POV Clove

Alguns anos atrás

Uma sala de jardim da infância qualquer, como todas que se veem em filmes, tão colorida que poderia causar um ataque epilético. Pode parecer estranho, mas eu vou começar esta estória antes de seu começo. Imagine um garoto alto demais para ter cinco anos e uma garota tão pequena que seria facilmente confundida com uma boneca, eles estão de mãos dadas perto da janela. O garoto chama-se Cato e a garota Clove, você pode estar achando que eles têm um relacionamento namorado-namorada infantil, mas ali existe algo além... Eles estão fundindo um pacto, seriam para sempre amigos. Mal sabíamos, que em muito pouco tempo aquilo seria uma vaga lembrança, este pacto só seria cumprido pelas próximas duas semanas, até que uma garotinha de lindos cabelos loiros e um garoto bonito com um sotaque encantador chegasse de um país distante, da Inglaterra. Glimmer e Marvel. Eles se aproximaram de Cato de uma forma rápida e deixaram-me... Lógico que senti certo ciúme e acabei me afastando dele, e uma coisa eu posso afirmar com todas as certezas do meu ser, eu não era apaixonada por Cato, éramos melhores amigos e crianças brincalhonas. Por apenas duas semanas rápidas.

Talvez tenham sido as duas semanas mais divertidas da minha vida, Cato nunca me deixava parar de rir, sempre sendo muito gentil com sua companheira e me protegendo dos garotos maiores. Foi assim mesmo que nos conhecemos, a imagem agora já é vaga em minha cabeça por conta de minha pouca idade na época, é certo de que eu comia meu lanche abaixo de uma árvore qualquer quando alguém da terceira série veio caçoar de meu tamanho como sempre, mas neste dia o garoto que sempre se sentava perto da janela longe do corredor veio me fazer ficar calma e parar de soluçar, as palavras dele eu tenho certeza que nunca irei esquecer. Nunca.

– Não ligue para eles, meu pai falou que quando nós ficarmos mais velho vamos ser do tamanho normal e ainda seremos muito mais legais. Aproposito, eu sou Cato. – Isso poderia ter me atingido, afinal eu fui chamada de anormal, mas vindas de um sujeito que eu mal conhecia e me achava legal foram totalmente reconfortantes. Dali em diante eu nunca mais iria me deixar chorar pela minha estatura. Ao menos não nas próximas duas semanas.

– Eu sou Clove, é um prazer – Ele sorriu para mim, foi um momento feliz e em minha cabeça eu nos imaginava fazendo tudo. Matávamos monstros de três cabeças, salvávamos velhinhas em perigo, constituíamos uma banda. Fizemos tudo isso no playground, além de bater em alguns garotos da segunda série que tentaram pegar uma de minhas muitas figurinhas.

Depois da segunda semana Cato começou a matar monstros com outras pessoas, ganhar chaves, salvar velhinhas em trio, ter uma banda maior. Eu não posso reclamar já que comecei a exercitar minhas habilidades, não deixando minha vida social de lado, apesar de nunca ter gostado tanto de chamar alguém de amigo como era com Cato. A forma como ele voltou para a minha vida é que realmente surpreende, envolve tudo o que nos separou e o dia mais estranho já existente nos meus dias. Quem esperaria que o seu melhor amigo de infância fosse aparecer na sua sala e nem te reconhecesse?