A Guardiã escrita por Alatariel


Capítulo 36
Erú Illúvatar


Notas iniciais do capítulo

Muito obrigada as leitoras que me deixaram reviews, agradeço a Mestiça por recomendar a fic!
Fico feliz que tenham gostado do último capítulo (também adorei escrevê-lo!
Espero que gostem deste novo cap!



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"Era do talhe de uma águia, mas os seus olhos eram tão suaves e ternos quanto os da águia são altivos e ameaçadores. Seu bico era cor-de-rosa e parecia ter algo da linda boca de Formosante. Seu pescoço reunia todas as cores do arco-íris, porém mais vivas e brilhantes. Em nuanças infinitas, brilhava-lhe o ouro na plumagem. Seus pés pareciam uma mescla de prata e púrpura; e a cauda dos belos pássaros que atrelaram depois ao carro de Juno não tinham comparação com a sua."

Marianne abriu os olhos receosa, a luminosidade de uma manhã quente incidia sobre seus olhos, Ergueu-se sentindo as mãos encherem-se de algo áspero, que lhe escorreu por entre os dedos.

Estava em uma belíssima praia de areias brancas, o mar estendia-se para onde quer que se olhasse, de um verde tão profundo quanto as florestas de Lothlórien. A moça estreitou os olhos tornando a pensar se aquilo não seria um sonho.

Tirou os sapatos, que até então não teria notado, mas não se tratavam mais de suas botas de montaria e sim sandálias douradas (roupa: http://www.polyvore.com/marianne/set?id=73470847), caminhou até onde as águas mornas tocassem-lhe os pés, então lançou-se para a imensidão a sua frente.

Atirava-se nas ondas de cabeça, banhando-se por completo, ao contrário do que ocorreria se estivesse em uma das praias de seu mundo, a moça não sentira os olhos arderem pelas águas salgadas.

Caminhou de volta para as areias finas, notando que uma solitária figura vinha a seu encontro de maneira calma. Tinha longos cabelos castanhos jogados por sobre os ombros, olhos tão ou mais verdes quanto o mar e trajava uma longa túnica branca.

Mary observou-o logo percebendo tratar-se de um jovem elfo, provavelmente possuidor da mesma idade de Legolas, olhou-a nos olhos e a moça sentiu sua alma ser despida.

O estranho visitante sentou-se aos pés da moça, dando leves tapinhas na areia a seu lado, a Guardiã não ousou questioná-lo repetindo o gesto do elfo e aproximando-se do mesmo.

- Ata anta Ambar alcarinqua Suilanyel (Mais uma vez o radiante mundo nos sauda) Mae Govannen Tári Calmcacil! (Bem vinda Marianne Greyhood!). – saudou o elfo com uma forte e penetrante voz

- Le hannon (Obrigada). – respondeu a garota hesitante olhando-o com cuidado – Nos conhecemos?

- Eu a conheço, mas creio que tu não venhas a me conhecer – respondeu-lhe com um sorriso – no seu mundo sou chamado de Deus, para os então ditos muçulmanos eu sou Alá e para os Judeus Yaveé.

Marianne então embasbacada deu-se conta de que o elfo sentado a seu lado era Erú Illúvatar.

- Meu senhor... – disse-lhe sem graça erguendo-se para reverenciado, mas sendo refreada pelo mesmo

- Não são nescessárias reverências, não passo de mero ajudante de um ser tão maior e mais esplendoroso do que todos – Illúvatar lhe sorriu – sabes por que te encontras aqui, nesta belíssima praia?

Pequenos flashes da batalha que parecia ter se passado a éons e mais éons retornaram a mente de Marianne, lembrou-se da dor que lhe atingira e das lágrimas de Legolas batendo-lhe contra o rosto.

- Eu...morri? – quis saber a moça temerosa quanto a resposta

- Depende de qual é a sua definição de morte – respondeu-lhe o elfo sorridente levantando-se de salto e lhe estendendo a mão – venha, vamos caminhar um pouco, estou sentado neste lugar a tanto tempo esperando por sua sublime visita, que tenho a impressão de que meus músculos enferrujaram.

Marianne riu seguindo Illúvatar pela orla marítma, pensou um pouco antes de responder a pergunta que o moreno lhe fizera. Ele não pareceu impacientar-se em momento algum, embora ela mesma estivesse demorando.

- A morte é algo que não pode ser previsto e muito menos adiado, algo mais obtuso do que a vida e creio também significar uma viagem sem volta – respondeu por fim mordendo os lábios

- Sim, sem sombra de dúvidas estás certa, mas esta não é a definição de morte que se aplica a você – assentiu Illúvatar segurando-a pelos ombros e girando-a para que observassem o pôr do sol – diga-me o que vê.

- O sol...se pondo mais uma vez – Marianne olhou para o elfo que sorriu incentivando-a

- E o sol acabasse toda a vez em que se põe?

- Não, ele torna a aparecer no dia seguinte – a moça sorriu ao sentir os raios amarelados tocarem-lhe a pele – às vezes parecendo mais brilhante e mais quente do que no dia anterior.

- Creio que respondeste a sua própria pergunta – falou-lhe Illúvatar por fim

Mary pensou por alguns instantes se o elfo não estaria brincando, mas não ousava pensar que um ser tão respeitoso fosse capaz de lhe “pregar uma peça”.

- Vou retornar? – tornou a questioná-lo cheia de esperanças

- Vai, mas com maiores responssabilidades e com maiores poderes – o Deus supremo da Terra Média tocou as faces da jovem de forma zelosa – tu és como o sol, que renovasse a cada amanhecer trazendo mais luz e mais aconchego aos mais necessitados.

- Obrigada por dar-me a chance de retornar, preciso muito de todos que deixei – Marianne sorria ao lembrar de seus amigos e do homem que amava

- Antes de ires, há uma pessoa que pediu para vê-la – Illúvatar tornou a girar o corpo da jovem, que viu-se olhando para uma bela dama envolta em um longo vestido perolado (http://www.polyvore.com/cgi/set?id=73928963&.locale=pt-br), os pés descalços tocavam a areia e dos olhos verdes transbordavam lágrimas

- Mãe? – gritou Marianne ao que a mulher estendeu os braços para envolvê-la num saudoso abraço

- Ah, minha filha! Como senti sua falta! – repetiu Katherina o que tanto tivera vontade de dizer a filha – Você cresceu, está tão linda!

- Eu..senti sua falta – balbuciava Mary com a voz embargada – Alícia, papai, vovó...

- Eu sei meu bem, não sabe o quanto senti a falta de todos vocês – a mãe da Guardiã tocou as faces da filha – mas pude vê-los todos os dias, seu bisavô quis vir, mas só nos era permitido alguns poucos minutos. – a mulher trocou um olhar cúmplice com Illúvatar

- Desculpe-me Katherina, mas assim são as regras – interpelou o Deus – tens de despedir-te, a hora de Marianne aproximasse.

- Boa sorte querida, você será muito feliz – deram-se um último abraço antes que o elfo puxasse a moça para longe

- Eu te amo mãe! – gritou ela

- Feche os olhos – pediu Illúvatar cortesmente – espero que encontres a felicidade Guardiã, sejas abençoada! Namarië! (Adeus!)

- Adeus e mais uma vez muito obrigada – disse Mary sentindo um breve sopro nas faces

Não houve dor ou medo, apenas um forte e aconchegante calor que invadia o corpo da jovem em breves ondas, não ousara abrir os olhos, pois sentia mesmo estando de pestanas cerradas que havia luz ao seu redor.

Então ocorreu o momento em que pudera visualizar tudo a seu redor. Estava elevada a quatro metros do solo acima das terras desnudas de Mordor, diante dos portões negros e sob o olhar atento de seus amigos.

Legolas olhava-a sorrindo, as lágrimas ainda insistiam em escorrer-lhe pelo rosto belo, embora parecesse mais feliz do que nunca estivera.

Estendendo as mãos, Marianne desceu lentamente até que seus pés tocassem o chão, o elfo loiro correu a seu encontro parando a poucos centímetros de sua amada, ergueu uma das mãos ainda manchadas de carmim.

Receoso, tocou a bochecha esquerda da morena com as costas da mão, sendo recebido por um sorriso resplandecente.

- Mary? – perguntou ainda com a voz trêmula

- Melinyë tirië hendulyar silina írë lálalyë (amo ver seus olhos brilhando quando sorri) – disse-lhe Mary, repetindo a frase que o filho de Thranduil dissera antes de partirem para a guerra

Legolas encerrou a frase da jovem com um beijo caloroso, explosões de alegria percorriam lhe o corpo, desanuviando a tensão que ali acomodara-se ao cogitar que a mulher que amava havia partido.

As mãos rápidas e leves do elfo desceram até a cintura da moça, sendo percorrido por outro tipo de sentimento ao notar que tocara em algo pegajoso.

Interrompeu o beijo percebendo com temor que Marianne ainda sangrava, embora menos do que quando fora ferida, a Guardiã seguiu o olhar do elfo atentamente notando a angustia nos olhos deste.

- Ainda está ferida – disse-lhe em tom doce – Gandalf precisamos tirá-la daqui!

- Oh Mary! – gritou Pippin beijando as mãos da jovem enquanto Merry abraçava-a

- Deixemos as saudações para depois, precisas leva-la a Elrond – instruiu o Mago enquanto Legolas amparava Marianne – tenho o transporte adequado.

Apontou para uma imensa ave de penas castanhas e longas garras, seu nome era Gwaihir – O Senhor dos Ventos, vindo das Montanhas Sombrias este nobre descendente de Thorondor já havia salvo Gandalf de inúmeras enrascadas.

- Gwaihir irá leva-los, é melhor irem – aconselhou Gandalf ao que Legolas assentiu pondo com cuidado a jovem ferida sobre as penas macias do animal

- Segure-se firme, mas nem tanto senão posso perder o prumo – aconselhou o Senhor dos Ventos – se tiveres medo de altura, seria aconselhável fechar os olhos.

- Não se preocupe, não tenho medo – respondeu a moça

O filho de Thranduil segurou-se as penas da águia que alçou voo de modo rápido, logo haviam afastado-se de Mordor e podiam apenas notar a falta de um ponto luminescente que antes existira em Baradûr.

            Os olhos de Marianne tornaram a ficar pesados, sentia-se exausta e não sabia dizer bem o porquê de sentir-se deste modo. O ferimento em seu abdome latejava de forma incomodativa e muito embora o voo estivesse agradabilíssimo, a jovem continuava a sentir-se cansada.

- São as Montanhas Nebulosas? – perguntou a moça num murmúrio

- Sim, estamos próximos do Vau do Bruinen – respondeu-lhe Gwaihir – é melhor segurarem firme meus amigos!

A robusta águia descreveu círculos acima de um belo e profundo vale, cortado por uma longa escadaria que levava a um dos lugares mais belos que Marianne havia visto.

- Parece-me que não venho aqui a séculos – comentou Legolas enquanto apertava Mary ainda mais contra seu corpo devido a uma leve inclinação feita pelo Senhor dos Ventos

A ave pousou com suavidade num pátio circular, ornamentado com duas grandes estátuas de guerreiros élficos que seguravam longas lanças. Um elfo de belas e harmoniosas feições os esperava, um diadema prateado lhe adornava os cabelos castanhos.

- Mae Govannen mellon nin (Bem vindos meus amigos!) – saudou ele enquanto o casal descia cuidadosamente das costas de Gwaihir – Im Lindir ar... (Chamo-me Lindir e...), em nome dos Valar! Estás ferida minha jovem? – exclamou ele

- Foi ferida por uma cimitarra Orc, precisa dos cuidados de seu Senhor Elrond – explicou Legolas rapidamente enquanto Gwaihir preparava-se para voar novamente

- Obrigada Senhor dos Ventos – agradeceu Marianne acariciando o recurvado bico da águia

- Não há de quê, espero que recupere-se logo. Adeus Jovem príncipe! – respondeu o animal batendo as asas com grande estardalhaço

- Venham comigo, hão de ver que já estavam sendo aguardados – disse-lhes Lindir com um sorriso carinhoso auxiliando Legolas a amparar o corpo da Guardiã

- Estou cansada – sussurrou ela à medida que percorriam a longa escadaria

- Achas que consegues carrega-la filho de Thranduil? – questionou o elfo castanho

- Mesmo que não conseguisse, o faria – respondeu o jovem passando os braços por debaixo dos joelhos de Mary e alçando-lhe o corpo

A jovem recostou-se ao peito do elfo, passando os braços por volta do pescoço deste. Os batimentos de Legolas não alterarem-se, considerando-se o fato de que galgava os degraus em alta velocidade.

De fronte a duas portas de madeira prateada e ricamente talhada com belos e harmoniosos desenhos, estavam figuras que ambos visitantes conheciam bem, pois tratavam-se de Thranduil, Glorfindel e um alto e altivo elfo de cabelos castanhos, Elrond Peredhil.

- Ada? (Pai?) – surpreendeu-se o príncipe ao ver o elfo loiro trajado em ricas vestes

- Ná lan, telin le thead (Sim filho, vim para ajuda-lo) – respondeu o rei com um meio sorriso

- Bem vindos a Imladris – saudou lhes o pai de Arwen – pena que venham até a Última casa Amiga numa situação destas.

- Mestre Elrond – Marianne remexeu-se no colo de Legolas, este colocou-a no chão e a moça cambaleou tornando a apoiar-se no elfo

- Levem-na para meus aposentos – pediu Elrond a dois elfos que estenderam uma maca ao solo para que a jovem guardiã pudesse deitar-se – quanto a você Legolas Thranduilion, deve banhar-se e alimentar-se.

- Sim meu senhor – aquiesceu Legolas dando um beijo na testa alva de Marianne – vais ficar bem.

A morena sorriu-lhe sendo levada pelos guardas e seguida de perto por Elrond Meio-elfo, Lindir e Glorfindel que deu breves tapinhas no ombros de Legolas.

Um silêncio desconfortável instalou-se entre o Rei e o Príncipe da Floresta das Trevas, ambos com os olhos fixos no chão, olhando-os de longe pareciam ser o espelho um do outro.

- Estás ferido? – perguntou Thranduil repentinamente

- Lá, aran nin (Não meu rei) – respondeu-lhe Legolas cruzando os braços sobre o peito

- Las, olhe para mim filho – pediu-lhe o pai com uma voz carinhosa

O príncipe ergueu os olhos rapidamente vacilando um pouco ao escutar o apelido de infância que o pai lhe dera, o elfo que tantas vezes exigira que o próprio filho chamasse-o de senhor agora deixara cair a máscara e mostrava todo seu arrependimento.

  Pai e filho envolveram-se em um abraço que pareceu-lhes durar a eternidade, o arrogante Rei Élfico pôde derramar as lágrimas que há muito mantivera presas por detrás do sério e obtuso semblante.

- Senti sua falta meu filho... – murmurou Thranduil com a voz embargada


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Notas finais do capítulo

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Bjoss