Como previsto, não consegui nem fechar os olhos. Fiquei acordado a noite toda pensando em uma coisa.

Kori Yamazaki. Sim, desde o ocorrido na escada não consigo tirar aquela cena da minha cabeça. Nosso lábios quase se tocando.

E se o imbecíl do Seiji não tivesse aparecido, o que teria acontecido? Sim, eu sei o que teria acontecido.

Levantei da cama ainda zonzo de sono, como de costume. Meu cabelo estava todo bagunçado, fui tomar banho. Assim que sai do banheiro meu celular tocou.

- Mas quem é o idiota que me ligaria a esta hora?

Peguei o telefone e, assm que vi o número, desliguei.

- Só podia ser “eles”.

Estava terrívelmente frio, peguei minha jaqueta e minha mochila, e saí de casa. As pessoas do meu prédio me olhavam com desdém, mas eu sempre os ignoro.

- Quem é este, Matsumoto-san?

- Este é o fiho dos Sakai. Dizem que ele ameaçou os pais e quase os matou.

- Sério?

- Sim.

Isto já foi o bastante.

- Ei, suas velhas.

Virei-me e fui em direção as duas senhoras que conversavam na administração. Elas tremiam de medo conforme eu me aproximava.

- Nos desculpe, Sakai-sama. - Elas se curvaram e foram embora antes mesmo que eu pudesse falar algo.

Virei-me e segui meu caminho. As ruas não estavam muito movimentadas, estavam praticamente desertas, o que me tirava do sério.

- Por que eu tenho que ir nesta droga de passeio? – disse para mim mesmo.

Após algum tempo, finalmente cheguei a escola. E, pelo visto, eu não sou o único que não conseguiu dormir. Kori e Yui chegaram logo em seguida. Yui estava animada, e Kori, bem...

- Sakai-san !! – ela acenou e veio correndo em minha direção.

- Você está horrível – disse Kori.

- Digo o mesmo de você. Também não conseguiu dormir?

-Sim.

Ela estava com cara de sono, olhos meio fechados, cabelo preso em um rabo de cavalo, e incrívelmente fofa. Espere um pouco, desde quando eu acho ela fofa?

- Eu imagino o porque.

Aproximei-me dela, e pisquei para a mesma, enquanto bagunçava seu cabelo. Ela corou, e , em seguida, deu um tapa na minha mão, e foi falar com a Yoshida-sensei.

- Sakai-san, o que você fez com a Kori-chan?

Ela parecia bastante irritada...

- E-eu não fiz nada. Não aconteceu nada.

- Sei, não é o que parece...

Ela anda um pouco, e se cala por um momento. Isto não é bom, vindo dela....

- A não ser que...

- Fale logo.

- Você está muito estranho em relação a Kori-chan...

- Não estou estranho.

- É claro que está. Você estava fervendo de raiva quando eu disse que o Shimizu-san gosta da Kori—chan.

- Não pronuncie o nome deste quatro-olhos imbecíl.

- Viu? Eu lhe disse.

Ela riu.

- Você gosta dela certo?

-... Eu acho que...

- Sakai, já estão chamando a todos. – disse Kori, que veio correndo até nós.

Yui foi em direção a Kori e as duas foram em direção ao ônibus. Ela era linda rindo, e até mesmo quando estava envergonhada ou zangada quando eu faço algo que ela não gosta. Será que Yui estava certa? Não, não pode ser possível eu gostar da...

- Ei, Sakai. Aconteceu algo? – disse Kori, se aproximando de mim – Você está vermelho.

Ela olha para meu rosto, e começa a acariciá-lo, e pega minha mão.

- Bastante vermelho. – seu rosto estava começando a ficar corado.

- Ei, vocês dois, andem logo. – disse Yoshida-sensei.

- S-sim, já estou indo.

Kori ainda segurando minha mão, me puxou e fomos ao ônibus. Ao chegarmos, eu a soltei e entrei, tentando disfarçar o nervosísmo que sentia. Ela percebeu, e ria disfarçadamente enquanto o quatro-olhos dava os últimos avisos.

- Muito bem sentem-se em seus lugares todos.  – disse Hayato, ajeitando os olhos.

Vi que Kori estava sentada sozinha, no final do ônibus, e decidi sentar-me com ela. Vi que os outros me olhavam fixamente, um olhar de medo, e outros com um olhar de deboche, que me irritava profundamente.

Só não bati neles porque minha atenção estava em outro lugar naquele momento. Ela estava observando as pessoas pela janela do ônibus, e era divertido vê-la sorrir enquanton estava distraída. A luz du sol, fazia seus olhos azuis brilharem.

Aproximei-me dela, e me sentei ao seu lado. Ela não disse nada, apenas sorriu para mim, e bocejou logo em seguida. Vi que o quatro-olhos estava nos observando.

- Como é que as pessoas aguentam ele? – disse em voz alta.

- Do mesmo jeito que eu te aturo.

- Está dizendo que eu sou como ele?

- Claro que não.

 Ela riu, e virou-se para mim.

- Pois é o que parece.

- Viu? Você só sabe reclamar, e não entende o que se passa na sua frente.

- Eu não vivo reclamando. – bufei.

- Sei... quem era que estava com ciúmes do Hayato-san?

- Cale a boca, Kori.

Ela riu.

- Muito bem, o ônibus já vai partir. Não quero saber de brigas aqui dentro, ouviram?

Yoshida-sensei estava de mau-humor, e aquilo não era nenhuma novidade.

- Escutou, Sakai-kun?

- Eu não sou surdo.

Kori puxou minha orelha ao ouvir meu comentário.

- Ai!!

- Se comporte, ao menos uma vez na vida.

- O que eu posso fazer se ela não gosta de mim?

- Ignore-a.

- É fácil falar.

O ônibus partiu logo em seguida. Yoshida-sendei conversava com alguns alunos nerds, enquanto os outros conversavam, ou simplesmente, cantavam as garotas que ali estavam. Yui havia se sentado ao lado de Hayato, que nos olhava, mas tentava disfarçar o olhar, o que não estava dando certo.

Estávamos indo para um tipo de casa de férias, nas montanhas, e isso não em animava nem um pouco. Várias atividades em grupo, com direto a picadas de mosquitos de brinde.

Kori bocejava frequentemente, enquanto lia um livro de terror.

 Bem a cara dela. – pensei.

- Deite-se.

Eu disse, tirando a mochila que estava em meu colo, e colando-a no chão.

- O-o que ?

Seu rosto, tornou-se rubro novamente, e  sua voz insistia em falhar.

- Disse para deitar-se. Você não dormiu, certo?

- Sim, mas...

- Mas nada. Ande logo.

Mas eu não estava muito diferente dela, eu podia sentir meu rosto arder, e as pessoas nos observavam.

- S-sim.

Ela deitou-se, e, após algum tempo, acabou cedendo ao sono. Eu acariciava seu cabelo, enquanto a via dormir. Um belo sorriso surgiu em sua face levemente ruborizada. Que tipo de sonho ela estaria tendo?

Olho novamente para Yui e vejo que eles ainda estão conversando, mas não param de nos olahr, disfarçadamente. Yui até riu, e virou-se para frente.

Não me lembro de muita coisa depois disto. Meus olhos se tornaram pesados, e fechavam-se lentamente, enquanto eu acariava a face bela e pálida de Kori, que mantinha um meio sorriso em seus lábios...