novidade para a maioria aqui – ele deu uma risada sem emoção e tentou encarar o azul gelo brilhando nos olhos de Dominique. – Mas eu enlouqueci por um tempo. Merda, por um ano inteiro. Não sou o melhor dos caras, mas quando Dominique foi embora sem que eu soubesse o motivo... Bem, talvez tenha ficado muito pior. E não sou orgulhoso do que fiz. Nem vou narrar nenhum momento memorável, porque não lembro a maior parte desses dias. Mas eu me fudi legal. E contratei um detetive para rastrear a Nique... Por alguns meses, até ficar louco o suficiente para o querido Harry Potter me mandar pra rehab. – James não ousou encarar Dominique. Não conseguia. Queria poder contar os detalhes para ela agora, mas parte dele temia que ela não quisesse escutar. Que ela não quisesse escuta-lo nunca mais.

Alvo abriu um sorriso tenso, tentando demonstrar confiança. James sabia que o irmão imaginava o que devia estar pensando. Os Potters, tirando Lily, não eram do tipo de compartilhar, mas se conheciam muito bem. Dominique parecia se esforçar para manter-se neutra. Puxou delicadamente sua mão, e mexeu os lábios numa frase silenciosa. “Conversamos depois”, disse, com um sorriso tremulo em seguida. James entendeu, com a cabeça baixa. Talvez não estivesse tudo perdido.

Scorpius girou um cigarro não aceso entre os dedos, e Rose o encarou com a cara feia. Não queria que fumassem ali dentro. Ele sorriu, como se soubesse o que a ruiva pensava.

–Qual o seu segredo, Weasley? Ou está aqui só de espectadora?

Rose desarmou o sorriso provocativo que sempre surgia em seu rosto toda vez que trocava farpas com Malfoy. Ela não tinha nenhuma história pesada, envolvimento amoroso, chantagem ou vício, mas talvez algo simples e, agora ela sabia, tremendamente cruel. Deu de ombros, no seu melhor esforço para que aquilo soasse como nada importante, exceto que era. Olhou fundo nos olhos cinza tempestade de Scorpius, como se para provar que no fundo não era uma santa.

–Vendi informações para a Gossip Girl.

Molly derrubou seu celular no chão, as palmas abertas.

–Rose...

Scorpius segurou um riso.

–Não esperava.

Lily Luna estreitou os olhos. Rose sabia que nem ela podia acreditar. Nem ela sabia. Ninguém sabia, na verdade. Mas Rose lembrava. O quão por fora se sentia. O quão irritada ficava com o modo de vida dos primos. E, quando a Gossip Girl surgiu, o quanto achou merecido. Se eles viviam como participantes de um reality show da MTV, nada mais correto que fossem expostos da mesma forma, certo? Ela sabia o quanto errado agora, mas no começo, vendera inúmeras fotos e informações para o blog.

Não esperava também que Lily se levantasse e lhe desse um tapa.

–O que?

–Como você pôde? – a mais nova gritou, com lágrimas nos olhos. – Eu sei que tinha raiva de Dominique. – a loira ergueu uma sobrancelha, surpresa. – Mas fazer isso com todos nós?

Algumas cabeças assentiram, e para surpresa de Rose, foi Dominique quem se pronunciou.

–Não é como se ninguém aqui tivesse errado. – ela encarou James, antes de percorrer o olhar por toda a sala. – Não é como não estivéssemos nos prejudicando e prejudicando outros à nossa volta. Somos trens descontrolados fora da estação. – respirou fundo. – Quando isso tudo começou, acho que ninguém entendia a bola de neve que iria se tornar.

Lily tornou a se sentar.

–Você era minha amiga. Minha melhor amiga. – corrigiu, balançando a cabeça.

–Dominique está certa. – Makayla afirmou. – Quem não queria fazer parte dos alvos da GG no começo?

O silêncio esmagador falava mais do que eles imaginavam. Scorpius estendeu a atenção para Rose, que torcia a barra da blusa nervosamente. Meneou a cabeça para ela.

–Me desculpem. – a Weasley se pronunciou. – Eu... Foi no começo. Quando percebi o que aquele blog estava fazendo, eu parei. Quando ela prejudicou todos nós, um a um. Quando eu entendi que também estava no meio de tudo. Eu só... me desculpem.

Roxanne e Fred foram os primeiros a pular para abraça-la. Os outros vieram em seguida, até uma relutante Lily Luna.

–Você está certa, prima. – ele disse. – Está no meio disso tudo. E não vamos deixa-la sair.

Scorpius se manteve fora do abraço coletivo, mas apertou o ombro de Rose quando todos se separaram.

–Eu entendo. – ele sussurrou. Rose sentiu como se aquilo fosse algo de que precisava.

Alvo observou os dois, segurando um sorriso.

–Malfoy, vamos. Conte tudo.

Scorpius fechou o rosto.

–Não compartilho. – girou o cigarro, ainda apagado.

James riu.

–Nem eu. Pode começar a falar.

Scorpius tinha algumas manias estranhas, e ele sabia. O cigarro apagado entre os dedos quando estava nervoso. O simples fato de fumar apenas em determinadas situações. As tardes quando saía e ninguém sabia para onde. Os sussurros e olhares preocupados entre seus pais toda vez que eram chamados na escola. O celular sempre no bolso esquerdo. Havia rumores que ele tinha TOC, como Astoria. Mas não era exatamente isso.

Ele passou as mãos pelos cabelos loiros, irritado. Não devia falar para mais ninguém. Pessoas demais sabiam sobre isso. E ainda mais saberiam se não parassem a Gossip Girl. Guardou o cigarro sem utilidade, por fim. E abriu seu melhor sorriso de quem não ligava.

–Tenho a cabeça fudida. – começou, atraindo olhares estranhos. – Depressão crônica. É alguma coisa ligada ao DNA que corre nas veias dos Malfoy. Meu pai tem. Meus avôs. Tentei me matar aos 11. Meus pais não ligam para o que eu faço, contanto que não morra. Tenho um psiquiatra na discagem rápida. Felizes? – Scorpius puxou o cigarro de volta e subiu as escadas sem olhar para trás. Voltou em seguida. – Ah, e o Alvo é cronicamente viciado em videogames e traiu sua primeira namorada.

–Esqueceu os problemas de raiva. – Rose gritou, recebendo olhares de repreensão em seguida. Inclusive de Alvo, que não parecia muito chateado em ter seus próprios segredos ditos de forma tão aleatória.

Makayla levantou-se.

–Então é isso? Não temos mais segredos aqui. O que faremos agora?

Alvo olhou a sua volta. Pela primeira vez, ele poderia ser útil de verdade.

–Agora, nós caçamos essa vadia.


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Notas finais do capítulo

Como não posso mais falar nas notas, COMENTEM COMENTEM COMENTEM! Sério mesmo, se você deu uma lidinha aqui, comenta. Nem que seja uma palavrinha sequer. Significa muito mais do que vocês imaginam.
love yaaaaa
Bruna