Rise Again escrita por Fanie_Writer


Capítulo 19
Capítulo 19


Notas iniciais do capítulo

Olá meus Mockingjays Rebeldes!

Capítulo atualizado para vocês e dedicado a cada leitor, independentemente do Team, que tem deixado seus reviews com suas análises, comentários e palpites sobre o desenrolar dessa trama!

Quero dedicar ainda mais especialmente esse capítulo para a Marlucy, por sua linda recomendação!

Ansiosos para ver o que mais vem por aí?

Então boa leitura!



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Gale


Eu ainda tentava me lembrar de como respirar. E parecia que eu não era o único no salão que tinha essa dificuldade. Mesmo com todo o meu foco sendo ela, foi impossível não notar como tudo ficou tão silencioso quando ela entrou.

E o melhor de tudo: sozinha.

Não sabia o que tinha acontecido para Blake não ter entrado com Katniss, mas aquilo não importava mais. Não com ela conseguindo me deixar à beira de um ataque cardíaco com sua beleza.

Enquanto Katniss descia a escadaria, precisei me forçar a piscar para ter certeza de que aquela visão não era fragmentos das imagens que eu tinha de quando ela emergiu do lago no Doze.

O vestido negro se moldava ao seu corpo como se a qualquer momento fosse escorrer por sua pele para me revelar sua real beleza, tal qual a água negra do lago.

Era simplesmente hipnótico.

E então, cada lantejoula negra começou a cair em pequenas chamas para revelar o que parecia impossível: o quanto Katniss era a cada segundo mais linda.

Me senti como na primeira vez que andei de trem, quando meu pedido de alistamento definitivo foi aceito e eu saí do Capitol, após a eleição do primeiro mandato de Paylor, para iniciar meus treinamentos na Noz.

Eu olhava pela janela e, apesar de tudo se mover tão rápido do lado de fora, dentro do vagão parecia tudo muito devagar e silencioso. Até que entramos num túnel.

Eu me sentia num túnel naquele instante. Não exatamente como aquele por onde o trem havia passado, escuro e com uma luz no final. O meu túnel estava completamente iluminado e a luz no final era aquela mulher que eu havia me forçado a deixar para trás há quinze anos.

Naquele momento, enquanto a observava se tornar o centro do universo – pelo menos do meu universo –, não existia mais raiva, mágoa ou a dor que eu vinha carregando há dias desde que brigamos.

Tudo o que eu queria era uma oportunidade para me aproximar dela.

Mas além de haver Chelsea, que estava grudada em mim o tempo todo, Katniss era jogada de um lado para o outro, para cumprir com todo o protocolo que sua imagem exigia.

Fiquei me perguntando se passaria mais uma virada de ano longe dela. Há quinze anos vinha sendo assim, alguns anos sozinho no meu quarto e em outros com uma acompanhante que eu sequer lembraria o nome no dia seguinte, mas esperava que nesse ano tudo pudesse ser diferente.

Mas parece que nunca estivemos tão longe um do outro como estávamos nessa noite, nesse maldito jantar, com toda a maldita mágoa que nos separava.

Quando a contagem regressiva começou, tentei desviar minha atenção de toda a agitação ao meu redor. Aquelas risadas, o excesso de dourado e o perfume cítrico de Chelsea misturado ao da bebida cara do Capitol me deixavam cada vez mais desesperado para encontrar os olhos cinzentos que eu tanto ansiava.

– Eu nunca me diverti tanto! – Chelsea jogou seus braços em meu pescoço – Esse, com certeza, será o melhor ano da minha vida! Estou tão feliz de ter você aqui comigo!

Antes que eu pudesse evitar, Chelsea me puxou para um abraço, depositando um beijo abaixo de minha orelha.

Fiquei pensando sobre o que Katniss me disse, sobre eu tentar seguir minha vida, encontrar uma garota legal, me casar, ter filhos... Talvez Chelsea pudesse ser essa garota. Ou talvez qualquer outra que me fez companhia nas noites solitárias.

Talvez.

Talvez, se eu não me sentisse completamente pertencente a Katniss. Não tinha como voltar atrás, não tinha como mudar e nem lutar contra: meu coração, meu corpo e meu ser foram marcados para sempre por Katniss e mesmo se eu tivesse forças suficientes para tentar, nenhuma mulher me alcançaria como ela me alcançou.

E quando seu olhar finalmente encontrou o meu, percebi o quanto parecia errado ter qualquer outra em meus braços que não fosse ela.

– Chelsea, me desculpe. Preciso resolver uma coisa pendente. – me afastei o mais gentilmente que consegui.

A sargento olhou para onde meus olhos não conseguiam mais desviar e então suspirou.

– Eu sempre soube que tinha alguém que te impedia de ser totalmente meu. Só não imaginava que era justo ela. Vai.

Eu já quase não prestava mais atenção nela, quando comecei a abrir espaço na multidão que se abraçava e festejava para chegar perto de Katniss. Eu queria dizer obrigada, ou qualquer coisa que não fizesse Chelsea se sentir tão mal, mas tudo o que eu conseguia pensar era em Katniss e na vontade quase magnética que eu sentia de iniciar esse ano com Katniss abraçada firme contra mim.

Meus dedos já comichavam para sentir o calor de sua pele, saciar a curiosidade que eu tinha de passear os dedos pela superfície de seu vestido (era quase como a vontade que crianças sentiam quando eram deixadas sozinhas com tomadas, coisas quebráveis ou botões. A diferença é que não havia inocência alguma em minhas intenções) e eu podia jurar sentir o seu perfume tão único se destacando e mexendo com meus sentidos, quando ela quebrou a conexão visual e seguiu o som de gritos de pavor.

Acima de nossas cabeças, próximo ao lustre, havia sido colocada uma rede com vários balões dourados que caíram quando o relógio apontou meia noite.

O problema é que alguns balões estavam manchados com sangue coagulado, espesso, escuro e fétido que manchou o vestido de várias mulheres, inclusive de Effie Trinket. Ao olharem para cima, viram o que agora chamava a atenção de todos.

Quando toda a cena foi digerida por mim, imediatamente busquei pelo meu comunicador e mandei que as equipes de segurança lacrassem toda a mansão.

Eu queria mandar a segurança da presidente para o inferno, afinal ela buscou por isso, não foi?

Mas eu não podia fazer isso e minha prioridade no momento era a segurança de Katniss.

– Preciso te tirar daqui. – segurei firme sua mão enquanto a outra estava próxima da arma para atirar em qualquer um que tentasse bloquear meu caminho.

Katniss parecia relutante em deixar de olhar para aquela imagem chocante do que antes era Plutarch Havensbee, Ministro de Comunicações e ex-Gamemaker, mas que agora era um nítido recado pendulante de que ninguém ali naquele salão estava tão seguro quanto pensavam. Ou tão seguros quanto o governo garantiu.

Mas, mesmo assim, ela me seguiu e eu tentei mantê-la o mais próximo possível de mim conforme a multidão começava a ter suas reações àquela cena. Alguns vomitavam, outros choravam e a grande maioria buscava por uma saída.

Quando cheguei à sala de monitoramento de segurança, cheia de monitores com imagens das câmeras de segurança e soldados, Paylor já estava lá com Garry e Cressida, além de Haymitch, que conseguiu conduzir Johanna, Annie, Enobaria e Nereu até a sala.

– O que está acontecendo? – Paylor veio para cima de mim, mas eu continuei caminhando, arrastando Katniss comigo, até alcançar três dos soldados que faziam o monitoramento.

– Vocês dois retirem o corpo de Plutarch de lá e encontrem Beetee. E você, encontre um legista, mas não deixe ninguém mais entrar ou sair.

– Comandante, o que foi aquilo? O que está acontecendo?! – a presidente insistiu.

Me virei para Katniss e segurei seu rosto. Ela estava tão fria quanto o cano da arma que eu segurava na outra mão, mas seu olhar estava mais estável do que no salão.

– Eu estou bem. Apenas descubra logo o que foi aquilo. – ela meio assegurou, meio mandou.

Soltei Katniss para poder pedir para outro soldado que rebobinasse toda a gravação das câmeras que captaram o fato.

Enquanto as imagens retrocediam rápidas, Paylor repetiu sua pergunta.

Sim, estávamos todos com os nervos à flor da pele e a sensação de pânico estava longe de ser contida conforme os minutos passavam. Mas eu não conseguia reprimir a raiva que eu senti.

– Isso, presidente, é exatamente o que eu avisei que poderia acontecer com essa brilhante ideia de jantar público em um momento de crise. Agora, se me permite, vou tentar amenizar toda essa situação que a senhora deveria ter previsto e evitado. Garry, pode me ajudar?

Ele era um dos que pareciam mais controlados na sala. Ou um dos que, assim como eu, tentava dominar suas emoções para manter tudo sob controle.

Quando sinalizei com a cabeça na direção da presidente, ele rapidamente compreendeu meu pedido e a puxou para um canto da sala onde ela pôde se sentar e acompanhar nosso trabalho. Seu olhar era um misto de pavor e culpa.

Pouco tempo depois, os dois soldados que ficaram incumbidos de retirarem o corpo de Plutarch para longe da vista dos convidados, voltaram.

– Senhor, o corpo está em um cômodo aqui ao lado. – os soldados bateram continência.

Saí da sala de monitoramento das câmeras e ouvi vários pares de pés me seguindo. Por mais que eu tentasse, não conseguiria deter aquele monte de gente sozinho. Além disso, eu sentia o quanto eles precisavam ter certeza de que aquilo realmente estava acontecendo, então permiti que me seguissem.

O cômodo parecia um grande e luxuoso consultório médico, com uma antessala repleta de assentos. Pela proximidade com o Centro de Monitoramento, a quantidade de câmeras e os acessos fáceis para a entrada principal, julguei aquele ser um tipo de escritório aonde Paylor atendia à população, como ela rotineiramente fazia.

Ao chão, próximo a uma mesa de mogno e poltronas em estilo vitoriano, estava o corpo inerte de Plutarch.

Finalmente os passos silenciaram às minhas costas e eu ouvi apenas o eco dos meus pés enquanto eu avançava até o cadáver, colocado sobre um tapete cujos desenhos talvez ficassem para sempre escondidos sob a camada de sangue coagulado que escorreu nele.

O Ministro usava apenas uma calça social e seu peito estava desnudo como todos já haviam visto. Sua carne estava flagelada com as queimaduras que formavam a palavra “Traidor” em seu peito.

Seus pulsos e tornozelos estavam em carne viva, os três dedos médios de sua mão esquerda foram cortados e havia escoriações por todo o seu rosto que demonstravam recente espancamento. Não precisava ser muito especialista para saber que tudo isso era resultado de uma longa sessão de tortura.

Apesar das marcas que a corda deixou em seu pescoço, a causa da morte era bem visível, afinal era impossível não ver a abertura profunda em sua garganta.

– Por que fizeram isso com ele? – Enobaria perguntou.

– Por enquanto precisamos descobrir quem fez isso. Nesse caso, qualquer um dentro dessa mansão é suspeito.

Assim que eu disse isso, um soldado entrou anunciando a chegada do médico legista. Ouvi ele detalhar tudo o que eu já tinha observado por conta própria e autorizei a autopsia do corpo antes de voltar ao Centro de Monitoramento.

– Presidente, preciso que você volte ao salão e acalme seus convidados, ministros e a imprensa. Diga-lhes que a situação está sob controle, mas que ninguém está autorizado a sair da mansão até que tenhamos certeza do que aconteceu. – orientei.

Paylor respirou fundo e se levantou, reassumindo sua postura firme e determinada, da maneira como eu me lembrava da combatente líder da revolta no Distrito 8 há 15 anos.

Depois que ela saiu da sala, sendo seguida por Cressida, Effie e Garry, verifiquei o status de cada equipe de segurança no perímetro criado para proteger a mansão para o evento desta noite.

Como eu suspeitava, seria impossível identificar alguma coisa com tanta gente se movimentando para todos os lados, fossem convidados, imprensa ou funcionários do jantar.

Em determinado ponto desse tumulto, pensei que teríamos uma chance de saber o que tinha acontecido graças às imagens das câmeras de segurança.

Próximo ao lustre havia um balcão que foi usado algumas vezes como camarote de onde a presidente fez anúncios em aparições públicas e em outros eventos na mansão.

Da mesma maneira que as câmeras captaram os funcionários erguendo a rede de balões daquele ponto, esperava poder ver o assassino de Plutarch agir também.

Mas exatamente quando três pessoas vestidas de preto apareceram, sendo que uma puxou a rede de balões de volta para que as outras duas depositassem o conteúdo que carregavam em um saco, as imagens começaram a ficar embaralhadas.

– O que é isso? O que aconteceu com as câmeras? – perguntei, me sentindo frustrado.

– Não sei, senhor! – o soldado ficou nervoso, enquanto tentava melhorar a qualidade das imagens.

– Talvez seja uma falha técnica. – outro respondeu.

– Não. Eu sei bem o que é isso. – reconheci a voz de Beetee às minhas costas e antes que eu pudesse questionar, ele se sentou no lugar de um dos soldados e começou a procurar algo no computador – É um bloqueador de sinal. O protótipo foi empregado em treinamentos de espionagem há dez anos e, com o sucesso, foi produzido para que todos os centros de segurança distritais tivessem em seu arsenal para eventuais usos.

– E o acesso não é restrito?

– Claro que é. Somente oficiais têm acesso. Ou a presidente. – Beetee respondeu ainda olhando para a tela do computador com os mapas da engenharia desse dispositivo.

– Ou você, comandante. – ouvi a voz de Haymitch às minhas costas.

Me virei lentamente, cerrando os punhos ao sentir a raiva queimar em minhas veias.

– Você está insinuando que eu matei Plutarch?

– Estou apenas seguindo a linha lógica.

– Pois então sua linha de raciocínio é mais falha do que eu pensava. Isso não faz sentido algum. – Enobaria analisou. Talvez seu carisma a mim tenha sido influenciado depois que não a denunciei ao flagrá-la roubando morfina no hospital do Dois. Ou talvez ela realmente me defendesse porque achava que era o certo. Mas isso não era importante no momento.

– Não vale a pena dar ouvidos às teorias de um bêbado como você. – rosnei entredentes e voltei minha atenção a Beetee – Tem como saber quem utilizou esse dispositivo?

– Posso verificar os registros de retirada do arsenal de cada distrito, mas vai demorar. E Gale... Tem mais uma coisa.

Beetee me explicou por que havia desaparecido. Antes do corpo de Plutarch pendular acima da cabeça de todos, ele presenciou uma ligação feita a Brick Waveya, prefeito do Distrito 1, e que deixou ele e sua pequena equipe de assessores que o acompanhava no jantar totalmente desnorteados.

Parece que tínhamos mais que um assassinato para lidarmos naquela noite.

Enquanto Beetee relatava a assistência que deu ao prefeito ao saber que suas duas filhas foram encontradas mortas, enforcadas em árvores próximas de casa e com um mockingjay morto aos pés de cada uma, a minha preocupação pela segurança de Katniss e seus filhos apenas aumentou.

– Treze Mockingjays... – Johanna sussurrou no silêncio que se seguiu fazendo com que nos lembrássemos da caixa com treze pássaros mortos – Eles não vão apenas nos matar...

– Não... Não tão rápido. – Nereu complementou – Eles vão torturar cada governante de cada distrito antes de virem atrás de nós.

– E Plutarch? O que significa o que fizeram com ele? – Annie era a que mais estava assustada, mas se esforçava para ficar firme e participativa diante de todos.

– O puniram por ter mudado de lado há quinze anos. – Katniss disse e me lembrei do apoio que eu vi ele dando a Coin para resgatar Katniss da arena de Snow no Quarter Quell, quando eu já estava no Treze – E não acho que ele será o único. O que vamos fazer a partir de agora?

Katniss olhou diretamente para mim. Eu senti o olhar de todos os outros, inclusive dos soldados e técnicos que estavam na sala, aguardando por uma resposta, um esclarecimento, uma luz, uma esperança.

Mas eu sentia que era a ela que eu devia, unicamente, essa garantia de segurança.

– Chamem a presidente e providenciem um dispositivo de bloqueio de transmissões para mim. – ordenei para dois soldados e, antes que eles saíssem me voltei aos outros – Quando isso for providenciado, essa sala será esvaziada. A partir de agora, qualquer informação que vazar trará a suspeita de todos esses atentados sobre a cabeça de cada um dos que estiverem presentes nessa reunião privada.


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Notas finais do capítulo

Pois é meus amados e amadas...

Plutarch Havensbee morreu. Tá morrido matado.

E vocês já viram que ele não foi o único. Duas garotas inocentes também morreram. Mais para a frente veremos o que nossos diplomatas pensam disso e a que conclusões eles vão chegar sobre esse novo atentado.

E a coisa está ficando cada vez mais tensa......

No próximo capítulo teremos mais ação, mais mistério e mais emoção. Talvez role até um pouquinho de romance, só para dar uma quebrada nessa tensão toda... (Ou, talvez o romance só faça aumentar a tensão, já que vimos que as coisas sempre são bem intensas, mas confusas com Gale e Katniss, né?)

Tenham uma ótima semana e deixem muitos reviews com os comentários de vocês sobre esse capítulo!

Abraços



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