O que havia acabado de acontecer? Nathaniel balançava a cabeça negativamente, desaprovando a fala de Castiel. Eu teria que descobrir isso mais tarde ou então o luau iria para o buraco!

            Me sentei no meu lugar e me encolhi, por um momento eu até pensei que Castiel iria me beijar, se isso acontecesse, Nathaniel com certeza não me perdoaria.

            – Então, vamos rodar de novo! – Íris exclamou de novo, me assustando mais uma vez. Não é hora de ficar pensativa ou arrependida, todo mundo aqui veio para se divertir, não é? Levantei o ânimo.

            A medida em que a garrafa rodava e as desafios e as perguntas eram lançadas, o pessoal foi se animando, voltando a conversar.

            – Castiel pergunta para Lysandre! – Fiquei interessada, tirando Leigh, Castiel era quem mais conhecia o Lysandre naquele grupo. Se tiver alguém que faça Lysandre falar, é o Castiel!

            – Eu escolho desafio. – Lysandre falou enquanto olhava para o além.

            – Todo mundo estava esperando que você escolhesse verdade! – Deixei escapar.

            – É verdade. – Rosa concordou – Queremos saber mais sobre você.

            – Você pode muito bem subornar o Leigh por informações! – Melody falou e todo mundo riu. O Leigh se sentiu meio ofendido no início, mas ele logo começou a rir também.

            – Vamos parar com o papo e ir ao que interessa. – Castiel falou – Eu quero que você faça uma dança sensual ao tirar essa sua veste vitoriana.

            – Você – ele apontou para Castiel – me envergonha. – Ele se levantou e começou a dançar, ele obviamente estava fazendo aquilo por deboche, mas estava engraçado. Ele rebolava, dava voltas, então ele tirou sua veste e jogou em cima de Castiel. Todos riram, eu nunca imaginaria o Lysandre fazendo algo tão descontraído assim na frente da galera. Parece que finalmente conseguimos tirá-lo da zona de conforto.

            Nathaniel deitou sua cabeça em meu colo e eu tomei a liberdade de mexer em seus cabelos dourados, ele parecia gostar, já que protestava quando eu parava. Eu havia parado de prestar atenção no jogo para brincar com os cabelos de Nath.

            – ...Eu te desafio a não deitar mais no colo de Merui pelo resto do Luau. – Melody falou para Nathaniel, ele se levantou com relutância.

            Já estava tarde, todos haviam se divertido um monte! Nathaniel ficou comigo e com Rosalya para ajudar a arrumar tudo. Esperamos os pais de Rosa chegar e ela foi embora, então Nathaniel insistiu em me levar para casa.

            – No que você estava pensando? – Nathaniel falou sério enquanto andávamos.

            – Você pode ser um pouco mais específico? – Arrisquei.

            – Você deixou que o Castiel te segurasse daquele jeito, ele quase te beijou! – Ele estava quase gritando, por um momento, senti medo. – Você queria que ele te beijasse?

            – Nath, fica calmo. – Segurei suas mãos, ele as soltou – Ele não iria me beijar, ele não é nem louco de fazer isso!

            – Eu duvido, Merui.

            – Ele não iria, ele... ele está saindo com a minha irmã.

            O rosto dele mudou de expressão.

            – O que?

            – Pelo menos foi o que minha irmã falou. Eu teria perguntado a Castiel se era verdade, mas ele não gostaria de ter uma Merui xeretando sua vida, não é?

            – Provavelmente. – Ele me abraçou e depositou um beijo em minha testa. – Me desculpe por gritar com você.

            – Está tudo bem. – Beijei a ponta de seu nariz – Não conte aquilo a Ambre e nem a ninguém, eu sei que eu nem precisava pedir, mas... preciso me certificar. E também, você vai me contar sobre aquilo de “rebaixar ao seu nível”? Eu devo ter perdido alguma coisa.

            – Você faz tanta questão de saber assim?

            – Você sabe que sim, até parece que não me conhece. – Ri baixinho, ele deu um sorriso.

            – Ok, eu vou te contar, mas não hoje.

            – Por que não?

            – Porque, meu amor, já está tarde, se eu for contar tudo, não vai dar tempo. – Já estávamos na frente do meu prédio.

            – Eu sou seu amor? – Falei com um sorriso no rosto, então ele havia acabado de me chamar de “meu amor”? Uau, isso era outro passo enorme... isso quer dizer que a nossa relação está caminhando cada vez mais para frente. Eu não conseguia parar de sorrir ao pensar nisso.

            – Claro que é. Por que, eu não sou o seu amor? – Ele cruzou os braços e fez um beicinho.

            – Você é o meu amor sim. – Me coloquei na ponta dos pés e beijei aquele beicinho fofo.

            – Está aí algo que gostei de ouvir. – Ele selou meus lábios – Boa noite, Rui, tenha bons sonhos comigo.

            Fui para casa ainda sorrindo. Espera aí, o que eu queria que ele me contasse mesmo? Eu já nem lembro... talvez seja o sono, quem sabe amanhã eu não me lembro? Não posso nem pensar em esquecer completamente sobre esse assunto. Me joguei na cama pensando em Nathaniel e em tudo o que havia acontecido hoje, ele me beijando, ele deitando em meu colo, ele me abraçando, me beijando mais uma vez, me chamando de meu amor... me pedindo para sonhar com ele... eu provavelmente sonharia e seria um bom sonho.

            As férias haviam acabado e a rotina escolar voltou. Eu e Nathaniel havíamos nos encontrado outras vezes durante o recesso, mas ele nunca me contou o que houve entre ele e Castiel, por mais que eu perguntasse, ele sempre dizia “hoje não”. Estou começando a achar que vou ter que descobrir isso sozinha.

            Eu estava passando pelo pátio para ir para as aulas, quando alguém esbarra em mim. Eu sinceramente não sei se eu sou pequena demais para ser notada ou se eu é que sou a desastrada. Olhei para cima e avistei um garoto de cabelos azuis.

            – Ah, você parece ser legal! – Ele falou com um sorrisão no rosto. Quem era esse garoto? Eu nunca o vi por aqui. – Você poderia me dizer onde fica a sala dos representantes? A diretora pediu que eu fosse até lá, mas eu não havia encontrado ninguém legal para me dizer o caminho.

            – Eu passei pela a mesma coisa, me siga. – Ele balançou a cabeça e me seguiu, ele não parava de puxar assuntos ou conversar sobre qualquer coisa que visse pela frente. Se fosse outra pessoa, eu acharia ruim, mas ele até que parecia ser um cara legal.

            – É aqui. – Eu abri a porta e lá estava Nathaniel com um outro garoto novo, ele tinha cabelos pretos e roupas bem... digamos... deixa pra lá! – Oh, então temos mais outro garoto novo?

            – É o meu irmão. – Ele riu e entrou na sala, entrei junto para cumprimentar Nathaniel.

            – Merui, você sabe que não pode entrar aqui toda hora, não é? – Ele sorriu para mim.

            – Nath, eu faço isso o tempo inteiro e só agora você vem reclamar? – Beijei sua bochecha.

            – Esse é Armin, ele é novo aqui em Sweet Amoris. – Nathaniel olhou para o garoto de cabelo azul. – E você deve ser o Alexy? Sejam bem-vindos! A Merui vai ter algumas aulas com vocês, ela pode mostrar a escola para os dois.

            – Bom... eu não estou ocupada mesmo, acho que posso quebrar esse galho para você. – Dessa vez, foi ele quem me beijou na bochecha. Chamei os garotos para o corredor e comecei o meu tour.

            – Aqui é a sala de aula A, onde a maioria das minhas aulas se passam. – Fui até o fundo do corredor. – Aqui é a sala de aula B, geralmente é onde fazemos as provas. Ali na frente é a escadaria. – Eu estava voltando, indo em direção ao pátio, quando Alexy começa a falar.

            – Qual é a sua relação com aquele garoto loiro?

            – Com o Nathaniel? Nós meio que namoramos...

            – Meio?

            – É... é que ele não me pediu em namoro...

            – Então eu ainda tenho uma chance! – Ele exclamou animado e continuou a caminhar do meu lado, como se nada tivesse acontecido.

            C-como assim? Se ele pensa que tem uma chance comigo, ele está bem enganado. Eu não trairia o Nathaniel desse jeito! Fiquei calada até chegar ao pátio, Castiel, como sempre, estava lá, ele chegou perto quando viu que estava acompanhada de estranhos. Ele estava prestes a falar, quando eu o interrompi:

            – Aqui é o pátio, não venham aqui se não quiserem ter maus encontros. – Lancei um olhar para Castiel e sorri.

            – Maus encontros com quem, hein? – Ele perguntou e cruzou os braços, mas ele estava sorrindo.

            – Adivinha! – Brinquei – Agora tenho que continuar o meu tour com Armin e Alexy. – Falei e ele começou a nos seguir, Armin e ele estavam conversando. Fui até a quadra e depois ao clube de jardinagem, Alexy ficou por lá, Castiel voltou ao pátio enquanto Armin continuou a me seguir.

            – Não liga pro Alexy, ele é bem empolgado assim mesmo.

            – Está tudo bem, eu não me ofendi ou algo parecido. – Dei um sorriso simpático. – Eu vou te apresentar a alguns amigos meus, pode ser?

            – Claro! – Fui até a escadaria, onde Rosa e Lysandre estavam conversando.

            – Rosa, Lys! Esse é o Armin, ele é novo na escola também!

            – Oi, Armin! – Rosa se levantou – Sou Rosalya, espero que você esteja gostando de Sweet Amoris!

            – Estou sim! – Ele sorriu – As pessoas que conheci até agora são bem gentis.

            – Prazer, sou Lysandre. – Foi tudo o que ele falou. Levei ele até a sala de aula A e encontrei Íris, Melody e Bia, apresentei Armin a elas. Eles conversaram bastante. Fiquei na sala, pois a aula já iria começar. O horário de Armin era idêntico ao meu, então passamos a maioria das aulas conversando, descobri que ele era um gamer, conversamos sobre vários jogos, já que por grande parte da minha vida eu fui meio geek, então tínhamos vários gostos em comum.

            Armin e Alexy já estavam bem entrosados no final do dia, graças a mim, é claro! Fui até Nathaniel para que fossemos embora juntos, como de costume, e aproveitei para contar as novidades.

            – O Armin ele é bem geek, é gamer... Mas eu acho que ele é gay. – Falei a última parte sussurrando. – Quanto ao Alexy, eu não sei... Acho que ele está interessado em mim... ou em você...

            – Por que você acha que o Armin é gay? E me explica essa história direito, interesse em você, em mim, o quê?

            – Você não viu as roupas que ele veste? – Dei uma risada. – Assim que nós saímos da sala dos representantes, ele me perguntou qual era a minha relação com você e disse que ainda tem uma chance, mas eu não entendi exatamente com quem.

            – Não é porque ele se veste... – ele tentou achar as palavras – como um gay que ele vá ser gay. Por exemplo, o Lysandre veste roupas vitorianas, mas nem por isso ele tem mais de 170 anos. E o que você respondeu quando ele te perguntou?

            Soltei uma risada com as metáforas dele.

            – Quando ele me perguntou o quê?

            – Você disse que ele te perguntou sobre nossa relação. O que você respondeu?

            – Eu respondi que nós... nós... o que eu respondi mesmo? – Balancei a cabeça negativamente – Não, eu não me lembro. – Eu não podia dizer a ele “nós meio que namoramos, mas na verdade, não namoramos, porque o Nathaniel não me pediu em namoro”, se eu dissesse, ele acharia que eu estou pondo pressão para que ele me pedisse ou algo parecido. Isso seria bem ruim, não é?

            – Vai guardar segredos de mim, é? – Ele brincou. – Ou eu vou ter que te obrigar a falar?

            – Eu disse, eu não me lem... – Estávamos longe de Sweet Amoris, Nathaniel segurou meus pulsos e me encostou em um muro qualquer. Antes que eu pudesse falar alguma coisa, ele me roubou um beijo, mas um beijo diferente de todos aqueles que ele havia me dado, esse era mais... quente. Fiquei impressionada quando ele se afastou de mim, aquele beijo havia me deixado simplesmente sem palavras. Eu tentei me expressar, mas tudo o que consegui fazer foi gesticular algo sem sentido com as mãos.

            – Que ótimo, agora você não consegue falar mais nada. – Ele suspirou e eu dei um tapa de leve em seu peitoral.

            – Bobo. – Eu finalmente consegui falar.

            – E aí, vai me dizer ou não? – Ele passou o braço por trás de meus ombros.

            – Hoje não. – Imitei o que ele tanto me dizia.

            – Boba.

            E ele me levou para casa juntinho de mim mais uma vez.