Desembarcamos no aeroporto de Nova Deli. Na calçada caminho ao lado de Reynolds que leva minha arca. Somos empurrados por mulheres que carregam cestos em suas cabeças e alguns homens com baldes de água em seus ombros. Os carros quase não andam por causa do congestionamento. O barulho é irritante, buzinas e gritos por todos os lados. Fico encantado com os bonecos e objetos que nos tentam vender. Reynolds da um sorriso que desde o nosso ultimo treino em Esmirna ele não dava. Ele sempre foi brincalhão, mas os últimos acontecimentos o abalou muito, melhor a nós dois. 

– Nossa aqui é bem movimentado. – digo em voz alta. 

– Sim, aqui é uma das cidades mais populosas da Terra. Se esconder aqui seria perfeito. – disse Reynolds.

Se perder na multidão, me parece ser um bom plano, pensei.

O céu já estava escuro e buscávamos uma estalagem ou hotel para passarmos a noite, mas todos estavam cheios, fomos a nove diferentes e nenhum havia vaga.

– Rey estou cansado. – digo.

Ele olha pros lados e vejo que ele também está esgotado.

– O que acha daquilo? – disse Reynolds apontando para uma ponte.

– Dormir na rua? – digo espantado.

– Eu sei que pode ser desconfortável, mas não temos para onde ir, amanhã cedo buscaremos um lugar para nos instalarmos. – disse Reynolds esfregando minha cabeça.

Estava tão cansado que concordei.

– Tomara que não tenha goteira.  – disse Reynolds rindo, rio também porque só ele para rir num momento como esse.

Pensei em falar com Reynolds sobre o sonho que tive com a numero Um, mas esperaria um momento melhor.

Já era de manhã, quase não dormimos, ficamos com medo que nos roubassem, passamos toda a noite tentando escolher um nome pra mim e escolhi Naveen. Caminhamos até os lugares que visitamos ontem outra vez e encontramos uma pousada para finalmente descansar.

A pousada não era muito grande tinha cinco quartos e dois banheiros e uma cozinha. Chegamos depois do café da manhã e estávamos muito cansados. Reynolds e eu estávamos no mesmo quarto, mas em camas separadas e assim que a vi me joguei encima dela.

– Esta com fome magrelo? – disse Reynolds sorridente.

Fiz um gesto negativo com a cabeça e dormi.

Acordei as 04:00pm, Reynolds não estava no quarto, mas tinha deixado o almoço pronto em um prato com bilhete.

FUI AO MERCADO VOLTO LOGO.

Aproveitei o tempo sozinho e olhei melhor para minha cicatriz e me lembrei do sonho que tive com a número Um. Ainda não tinha contado nada para Reynolds, não queria preocupa-lo, ele parecia estar feliz.

– Acorda magrelo. – disse Reynolds abrindo a porta e me jogando uma manga. – Experimenta isso você vai adorar. 

Devorei aquela manga em questão de segundos, pois não comia nada desde que saímos da Turquia. 

– Nossa que gostosa essa fruta. – falei com a boca toda suja. 

– Depois temos que ir ao mercado, tem muita coisa exótica e diferente lá.

Dei um sorriso meio falso, Reynolds percebeu na hora, ninguém me conhecia melhor do que ele, melhor ele era o único que me conhecia realmente.

– O que aconteceu, não gostou da Índia? 

– Tem uma coisa que preciso te falar.

– O que foi? – disse Reynolds serio.

– Quando eu desmaiei tive um sonho. Acho que era a número Um.

– Como assim? Me conta como foi esse sonho.

Contei meu sonho para Reynolds, falei da Cêpan Hilde e ele se lembrou dela, falei como eram os mogadorianos, falei do legado da Um e como foi sua morte.

– Porque eu sonhei isso? Será que verei todos eles morrerem? – perguntei.

Vejo que Reynolds tenta buscar uma desculpa em cabeça.

– Vocês nove estão ligados e ninguém mais vai morrer. – disse tentando me confortar.

– Como assim ligados?

– Antes de sairmos de Lorien o Ancião Loridas fez um feitiço para proteção de vocês, ninguém poderia matá-los fora da ordem dos números. Você é o numero Oito.

– Eu sei que sou o numero Oito, então quer dizer que para eu morrer os sete que vem antes de mim tem que morrer? – pergunto confuso.

– Se vocês estiverem separados sim, o feitiço só funciona se vocês estiverem longe uns dos outros, quando a Garde estiver reunida o feitiço se desfaz. Por isso devemos treinar para que vocês fiquem fortes e controlem seus legados. Só assim podemos vencer os Mogadorianos e voltar para Lorien.

– Mas como voltaremos para Lorien se lá está praticamente tudo morto?

– Lorien não está morto, apenas está dormindo, ele ainda vive e vamos reconstrui-lo.

– Eu sou muito fraco, eu vi os mogs no meu sonho e eles acabaram com a Um bem rápido e você sempre me chama de magrelo. Como um magrelo vencerá um exercito?

– O nariz daquela enfermeira não diz que você é fraco. – disse Reynolds rindo.

– Hahaha, eu acertei ela bem em cheio. – rio também.

– Mas você precisa melhorar muito, seus legados vão demorar alguns anos para aparecer, mas vou te treinar para ficar mais rápido e forte igual o Hulk. – disse Reynolds rindo.

Faço uma cara semelhante a do Hulk e levanto meus braços finos por cima da cabeça e grito.

– Haaaaaaaaaaaaaaaaaaa.  - e pulo sobre Reynolds que me faz cocegas.

– Magrelo, acabou a moleza amanhã começa o treino sério.