A Guardiã escrita por Alatariel


Capítulo 33
Senda dos Mortos


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo novinho em folha! Seja muito bem vinda Quel Pevensie, agradeço aos comentários de minhas fiéis leitoras: Elven Princess, eeloisa, Lúthrien,



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POV MARIANNE

Fui à direção de minha tenda, se minha avó me visse diria eu estava “correndo às pampas”, mas mesmo estando com o coração aos saltos, tomava total cuidado para não produzir ruídos.

Afastei o tecido de cores vivas e ricamente bordado que construía a simples cabana em que repousara, procurei minhas armas, colocando rapidamente o cinto que prendia minhas facas e tentando em vão prendar a fivela da aljava ás minhas costas, sem obter sucesso.

Xinguei em voz baixa, lutando para alcançar a inútil fivela dourada, porém não toquei no frio e rígido metal e sim em algo quente e macio que deslizou suavemente traçando com perfeição o contorno de minha cintura.

Os lábios suaves roçaram em meu pescoço, arrepios subiram-me pelas costas e confesso não precisar ser advinha para saber quem era o dono de tamanha suavidade.

- Nunca mais dê-me um susto daqueles Marianne Greyhood – as palavras que deveriam vir em tom de repreensão, atingiram-me em tom de pura brincadeira

- Eu prometo – os braços compridos envolveram minha cintura

Virei-me para Legolas e podia sentir sua respiração contra a minha, seu corpo contra o meu, seu coração me pertencia e este coração parecia mais acelerado do que o meu.

Beijei-o com urgência, procurando deleitar-me o máximo possível com o sabor de sua boca, concentrei-me em remover o broche que prendia a capa cinzenta as costas do elfo, meus dedos estavam tão trêmulos que não consegui.

Legolas afastou minhas mãos, abrindo ele mesmo o delicado broche e deixando que o tecido que lhe pendia dos ombros caísse no chão.

Puxei-o para a cama de campanha no canto oposto, mas o filho de Thranduil separou nossos lábios com uma expressão resoluta gravada nas feições, tomou-me uma das mãos acabando com o contato físico que antes nos unia.

- Tudo a seu tempo – murmurou ele com um meio sorriso

- Humpf – bufei cruzando os braços sobre o peito enquanto Legolas divertia-se as minhas custas

***

Aragorn estava tão compenetrado na tarefa de sair sem mais delongas, que nem ao menos notara a mansa aproximação de uma delgada dama loira, dona de passos leves e ao mesmo tempo firmes.

- Vai nos deixar? – perguntou a jovem surpreendendo o Dunedáin

- Preciso ir Éowyn, precisa deixar-me – disse-lhe ele acariciando a pele marmórea da moça

- Não posso deixa-lo. – respondeu-lhe com os olhos embaçados e controlando sua voz, para que não deixasse transparecer a tristeza que sentia

- Por quê? – questionou-lhe Estel franzindo o cenho

- Ainda não sabes? – perguntou a sobrinha de Théoden com obviedade

- Éowyn, você foi apenas uma sombra e uma ilusão, não posso dar o que queres – deu-lhe as costas a contragosto e partiu

A moça sentiu o cálido vento de Maio bater-lhe nas faces banhadas por translúcidas lágrimas, o coração partira-se e não fazia ideia de que algum dia fosse concertado.

Mesmo que sentisse o coração pesar-lhe no peito, Aragorn nada podia fazer contra o que proferira a jovem sobrinha de Théoden, não poderia permitir que uma donzela tão jovem e tão bela deixasse levar por algo que não existia.

Com os olhos fixos no solo, o filho de Arathorn não vira que tinha os passos vigiados de perto por um anão de barba ruiva, que serenamente fumava seu longo cachimbo.

- Aonde pensa que vai? – questionou-lhe Gimli tirando-o de seus devaneios

- A um lugar onde tú não pode acompanhar-me – respondera o númenoriano

- É mesmo? – o filho de Glóin levantou-se

Legolas e Marianne surgiram logo após, os cavalos já portando os arreios e selas, ambos exibindo sorrisos travessos nas faces.

- Não será neste momento que vamos abandoná-lo meu bom amigo – afirmou o elfo

- Chegamos tão longe juntos, iremos até o fim – confirmou Mary sorrindo

- Não te esqueças, que irmãos nunca abandonam irmãos – Halbarad e a Companhia Cinzenta incorporaram o grupo

- Então é isso, vão acompanhar-me ao único lugar neste mundo tão belo onde não há luz? – questionou Aragorn apesar de saber que a resposta estava estampada nos rostos de seus amigos

- Há sempre uma luz para quem tem esperança – disse-lhe Elladan convicto

- Além do mais – continuou Elrohir – estamos levando Marianne junto.

Encaminharam-se para a fenda agourenta entre os penhascos, o rei traidor e seu séquito havia-se refugiado sob as Montanhas Brancas, num local conhecido como o Caminho dos Mortos, ou se preferir, Senda dos Mortos.

Uma fantasmagórica névoa branca rodopiava ao redor dos viajantes, Marianne xingou-se internamente por não ter trocado de roupas, pois esfregava os braços tentado aquecer-se.

Animais possuem uma maior sensibilidade do que homens, o que podia notar-se pela afobação e hesitação expressas pelos animas conforme aproximavam-se da porta da morte.

- Queria poder oferecer algo para aquecer-te – ofereceu-se Belharir cortesmente

- Não se preocupe, eu é que fui tola em ter mudado de roupa – respondeu Mary

- Mas afinal, sou o único aqui a não saber sobre a história deste lugar? – questionou Gimli tornando a quebrar o silêncio

- O Rei dos Mortos e seus seguidores já foram homens vivos. Eles moraram nas Montanhas Brancas e eram conhecidos como Homens das Montanhas – explicava Legolas – Eles eram próximos dos homens da Terra Parda.

- Tinham uma profunda adoração por Sauron, mas depois que o reino de Gondor foi fundado, o Rei jurara fidelidade a Isildur – continuou Elrohir – na Pedra de Erech, o rei prometera lutar contra as forças de Sauron.

- Mas quando foram convocados durante a Última Aliança, o Rei e seus homens quebraram o julgamento e se recusaram a lutar por Gondor – completou Elladan – Isildur disse ao Rei das Montanhas seria o último rei e amaldiçoou os perjuros a nunca descansarem até cumprirem o julgamento.

- “Quem deverá chamar da dúbia meia-luz o olvidado povo? O herdeiro daquele a quem foi feita a jura. Do norte deverá vir...Movido pela necessidade seguirá pela porta para as Sendas dos Mortos.” – declamou Legolas com firmeza

Chegaram finalmente a um portal cravejado por crânios, uma mensagem estava incrustada na pedra cinza, os cavalos começaram a afastar-se alguns deles com relinchos e coices.

- Brego! – gritou Aragorn, mas o alazão já havia ido embora

- Este lugar cheira a morte – comentou Gimli num sussurro

A aurora cinza esbranquiçada começava a aparecer por detrás dos penhascos e ravinas, não havia sol e uma estranha brisa soprava na face dos viajantes.

- "A porta está fechada, foi feita por aqueles que estão mortos...e os mortos a mantem...a porta está fechada" – sussurrava Legolas

Marianne sentiu a cabeça girando de modo nauseante, uma das mãos correu para o pescoço quando a jovem sentiu um aperto agudo no local.

- O que houve? – perguntou-lhe Elrohir

- Nada – mentiu a moça dando um sorriso amarelo

- Eu não temo a morte – Aragorn adentrou o local confiante seguido de seus primos do Norte

Legolas pegou Mary por uma das mãos dando-lhe um sorriso encorajador, os dois seguiram os dunedáins, logo após foram Elladan e Elrohir a adentrar o escuro e inóspito local.

- Esta é boa, três elfos vão para debaixo da terra sem pestanejar enquanto um anão se recusa – bufou Gimli

Caminharam a tropeços, pois um profundo breu espalhava-se pelo local, Aragorn iluminava o caminho a frente enquanto Elladan formava a retaguarda da fila.

Mary parecia desconfortável, por vezes sua face contorcia-se numa expressão de dor e a moça cambaleou por diversas vezes. Legolas permanecia com um braço rodeando e sustendo a cintura da jovem.

Foi quando a Guardiã estacou, apoiando-se em Legolas e arfando de modo incessante, os olhos estavam sem foco e possuíam uma macilenta névoa branca.

- Marianne? – perguntou Legolas preocupado

- Eu..Sauron..- balbuciou a moça tentando focalizar o dono da voz

- O poder do Senhor do Escuro cresce neste ambiente pestilento – disse Elladan – voltamos com Mary.

- Eu volto com ela – protestou Legolas

- Não, você precisa ir com Aragorn e os outros – aconselhou Elrohr perante o olhar ameaçador do filho de Thranduil, que agora mais do que nunca parecia-se com o pai – é o único que parece não temer esta cova.

- A jovem estará segura com eles – disse Halbarad

- Tudo bem – concordou o Sindar por fim

- Eu vou ficar bem – garantiu Mary tocando a pálida face do elfo – eu lhe fiz uma promessa.

- Vamos – sussurrou Elladan puxando a morena pelo braço

***

Os filhos de Mestre Elrond nunca sentiram-se tão felizes por retirarem-se de um ambiente, os dois pareciam mais do que satisfeitos ao saírem para a pálida luz matinal.

- Graças a Illúvatar! – comemorou Elladan soltando uma trêmula Marianne

- Beba um pouco – Elrohir estendeu-lha uma garrafa pequena

Mary olhou o objeto intrigada, lançou um inquisidor olhar ao gêmeo que lhe oferecia o líquido.

- Não se preocupe, é Miruvor – falou-lhe sorrindo

- O que exatamente ocorreu? – quis saber a moça enquanto sorvia o líquido adocicado

- Ah, nós nos esquecemos de parabeniza-la! – Elladan ergueu-se de salto - Valin nostarë! (Feliz Aniversário!)

- Como?! Que dia é hoje? – Mary deixou a garrafa escorregar-lhe pelos dedos

- Oito de Março – respondeu Elrohir – Feliz Aniversário de dezessete anos!

- É por isso que tornou-se mais vulnerável, seus poderes atingem o ápice no dia de hoje – explicava Elladan de modo displicente quando sua face endureceu, não olhava mais para Marianne e sim para algo além da jovem

Elrohir olhava para algum ponto oculto aos olhos dos outros murmurando algo em élfico, seus olhos pousaram no rosto de seu irmão e de seus lábios finos saíram três pequenas palavras que continham um grande significado.

- A guerra começou...Tens de ir, tua hora chegou – falou o elfo seriamente

- E quanto aos outros? – perguntou Mary exasperando-se

- Os explicaremos a situação, tenho certeza que hão de entender – certificou-lhe o gêmeo mais sério, Elladan

- Tudo bem, eu vou – deu rápidos abraços em ambos os amigos

- Nai anar caluva tielyanna (Que o sol brilhe sobre seu caminho!) – desejou Elrohir

- Assim espero – murmurou Mary

Tomou fôlego, preparando-se para sentir o típico calor subindo-lhe pelo corpo, mas desta vez este calor lhe parecia mais vivo, mais forte, mais quente.

De fato a fênix parecia maior e mais radiante, espalhando fagulhas pelo ar ao passar por planícies e campos.

Sabia muito bem para onde acertara o prumo, não só por tratar-se da cidade que havia pedido auxílio como também pela vasta devastação causada por enormes e pavorosos Trols, carregavam pesadas catapultas preenchidas por Orcs fortemente armados.

A ave sobrevoou o campo de batalha, notando que o primeiro nível da Cidade Branca já havia sido tomado pelas forças inimigas.

Procurou por Gandalf e Pippin com os enormes olhos argutos, encontrou o mago branco tentantdo conter um enorme aríete que se chocava contra os portões do segundo nível da cidadela.

Pairou acima de todos, fechando as grandes e avermelhadas asas em torno do corpo, concentrou todo o calor possível para tais locais, tornou a abri-las lançando enormes espirais feitas de chamas que atingiam as tropas inimigas em cheio.

Gandalf olhou aturdido para os céus e não pôde conter um sorriso ao vislumbrar uma magnífica ave traçando um gracioso e mortal voo acima de todos.

Foi quando um pequeno hobbit apareceu para tirar-lhe dos devaneios, Pippin continuava com as roupas de Guarda da Torre (posição que passara a ocupar ao dispor seus serviços a Denethor II, regente de Gondor e pai de Boromir e Faramir).

- Gandalf! Gandalf! Precisa ajudar-me! – gritou o hobbit notando neste instante o que o mago observava – Marianne...

A jovem Guardiã agora descia lentamente até eles, aterrisou ao lado de ambos para o espanto de vários soldados.

- Pippin! – envolveu o pequeno num abraço igualmente correspondido

- Srta. Anne, só você para ajudar-nos agora! – regogizou-se ele

- Minha querida, tua ajuda veio em boa hora! – comemorou o mago Branco com um sorriso – Auxilie Pippin.

- Sim senhor – aquiesceu a jovem afastando-se devido aos puxões que Peregrin dava-lhe – o que há?

- Denethor, ficou louco e está cismando que Faramir morreu – relatava o pequeno com avidez – vai queimá-lo, vivo!

- Não enquanto estivermos qui para salva-lo – corrigiu Marianne encaminhando-se para os túmulos dos antigos regentes

Forçou as portas, mas de nada adiantara, visto estarem trancadas por grossas barras de um metal duro.

- Oh raios! Por que tinham de estar trancadas! – gritou Peregrin

Marianne inspirou o ar com força para dentro dos pulmões, encaminhou o calor que acendera-se em seu peito para ambos os braços, tomada por uma força descomunal a jovem tornou a empurrar as portas, abrindo-as com estardalhaço.

E dando de trombas, com uma cena desesperadora...


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Notas finais do capítulo

E aí, gostaram? Odiaram?
Mereço reviews?
Bjoss