Dançarina Das Marés escrita por A Garota do Capitão


Capítulo 36
Fuga pela Liberdade




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Subimos á bordo novamente e após tirar-me a corrente, Carter logo me levou de volta ao porão. No entanto, quando chegamos em frente a cela e ele levou a mão a cintura para pegar as chaves, não as encontrou.
-Mas que diabo ?!- o pirata colocou-me no chão, procurando novamente, desta vez com mais atenção, porém não as encontrou. Então virou-se sério para mim. -Onde está ?
-O que ? -perguntei confusa, fitando-o
-Como assim "o que" ?! O diabo das chaves ! -ele exclamou nervoso
-Eu não sei. -respondi séria
-Não me venha com essa, se essas chaves não aparecerem em três segundos a coisa vai ficar feia ! -Carter me ameaçou
-Talvez tenham caído pelo convés...Não estão comigo, falo sério. -disse, mostrando-lhe minhas mãos
-Eu irei subir para procurar, se não estiverem lá saberei que foi você, sereia. Fique aí e se mover um músculo vai ver só quando eu voltar ! -ele disse em tom ameaçador, subindo apressado de volta ao convés.
Aproveitei, e rapidamente tirei as chaves do decote do espartilho, jogando-as para Santiago.
-Há apenas dois homens de vigia no convés, contando com o timoreiro. Os demais estão nos dormitórios no convés inferior e Richard está na cabine do capitão. Sejam rápidos.
Santiago abriu a cela em que ele e os homens estavam, em seguida, abriu a da esposa.
-Mas e o outro brutamonte ? -Javier perguntou, referindo-se ao Carter
-Espere ele descer e corram para o convés, eu dou um jeito de atraza-lo -falei
-Mas e você ?-Anita perguntou preocupada
-Eu vou em seguida -falei
-Mas não pode andar, como fará isso ?-Pablo indagou, olhando de relance para minha cauda
-Eu a carregarei. Subam com a Anita e preparem o bote para a fuga. -disse Santiago em resposta-Cuidem dos vigias no convés e sejam rápidos -ele deu a ordem para seus homens.
Em seguida, pudemos ouvir os passos de Carter se aproximando.
Santiago e os outros esconderam-se atras de alguns caixotes próximos.
-Me diga, onde estão as malditas chaves ?! -Carter exclamou para mim mais nervoso que o normal, no entanto em sua fúria sem reparar nas celas.
-Ande ! Fale ou eu arranco todas as escamas do seu corpo !- ele me ameaçou
-Pois bem...Estão com ele. -sorri, indicando Santiago com a cabeça atrás dele.
O pirata mal pode se virar, rapidamente o espanhol o acertou com força com um cabo de um esfregão, que se partiu em dois.
-Vamos logo ! -ele exclamou, após Carter cair.
Seus dois homens juntamente com Anita, subiram na frente, onde começaram a preparar a fuga. Ele me ajudou, pegando-me no colo o mais rápido que podia. Porém quando íamos subindo a escada em direção ao convés, Carter ergueu o corpo novamente.
-Você irá se arrepender por isso, espanhol !-ele rugiu, puxando sua arma do cinto e engatilhando-a
-Corre ! -gritei para ele, que subiu comigo o mais rápido que podia, com Carter logo atrás.
Chegando ao convés, onde seus homens já haviam preparado o bote, alguns dos marinheiros de Richard também já haviam ouvido a confusão e se mobilizavam.
-Fuga de prisioneiros ! -Carter exclamou para a tripulação confusa, ao finalmente chegar ao convés, caminhando com dificuldade.
-Rápido, Capitão ! -Javier exclamou já de dentro do bote junto com Anita e Pablo, que estava prestes a ser baixado até a água
Neste momento, ouviu-se um tiro, e eu fui jogada de encontro ao chão. Carter havia acertado o braço de Santiago, que com a dor não aguentou o peso do meu corpo, deixando-me cair. Sua blusa antes branca, agora estava tingida de um vermelho vivo.
Ele levou a mão ao braço, enquanto ao mesmo tempo tentava me ajudar.
-Eu te avisei ! -Carter exclamou aproximando-se, jogando para o lado a arma descarregada e sacando seu cutelo afiado da bainha
-Vai ! -ordenei a Santiago
-Mas...-ele olhou para mim, parando por um segundo
-Vai logo ! -mandei, e ele se afastou rapidamente juntando-se a mulher e aos demais no bote.
As cordas foram soltas, e a pequena embarcação desceu velozmente de encontro a água. Eles rapidamente trataram de começar a remar para se afastar.
No navio, os piratas já preparavam os mosquetes para atirar, porém tudo ainda era muito confuso devido ao fato eles terem sido pegos de surpresa.
Eu por minha vez, arrastei-me em direção a amurada, no intuito de pular de encontro a água. Segurei na mesma, erguendo meu corpo com toda a força que tinha em meus braços. No entanto, quando já podia finalmente me jogar de encontro ao mar, fui segurada por Peter mais que depressa, que me puxou de volta para dentro.
-O que está fazendo ?! -perguntei abismada
-Seguindo ordens. Se você fugir, todos nós seremos punidos por sua causa ! Não vou deixar isso acontecer ! -o grumete exclamou, segurando-me firmemente.
Com o escuro da noite, o bote logo desapareceu em meio a mar, tornando impossível uma mira precisa dos piratas, os quais suspenderam o ataque.
Carter furioso veio até mim, empurrando o grumete com violência e segurando-me pela cauda, arrastando-me em seguida pelo convés e me prendendo por algemas, na base do mastro principal enquanto praguejava maldições.
Neste meio tempo, Richard surgiu exclamando chingamentos e gritando com os homens.
-Vocês são um bando de vermes imprestáveis ! -o capitão os insultou, furioso -Qual dos cães sarnentos estava responsável por vigiá-los ?!
-Eu, senhor. -Carter se apresentou, um pouco hesitante.
-E pode me dizer como foi deixar isso acontecer, seu inútil ?! -o capitão gritou nervoso, aproximando-se dele
-Capitão foi aquele espanhol...-Carter abriu a boca para acusar Santiago, no entanto eu sabia que o pirata já tinha certeza que fora eu que pegara as chaves, porém ele surpreendeu-me ao não me denunciar. Richard irritado não quis nem ouvir sua explicação, e o interrompeu.
-Não me interessa. Você era o responsável ! Tem idéia de como irá nos prejudicar se eles chegarem em terra e relatarem isso á marinha ?! Irão vir com uma armada atrás de nós ! Torça para que eles morram antes de alcansar terra, para seu próprio bem !
Desta vez Carter apenas se calou, mantendo uma expressão severa, ouvindo as palavras de Richard.
- E se pensa que irá ficar barato se engana ! -Richard continuou, antes de exclamar; -Contramestre !
-Sim, senhor ? -um marujo alto e robusto, com a pele vermelha por causa do sol se apresentou.
-Dê a Carter a punição de sete chibatadas para aprender a não se desviar de seus deveres. -o capitão ordenou
-Mas a culpa não foi dele. -falei, me pronunciando perante aquela injustiça.
-Como disse ?- Richard disse nervoso, se aproximando de mim com olhos furiosos.
-Disse que a culpa não foi dele -repeti em uma repentina coragem de enfrentar a fera.
-Quer saber ? -Richard levantou as sombrancelhas, com um sorriso irônico nos lábios -Você tem razão. A culpa não é do Carter, não apenas dele...
Ao mesmo tempo Carter olhou sério em meus olhos, negando discretamente com a cabeça, em sinal de não devia ter dito nada. Em seguida, Richard continuou:
-Portanto, dê a ela cinco chibatadas para que não faça mais tolas tentativas de fuga e aprenda a ficar de boca fechada. E a propósito, aumente as dele para dez. -Richard disse ao contramestre rindo debochado, antes de se virar para Carter -Agradeça a sua nova amiguinha pela punição extra.
Logo em seguida o contramestre, empurrou Carter contra o mastro, enquanto outro marujo rasgava sua camisa deixando suas costas a mostra. Ao mesmo tempo, um outro pirata usou sua adaga para cortar os cordões que prendiam meu espartilho nas costas, deixando minha pele a mostra para receber a punição.
O contramestre pegou em seguida uma espécie de chibata formada por várias tiras de grossas de couro e longas, as quais tinham nós nas pontas.
Carter aceitou sério, sem nem ao menos dizer nada para tentar reverter a situação, pois no fundo sabia que não adiantaria. Ele apoiou-se firmemente no mastro, e quando o chicote estalou nas suas costas, ele nem ao menos gritou. O sangue escorria por suas costas a medida que o contramestre desferia os golpes e contava as chibatadas dadas. O pirata mantia-se firmemente ereto perante cada um deles, enquanto tentava lutar internamente com a dor que lhe era provocada.
Me lembro de ter sentido uma compaixão enorme por ele. Apesar de rude, eu devia admitir que aquele pirata era corajoso. Ele não se permitia dar a Richard o gosto de vê-lo gritar, o que no fundo infurecia o capitão. Eu por minha vez, não consegui fazer o mesmo, pois quando a primeira chibatada atingiu minhas costas, gritei alto de dor. Richard riu, mandando o contramestre prosseguir com os golpes.
Olhei nos olhos de Carter ao meu lado, no breve intervalo entre uma e outra, e talvez pudesse ser apenas imaginação minha, porém eu podia ter certeza que naquele momento seu olhar demonstrava pena em relação a mim.


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