Dançarina Das Marés escrita por A Garota do Capitão


Capítulo 40
Rumo a Novas Águas




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A medida em que o sol se levantava lentamente iluminando o recife, as demais criaturas começavam a se mobilizar. Pequenos peixes coloridos moviam-se apressados por entre os corais, enquanto moreias se escondiam mais para o fundo nos buracos das rochas incomodadas pela luz. Outras criaturas marinhas como crustacéos e cefalópodes saíam de suas tocas a espreita em busca de alimento, ao mesmo tempo em que outros peixes mais despreocupados brincavam ao redor dos recifes. As algas e corais silenciosos por sua vez, aproveitavam a luz do sol enquanto eram suavemente acariciados pelas marés. Eu apenas assistia de perto aquela sinfonia silenciosa, aproveitando a calma que tudo aquilo me passava. Não me lembrava do quanto havia sentido falta disso tudo até estar novamente de frente a aquele espetáculo. A tranquilidade da manhã em um recife de corais é algo que faz com que eu me sinta incluída em um todo, me fazendo esquecer por um momento de tudo que passei e relembrando-me de que este é o meu mundo. Mesmo que as vezes seja solitário e assustador, são momentos como esse que fazem valer a pena os ruins. 

No entanto, parte da minha mente parecia não querer libertar-me dos pensamentos relacionados ao Jasper. Logo tratei de tentar afastá-los, começando a pensar no que faria dali para frente. Aonde iria ? Qual seria meu objetivo agora ? Nada. Nenhuma resposta me veio a mente. 

Se deparada com essas perguntas qualquer outra sereia normal iria dizer que seu objetivo seria encontrar um parceiro e formar um clã, mas eu não via essa como uma opção de futuro para mim. Primeiro, apesar de minhas costas estarem se curando rapidamente, as cicatrizes das chibatadas ficariam marcadas em minha pele para sempre e qualquer tritão que as visse saberia que aquilo não poderia ser provocado por nada no oceano, a não ser humanos. E uma sereia que se envolve com humanos não é bem vista em nossa sociedade. Segundo, eu não tinha vontade nenhuma de me unir a ninguém no momento, ainda mais alguem que fosse me julgar pelo que fiz ou deixei de fazer. E terceiro, não poderia formar um clã enquanto ainda estivesse com aquele pirata no pensamento. 

Mas quem sabe, talvez passando um tempo novamente com aqueles da minha espécie eu o esquecesse e voltasse a ser aquela que era antes de conhecé-lo. Aquilo poderia mesmo funcionar, e como não havia uma outra opção no momento decidi por aceitá-la. A idéia que me ocorreu em seguida foi ir para a corrida das sardinhas que era a maior migração de todas que acontecia nesta época do ano, que reunia diversas espécies de prepadores que iam para lá atrás das sardinhas, incluindo nós. Qualquer clã próximo se dirigiria para lá para caçar, e essa seria uma ótima oportunidade para mim. Minha própria mãe quando era jovem formara seu clã com um companheiro que encontrou neste mesmo lugar há anos atrás, meu pai. Talvez eu mudasse de idéia com o fato de formar um clã quando chegasse lá e no futuro pudesse ter enfim uma vida normal como qualquer outra fêmea da minha espécie.

Não demorei muito para partir, e antes mesmo do sol estar alto no céu eu nadei rumo a novas águas.


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