Dançarina Das Marés escrita por A Garota do Capitão


Capítulo 32
O Tesouro Afundado




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Após mais algumas horas navegando com o vento á favor, o Destiny finalmente pareceu alcansar o destino desejado.
Após ver e rever coordenadas em um mapa diversas vezes, Richard finalmente ordenou para que recolhessem velas e lançassem âncora.
-É aqui. O Libertá está bem embaixo de nós. -Richard anunciou confiante -Chegou seu momento de mostrar sua utilidade, querida -ele disse virando-se para mim -Soltem as mãos dela e preparem-na para entrar na água. -ordenou aos homens
-Sim, capitão. -Carter afirmou, tomando a dianteira e pegando a chave das algemas, soltando minhas mãos. No entanto, meu tempo livre não durou pois em seguida ele logo prendeu a base da minha cauda com um grilhão pesado de ferro, o qual ele segurava a corrente longa cuja era presa ao mesmo.
-Ouça com atenção; você irá mergulhar e pegar todo o ouro e prata que tiver lá embaixo -Richard disse a mim sério
-Como irei nadar com uma corrente dessas presa a mim ?-perguntei irritada, sentindo o peso do grilhão
-Se vire ! Mas garanto que se não trouxer o que eu peço, a corrente pesada será o menor de seus problemas, fui claro ?...Perguntei se fui claro ?!- o capitão elevou a voz
-Cristalino. -disse a contragosto
-Ótimo. Agora ao trabalho. -Richard disse afastando-se, deixando em cargo de seus homens.
-Hora de mergulhar meu bem, e nem pense em fazer alguma tolice, caso contrário, eu a puxarei da água tão rápido quanto se estivesse pescando um atum -Carter riu, indicando a ponta da corrente longa a qual ele estava responsável por segurar.
Outro marujo preparou-se para me pegar no colo para levar-me até a beirada do convés, porém antes que me tocasse, eu anunciei.
-Não me toque, eu mesma vou. -arrastei-me com as mãos em direção a beirada, onde havia um bote que seria baixado até a água.
-Boa menina. -disse Carter, que agora estava responsável por me vigiar. -Coloque o que achar de valor aqui dentro. -ele amarrou ao redor da minha cintura uma bolsa feita com uma rede fina. -Desceremos em um bote que ficará ao lado do navio, quando tiver pegado tudo que conseguir suba a superfície e jogue dentro dele. Evazie a bolsa, e mergulhe novamente, começando tudo de novo, até que não tenha mais nenhuma moeda se quer lá embaixo.
-Mas demorará uma eternidade !-protestei, após ele embarcar no bote acompanhado de mais dois homens.
-Então é melhor começar logo -o pirata riu mostrando seus dentes amarelados, para em seguida puxar-me para dentro do bote, que rapidamente foi baixado até a água.
Uma vez na água, eles rapidamente trataram de me jogar para fora do bote. A água gelada do mar era um alívio para mim, no entanto, a situação estava longe de ser uma oportunidade de escapar.
-Ande, não temos o dia todo -Carter exigiu, enquanto ele segurava a ponta da corrente longa que o ligava a mim, para impedir minha fuga.
Mergulhei, porém nadar com aquela corrente presa a mim era extremamete difícil, além de desconfortável, pois o grilhão pesado machucava-me quando eu movimentava a cauda para nadar. Tentei soltá-lo como podia, porém era fechado com um cadeado e a corrente grossa era impossível de ser partida.
Sem outra alternativa, desci até o fundo, onde avistei os restos do Libertá. Ele fora extremamente castigado por aquela tempestade que quase não sobrara nada intacto. Partes do mastro estavam caídas sobre o que restara do convés. Canhões estavam espalhados pelo leito marinho, juntamente com garrafas, armas e diversos objetos quebrados que agora estavam fadados ao esquecimento no fundo do mar. Haviam baús e caixotes parcialmente intactos, repletos com moedas de ouro e outras coisas de valor, as quais cintilavam espalhadas na areia branca do leito marinho.
Sem outra alternativa, tratei de começar a recolhe-las e colocar dentro da bolsa em minha cintura. Em poucos minutos, a mesma já se encontrava cheia. Subi de volta a superfície com dificuldade de nadar com o peso extra além do grilhão que machucava-me.
-Aqui. Satisfeitos ?-Joguei tudo dentro do bote, fitando séria os piratas
-Imensamente. -Carter disse em um sorriso, observando o que eu havia trazido -Agora vá buscar o resto ! -ele mandou, jogando a bolsa vazia em mim
-Mas há muitos baús lá em baixo, é impossível trazê-los. São muito pesados. -informei
-Pegue o que der, falarei com o capitão sobre os baús e arranjaremos uma solução, não se preocupe... -ele disse irônico. -O que está fazendo ainda parada aí ?! Ande, ao trabalho, querida !
Nas horas seguintes, realizei a mesma tarefa, indo ao fundo e trazendo a superfície o que conseguia. Não sei ao certo quantas vezes fiz aquele trajeto, apenas sei que no final do dia, quando a luz do sol já estava fraca, eu estava extremamente exausta e mal conseguia nadar. Ao me puxarem de volta ao bote, pude ver que a base da minha cauda sangrava devido ao grilhão pesado que batia nela a medida que eu me movia dentro d' água. Minhas escamas antes reluzentes, agora estavam manchadas de um vermelho vivo.
Ergueram o bote de volta ao convés, onde colocaram-me sentada no chão, enquanto descarregavam as coisas de valor do mesmo. Carter segurava a corrente que me prendia, enquanto os demais homens faziam o trabalho de descarregar.
-Deixe-me ver isso. -ele pediu sério, aproximando-se
Afastei-me, trazendo minha cauda de encontro ao corpo e abraçando a mesma, enquanto chorava sem emitir nenhum som.
-Não tenha medo, já trabalhei alguns anos como médico de bordo em um navio espanhol...sei o que estou fazendo. -Carter insistiu, falando em um tom de voz não típico dele.
Antes que eu pudesse consentir algo, Richard surgiu no convés satisfeito, olhando o lucro conseguido.
-Muito bem rabo de peixe, muito bem...-ele elogiou irônico, antes de se virar para Carter -Tranque-a na cela. -mandou
-Sim, capitão. -ele obedeceu, pegando-me no colo e levando-me em direção ao porão.
Eu não disse uma palavra, enquanto ele carregava-me, apenas tentava ficar o máximo que podia sem encostar no pirata.
Peter foi com ele, e abriu a cela para que o mesmo pudesse colocar-me lá dentro. Pôs-me sentada em um canto, onde tirou o grilhão que me prendia.
-Vá pegar uma manta para ela, grumete. -Carter ordenou a Peter -Ande !
O rapaz logo tratou de obedecer, subindo as escadas que davam ao porão para ir buscar o que lhe fora pedido.
Não queria olhar nos olhos do pirata, portanto mantive o olhar focado no chão. Ficar sozinha com ele assustava-me, e apesar de saber que mesmo com Peter presente o rapaz não faria nada contra Carter caso este quisece fazer algo contra mim, com o grumete perto eu não me sentia tão indefesa quanto estava agora.
-Por favor, não me machuque... -disse quase em um sussurro.
-Fique tranquila, se quisece fazer alguma coisa com você já teria feito. -ele disse com naturalidade -Agora deixe-me ver isso -ele aproximou-se para ver os ferimentos da minha cauda.
Afastei-me, não permitindo que ele me tocasse.
-Confie em mim. -ele falou sério
-Por que deveria ? -indaguei -Foi por confiar em um pirata que eu estou aqui agora...
-Eu deveria deixar sua cauda infeccionar para você aprender ! -Carter se irritou
-E porque não deixa ?! Não preciso da sua ajuda !- o enfrentei
-Porque o capitão me prometeu parte da fortuna afundada, e você ainda tem que pegá-la ! -o pirata segurou firmemente minha cauda, o intuito de ver melhor o ferimento.
-Me solte ! -mandei, enquanto tentava me desvencilhar de suas mãos
Neste momento, Peter voltou com o cobertor em mãos. Carter soltou-me em seguida ao ouvir os passos dele. O grumete por sua vez abaixou o olhar, sem dizer nada sobre a situação.
-Aqui está, senhor -ele indicou-lhe o cobertor depois de um momento em silêncio
-Deixe aí e saia -Carter mandou nervoso
Peter fez o que ele lhe mandou, e se retirou.
-Se encostar em mim, eu lhe mato !-o ameaçei
-Ah, é mesmo ?-o pirata idagou irônico -E como fará isso ?
-Assim ! -exclamei séria e rapidamente puxei a adaga que ele tinha em seu cinto, e velozmente avancei com a lâmina em direção ao pescoço dele, porém antes que a mesma pudesse tocar sua pele, o pirata em um reflexo rápido segurou fortemente meu pulso.
-Eu quero te ajudar e você tenta me apunhalar ?! Saiba que eu já matei homens por bem menos que isso, sereiazinha !- ele exclamou, tirando bruscamente a adaga da minha mão.
Abaixei o olhar, temendo por um momento que ele pudesse revidar, porém isso não aconteceu, e eu voltei a fitá-lo em seguida. Ficamos em silêncio por alguns segundos, e a irritação dele pareceu diminuir.
-Me dê um motivo para eu confiar em você. -falei hesitando, quebrando o silêncio em seguida.
-Porque você não tem a mais ninguém... -ele me respondeu sério, antes de levantar para se retirar
Não sei porque, mas senti uma ponta de sinceridade nas palavras dele. Carter era grosso e rude, porém algo parecia querer se revelar por trás disso, eu apenas não sabia o que.
-Carter... -o chamei em tom baixo, antes que ele saísse -Minha cauda dói. -admiti, indicando os ferimentos causados pelo grilhão, permitindo que ele se aproximasse para tratá-los.
O pirata voltou com expressão ainda séria e abaixou-se próximo a mim.
-Tenho o risco de sair daqui com uma adaga no pescoço ? -ele me perguntou esboçando um leve sorriso, levantando as sombrancelhas.
Neguei com a cabeça, e o pirata começou a tratar do meu ferimento.


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