Dançarina Das Marés escrita por A Garota do Capitão


Capítulo 47
Simplesmente um Toque




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Quando fui finalmente içada para fora d'água e puxada bruscamente para dentro da embarcação, a minha visão por parte dos homens foi rapidamente seguida uma balbúrdia no convés do pequeno barco de pesca. Os pescadores alarmados falavam várias coisas ao mesmo tempo entre si, enquanto alguns deles já assustados preparavam os facões e cutelos para me atacar. 

Seguravam firmemente a rede comigo ainda presa nela, ao mesmo tempo em que descutiam a plenos pulmões sobre o que fazer comigo. A maioria parecia querer me matar porém alguns achavam que eu poderia lhes render algum dinheiro. Aquilo tudo continuou incessantemente por alguns segundos que pareciam ser uma eternidade para mim. Não emiti uma só palavra enquanto tudo ocorria, apenas observava angustiada e com medo do que viria a seguir. Não tinha esperança de que minhas palavras pudessem fazer alguma diferença em minha sentença portanto permaneci em silêncio enquanto meus captores tomavam sua decisão. Porém preferia antes ser morta do que virar atração em um espetáculo de aberrações até o fim dos meus dias. 

O sol estava quente o que parecia cada vez mais ajudar a inflamar o ânimo dos homens que tentavam gritar uns mais alto que os outros no intuito de fazer ser ouvida sua opinião. Aquilo tudo fazia meu desespero crescer ainda mais, e tornava a já tão breve espera ainda mais torturante. Assustada, me encolhi o máximo que pude, trazendo a cauda próxima ao peito e abraçando-a  com meus braços, da mesma forma como faz uma criança quando está com medo. Em seguida abaixei a cabeça por entre os braços e não consegui segurar as lágrimas que corriam pelo meu rosto. 

A confusão continuou por alguns segundos, até um homem surgir e impor ordem. Talvez fosse o capitão do barco pesqueiro, não sei ao certo pois não levantei os olhos para fitá-lo, ouvi apenas sua voz firme que parecia fazer um esforço para se sobrepor a dos demais homens, no entanto na confusão não me era possivel ouvir com clareza. 

Ao fazer os outros finalmente se calarem, pude ouvir os passos do capitão se aproximando. Levantei os olhos apenas alguns centímetros e vi suas botas parando a minha frente e a ponta de um facão de lâmina afiada que ele tinha empunhado em sua mão direita. Diante de mim, meu executor não emitiu uma só palavra. Eu por minha vez podia sentir o olhar imponente dele sobre mim, aquilo foi o bastante para me fazer abaixar os meus olhos novamente e voltar a fitar a madeira do convés. Não tinha coragem de encará-lo e sinceramente nem ao menos queria fazer isso. Não iria implorar pela minha vida a um pescador imundo, se ele quisece me matar que o fizece de uma vez. 

Ele empunhou o facão mais alto e pude sentir que me ia desferir o golpe. O homem segurou a rede bruscamente puxando-a para perto de si, juntamente comigo presa a ela. No momento seguinte, rapidamente a lâmina brilhante do facão percorreu o ar próxima a mim, por minha vez não me contive e gritei ao ter a sensação de que a mesma iria me atingir, no entanto meu grito logo se extinguiu ao não sentir a dor que deveria vir em seguida. 

Abri os olhos e vi que a rede fora cortada e desembolada ao redor do meu corpo. Fiquei confusa por alguns segundos, sem saber ao certo o que pensar, até sentir um toque percorrer minha cauda. A mão áspera devido ao trabalho percorreu as minhas escamas que reluziam a luz do sol, seu toque era acalentador e firme, porém possuia uma estranha delicadeza que me transmitiu calma e a sensação momentânea de que tudo iria acabar bem, de que eu estava finalmente segura. 

Meus olhos logo focaram nessas mãos e eu as reconheci imediatamente, assim como os anéis que nela haviam. Um sorriso surgiu no meu rosto e sem nem ao menos perceber as lágrimas já me corriam pela face novamente, no entanto não eram mais as de medo. 

-Olá, minha peixinha. -sua voz chegou aos meus ouvidos e eu o fitei sorrindo, sem nem ao menos conseguir dizer nada a não ser uma palavra;  

-Jasper.  


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