Encrenca Em Dobro escrita por Ikuno Emiru


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Primeiro capítulo bem longo! c:



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            Ultimamente, tenho tido problemões com minha irmã gêmea idêntica. Estudamos na mesma escola desde sempre, mas nos últimos anos, ela tem começado a me tratar muito mal, principalmente na frente dos meus “amigos” e dos amigos dela. Sempre que possível, ela encontra uma forma de me deixar mal e estragar a minha vida. Achei que eu suportaria isso, tentei até ignorar, mas ela ainda continuava a fazer o que quisesse comigo. A única forma que achei de me livrar dela foi conversar com minha mãe, e pedir a ela que me mudasse de escola, de preferencia para a South School, mas, a única escola que havia vagas nessa época do ano era a Sweet Amoris. Não me importei, desde que eu pudesse ficar longe de Aishe por um tempo, seria ótimo.

            Hoje é o meu primeiro dia de aula, acordei mais cedo que de costume e fiquei encarando o meu guarda roupa. Eu estava feliz, pois eu finalmente poderia causar uma boa impressão sem ter Aishe para futuramente estraga-la. Vesti um dos meus vários Sailor Fuku, para quem não sabe, Sailor Fuku é aquele uniforme usado pelas asiáticas, composto por uma blusa, lenço e saia curta ou longa. Optei por um look mais curto, já que estava muito calor. Para completar, coloquei meias brancas e um sapato clássico colegial preto. Amarrei meu cabelo em duas maria chiquinhas altas. Pronta! Respirei fundo e fiz a cara mais entediada possível para enganar minha irmã, quero que ela pense que não estou contente em ter mudado de escola.

            – Que cara é essa, minha filha? – Minha mãe perguntou quando desci as escadas e me sentei junto a ela para tomar café.

            – Eu só tenho essa, mãe. – Suspirei. Será que eu estava convincente? Eu queria soltar uma risada, mas tinha que aguentar.

            – Aishe, venha tomar café! – Minha mãe gritou, logo, ela desceu as escadas toda saltitante.

            Terminamos a refeição e conferi a minha mochila. Inscrição? Aqui. Foto? Aqui. Dinheiro? Aqui. Me despedi de minha mãe com um beijo e fui para a escola em minha bicicleta. Joguei minha mochila na cestinha e analisei o mapa, escolhi a rota mais fácil e fui por ela para Sweet Amoris. Quando cheguei na escola, fui recebida calorosamente pela diretora. Já é um bom começo, não?

            – Olá, Merui, seja bem-vinda ao colégio Sweet Amoris! Eu preciso tratar de assuntos sérios, então peço que vá a sala dos representantes – ela apontou para uma porta – e fale com Nathaniel, ele irá tratar da sua papelada.

            Assenti com a cabeça e fui até a sala, dei alguns toques e um loiro abriu a porta e me convidou para entrar.

            – Em que posso ajuda-la? – Deu um sorriso simpático e dedicou a atenção que dava aos papéis a mim.

            – Ahm, hm. – Olhei para ele – McDreamy, a diretora me mandou para cá, pediu que eu tratasse da papelada com o representante Nathaniel.

            – Mc o quê? – Ele colocou a mão no rosto e fez uma cara de desgosto. – Eu sou o Nathaniel.

            – Eu estava brincando, me desculpe. – Dei uma risada – Você devia ter visto sua cara. – Tirei os papéis da minha mochila, junto com a foto e o dinheiro. – Suponho que seja só isso, certo? – Voltei a postura de boa moça, esperando que Nathaniel não tivesse me entendido errado.

            Ele deu uma boa risada e eu rosto assumiu uma expressão simpática novamente. Ele analisou os papeis com um sorriso no rosto, ótimo, parecia estar tudo em ordem.

            – Sim, está tudo correto, tudo certinho. Sugiro que você dê uma volta para conhecer a escola, eu até a acompanharia se não estivesse tão ocupado com tanta papelada. – Ele esfregou a mão na cabeça e sorriu, parecia estar sendo sincero. Ufa!

            – Certo, certo! Então vou te deixar aí com suas obrigações de representante! – Ri um pouco. – Obrigada, Nathaniel.

            Eu já estava prestes a sair da sala, quando o ouço falar:

            – Ainda não sei seu nome.

            – Me chame de Merui. – Dei um aceno e saí.

            Oh, doce liberdade! Como era bom fazer o que eu bem entendesse, sem ter um pé no saco pra me atrapalhar! Saí dando uns pulinhos até o lugar que julguei ser o pátio, lá encontrei um cara de cabelos cor-de-fogo. Hmm, me parecia interessante, resolvi me aproximar devagar e cumprimenta-lo.

            – Olá, sou nova aqui!

            – E daí?

            – E daí que, geralmente, quando as pessoas te cumprimentam,  pelo bom senso ou educação, – falei enquanto gesticulava – você responde “Olá, um prazer em conhece-la, me chamo...?”

            – Castiel. – Ele respondeu seco – E você fala demais.

            – Prazer, Castiel, sou Merui. 

            Ele me encarou com cara de quem não tinha mais o que dizer... ou quem simplesmente não queria mais dizer.

            – Ok, ok, já deu pra notar que não sou bem-vinda. – Dei as costas e voltei para o corredor para explorar o resto da escola.

            Assim que eu estava andando no corredor, um trio de meninas se aproximou de mim. A loira, posta no meio, me olhou de cima a baixo com desgosto. Ela soltou um muxoxo e começou a falar:

            – Então você é a garota nova?

            – Sim, sou eu. – Estiquei o braço para cumprimenta-la, mas ela nada fez – Sou Meru...

            – Olha só, queridinha. Você fique longe do Nathaniel e do Castiel, ok? Vou só te avisando agora para não termos problemas futuramente.

            Fiquei sem entender, mas que absurdo, eu não fiz exatamente nada para aquela garota me tratar assim. E ficar longe do Nathaniel e do Castiel? Sinceramente, o Castiel não demonstrava nenhum interesse em me conhecer. Já o Nathaniel... ele me tratou bem demais para eu simplesmente me afastar. Resolvi ignorar o ocorrido e fui conhecer a sala de aula. Chegando lá, uma garota ruiva como eu me cumprimentou.

            – Olá, me chamo Iris. Seja bem-vinda a Sweet Amoris. Se você precisar de qualquer tipo de ajuda, não hesite em vir me procurar, ok?

            – Sou Merui, obrigada por me receber tão bem.

            Ela sorriu e saiu da sala. Resolvi continuar minha aventura, mas acabei esbarrando em alguém no corredor...

            – Ah, opa, desculpa! – Olhei para cima e era Nathaniel.

            – Cuidado ou você pode acabar se machucando. – Ele falou – E ai, já conheceu muita gente?

            – Ah, que nada. Só uma garota chamada Isis, um garoto que parecia bem desinteressado, Castiel, acho. E ah, e uma peste chamada Ambre.

            – Vejo que você já conheceu minha irmã. – Ele riu. – E ah, o Castiel. – Ele falou seco.

            – Oh, mas você e a Isis não se parecem nem um pouco. – Olhei para Nathaniel, tentando encontrar semelhanças.

            – É porque ela não é a minha irmã.

            – Nããããão! – Fiquei boquiaberta – Você é irmão da Ambre? Mas vocês não são nada parecidos! – Repeti.

            – Sério? Sempre dizem que somos bem parecidos, principalmente os nossos olhos.

            – Oh, não, Nathaniel, eu quis dizer na personalidade. Enquanto você é todo sério, cuidando da papelada, acolhendo os alunos, a peste da Ambre faz exatamente o contrário!

            – Hahaha, peste! Ultimamente ela tem estado assim... meio exagerada mesmo, vou tentar conversar com ela, talvez resolva em algo.

            – Então você estará fazendo um grande favor a “garota nova” aqui! – Falei, sentindo um alívio.

            – Então você fica me devendo uma.

            – Exato. Como posso retribuir esse favor? – Já havia sacado que algo iria rolar, então entrei no “jogo”.

            – Permitindo que eu a leve para almoçar hoje. O que você acha? – Ele me deu um olhar esperançoso. Uau! Logo no meu primeiro dia de aula, eu consigo um almoço com o McDreamy de Sweet Amoris! Agora imagine só o resto do ano? Meu coração disparou com o pensamento.

            – Se isso irá agrada-lo, então eu aceito, McDreamy! – Dei o meu sorriso mais simpático, convincente e sincero.

            – Ótimo! Então me espere no pátio quando sair de suas aulas! – Ele falou e em seguida se despediu. O sinal bateu e então entramos em nossas respectivas salas. Não consegui me concentrar nas aulas, pois senti que havia alguém me olhando o tempo inteiro, eu arrisquei uns olhares pelos ombros, mas o garoto não desviava o seu olhar mesmo assim. Resolvi que no final das aulas eu falaria com ele. Passei meu intervalo conversando com Isis, ela era bem legal e parecia estudar aqui há muito tempo, então me aproveitei da situação.

            – Ô Isis, me fala uma coisa.

            – O que você quiser.

            – É sobre o representante, o Nathaniel. É que ele me convidou para almoçar, queria saber se ele é mesmo um cara legal, você parece conhece-lo melhor.

            – Ah, ah, não se preocupe! O Nathaniel é provavelmente o cara mais confiável dessa escola. Você pode contar com ele pra tudo!

            – Hm, bom. E o Castiel, qual o problema dele? Por que ele é tão... amargo?

            – Aí eu não sei... ele sempre teve esse temperamento difícil. Talvez seja característico dele.

            – Capaz. – Dei de ombros e continuamos a conversar sobre qualquer outra coisa.

            Bateu o último sinal e esperei que todos saíssem, o garoto estava arrumando suas coisas nervosamente. Quando me levantei e me dirigi até ele, ele acelerou o ritmo.

            – Ei, espera ai, quero falar algo contigo. – Ele ajeitou os óculos redondos e evitava olhar para o meu rosto. – Olha pra mim, você fez isso as aulas inteiras, qual o problema de olhar pra mim agora?

            – Des-desculpe, é que te achei muito bonita. – Ele falou. Soltei uma risada e afaguei seu cabelo em formato de tigela.

            – Ah, ah tá. Entendi. – Saí da sala rindo e fui me encontrar com Nathaniel. Chegando no pátio, quem eu encontro? Isso mesmo, Castiel. Acho que ele nem saiu de lá para ir pras aulas.

            – O que você está fazendo? – Ele disse com a mesma voz seca.

            – Esperando o McDreamy para ir almoçar. – Dei uma risada.

            – Você está falando do Nathaniel? – Ele soltou um muxoxo.

            – Entendi. Vocês dois não se dão muito bem, não é? – Ele rolou os olhos para mim e cruzou os braços.

            – Tá bom, desculpa, não queria cutucar a ferida. – Fiquei calada até Nathaniel vir me buscar.


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