POV Marvel

Eu estou muito, muito nervoso.

Primeiro, já foi difícil convidar a Clove para ir à festa da Glimmer, tive que tomar coragem para tentar perguntar “cara a cara”, mas não consegui e passei pelo jeito eletrônico.

Flashback

Cato continuava no bar, acho que estava desacordado, mas não importava. Uma festa? Era a minha oportunidade. Eu sabia onde ela estava e iria vê-la, essa era a melhor opção.

Clove sempre estava na biblioteca municipal, quando não estava trabalho é claro, era um lugar bonito e calmo. Quase ninguém ia até lá em dias de sexta-feira. Principalmente quando uma festa da Glimmer havia sido programada.

- Clove! Clove, espere! - Eu gritava em um tom desesperado, corria (tentando não fazer barulho) pelos corredores lardo da biblioteca.

- Marvel? O que foi? Aconteceu algo? - Ela fazia perguntas sem parar, com a expressão preocupada. Ela ficava linda assim.

- Não, não aconteceu nada. Eu... Eu queria te perguntar algo.

- Então pode perguntar.

- Você... você... - o nervosismos já estava no máximo, não conseguindo falar, soltei: - Você viu como o dia está... lindo?

- Marvel, você está bem? - ela cruzou os braços e se inclinou um pouco para frente, fitando meu rosto. Iria falar algo, mas fomos interrompidos pelo alarme do celular de Clove, que ecoava como um berrador pelos corredores da biblioteca “HORA DE TRABALHAR! HORA DE TRABALHAR!”, a luz do visor tremia em seu bolso.

Ela corou um pouco com a voz robótica lhe dando um belo esporo, desligou o alarme, em seguida apertou o rabo de cavalo e fez um gesto para a pequena pilha de livros que se encontrava sobre a mesa ao nosso lado. Até o momento eu não havia reparado, acho que havia me acostumado à vê-la sempre com uma quantidade absurda de livros nos braços. Todos clássicos da literatura francesa, os que havia pego desta feita. Os passei para o meu braço e senti o peso fazer meus braços afrouxarem, não era realmente o peso dos livros, era a postura esquisita que eu me obrigava a me adequar na presença da baixinha.

Descemos as escadas de mármore muito bem encerado, porém um pouco estreitas para um lugar daquela magnitude, isso fazia os nossos ombros frequentemente serrarem um no outro. No hall, dois lances de escadaria depois, Clove apenas acenou para a mocinha da recepção agitadamente. Eu não a conhecia, mas sei que era de nossa escola ou algo do tipo.

Sem dizer mais nenhuma palavra, ela saiu andando com passos curtos e rápidos em direção à grande porta de entrada da biblioteca municipal, eu a seguia um pouco encurvado (arruma isso) pelo peso dos livros em meus braços. Já fora da biblioteca, Clove retirou seu celular do bolso e consultou as horas mais uma vez, subitamente arregalou os olhos.

-Não, não! Estou me atrasando, vamos, anda logo Marvel! - Os olhos estavam arregalados, o cabelo ainda mais bagunçado do que de costume.

- Ei, espera - Falei, fincando as minhas curtas unhas no último livro da pilha, estava receoso de continuar - É... Gostei da nova cor da sua bicicleta! Verde mar, certo? Bonito, bem bonito mesmo! - Engasguei com minhas próprias palavras quando ouvi o bufar seco sair de Clove, que revirou rapidamente os olhos, estressando-se. Esforcei-me para manter o rosto não muito vermelho, mas acho que a vergonha exalava de meus poros. Coloquei os livros na cesta da bicicleta, o peso fez com que a mesma rebaixasse.

- Enfim, eu já vou indo. Tenho que fazer...coisas. – eu disse, ainda corado. Movimentei um pouco minhas mãos como se fosse lhe dar uma braço, mas congelei. Ao invés disso, estendi a mão. – Até.

- Hã... Até, Marvs. – Ela apertou minha mão mas a soltou rapidamente, em seguida subindo em sua bicicleta e pedalando o mais rápido que eu poderia imaginar.

Fim do Flashback

Segundo, eu não sabia que roupa vestir! Eu sempre fui desses garotos desorganizados, mas quero pelo menos hoje, estar apresentável para Clove.

Meu ármario tem costume de fazer minhas roupas se transformarem em camisetas, já que eu tenho certeza de que há tempos que eu tinha comprado umas roupas "a la festa da Glimmer". Coloridas o suficiente para cegar alguém. Todavia, como era mesmo noite e ventaria bastante, decidi usar uma jaqueta jeans sobre uma camiseta simples, verde. Os sapatos eram simples all star brancos.

[...]

Respirei fundo, controlei minha respiração e toquei a campainha. Após 7 segundos sem resposta, comecei a achar que ela tinha esquecido ou mudado de idéia. Bom, isso até que poderia acontecer, não é? Por que uma garota como Clove iria querer ir comigo para uma festa?

Fui tirado de meus pensamentos quando a porta se abriu. Ao ver Clove, meu mundo caiu em um lago de chocolate com biscoitos em forma de coração. [n/a: Ai gente, isso foi ridículo mais eu achei tão ridículo que acabei achando fofo... entendem?] Sorri bobamente lhe estendendo a mão, e a girei como fazíamos em minhas aulas de dança. Ela estava perfeita. Coloquei a mão em seu ombro para fazê-la parar de girar, ela sorriu e depois de avisar sua mãe que estávamos saindo, fomos em direção ao carro rumo à festa.

Tudo estava indo bem.

POV CLOVE

Chegamos na festa atrasados por conta do trânsito, mas Marvel me fez rir o caminho todo. Descemos do carro e andamos até a enorme porta da mansão de Glimmer. Sinceramente acho isso um exagero para somente uma família viver. Ao entrarmos dentro da mansão, o barulho de adolescentes gritando e o som altíssimo quase estouraram meu tímpanos. Gritei para Marvel, soltando minha mão da dele:

- Marvel! Estou indo no banheiro! Pega uma bebida pra mim?

- Pode deixar! Te encontro perto do palco! – ele gritou de volta, já fora do meu ponto de vista.

- Andei por minutos para achar um banheiro vazio, pois os outros estavam lotados ou sujos demais. Quando entrei na terceira porta do segundo andar, encontrei Cato e Glimmer em uma posição bem... diferente. Cato estava encostado na bancada com as pernas de Glimmer entrelaçadas em sua cintura, o beijando ferozmente, e ele, retribuindo. Ao me perceberam, pararam rapidamente e olharam para mim. Cato me olhava de um jeito engraçado, enquanto Glimmer me olhava com uma mistura de raiva e surpresa.

- Hã... ‘tô atrapalhando algo? – sorri sem graça, vendo Glimmer se desgrudar de Cato e vir em minha direção – Estou sain...

- Por que se ‘tá aqui? – falou grossa, com as duas mãos na cintura.

- Desculpe a intromissão, me...

- Quer saber? Eu não ligo. FORA! – Glimmer apontou para a porta, antes de me deixar falar algo, completou: - Fora da minha casa, fora da minha festa!

Fui empurrada porta a fora, pessoas me empurravam e acabei batendo minha cabeça na cabeça de outra pessoa. Me virei e deparei-me com Marvel segurando uma garrafa de uma bebida estranha para mim. Agarrei sua mão e o levei para a entrada da mansão, onde apenas alguns convidados estavam conversando ou bebendo.

- Marvs, eu vou embora. – Ele franziu as sobrancelhas e abriu a boca para dizer algo, porém fui mais rápida e o cortei – Peguei Glimmer e Cato no flagra no banheiro do segundo andar, então ela me mandou pra fora.

- Beleza, então eu ‘vo’ contigo.

- Marvel, não precisa. Continua na festa que é melhor do que ir comigo e não fazer nada de bom!

- Não, eu vou com você. A festa não vai ter graça sem você por perto.

E com isso, saímos da festa e fomos em direção à um barzinho que se localizava à exatamente duas quadras da minha casa. Marvel ainda estava com garrafa da estanha bebida, mas quando chegamos ao barzinho, ele praticamente pediu tudo o que havia no cardápio. Pedi um sanduíche vegetariano, somente com salada e um suco de laranja natural. Enquanto comíamos, Marvel me animava imitando o estilo de Glimmer ou contando piadas sem graça, estar em sua companhia era bem melhor do que passar a noite toda em uma mansão chique cheia de bêbados e garotas esnobes. Marvel estava contando outra piada sem graça, quando alguém o interrompeu:

- Então, o tomate disse: É por que eu fui...

- E aí?