Encrenca Em Dobro escrita por Ikuno Emiru


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo, meninas! (E talvez meninos?) Parte desse capítulo tem a visão do Nathaniel, yaaay! Aproveitem e boa leitura~ (>^_^)>



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            Recebi uma ligação da diretora ontem, dizendo que eu iria assumir o posto de representante da minha classe. Ela disse que eu começaria as minhas obrigações na semana que vem, eu teria que ajudar os alunos com dificuldade e ajudar o Nathaniel também, junto com a Melody, a outra representante da nossa classe. Acho que vai ser divertido.

Visão de Nathaniel

            – Bom dia, Nathaniel. – A diretora me cumprimentou – Será que você poderia tratar dessas fichas de transferência para mim? Obrigada! – Ela praticamente jogou os papeis em cima de mim e foi embora. Dei um gole no meu café e comecei a fazer o trabalho que me foi dado. Papeis pra lá, pra cá, até que vejo um rosto familiar. Merui? O que a ficha dela está fazendo aqui? Tomei outro gole de café e fui analisar a ficha:

            “Aishe Grace Sakurai

            16 anos

            2º ano

            ...”

            Mas não é a irmã de Merui? Ah, ela não vai gostar nem um pouquinho disso. Ela sempre passa aqui pela manhã, vou espera-la para contar a grande novidade. Recebi alguns alunos na sala, tirei suas dúvidas. Eu já estava prestes a sair da sala, quando Merui entra.

            – Rui, eu estava te esperando! – Exclamei e fui cumprimenta-la – O que te traz aqui?

            – Você estava me esperando, mas agora me pergunta o que me traz aqui? – Ela deu uma risada. – Tudo bem, eu te respondo.

            Em poucos segundos, Merui já havia me encostado na parede. Fiquei surpreso, o que havia acontecido com ela hoje?

            – V-você sabe que sua irmã se transferiu pra cá, certo? – Perguntei, ela ficou na ponta dos pés e me deu um selinho.

            – Não quero falar sobre essa peste. – E antes que eu pudesse pensar, ela me beijou. Por que ela estava fazendo isso? Será que disseram alguma coisa a ela? Será que ela gosta de mim? Somos apenas bons amigos, ela sabia disso. Um beijo desse só estragaria a nossa amizade... Ou não? De qualquer jeito, afastei Merui do meu corpo sem ao menos ter correspondido ao beijo dela. Me preparei mentalmente para passar um pequeno sermão de amigo, mas ela foi embora assim que desgrudou de mim. Decidi voltar ao trabalho para me distrair, não queria ficar com aquilo na cabeça.

            – McDreamy está nas nuvens? – Escutei a voz de Merui, olhei para a porta e ela havia posto apenas a cabeça para dentro da sala. – Desculpa por estar passando aqui tão tarde, acabei me atrasando.

            – Do que você está falando? – Fiquei confuso. Ela havia saído daqui há pelo menos 20 minutos. Já sei, ela está brincando comigo. – Você saiu daqui depois de ter me beijado...       

            – Nathaniel, você só pode estar delirando. – Ela entrou na sala e foi até mim, colocou uma mão na minha testa.

            – Por que você trocou de roupa?

            – Eu não troquei de roupa, Nathaniel, você não está bem. – Ela começou a rir. Me levantei e fui até os papeis que a diretora havia me entregado hoje.

            – Merui, eu não estou brincando e muito menos doente.

            – Ora, nem eu.

            – Se não foi você, então... – Mostrei o papel para ela... “Aishe Grace Sakurai”.

            Ela ficou olhando para o papel e para mim, seu rosto ficou escarlate. Então quer dizer que eu beijei a irmã dela? Pior, eu não consegui diferenciar as duas. Já tem mais de um mês desde que conheço Merui e eu ainda não fui capaz de diferenciar ela da sua irmã gêmea. Rui começou a me encarar, seus olhos estavam inexpressivos, eu não sabia dizer o que iria acontecer.

            – Seu idiota! – Ela gritou – Como você não percebeu que aquela idiota não era eu? – Ela começou a me bater repetidamente no tórax. Não fiz nada, eu merecia aquilo. – E você ainda deixou ela te beijar? Idiota! E como foi, hein? Você gostou? – Notei que seus olhos estavam marejados, mas ela não queria deixar as lágrimas escaparem. Segurei seus pulsos e ela olhou brava pra mim. – Você agora prefere ela a mim, agora que ela te beijou? Idiota! Idiota! Idiota!

            – Rui, me desculpa. Eu sou muito mais que um idiota, você tem toda razão de estar brava comigo agora, mas por favor, não fique brava comigo pra sempre. – Soltei um de seus braços para enxugar suas lágrimas, mas ela me impediu.

            – Eu posso ficar com raiva de ti o dia inteiro? – Ela perguntou com uma voz de choro. Senti um alívio, ela iria me perdoar.

            – Pode. – Ela se afastou de mim – Eu até faria bigodes e chifrinhos na foto dela e espalharia pela escola, mas as pessoas pensariam “Olha que a idiota a Merui”, não adiantaria nada. – Segurei o riso e ela foi embora, sem olhar para mim. É... de agora em diante, tenho que tomar mais cuidado.

            Um dia essas mulheres vão acabar me matando.

Visão de Merui.

            Saí da sala e dei de cara com Castiel no corredor. Enxuguei os olhos e resolvi arriscar uma pergunta.

            – Está tudo certo com sua folha de ausência então? – Ele parecia ressentido pela briga de ontem. Bom, pensei que ele me odiaria pra sempre depois que o obriguei a assinar aquela folha. Ele cruzou os braços, e depois de muito pensar, resolveu responder.

            – Hm, sim, já que você me obrigou a assinar... – Ele falou, seco, mas sua expressão logo mudou – Por que você está chorando? O idiota fez algo com você?

            – Eu não estou chorando. – Tentativa falha de esconder, minha voz saiu a mais chorosa possível. Ele riu – Minha irmã beijou aquele idiota e ele achou que tinha sido eu. Ele sabe que eu odeio ela, e pior, ele não soube nos diferenciar. – Bufei. – Como pode?

            – Se vocês não forem gêmeas, então ele é um idiota mesmo. – Soltei uma risada com a resposta de Castiel... Ah, até que ele não é tão mau assim.

            – Somos gêmeas sim, aquela imbecil se transferiu pra cá pra continuar me aterrorizando. Capaz de ela estar por aí andando com Ambre. – No mesmo momento, Ambre, Li, Charlotte e Aishe passam andando pelo corredor, lançando um olhar de desprezo para mim. Ambre me fuzilou com os olhos.

            – Eu não disse? – Ele riu – Agora eu vou ali na sala de aula me matar, se eu não voltar, é porque deu certo.

            Passei as aulas inteiras escutando o riso de Aishe pelas minhas costas, ela com certeza estava tentando me difamar para meus colegas de classe. Eu tinha que pensar em uma vingança, na verdade, eu tinha que me vingar dela e de Ambre, o que não era mais tão complicado, já que as duas agora estão juntas pra lá e pra cá. Na hora do intervalo, Isis me cutucou.

            – Por que você está tão pra baixo assim?

            Expliquei toda a história pra ela. Por mais chocada que ela tinha ficado, ela ainda defendeu Nathaniel algumas vezes, o que me deixou com uma pontinha de raiva.

            – O que faço para me vingar de Ambre?

            Ela pensou um pouco antes de me responder.

            – Acho que você deveria comprar roupas iguais as dela e vir ao colégio assim. Ela ama moda, não é? Com certeza ela ficaria morrendo de raiva.

            – Boa ideia, Isis, você é demais.  – Ficamos rindo da ideia dela, até que Aishe chega ao lado de Ambre.

            – Hm, chegou. – Falei com a voz seca. – O que você está planejando? Se passar por mim para beijar o Nathaniel? Ah, é, você já fez isso. – Ambre ficou boquiaberta e seu rosto ficou escarlate de raiva.

            – Você beijou o meu irmão? – Ela gritou. Toda a sala olhou para Aishe e depois para Nathaniel. Ele pareceu meio incomodado, ih, vai sobrar pra mim. – Você deveria saber que não se beija o irmão da amiga!

            – Achei que isso só os garotos dissessem isso! – Aishe retrucou.

            Olhei para Isis – Autodestruição... tem modo de vingança melhor?

            Acabaram as aulas e eu estava indo embora, quando sinto uma mão me puxar pelo braço na direção oposta com brutalidade, era Nathaniel, me levando até a escadaria. Ele me encostou na parede e me encurralou. Uh, agora era ele quem estava bravo.

            – Merui, por que você fez aquilo?

            – Merui? Não, não é ela, é a AISHE. – Debochei. Ele bufou.

            – Não seja infantil. Você não precisava ter contado aquilo a Ambre.

            – Bom, mas eu já o fiz. Já acabou com o chilique? – Tentei sair, mas ele segurou o meu braço.

            – O que vocês garotos tem com o meu braço, hein? – Alisei o local que ele havia segurado, e que, anteriormente, Castiel havia segurado também. – Qual é, eu fiz um favor pra você. Agora você vai ter várias Nathanietes sonhando com um beijo seu também.

            – Quer parar com isso?

            – Foi você quem pediu.

            Ele bufou de novo.

            – Olha, se você for ficar me tratando mal, eu vou embora.

            Ele ficou me olhando enquanto se acalmava.

            – Desculpa. É que a Ambre vai contar aos meus pais e eles vão reclamar, dizendo que eu deveria cuidar das minhas responsabilidades e fazer esse tipo de coisa em outro momento e outro lugar.

            – Me desculpe. – Suspirei – Parece que estamos quites então.

            – Estamos.

            – Eu ainda estou brava com você.

            – É, eu sei. – Ele falou ironicamente – Agora vamos. – Ele passou o braço por minhas costas e pegou em minha cintura.

            Parece que não conseguimos ficar bravos um com o outro por muito tempo.

            – Já me vinguei da minha irmã, agora vou me vingar da sua. – Falei enquanto andávamos pelo corredor.

            – O que é que você vai fazer, hein?

            – Você vai ver, não é nada demais, mas ela vai ficar muito nervosa. – Fiz uma risada maléfica.

            – Olha, olha hein, esqueceu que você é representante agora?

            – Ainda não, Nathaniel, ainda não. – Abri um sorriso.

            Nathaniel foi para casa e eu dei uma passada na loja de roupas perto da escola, comprei uma blusa, um cordão e uma bolsa iguais a de Ambre. Não é nada muito pesado, mas é o suficiente para deixa-la de boca fechada por um bom tempo!

             – O que você está fazendo com roupas iguais a de Ambre? – Aishe disse quando desci para tomar café.

            – Vingança. - Falei orgulhosa.

            – Eu não acho que vai dar muito certo. – Ela falou enquanto ria.

            – Por que não? Você só conheceu Ambre ontem, ela me atazana há um mês. Eu sei que isso vai deixa-la uma fera.

            – Se você acha...

            Na escola, todos andavam cochichando “Olha, é a roupa da Ambre” eles diziam. Tentei passar em todos os lugares possíveis para que todos vissem, e então, finalmente, a princesa me encontrou.

            – Pfff, que roupas são essas? Isso é uma tentativa de vingança, é? Porque elas não combinam nada com você. – Pois é, o plano falhou.

            Pedi a opinião de Castiel e Nathaniel. Um sugeriu que eu pichasse o escaninho de Ambre e o outro sugeriu que eu colocasse aranhas de plástico no escaninho dela. É claro que vocês já sabem qual ideia foi dada por quem, não é? O plano estava dando certo, até que Li apareceu e começou a reclamar alto, dizendo o quão imprudente eu era em pichar o armário de Ambre, que eu iria me dar mal, já que ela era irmã do representante das classes. Consequentemente, a diretora nos achou, ela ficou furiosa e nos castigou. Fiquei até tarde limpando a escadaria e os armários, Li não fez nada, claro, mas ficou ali para me fiscalizar. Ela reclamava o tempo inteiro de quão lenta eu era e que ela queria ir logo para casa, não pude fazer nada, só escutar, afinal, eu errei! Falei com Li que ela poderia ir embora, pois eu já havia acabado. Ela agradeceu ao seu Deus e foi saindo, quando escutamos um barulho estranho. Estaria tudo bem se fosse só um barulho, mas em seguida, nós vimos uma pessoa na nossa frente! Estava escuro demais para vermos o que era ou quem era, então saímos correndo. Li e eu acreditamos que era um fantasma. Nos outros dias da semana, fiz uma enquete com a escola, perguntando se eles haviam visto algo suspeito. Voltei algumas outra vezes, até que dei cara-a-cara com Nathaniel. Ele me contou que Castiel e seu amigo Lysandre ensaiavam músicas ali, já que no clube de música eles não tocavam o tipo de música que gostavam. Nathaniel me fez prometer que eu não contaria nada a ninguém, pois caso aquilo virasse conhecimento da diretora, seu cargo de representante estaria em jogo. Ele me levou para casa após me explicar tudo, no caminho, ficamos conversando e imaginando como seria se realmente tivesse um fantasma na escola. 


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