Eu corro o máximo que posso entre as ruas escuras de Nova Orleans, meus calcanhares já doem de tanto esforço que faço. Muitos “loucos por presas” na minha situação não estariam correndo, afinal, não é todo dia que vampiros querem que você se junte a eles.

 Elas são duas. Uma loira e alta, de pele tão pálida como a neve e os olhos vermelhos, sedentos por sangue. Aparenta em idade humana uns 27 anos. A outra, uma ruiva de estatura mediana, é a mais linda entre as duas e aparenta uns 20.

 Eu ouço uma delas gritar:

 — Calma queridinha, você nem vai sentir – Elas riem histericamente – prometemos ser rápidas!

 Continuo correndo, mas acabo tropeçando. Tento me levantar, porém elas são mais rápidas.

 — Nós só queremos te dar o prazer de ser como nós, pense bem em tudo o que podemos te dar – Diz a loira – Carros de luxo, jóias, roupas e acima de tudo, a eternidade.

 — Não quero nada disso! Quero voltar pra casa viva, não me tornar um monstro como vocês – Retruco

 — Ai ai queridinha, não importa o que você queira, nós vamos fazer isso de qualquer jeito !

 Eu grito, mas no lugar onde estamos obviamente ninguém irá me ouvir. E mesmo que ouvisse, ninguém iria enfrentar duas vampiras só para me salvar.

 Uma delas, a ruiva, me agarra, e a outra curva o meu pescoço para a direita. Sinto o hálito gelado da loira no meu pescoço.

 — Relaxa, não vai doer. Quer dizer, não agora. – Diz a ruiva

 Quando a loira crava os seus dentes em meu pescoço, sinto todos os nervos do meu corpo se descontrolando. A dor não é muita, são como duas agulhas perfurando a minha carne. Uma dor aguda, isso sim. Tudo escurece, eu devo estar inconsciente.

 Eu me vejo sentada em uma floresta, o sol toca meu rosto me trazendo uma ótima sensação. De repente eu sinto que o sol já não mais prazeroso, ele me enfraquece. O céu escurece e transforma a floresta em um pântano. Então é ai que eu me dou conta que já é tarde de mais.

 Sinto uma dor insuportável tomando conta de mim, todo o meu corpo queima. Fragmentos da minha vida até aqui passam pela minha cabeça. Lembro dos meus pais, da minha avó, de mim mesma. Então sozinha no nada repito:

 — Meu nome é Viollet Langdon, tenho 19 anos, moro em Nova Orleans desde que me entendo por gente, meus pais morreram quando eu tinha 12, desde então fui criada pela minha avó, não tenho irmãos, mas tenho muitos amigos, eu amo minha avó mais que tudo no mundo. Enfim, essa sou eu.

Ou pelo menos era.