Dançarina Das Marés escrita por A Garota do Capitão


Capítulo 8
Palavras Não-ditas




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As semanas se passaram, e nada emeaçador veio da parte daqueles homens ao meu respeito. Na verdade, pareciam até ter esquecido completamente daquele episódio das jóias, e aproveitavam tranquilamente o atual sucesso nas pilhagens das embarcações, e nos altos lucros conseguidos as custas de mercadorias e bens alheios.

Em poucas semanas, tomaram e assaltaram uma grande quantidade de navios mercantes. Os marujos e o capitão do “Libertá” estavam satisfeitos com a grande quantia que haviam conseguido. Eu gostava de ver Richard animado daquele jeito. Meu coração disparava ao vê-lo sorrir com seus dentes de ouro, era uma mistura de temor e atração por ele, não sei ao certo o que sentia, porém sabia de uma coisa; queria senti-lo o tempo todo.

No entanto, apenas um homem parecia ainda infeliz, Jasper. Talvez fosse porque seus companheiros viviam implicando com ele devido ao seu relato sobre mim, que agora virara piada á bordo. Acredito que ele se arrependeu amargamente do dia em que mencionou a mim naquela embarcação. No início, fiquei feliz por ele estar sendo tratado daquela forma pelos outros, mas depois me deu certa pena, o homem parecia estar aos poucos aceitando a idéia de que estava ficando louco. Seu amigo Lucius, que chegou a acreditar nele primeiramente, agora duvidava da sanidade de Jasper, dizendo repetidamente para ele esquecer essa história de sereias e seguir em frente.

O pirata debruçava-se na amurada á noite e ficava horas olhando para água. Quando alguem aparecia, ele disfarçava, fingindo estar fazendo outra coisa, mas logo depois voltava a sua obsseção. De alguma forma, ele parecia saber que eu estava ali, acompanhando-os. Parecia sentir minha presença no mar abaixo de seus pés.

Abria a boca de vez em quando, como se fosse dizer algo ao oceano, mas logo depois desistia, passando a mão nos cabelos bagunçados e afastando o pensamento de sua mente. Me tornei muito curiosa para saber o que ele tanto gostaria de dizer mas nunca o fazia. Talvez fosse falar comigo...É, na verdade, ele parecia estar tentando decidir se aquilo era certo ou não, se era loucura ou apenas uma verdade confusa que ele estava tentando descobrir.

O escuro da madrugada me escondia por entre as ondas fracas na superfície. Eu podia vê-lo de perto, sem que ele me notasse. A luz fraca da lamparina iluminava pouco aonde o pirata estava, deixando o resto do convés em uma penumbra leve, apenas dando para ver o contorno fraco dos objetos ao seu redor. Jasper estava sentado sobre um barril ao lado da amurada, apoiava os braços na mesma, enquanto sorvia um gole da bebida da caneca em suas mãos, fitando sempre o oceano a sua frente. Ficou alguns minutos assim, até abrir a boca novamente , como se fosse falar. Aproximei-me mais do navio, valendo-me do escuro da noite, apenas esperando para ouvir o que ele teria a dizer, e rezando secretamente, para que ele dissesse...


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