POV HARRY

Era para eu estar na aula de DCAT agora, mas digamos que eu iria faltar só essa aulinha para ver os meus pais lá na enfermaria. Avisei Rony e Hermione sobre o que eu pretendia fazer e os dois me deram cobertura (Mione meio a contragosto, mas...).

Eu estava correndo, afinal, não queria ser visto por ninguém, muito menos por Pirraça, o poltergeist que me dá nos nervos.

De repente, eu bati em alguém.

– Me desculpa – eu disse passando a mão na minha cabeça, “tomara que não forme um galo”, pensei.

– Não foi nada – a pessoa respondeu com a voz chorosa, levantei o meu rosto e vi a minha mãe bem na minha frente. Seu rosto estava vermelho, seus olhos lacrimejavam e estavam meio inchados e os cabelos ruivos apontavam para várias direções, completamente bagunçados. Vê-la nesse estado partia o meu coração, realmente, ver a sua própria mãe chorando era a pior sensação do mundo.

– O que aconteceu? – perguntei limpando as lágrimas que ainda caiam de seus olhos.

– N-nada, eu só... preciso ficar com pouco sozinha e pensar – Lily disse soluçando (eu já mencionei que isso quebrava o meu coração?).

– Mas o que aconteceu? Talvez eu possa te ajudar, mãe – quando eu disse essa última palavrinha, ela saiu correndo e eu nem consegui ver direito para onde ela estava indo. Eu não podia deixar a minha mãe sozinha por aí naquele estado, então resolvi ir atrás dela, mas antes que eu dobrasse o corredor, alguém gritou.

– LILIAN! ONDE VOCÊ ESTÁ? – me virei e avistei os Marotos, Marlene e a Papoula Pomfrey (a enfermeira) – Harry! Harry! Você viu a Lily? – Lene me perguntou e eu assenti.

– Pra onde ela foi? – meu pai me olhava preocupado. Era impressão minha ou ele estava meio triste?

– Eu não sei, eu a encontrei e ela estava chorando, daí eu perguntei o que aconteceu, ela não quis me responder e depois saiu correndo.

– Esse jovens! – Papoula queixou-se – Será que não sabem que precisam repousar? Se vocês a encontrarem, me avisem – ela virou as costas e começou a andar de volta à enfermaria, ainda reclamando dos jovens bruxos de hoje em dia.

– Onde será que ela está? – Sirius perguntou olhando a sua volta, como se esperasse que minha mãe aparecesse do nada.

– Ela pode estar em qualquer lugar agora – Lene abaixou os olhos, pensando em que lugar ela poderia estar.

– O mapa do maroto! – eu e meu pai berramos juntos. Sorri involuntariamente e vi que ele fez o mesmo.

– Ótima ideia! – Sirius sorriu – James, você trouxe o mapa com você?

– Não... – Pontas respondeu meio chateado.

– Eu tenho o mapa, está lá no dormitório – eu disse levantando a mão e todos nós fomos andando em direção ao Salão Comunal da Grifinória. O clima tenso no ar mostrava a preocupação de todos. Onde será que minha mãe estava?

Chegamos ao retrato da Mulher Gorda, eu disse a senha e quando nós entramos, vi que Rony e Hermione estavam sentados nas poltronas de frente à lareira, os dois nos viram e vieram correndo na minha direção.

– Harry! – Hermione começou eufórica – Snape está furioso, por que você faltou à aula dele e quer falar com você!

– Ele nem tinha percebido que você não estava lá, mas o Malfoy te entregou – Rony completou e eu ouvi meu pai e Sirius questionarem: “Seboso?”

– Maldito seja esse Malfoy – eu cerrei os olhos, com raiva.

– Espera aí, o Seboso é professor?!

– É Sirius, ele é o professor de DCAT – Mione explicou – Ah, muito prazer em revê-los, sou Hermione Granger e esse é Ronald Weasley.

– Oi – todos cumprimentaram e os Marotos ainda estavam incrédulos com a ideia de o Snape ser professor.

– Hã... gente, nós não tínhamos uma coisa pra fazer não? – Lene nos lembrou do desaparecimento de Lily.

– É verdade! Meu Lírio sumiu! – parecia que meu pai tinha levado um choque e do nada ele começou a subir as escadas atrás do mapa.

– Sua mãe sumiu? – Rony me perguntou e eu assenti. “Tomara que ela esteja bem” pensei comigo mesmo.

POV MARLENE

Primeiro problema: Lily sumiu. Segundo problema: ela é muito cabeça - dura e não quer dar uma chance ao James. Ele realmente gostava dela, ela não acreditava e isso já estava começando a me dar nos nervos. Fazer o que, vai entender o que se passa na cabeça daquela ruiva...

Nós todos estávamos subindo as escadas para o quarto de Harry, quando eu senti alguém me puxar, me desequilibrei e teria caído no chão se Sirius não tivesse me segurado.

– Que susto, cachorro! – reclamei e ele soltou um risinho.

– Ah Lene... eu nem falei muito com você depois que nós viemos parar nesse tempo... – ele fez um biquinho enquanto se aproximava.

– Depois que VOCÊ trouxe a gente aqui – o olhei marota.

– Vai me culpar também, é? – ele sorriu, chegando cada vez mais perto. Nossos rostos estavam a milímetros de distância agora e eu conseguia sentir a sua respiração. Eu não sabia o que estava acontecendo, de uns tempos pra cá eu me sentia diferente perto dele, quer dizer, antes nós só ficávamos por ficar e agora sempre que ele se aproximava meu coração dava uns saltos e eu começava a ficar nervosa.

– Isso é completamente culpa sua – sussurrei em seu ouvido e percebi Sirius se arrepiar.

Ele olhou nos meus olhos e aquela maldita sensação de nervosismo tomou conta de mim de novo. Quando eu me dei conta, estava corada.

– Marlene Mckinnon com vergonha? – ele passava as mãos nas minhas bochechas, agora muito vermelhas – nunca pensei que iria presenciar essa cena – ele gargalhou.

– Cala a boca, Sir... – comecei a dizer meio brava, mas nem consegui terminar porque ele me beijou.

Um beijo calmo e doce. Ele passava as mãos pelas minhas costas e eu segurava gentilmente o seu pescoço. Foi um beijo diferente, foi... especial, talvez. Ele pediu passagem e eu, é claro, a concedi.

Várias imagens passavam pela minha cabeça naquele momento, dentre elas, o nosso primeiro beijo.

Flashback on

Quarto ano – Salão Comunal da Grifinória.

Era meia noite e eu estava sentada no parapeito da janela do Salão Comunal, chorando. Já faziam uns trinta minutos que eu estava lá e as lágrimas não cessavam.Tudo estava muito quieto, o único som que eu ouvia (além dos meus soluços) era o pio das corujas que estavam lá fora na floresta.

– Lene? – escutei uma voz me chamar e quando eu me virei vi que Sirius estava descendo as escadas do dormitório masculino – o que houve?

– N-nada... – disse tentando limpar as lágrimas, o que foi inútil, já que outras escorriam tomando o seu lugar.

– Foi o Amós, não foi? – Six estava bravo – eu vou acabar com ele – ele começou a andar em direção ao retrato da Mulher Gorda, mas eu o impedi. Não era ele que devia quebrar a cara do Amós, eu que devia fazer isso. Eu que devia acabar com ele, depois de tudo que ele me fez.

– Não! – berrei e o puxei pelo braço, só que ele acabou se desequilibrando e caindo sobre mim. Nós estávamos muito próximos, eu encarava os seus olhos negros e percebi o quanto ele queria aquilo. Mas será que era mesmo o certo? Sirius sempre foi meu melhor amigo e a última coisa que eu queria era acabar com a nossa amizade.

Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ele me beijou. Um choque percorreu o meu corpo e eu correspondi ao beijo do moreno. Nós ficamos assim por algum tempo, apenas sentindo a presença um do outro, mas tivemos que parar, por causa do fôlego.

Six se levantou sorrindo e deu a mão para que eu me levantasse também. Graças a Merlin estava escuro e ele não ia conseguir perceber eu estava completamente corada.

– E aí? Como você se sente por ter acabado de beijar Sirius Black? – ele perguntou marotamente e eu sorri.

– Tudo, menos lisonjeada – respondi no mesmo tom.

– Me engana que eu gosto, hein, dona Marlene – ele se aproximou e começou a fazer cócegas em mim.

Flashback off

E assim aconteceu o nosso primeiro e completamente inesperado beijo.

– Hã... estou atrapalhando alguma coisa? – eu e Sirius nos separamos imediatamente e nos deparamos com um James no topo da escada, sorrindo malicioso para nós – foi mal eu ter interrompido o casal, mas nós já sabemos onde a Lily está e achei melhor avisar vocês dois – se ele não tirasse aquele sorrisinho do rosto, eu ia bater nele.

– Não somos um casal! – Sirius disse e, de algum modo, aquilo me deixou chateada.

– Aham, não são, to sabendo... – Jay ainda sorria.

– Onde a Lilian está? – perguntei mudando de assunto.

– Ela não está em nenhum lugar do mapa, então provavelmente está na Sala Precisa. Nós estamos inda pra lá agora, querem vir?

– Claro – respondi e me virei para Sirius – Você vem, Six?

– Hã...podem indo, eu... eu encontro vocês depois.

– Então tá... vem Lene, os outros já estão descendo – James me chamou e eu o acompanhei. “Por que Sirius estava tão estranho?” franzi a testa e, com essa pergunta em mente, fui andando em direção a Sala Precisa.

POV SIRIUS

Eu não sei o que aconteceu comigo. Aquele beijo... aquele beijo foi... MEU MERLIN, O QUE ESTÁ ACONTECENDO COMIGO?

A Lene sempre foi minha melhor amiga, a única coisa que eu sentia por ela era afeto entre amigos, certo? Quer dizer, eu não posso sentir mais nada por ela, não é? Eu nunca pensei em namorar sério com alguém e me apaixonar estava completamente fora de cogitação. Mas depois daquele beijo... eu não sei mais o que eu sinto por ela.

Algumas vezes eu me pegava pensando nela, nos seus cabelos castanhos, nos seus olhos azuis feito gelo que sempre me encaravam sarcasticamente e ironicamente e na sua boca... a sua boca macia nos meus lábios e... PARO, PARO, PARO! PARA DE PENSAR NISSO, ALMOFADINHAS!

Balancei a cabeça, tentando tirar todos aqueles pensamentos relacionados à Marlene do meu cérebro e resolvi ir até a Sala Precisa, para ver como a Lily estava.

Quando eu estava andando pelos corredores, vi um pedaço de papel com uma foto de Harry, jogado no chão. Era uma parte do Profeta Diário, o papel estava amassado e bem gasto, mas ainda dava para ler. Rolei os meus olhos pela folha e olhei a manchete bem grande no topo da página: “HARRY POTTER: SERÁ ELE O ELEITO?”.