Soft Blood escrita por Thalita Barbosa


Capítulo 5
Cartas à mesa


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora para postar. Gente, foram 3 meses ! :o Mais estou de volta, e como prometi, vou postar como imagino os personagens :
Viollet : https://lh6.googleusercontent.com/-2lvId4b1_1g/TX16oTJ_iiI/AAAAAAAAAMA/jfJLbPJIMXA/s320/emmy+rossum-+nora.jpg
Lauren : http://papeldeparede.vemquetem.net/thumbs/angelina-jolie-loira-t2.jpg
Beatrice : http://i1239.photobucket.com/albums/ff506/foforks/AshleyGreene/208230_10150262395014278_185790409277_9568199_1547923_n.jpg
David ( humano ) : https://encrypted-tbn2.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcRugLhAlKL6w1AnfopgmT_4tO0luBjYRwOI6mCg51kqYjma0S8k



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Eu não tenho consciência, nem mesmo uma alma. Eu sou apenas um corpo morto acabando pouco a pouco com cada gota de vida dele. A sensação é boa, porém, não se compara ao sentimento de culpa que sei que sentirei depois.

Cada gota de seu sangue que absorvo, uma explosão de prazer invade cada parte do meu corpo sórdido. Sinto como se pudesse sentir a felicidade de sua vida, andar a luz do sol novamente.

Ser humana.

Seus batimentos se tornam cada vez mais lentos e distantes, já posso sentir seu corpo amolecendo cada vez mais. Quero parar, mas não consigo. Só de pensar em largar esta forma de felicidade um sentimento de frustração me invade. Posso sentir cada segundo de sua vida se esvaindo aos poucos, se dissipando como se não fosse nada.

No meio de toda essa confusão de sentimentos, ouço as vozes de Beatrice e Lauren. Elas estão me dizendo para parar, porém, não lhes dou ouvido. A fome é tão grande, que parece que não pode ser cessada.

Sinto mãos agarrando os meus braços, e depois sou arrastada em meio a uma poça de sangue através do quarto. O mundo se torna turvo e por isso não consigo entender o que está acontecendo.

— ME SOLTA – consigo dizer – ME SOLTA AGORA! – tento me soltar das mãos que me seguram com toda a minha força

Tento me concentrar no mundo, porém, tudo o que consigo sentir é o cheiro de sangue da minha primeira vitima.

— Calma queridinha, relaxa – percebo que é Lauren que está me segurando – você não vai querer matar o seu presente de boas vindas, vai?

Fúria, ódio, desejo. Esses três sentimentos que me consumiam até então, vão se dissipando aos poucos.

Consigo manter o foco e controlar a ansiedade por mais e mais. Relaxo o corpo, e o aperto de Lauren se torna mais leve aos poucos.

Remorso e tristeza são tudo o que sinto. Meus joelhos perdem toda a força e caio no chão. Meus olhos se enchem de uma substância que eu tenho certeza de que não são lágrimas, e aos poucos as gotas de sangue se tornam cada vez mais claras no chão.

O que você fez Viollet? Quem é você?

Um monstro é isso o que sou. Um corpo frio, morto e sem alma. Uma caixa cheia de maldade.

Monstro

Monstro

Monstro

Viollet Langdon é um monstro

Lauren se agacha ao meu lado e tenta me acalmar dizendo:

— Calma Vi, já passou – ela sorri de um modo que eu até agora não tinha visto. Não um sorriso irônico como de costume, mas um sorriso de verdade.

Esse sorriso de alguma forma me conforta, porém, aos poucos me lembro de tudo oque ela me fez passar.

Eu não preciso do conforto dela, eu preciso de outra pessoa. Uma que me conhece a muito mais tempo. E que eu sei que, em qualquer situação, irá me reconfortar.

Eu me ergo, e como um furacão, saio do apartamento em direção à casa da única pessoa da qual preciso neste momento.

***

A fachada da casa está como sempre foi. A mesma grama bem cuidada, a mesma árvore sob a qual eu brincava quando era menor, a mesma fachada creme e os mesmos telhados azuis. As únicas diferenças são os cartazes distribuídos aleatoriamente pela propriedade, e a viatura de policia parada bem enfrente a calçada.

As luzes da casa estão acesas, e mesmo a distância eu ouço seus passos arrastados. Ela não está sozinha, está conversando com mais alguém. Apuro um pouco mais audição e consigo escutar o que estão falando:

— Sra. Langdon – diz uma voz masculina e grave – nós já procuramos por toda parte, nenhum sinal da Viollet foi encontrado.

— Vocês... – ela pausa por um momento – vocês não procuraram direito... eu sei que ela está viva, e que está esperando nós a encontrarmos.

— Sra. Langdon...

— Por favor xerife Conegan, se o senhor já disse tudo, já pode se retirar – ela diz – eu não preciso de mais uma pessoa falando que eu não irei encontrar minha neta.

— Sra. Langdon, por favor ...

— Já disse que pode se retirar – ela diz, em um tom de choro

— Ok Sra. Langdon, adeus.

Ouço os passos do xerife Conegan se aproximando da porta e automaticamente corro para me esconder atrás das árvores, assim como fazia em minha infância.

Todas as minhas lembranças boas estão nessa casa. Festas de natal, Ação de graças, Páscoas, e muitas outras datas que sempre comemorávamos aqui.

Meu pai fora criado nessa casa, e minha mãe no mesmo bairro. Minhas avós eram grandes amigas e por isso foram criados juntos, e se apaixonaram. Uma linda história de amor que acabaria em morte e abandono.

O xerife caminha até a viatura, entra e pouco depois de dar a partida segue até a esquina e parte em direção ao seu destino.

Reúno todas as minhas forças e caminho até a porta de entrada com receio de que os vizinhos me vejam, porque afinal, não é normal que a provável neta morta da Sra. Langdon apareça ensangüentada na porta de casa. Logo que chego à porta ouço seu choro, e toda a força que tinha até agora, se esvai a cada soluço que a ouço dar.

Sim eu gostaria de entrar, gostaria de conversar com ela e dizer que não estou morta. Gostaria de me sentar ao seu lado no sofá, abraçá-la e ficar em seus braços até pegar no sono.

Gostaria de voltar a fazer muitas coisas.

Mas não posso. Para sua própria segurança.

Segurança que já estou arriscando ao estar aqui. Tenho que protegê-la. Protegê-la de mim mesma. Tenho que ir, seguir em frente se quiser vê-la em paz, mesmo que isso signifique nunca mais voltar para casa.

Vá embora Viollet, não há mais nada pra você aqui.

Enquanto ando pelo gramado em direção à calçada isso é tudo o que passa pela minha mente. Esse sentimento de que não tenho mais nada no mundo, de que nada mais me pertence.

Dou um ultima olhada na casa, e der repente as cortinas se abrem e a figura dela aparece. Ela me viu, porque logo em seguida grita:

— VIOLLET?

Como sei que essa será a ultima vez em que vamos nos ver, digo:

— Eu te amo, adeus

Em seguida tomo a única decisão sensata da noite e vou o mais rápido que posso em direção ao hotel.

***

— Decidiu voltar queridinha? – pergunta Beatrice assim que entro no apartamento

— Não enche Beatrice – digo – não estou com paciência

— Você foi atrás dela, né?

— Sim – repondo com sinceridade

— E se deu conta que aquele não é mais o seu lugar. Não foi?

— Onde está Lauren – desvio do assunto

— Está lá no quarto, arrumando a burrada que você fez. – ela diz com uma voz irônica

Saio da sala e vou em direção ao quarto de Lauren, antes de chegar ao corredor ouço-a dizer:

— Se eu fosse você tomava um banho, queridinha, você está horrível!

Vou até o final do corredor, e ao chegar em frente à porta do quarto ouço Lauren conversando ao telefone :

— (...) ela é linda, mais tem o pior temperamento do mundo – diz ela a pessoa com quem fala ao telefone

Claro que eu teria um temperamento ruim, olha oque você fez comigo,penso

Me decido, e logo assim que entro no quarto vejo a diferença. O quarto está limpo, e não há nenhum vestígio da burrada que eu fiz aqui. Sem me olhar ela continua falando ao telefone.

— Ela chegou... Certo... Certo, te vejo daqui a algumas semanas então. – ela desliga o telefone e se volta para mim – Beatrice me disse que você saiu.

— Sim, eu sai.

— Posso saber aonde foi? – ela me pergunta

— Não é da sua conta – acho que fui um pouco rude, mas não foi nada mais do que ela merece – onde ele está?

— Ele quem? O humano?

— Sim

— Ah, ele está no quarto de hospedes se recuperando – ela diz – você fez um belo estrado, hein?

— Ele está bem?

— Sim, sim, só precisa repor um pouco do ferro que perdeu, e já estará legal.

Não posso esconder que me senti bem por saber que pelo menos eu não o matei. Uma vida jovem, e uma beleza como aquela não podem ser acabadas assim.

—Mais cedo você me disse que iria me contar tudo – digo

— Eu vou te contar não se preocupe.

— Sem mentiras.

— Sem mentiras, vamos por todas as cartas à mesa.

Sorrio, agora sim estamos falando a mesma língua.


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Notas finais do capítulo

E ai, gostaram ? Comentem ! E se acharem qualquer erro falem comigo, ok ? Kissu kissu, @teleguiadavoraz



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