Tinha levado umas peças de roupa dentro de minha mochila, caso algo ocorresse então resolvi vestir uma calça jeans, uma blusa verde e meu All Star preto.
Peguei meu violão e comecei a descer a escada, queria me refugiar lá embaixo e deixar que minha mente se organizasse.
Cheguei até o chão onde encontrei alguns membros do conselho que acabara de se dissolver, seus olhares eram respeitosos.
Faramir veio ao meu encontro, o sorriso ainda não havia abandonado seu rosto e aquilo me perturbava.
- Peço perdão novamente por ter estragado seu vestido disse-me ele
- Tá, sem problemas.
- Poderia acompanha-la? perguntou em tom gentil
- Olha Faramir, não me leve a mal, mas tentei ser mais educada possível gostaria de ficar um pouco sozinha para poder assimilar tudo isso.
- Vou respeitar este momento seu. ele se curvou
Caminhei até onde meus pés aguentaram, ou seja, bem perto do rio que atravessamos para chegar até a cidade.
Sentei entre as raízes de um Mallorn, no meio de várias ellanor (flores amarelas que só crescem em Lothlórien) olhei para o céu, era um lindo e ensolarado dia, inspirei profundamente e comecei a cantar.
POV LEGOLAS
Não queria que Marianne visse que a tinha seguido, ouvira o que ela dissera para o irmão de Boromir, mas algo mais forte do que eu fez-me sair atrás daquela moça.
Os cabelos castanhos ondulavam na brisa e constantemente ela fechava os olhos e sorria para si mesma.
Parou no meio do caminho para apanhar uma ellanor e pô-la atrás da orelha o que a deixou ainda mais radiante.
Podia ouvir seu coração acelerado, o barulho de seus pés roçando nas folhas acumuladas no chão e sua respiração suave.
Sentou-se no meio das raízes de um Mallorn e começou a cantar, com sua bela voz.
I wanted you to know that I love the way you laugh
I wanna hold you high and steal your pain away
I keep your photograph and I know it serves me well
I wanna hold you high and steal your pain

Estava oculto pelo tronco de uma das árvores, mas quando a voz de Marianne chegou até meus ouvidos, não pude evitar.
Cause I'm broken when I'm lonesome
And I don't feel right when you're gone away

Não pude mais controlar meus pés, que resolveram me desobedecer.
You've gone away
You don't feel me here, anymore
Cada palavra me atingia com a força de uma trovoada e não percebi o quanto estava perto.
The worst is over now and we can breathe again
I wanna hold you high, you steal my pain away
There's so much left to learn, and no one left to fight
I wanna hold you high and steal your pain

Tinha plena certeza de que se Marianne fosse uma elfa, teria ouvido meus passos, que agora, a meus ouvidos mais pareciam o rufar de mil tambores.
'Cause I'm broken when I'm open
And I don't feel like I am strong enough

Podia ouvir cada movimento de seu corpo, cada roçar de dedos nas cordas do violão, cada nota emitida pelo instrumento, eu ouvia tudo.
Até que ela parou de súbito, retesando todos os músculos e virou-se na minha direção, seus olhos ardiam num verde tão intenso quanto o que se mostrara quando ela se transformou em Fênix durante o conselho.
- Não queria atrapalha-la falei num tom de desculpas
- Ah tudo bem o fogo verde abrandou
- Assustei-a? perguntei me aproximando mais
- Um pouco admitiu colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha gosto de me afastar das pessoas quando preciso pensar.
- Quer que a deixe sozinha? questionei
- Não, você pode ficar ela me olhou se quiser é claro.
- Gosto de ouvi-la cantar sentei-me a seu lado
Ela me analisou um pouco, depois enrubesceu de repente desviando o olhar o violão.
- O que gostaria de ouvir? perguntou
- A música que estava cantando há poucos minutos pedi apoiando as mãos atrás da cabeça e escorando-a no tronco do mallorn
- Ok ela voltou a entoar a música desta vez mais cuidadosa
'Cause I'm broken when I'm open
And I don't feel like I am strong enough

'Cause I'm broken when I'm lonesome
And I don't feel right when you're gone away '

Marianne estava de olhos fechados novamente, momento em que aproveitei para observá-la.
Os cabelos castanhos caiam em leves ondulações pelos ombros, os olhos; que não podiam ser apreciados naquele instante; pareciam castanhos, mas eram de um tom esverdeado. A pele era levemente bronzeada, era alta e possuía curvas suaves, os cílios grossos e longos lançavam sombras em suas bochechas coradas.
Não notei que ela havia parado de cantar até o momento em que Mary pigarreou em meio a risadas, despertando-me de meus devaneios.
- Ah me desculpe! desta vez era a minha vez de ficar envergonhado
- Sem problemas ela sorriu colocando o violão de lado e ajeitando-se entre as raízes Posso lhe fazer uma pergunta?
- Faça pedi curioso
- Como conheceu o meu bisavô?
- Bem, eu não cheguei há passar muito tempo com Mestre Tolkien, mas ele esteve aqui depois da primeira guerra do anel, como a senhora Galadriel já havia lhe dito acomodei-me olhando para o horizonte era um bom homem, aprendeu as línguas e os costumes rápido, mas depois teve que retornar a seu mundo, dizendo que tinha uma missão a cumprir.
- Ele participou de uma guerra no mundo dele também disse-me a moça tinha mulher e filhos e considerando que o país estava em guerra, não podia abandoná-los sem mais nem menos.
- Soube que ele escreveu sobre nós falei você se parece muito com ele.
Ela levantou seus olhos para mim, sorrindo.
- Obrigada. Mary suspirou cruzando os braços sobre o peito Só acho que ele não teria partido para cima do Glóin como eu fiz.
- Não foi culpa sua, a dor da perda de uma mãe é algo indescritível, acredite, eu sei bem baixei os olhos para a grama
Havia perdido minha mãe, assim como aquela jovem perdera a sua e conhecia os sentimentos despertados por esta perda.
Senti o toque quente da mão de Marianne na minha e ergui meus olhos sustentando seu olhar.
- Sinto muito disse-me ela com um meio sorriso
- Sinto muito por sua mãe também falei
Ficamos em silêncio nos olhando por alguns instantes até que me afastei, cedo demais.
- Conte-me um pouco sobre você pedi ficando extremamente interessado em minhas botas
- Meu nome é Marianne Greyhood, tenho dezesseis anos e moro em Toronto, tenho uma irmã de cinco anos chamada Alicia ela tirou a ellanor de trás da orelha e começou a girá-la nas mãos meu pai se chama Robert e é cozinheiro, dono de um restaurante na cidade. Minha mãe se chamava Daniela e trabalhava como cirurgiã dentista.
- Parece uma boa família comentei
- É uma ótima família, todos muito legais. ela sorriu Tem também minha avó, Margareth, ela mora na fazenda perto do bosque por aonde vim parar aqui.
- Filha de Tolkien? questionei
- Sim, ela ela empalideceu e acabou esmagando a flor em meio aos dedos ela sabia de tudo, não é?
- Receio que sim disse tentando acalmá-la o colar que está usando apontei para seu pescoço de onde pendia a corrente dourada foi forjado por elfos, creio que em Imladris (Valfenda).
Marianne tirou a corrente e observou-a, girando-a no ar, depois franziu a testa.
- O que há? perguntei
- Tem algo escrito aqui ela se levantou sentando o mais perto possível de mim para que eu pudesse ver
- Alwa aurëvendë li devagar quer dizer: Boa sorte donzela da manhã.
- Aham respondeu ela não olhando para o colar, mas sim para mim