A Guardiã escrita por Alatariel


Capítulo 27
Sentimentos


Notas iniciais do capítulo

Oi! Alguém aí pediu mais Mary e Legolas? Capítulo um tanto quanto romântico para quem pediu!
Muito obrigada a quem comentou!
Espero que gostem!



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O corpo que descia pelas corredeiras do Isen era de um guerreiro em péssimo estado, as vestes estavam rasgadas na altura do ombro esquerdo deixando aparecer o ferimento causado pelo fato de ter sido arrastado até a queda.

As águas o levaram até a margem pedregosa do rio que fluí-a pelas planícies, Aragorn parecia morto ou pelo menos quase, nem ao menos aparentava respirar.

Em seu subconsciente lembrava-se de Arwen, do momento em que conhecera a criatura mais bela de toda a Terra Média, a própria imagem de Lúthien A Bela.

Sentia os músculos arderem, os pulmões reclamaram quando o filho de Arathorn puxou o ar com força para seu interior, sentiu uma lufada de ar quente no rosto, imaginou se estaria sonhando, mas o ar cheirava a capim.

Abriu os olhos depressa, retomando a consciência devagar e deparando-se com uma figura inusitada deitada a seu lado.

O alazão castanho, de nome Brego, não o abandonara e contrariando até mesmo o austero Dunedáin, o seguira até ali.

- Mellon nin (meu amigo) - disse o homem agarrando-se a crina do animal e lançando o corpo por cima deste

Cavalgou pelas planícies sentindo-se em frangalhos, Aragorn calculara que aquela altura o povo de Edoras já estaria no Forte da Trombeta e era exatamente para lá que se dirigia.

O silêncio que lhe acompanhara na maior parte do trajeto foi substituído pelo bater incessante de armaduras e escudos, um exército com dez mil Uruk-hais movia-se na mesma direção do Dunedáin.

Contornou o grupo pegando um atalho até estar diante da fortaleza que erguia-se imponente com uma fronte maciça de cerca de setenta metros, seria difícil atravessá-la, mas o filho de Arathorn sabia que para Saruman, nada era impossível.

- Mae carnen Brego, Mellon nin (muito bem Brego meu amigo) - elogiou ele acariciando o pelo do animal seguindo na direção do Forte

***

Marianne caminhava de um lado para o outro na frente de Legolas, ela torcia nervosamente a corrente da Estrela Vespertina que Aragorn perdera antes de sua queda.

- Não podemos mesmo ir atrás dele? Quer dizer, só quero encontrar uma forma de ajuda-lo ao invés de abandoná-lo a própria sorte lá fora e....

- Mary havo dad (Mary sente-se) - o elfo levantou-se rindo, olhou a garota nos olhos segurando-a pelos ombros

- Do que está rindo? - perguntou a moça não podendo conter um sorriso

- Sempre fica tagarelando quando está nervosa? perguntou ele

- Ah! É...bem ridículo da minha parte, não? - ela sentou-se no degrau de uma escada apoiando o rosto nas mãos

- Não, de forma alguma. - corrigiu-se Legolas sentando ao lado de Mary

- Só está dizendo isso para me agradar - ela fingiu-se ofendida

- Claro, não queria que ficasse chateada comigo - ele entrou na brincadeira

- Não ficaria nem se quisesse - murmurou ela

O elfo fê-la soltar o colar élfico antes que arrebentasse-o, a jovem lançou os grandes olhos verdes em sua direção, de alguma forma parecia surpresa.

Puxou o rosto da Guardiã para perto, pôs uma das mãos na cintura de Mary enquanto ela continuava a observá-lo. Por fim, a moça deu conta de terminar com a distância que os separava, colando seus lábios aos do elfo.

O beijo começou suave, Marianne nunca havia sido beijada de maneira tão diferente, os lábios de Legolas eram macios e seu hálito tinha gosto de hortelã. O elfo nunca sentira algo tão forte como aquilo, os lábios de Mary moviam-se de maneira calma e precisa.

As mãos da moça pararam na nuca de Legolas, os dedos finos prenderam-se aos cabelos loiros enquanto ele escorregava as mãos para a cintura da jovem.

- Hã, não sei se notaram meus amigos, mas vocês estão em público - era a voz de Gimli

O casal separou-se, Marianne escondeu o rosto no peito do elfo, enquanto ele a abraçava, os dois pareciam constrangidos.

- Mesmo sendo inusitado, fico feliz por terem tomado uma iniciativa - prosseguiu o anão

- Se não estivesse tão feliz, juro que arrancaria o seu machado - sussurrou Mary recuperando-se do rubor de instantes atrás

- Acho que faria o mesmo - concordou o filho de Thranduil depositando mais um beijo nos lábios da moça

- Mary!- chamou Éowyn correndo até onde os três estavam

- Vamos ajudar os outros - Legolas levantou-se e seguiu Gimli

- Tá - concordou a moça enquanto a filha de Théodowyn sentava-se a seu lado

- Vi você e Legolas - sussurrou-lhe a loira um pouco mais alegre

- Acho que metade da vila viu - concordou a outra rindo - escute, não fique preocupada com Aragorn, ele vai voltar.

- Espero que tenhas razão. - Éowyn tentava recompor-se quando as grandes portas da fortaleza se abriram

Os guardas permaneciam surpresos, já haviam sido informados sobre a queda de mais de cinquenta metros que o Telcontar sofrera e por este motivo não esperavam vê-lo adentrando o forte de Helm daquela forma.

Para a surpresa de todos, o homem que irrompeu por entre as pessoas era Aragorn, filho de Arathorn, herdeiro de Isildur.

Gimli abrira espaço dentre a multidão parando na frente do amigo que ele pensara estar morto, Aragorn lhe deu um meio sorriso.

- Nunca pensei que diria isso, mas senti sua falta meu bom amigo! - exclamou o anão abraçando-o

Éowyn já havia se levantado e corria com um radiante sorriso estampado nos lábios finos, queria certificar-se de que aquilo não era uma peça pregada por sua mente.

- Meu senhor, é você mesmo? - perguntou a loira tocando o rosto do Dunedáin

- Sim minha cara, podemos dizer que enganei a morte desta vez - ele lhe sorriu correspondendo o gesto - preciso falar com seu rei.

- Creio que meu tio esteja na sala principal - sinalizou a moça enrubescendo de leve

- Obrigado.

O homem dirigiu-se as escadarias com obstinação, precisava alertar o rei sobre os exércitos que viriam confrontá-lo, necessitava organizar as tropas.

Tão absorto em pensamentos como estava, Aragorn esbarrou em Legolas, o elfo lhe sorriu.

- Le abdollen (está atrasado) - falou o filho de Thranduil - você está péssimo.

O Dunedáin meneou a cabeça aquiescendo, imaginava que não estaria com um bom aspecto depois do fatídico acidente.

- Perdeste isto quando caiu - Legolas estendeu-lhe o colar que sua amada lhe dera

- Le hannon (obrigado).

- Da próxima vez em que pensar em se jogar de penhascos - uma Marianne esbravejando caminhava na direção dos dois - me avise antes! Queria nos matar do coração? - ela deu um abraço apertado no amigo

- Isso não se repetirá, eu prometo.

Aragorn voltou a caminhar na direção das portas, abrindo-
as com estrondo e surpreendendo o rei Théoden.

- É realmente impressionante que tenha sobrevivido a uma queda daquelas Aragorn, talvez eu o tenha subestimado. - disse o filho de Thengel

- Meu rei, devo alerta-lo sobre uma ameaça que vem de Isengard - disse num tom imponente

- Ameaça? - perguntou Hanel

- Cerca de dez mil Uruk-hais dirigem-se para cá neste momento, provavelmente chegarão aqui ainda hoje.

- Isso é impossível! - exasperou-se o rei

- Não só é possível, como está prestes a ocorrer. - prosseguiu Aragorn

Théoden deliberou, olhando ao redor como se esperasse que algum milagre fosse acontece, mas por fim decidiu-se.

- Mandem as mulheres e crianças para o subterrâneo, os que estiverem em condições devem lutar por seu rei - murmurou
resoluto

***

Estavam todos reunidos no arsenal, por ordem do rei, todos os que ainda podiam lutar deveriam defender o Forte e esta regra não restringia-se quanto a crianças ou idosos.

- Espadas, arcos, machados e lanças...de que adianta -
falou Aragorn

- Este é o problema Aragorn, não adianta - prosseguiu
Legolas prendendo a atenção de todos no recinto - posso ver o medo nos olhos de todos.

- Legolas... - tentou contê-lo Mary

- Boe a hyn, neled herain dan caer menig? (Será justo, 3000 contra 10.000?) - perguntou o elfo

- Si beriathar hyn ammaeg na ned Edoras (Eles tem mais chances aqui do que em Edoras) - contrapôs o Dunedáin

- Nedin dagor hen u-erir ortheri! Natha daged dhaer! (Não conseguirão vencer esta luta! Vão todos morrer!) - Legolas estava abismado

- Então deve morrer como um deles! - gritou Aragorn retirando-se

O elfo fez menção de segui-lo, mas Gimli segurou-o pelo braço.

- Deixe-o esfriar os ânimos - aconselhou o anão

- Talvez eu deva esfriar os meus também - murmurou o Sindar deixando o local

Marianne cruzou os braços sobre o peito, sabia que Legolas
falava a verdade, mas a culpa não pertencia a Aragorn.

- Vá atrás dele. Sei que vai fazer isso mesmo que eu interponha-me - bufou Gimli ao que a jovem correspondeu
sorrindo

POV LEGOLAS

Tantos inocentes, tantas vidas desperdiçadas, tantas mortes sem motivo aparente!

Caminhei por entre os corredores da Fortaleza, precisava pensar, sabia que minha atitude não fora correta, precisava desculpar-me.

Senti um leve puxão em meu braço, reconheceria aquele toque tão delicado em qualquer local do mundo.

- Sei que está desapontado, mas a culpa não é de Aragorn - Mary olhava-me compreensiva

- As palavras simplesmente fluíram de minha boca, não consegui contê-las - respondi

- Também não gostei da decisão do rei, mas é a única chance que temos de proteger os outros que foram para as cavernas - prosseguiu ela abraçando-me pela cintura e pondo a cabeça em meu ombro

- Por isso devo pedir desculpas- beijei-lhe a testa

Ela olhou-me pidona, ri sem pensar, curvando-me para beijar-lhe os lábios macios mais uma vez.

Nossos lábios moldaram-se com um encaixe perfeito, como se tivessem sido feitos um para o outro, de fato sentia que se meu coração não pertencesse a Marianne Geryhood, ele não pertenceria a mais ninguém.

- Antan órenya tyenna (dou-lhe meu coração) - falei vendo os belos olhos verdes brilharem enquanto Mary sorria

- Haryalyë melmenya (você tem o meu amor) - murmurou-me de volta e então senti-me completo

***

A Guardiã estava sozinha em um dos quartos da fortaleza, sentada numa cama simples girando entre os dedos o colar que sua avó lhe dera, a encomenda feita por seu padrinho Gandalf.

Levantou-se e caminhou até o espelho, olhou-se dos pés a cabeça, a camisa de botões preta dava-lhe um ar sóbrio, ainda não criara coragem para colocar a armadura que repousava sobre uma cadeira no canto do cômodo.

- Srta, Anne, posso entrar?

Mary virou-se para a fresta que havia sido aberta na porta, Éowyn parecia contrariada e um tanto insatisfeita, não haviam lhe permitido lutar por seu povo e ela não ficara feliz com isso.

- Éowyn! Você deveria estar nas cavernas com os outros! - a moça abraçou a amiga fechando a porta atrás de si

- Precisava lhe dar algo - a irmã de Éomer estendeu-lhe uma armadura feminina - pertenceu a minha mãe.

- Não posso aceitar - murmurou a Guardiã

- Pode sim, e vai usá-la - a loira não esperou ajeitando a armadura no corpo esbelto da outra - pelo menos assim, posso sentir que estou lutando com você.

- Prometo que farei de tudo para ganharmos - Mary sorriu - mas você precisa ir agora.

- Boa sorte! deram um último abraço e Éowyn desapareceu


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Notas finais do capítulo

E aí? Agradei?
Mereço reviews?