Visão de Rosalya

            – Você tentou jogar o Lysandre em cima dela como eu te pedi? – Melody estava no telefone, eu fiquei muito surpresa quando ela me pediu isso.

            – Eu tentei sim, mas eu não podia fazer isso com o Lys e com a Merui! Eu não sei porque eu fiz isso para você, foi algo muito estúpido e eu me sinto extremamente culpada.

            – Mas desse jeito o Nathaniel nunca vai reparar em mim! – Ela insistiu.

            – Agora o porquê de ele não reparar em você eu já estou vendo! Você está se fazendo de boazinha na frente de todos, mas quando pode, vira as costas e fala por trás!

            – Você não entende, Rosa, eu sempre gostei do Nathaniel!

            – Então por que você não vai lá e diz para ele? Em vez de tentar sabotar o relacionamento dos outros? Sinceramente, Melody, eu não esperava essa atitude vinda de você!

            – Não conte nada para a Merui, por favor! Eu prometo que não vou fazer nada de mal a ela!

            – Não é a mim que você tem que prometer, Melody. Eu preciso desligar agora!

            – Tudo bem, me desculpe… - Ela mesma desligou o telefone.

            Eu não sabia muito bem se eu deveria acreditar em Melody! O luau seria daqui a dois dias, e se ela tentasse atrapalhar Merui e Nathaniel? A Merui me contou sobre a proximidade dela e de Nath, como os dois estavam perto de terem o primeiro beijo e sempre alguém os interrompia! Ela estava muito feliz e Nathaniel também, ele tem sorrido com mais frequência desde que Rui entrou na vida dele! Agora vocês entendem a culpa que eu sinto ao ter contribuído com o joguinho de Melody! Eu preciso me desculpar com Merui e alerta-la sobre Melody. Eu também teria que me desculpar com Lys, ele ficaria meio bravo, mas como ele quase não fala... não seria tão difícil assim. Disquei o número de Rui e esperei.

            – Oi, Rosa! Então você já voltou?

            – Eu voltei sim! Voltei ontem, um dia antes do planejado. Então, o luau ainda está de pé?

            – Claro que está! Daqui a dois dias, não é? Já telefonei para a galera e todos vão poder comparecer. Ótimo, não é?

            – Até a Melody?

            – Sim! Seria ruim se ela não fosse, não é?

            – Então… lembra que eu te disse que a Melody gosta do Nathaniel?

            – Lembro sim, difícil esquecer com você e a Íris me empurrando para o Lysandre daquela forma! Mas o que tem? Eu não vou tentar nada com o Nathaniel na frente de vocês, muito menos ele...

            – Desculpa, Rui! A Melody veio com esse papo que ela sempre foi apaixonada pelo Nath, ela me pediu que eu jogasse o Lysandre para ti, mas foi uma estupidez eu ter feito isso, eu quero que as coisas entre ti e o Nath funcionem! – Falei tudo de vez, ela com certeza não esperava algo assim, tanto que ela ficou em silêncio por um tempo.

            – Ahm… tudo bem. Não tem problema… Você também estava tentando ajuda-la, eu entendo! – Fiquei aliviada ao escutar Merui, por um minute, achei que ela me daria uma bronca daquelas! Dava para perceber que ela estava meio chateada, pensei em fazer algo para ela, uma roupa, talvez um vestido… então lembrei de algo melhor… uma foto do Nathaniel!

            Antes, eu perseguia os garotos na escola para tirar fotos deles e depois vender, mas, eu parei com essa prática! Mas se bem que eu lucraria bastante com algumas fotos do luau…

Visão de Merui

            Então quer dizer que a Melody era capaz de fazer isso? Eu sempre pensei que ela fosse gentil e boa como o Nathaniel, mas era tudo uma máscara! E se... e se o Nathaniel gostasse dela? Não... sempre que vou na sala dos representantes, por mais que tanto Melody quanto Nathaniel estejam lá, eles quase nunca estão juntos, quando estão, sempre falam de papeis, diretora, suspensões e coisas sobre a escola! Se Melody foi capaz de manipular Rosa, eu imagino as outras coisas que ela é capaz de fazer... Não, eu não quero imaginar essas coisas! Eu quero esquecer disso e pensar que ela é minha amiga!

            São 17h50 da tarde, Nathaniel passaria às 18h para me buscar e então faríamos algo juntos! Eu havia passado 50 minutos me arrumando da melhor forma possível, o Dreamy não havia me visto de cabelo curto e vermelho e eu nem havia contado, queria que fosse surpresa! E ah! Eu e ele havíamos combinado de passar o máximo de tempo possível juntos, mas não estava dando muito certo, os pais de Nathaniel são muito rigorosos e eles quase não deixam Nath sair de casa. Desci as escadas para pegar algo na cozinha para comer, quando vejo aquela figura familiar sentada no sofá, uma figura que eu não via há meses! Era o meu pai. Corri até ele e o abracei com força, eu nunca gostei de abraçar ou beijar meus pais, mas a saudade falava mais alto!

            – Merui! Como você está diferente! – Ele passou as mãos nos meus cabelos e depois beijou o topo da minha cabeça. – Por que pintou os cabelos? Éramos uma família ruiva tão bonita… – Sim, eu, Aishe, minha mãe e meu pai, nós éramos todos ruivos! As pessoas ficavam encantadas quando nos conheciam, pois era cada vez mais difícil ver uma família inteira de ruivos.

            – Aishe aprontou para mim e tive que trair o movimento. – Demos uma risada – Depois que você viajou, pai, ela só sabe enfernizar a minha vida.

            – Mas por que isso? Vocês sempre se deram tão bem… Falando na sua irmã, onde ela está?

            – Ela foi dormir na casa de uma amiga, saiu daqui bem cedo.

            – É uma pena, queria vê-la hoje. Mas tudo bem, eu vou ficar aqui por cinco meses, vou ter tempo de sobra com vocês. – Ele beijou minha cabeça de novo.

            – Cinco meses? Isso é incrível! E a mamãe, você já falou com ela?

            – Já sim, ela foi para o quarto se arrumar, disse que queria estar bonita para mim. – Nós demos uma risadinha, minha mãe era uma graça, mal sabia ela que papai a achava bonita de qualquer jeito. – E você, porque está toda arrumada se você não sabia que eu vinha?

            No mesmo instante que ele falou, a campainha tocou, eu e meu pai nos levantamos. Tentei correr para a porta para atender Nathaniel, mas meu pai foi mais rápido.

Visão de Nathaniel

            – Olá, meu caro jovem, creio eu que esteja aqui para ver minha filha. – Um homem alto e ruivo estava parado diante de mim. Eu nunca havia visto ele ou escutado de Merui sobre ele. Pensando em Merui... eles até que eram parecidos... então esse é o pai de Merui? Quem ela não me falou absolutamente nada sobre? Estendi minha mão para cumprimenta-lo.

            – E creio que você seja o Sr. Sakurai? – Demos um aperto rápido de mãos .

            – Acertou! – Uma garota de cabelos curtos e avermelhados se pôs na frente dele e exclamou… espera aí… mas a garota é Merui! Como ela estava diferente. O corte curto a deixou com uma aparência mais graciosa, ela estava... linda. – Nathaniel, esse é o meu pai, pai esse é o Nathaniel.

            – Prazer em conhecê-lo. – Falei.

            – Eu vou deixar vocês crianças se divertirem, Merui, não volte tarde para casa. E você – ele apontou para mim – cuide da minha menina, faz tempo que não a vejo.

            – Não se preocupe, eu tomarei conta de Merui. – Para ser sincero, eu estava acostumado a conversar com os pais, mas não dessa forma… Não era intimidante, mas era… era diferente! Aquele homem estava confiando a segurança de Merui em minhas mãos após não vê-la por muito tempo. Beijei o topo da cabeça de Merui e ele deu um sorriso de canto antes de fechar a porta.

            – Eu teria te avisado que ele estava aqui, mas eu também não sabia! Ele chegou de surpresa, há mais ou menos 10 minutos. – Merui falou, ela estava meio envergonhada.

            – Está tudo bem. – Ela segurou minha mão e me levou até o elevador – E você está linda, Merui.

            – Ah Dreamy, obrigada! – Ela me explicou toda a história no elevador, até chegarmos ao térreo. – E aí, aonde vamos?

            – Não quero estragar a surpresa. – Eu disse.

Visão de Merui

            Estávamos andando de mãos dadas, quando Nathaniel para.

            – Chegamos. – Quando olho direito, estamos parados em frente a uma sorveteria.

            – Mas eu pensei que você detestasse doces! – Fiquei surpresa, sempre quis cozinhar algo para Nathaniel, mas tudo que sei fazer na cozinha são doces, então não adiantou muito. Ele me puxou para dentro.

            – Eu detesto, mas você não. Vamos, não fique parada aí.

            Peguei sorvete de maracujá e sorvete de morango, enquanto Nathaniel não pegou nada. Ora, ele planejava mesmo ficar só me olhando comer? Coloquei uma pequena quantidade de sorvete de maracujá na colher e coloquei na boca de Nathaniel enquanto ele estava distraído, ele me olhou surpreso e começou a rir.

            – Você vai mesmo ficar sem comer nada? – Falei enquanto pegava mais um pouco de sorvete. Ele assentiu com a cabeça.

            – Se você pôr essa colher na boca agora, nós vamos ter compartilhado um beijo indireto. – Eu estava prestes a levar a colher a boca, quando escutei Nathaniel.

            – Céus, como você é bobo! – Tomei o sorvete – Assim?

            – Assim mesmo. – Ele riu baixinho. – Espera um pouquinho, você se sujou de sorvete. – Ele foi se aproximando de mim. Com seu polegar, ele limpou meu rosto, mas me surpreendeu colocando a ponta do mesmo dedo em minha boca, me fazendo suga-lo. Meu rosto ficou quente, pude perceber que eu estava corando. Eu olhei para baixo, buscando as palavras certas.

            – ...Isso foi... – Eu ri um pouco, ele estava rindo também.

            – Você está com vergonha? – Ele se sentou ao meu lado e passou um braço por minhas costas.

            – Talvez. Isso foi completamente inesperado. – Olhei para Nathaniel e percebi que o seu rosto estava próximo ao meu. – V-você vai me beijar? – Sussurrei, mas que idiota que eu sou, é claro que ele ia. Ele não respondeu, então fechei meus olhos e aquela clássica cena se repetia mais uma vez, esperei que seus lábios tocassem os meus, e sem mais delongas, eles tocaram. A língua de Nathaniel adentrou minha boca e se movimentava num ritmo calmo. Eu não estava nervosa, afinal, eu havia esperado muito por isso! Correspondi ao beijo ao seguir os movimentos de Nath. Finalmente estava acontecendo!

            Nos beijamos até sentirmos a necessidade de respirar, os lábios de Nathaniel se separaram dos meus e eu automaticamente abri um sorriso. Então isso era um beijo? Um beijo de Nathaniel... Era uma sensação tão... tão confortável, tão... indescritível! Eu me sentia quente por dentro... Nathaniel estava olhando para mim com um sorriso no rosto.

            – Finalmente. – Dei uma risada – Sem interrupções. – Fiquei em silêncio por um tempinho – Quem diria, a novata tendo o seu primeiro beijo com o representante mais popular de Sweet Amoris!

            – Correção: a novata mais popular. – Ele disse – Então foi o seu primeiro beijo? Me sinto honrado. – Nós dois rimos juntos. – Nós deveríamos aproveitar já que ninguém veio nos interromper ainda.

            – Boa ideia. – Eu disse e ele veio me beijar de novo.

            – Com licença. Eu só queria dizer que tem um motel do outro lado da rua e que vocês com certeza seriam bem vindos lá. – Um garoto que provavelmente teria a nossa idade nos interrompeu. Eu já estava ficando realmente acostumada com essas interrupções, de verdade.

            – É, estava bom demais para ser verdade. – Nathaniel disse e me abraçou. – Eu vou pagar o seu sorvete, nem tente me impedir como você fez quando almoçamos, porque dessa vez eu vou insistir! – Tentei abrir a boca para falar, mas ele já havia ido pagar, sem me deixar reclamar. Ele tomou minha mão e então fomos para fora da sorveteria. – Venha, vamos caminhar um pouco, parece que a nossa presença não é bem-vinda.

            – A nossa presença é bem-vinda sim, mas não a nossa demonstração pública de afeto. – Dei uma risadinha. Após alguns minutos de caminhada, estávamos em frente a um parque. Meu Dreamy me puxou pela mão até um banco, nos sentamos ali e ficamos abraçados e conversando.

            – Merui?

            – Oi?

            – Posso te beijar na frente de todos no seu luau?

            – Eu diria que sim se Melody não fosse...

            – Qual o problema da Melody estar lá?

            – Porque ela gosta de você. Você não sabia?

            – Isso pode soar um pouco rude, mas... Eu gosto de você, Rui, ela vai ter que lidar com esse fato.

            – Então... tudo bem. 

            Esse era outro passo enorme! Deixar que todos os nossos amigos soubessem que estávamos juntos. Eu nunca havia feito isso na minha vida, seria mais outra primeira vez para mim. Isso soava tão natural para Nath, claro, ele é todo gentil e cavalheiro, ele provavelmente já deve ter tido várias namoradas... não que eu seja uma delas. Ou sou? Preferi não pensar nisso.

            Eram 22h e Nathaniel havia me deixado em casa, antes de ele ir embora, nós nos beijamos pela segunda vez e eu me senti tão feliz quanto a primeira vez. Meu pai deveria estar em um restaurante com minha mãe, então o liguei para avisar que já estava em casa, ele ficou feliz de saber. Aishe estava na casa de alguém e eu fiquei sozinha. Uns 20 minutos depois, recebo uma ligação de Nathaniel.

            – Você sabia que Aishe está aqui?

            – O que ela está fazendo aí? Você não confundiu ela comigo de novo não, né? – Ele soltou um muxoxo.

            – Não tem nem como! – Ele exclamou. – Eu acho que ela vai dormir aqui, com Ambre.

            – Está brincando? – Comecei a rir. – Então você vai aguentar a minha irmã e a sua? Que azar, Dreamy.

            – Não é azar, tenho certeza de que não vai ser tão ruim assim.

            Acordei assustada, quando chequei o relógio, eram 3h da manhã. Olhei para os lados e percebi que meu celular estava tocando. Era Nathaniel. Por que ele estava me ligando a essa hora? Será que alguma coisa havia acontecido? Atendi o celular as pressas, preocupada.

            – Você tem razão, foi muito azar. Acabei de acordar com Ambre e Aishe pintando minhas unhas e maquiando o meu rosto. –  A voz dele estava sonolenta. Comecei a rir, esquecendo de toda a preocupação.

            –  E você me liga às 3h da manhã para avisar? – Minha voz estava tão sonolenta quanto a dele.

            – Eu queria que você tivesse um pouquinho de azar também. – Ele riu, continuamos a conversar até um de nós cairmos no sono.