Dançarina Das Marés escrita por A Garota do Capitão


Capítulo 33
Gentilezas do Cárcere




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Ele mandou Peter pegar algumas coisas, dentre elas um medicamento, o qual ele derramou sobre minha ferida, que ardeu como se estivesse queimando-me. Em seguida, o pirata amarrou uma atadura ao redor da base da minha cauda.
-Pronto, isso deve dar... -Carter disse após terminar.
-Obrigada. -agradeci, olhando em seus olhos castanho-escuros
-Não pense que fiz isso por você, apenas não quero que morra antes de pegar todo ouro de dentro d'água -Carter disse, desviando o olhar do meu
-Mesmo assim, eu fico grata. -falei percebendo certa empatia por trás do seu jeito severo
Ele ficou em silêncio por alguns segundos, antes de tomar a palavra novamente.
-Melhor você ir dormir, já está ficando tarde...-o pirata disse, erguendo-se e dirigindo-se até a porta da cela
Recostei-me contra a parede para descansar. A luz fraca da lamparina que iluminava o porão, fazia sombras no chão que dançavam de acordo com o movimento do mar sob o casco da embarcação. O frio crescia a medida que a noite avançava. Encolhi-me, para tentar me aquecer.
Carter já ia deixando o porão, com a lamparina em mãos, quando voltou atrás por um momento, dividido. Iria retomar seu caminhar até o convés, no entanto pensou por um segundo, e por fim decidiu-se por voltar até a cela e pegar a manta que Peter havia trazido mais cedo e deixado sobre um barril próximo. Ele abriu novamente a cela em que eu estava e cobriu-me com a manta, antes de virar-se rapidamente e sair.
-Não se acostume, sereia. -o pirata disse após trancar-me novamente.
Apenas o fitei, enquanto o mesmo subia de volta ao convés, levando consigo a luz da lamparina e deixando-me no escuro do porão. Não entendi o fato dele ter ficado naquele dilema em me dar o cobertor, mas tendo em vista sua natureza rude, pude notar que aquele gesto era de excessiva gentileza para alguém como ele.
Agora envolvida com a manta e não sentindo tanto frio como antes, pude finalmente descansar. Eu estava completamente exausta, devido a isso, nem ao menos incomodei-me com a dureza do chão, e adormeci.
Despertei apenas na manhã seguinte, quando ouvi passos se aproximando. Ao erguer meu corpo, vi que era Peter que tinha uma bandeja em mãos.
-Lhe trouxe comida -o grumete anunciou indicando a bandeja, enquanto abria a cela.
Ele entrou, colocando a bandeja no chão próxima a mim. Nela continha um prato com um pouco de peixe salgado e um copo com água. Ao olhar aquilo, meu estômago embrulhou.
-Não, obrigada. Não como peixes que morreram há mais três anos atrás...-disse irônica
-Então vai ficar com fome, não tem mais nada além disso... -o rapaz falou, saindo da cela e fechando-a -Sugiro que coma, o capitão não vai gostar nada se desobedecer. -ele disse sério por entre as barras
-Até quando vai continuar se importando com o que o capitão gosta ? -indaguei fitando-o
-Até eu me ver bem seguro em terra, fora desse navio. E se você for esperta, fará o mesmo. -o grumete advertiu-me, afastando-se.
Algumas horas se passaram, e eu estranhei o fato de ninguém ter vindo me buscar para continuar a pegar os itens afundados. No entanto, por outro lado estava aliviada por não precisar ferir novamente minha cauda com aquele maldito grilhão.
Eu passava o tempo olhando os veios da madeira do assoalho e ouvindo o som da água batendo no casco do navio. Uma melancolia me abatia quando eu pensava em como seria minha vida daqui por diante e em Jasper, onde ele estaria ? Será que ao menos sentia minha falta ? Iria procurar por mim ? E o mais importante; Eu o veria novamente ?
Fui tirada dos meus devaneios por Carter que riu encostando-se nas barras da cela.
-Pensando no seu marujo ?- ele indagou rindo, como se adivinhasse -Qual é mesmo o nome dele ? Jay ? Josh ?
-Jasper. -corrigi, antes de completar -E ele não é meu marujo.
-Não foi isso que o Capitão Richard falou, ele disse que você parecia ter uma queda por esse Jaspion...-Carter disse, fazendo pouco caso
-Jasper. -novamente o corrigi
-Que seja. Quer saber, na minha opinião foi bem melhor assim, mais cedo ou mais tarde, ele iria partir seu coração de qualquer forma...- ele disse debochado
-O que você entende de corações partidos ? -perguntei sarcástica, fitando-o séria
-Muita coisa. Já parti vários. -o pirata riu
Eu não disse nada, não querendo continuar a falar sobre esse assunto.
-Porque não vieram me buscar para que eu continuasse com trabalho de pegar o ouro ? -perguntei confusa
-Surgiu uma embarcação a estibordo, parece ser da marinha espanhola. O capitão não quer arriscar que descubram o local do navio afundado. Se continuarmos muito tempo parados em um mesmo lugar eles podem desconfiar, por isso estamos preparados para levantar velas se eles se aproximarem...mas isso será apenas em último caso. -Carter informou
-Ele irá me matar após eu pegar tudo, não é? -perguntei séria, revelando a ele parte do meu temor
-Você vale mais viva. -o pirata respondeu, então viu a bandeja de comida na qual eu nem ao menos havia tocado - Portanto, trate de comer. -ele completou
-Porque se importa comigo ? -perguntei, intrigada
-Eu não me importo. -ele rebateu sério
-Já sei, quer apenas sua parte do dinheiro. -falei séria
-Exato. -ele virou-se para se retirar
-Então me explique porque me deu a manta. -rebati séria
Carter não respondeu, apenas se afastou, subindo de volta ao convés.


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