Back to Start (em hiatus) escrita por asthenia


Capítulo 7
VI — Misunderstood


Notas iniciais do capítulo

Como havia prometido, aí está o capítulo 6! Os próximos dois capítulos já estão adiantados, então estarei sendo pontual. :)
PS.: Leiam as notas finais!



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"As the words slipped off my tongue, they sounded dumb

If this old heart could talk, it'd say you're the one."

"Como se as palavras escorregassem pela minha língua, soaram estúpidas

Se esse velho coração pudesse falar, diria que você é a única."

( Misunderstood - Bon Jovi )

.

Seus passos o levaram até a sala do Hokage - ou melhor, do dobe - pois o mesmo havia intitulado uma reunião com relação aos relatórios das últimas missões do Uchiha. Ultimamente Sasuke sabia que as missões dadas pelo Hokage eram mais experimentais do que reais. Que normalmente os ANBUS eram qualificados para missões de alto nível, não aquelas estúpidas que Naruto dava a ele. Sasuke não podia ser qualificado como um simples jounnin, e por isso o escalaram para a ANBU, dessa forma podendo usar mais das qualidades do Uchiha e tendo algum controle sobre o mesmo por parte do conselho.

Suspirou. Aquilo estava sendo muito cansativo.

A feição do loiro a sua frente não se assimilava nem um pouco com as expressões alegres de antes, que às vezes irritavam Sasuke profundamente. Ele entrou na sala, mas decidiu não questionar Naruto por aquela cara, mesmo que quisesse saber. O Uchiha sustentava sempre a sua pose de frio para que todos os muros de frieza que havia construído continuassem de pé, mesmo tratando-se de Naruto. Ou Sakura.

— Yo dobe, já estou aqui.

— Teme! – Naruto tirou os olhos do papel amarelado que olhava distraidamente – sente-se, já vou te dar os pergaminhos que tem que assinar.

— Você sabe onde eles estão pelo menos? – Sasuke sorriu sarcástico enquanto Naruto abria a gaveta que ficava abaixo de sua mesa, e suas mãos mexiam freneticamente sobre os papéis que ali estavam.

— Cala a boca, Teme! – entre resmungos, Naruto disse enquanto Sasuke ainda o olhava sarcástico. O Hokage tirou um pergaminho e o estendeu na frente de Sasuke.

Não era um desses pergaminhos simpáticos, bem desenhados. Aquele pedaço de papel simbolizava um comprovante de compromisso estúpido com Konoha. Mesmo sendo um país em que os shinobis controlavam com a força e a sabedoria, não perdiam a oportunidade de criar algo burocrático e inútil, de acordo com Sasuke, para simbolizar o compromisso que o Uchiha tinha com Konoha. Aquele pedaço de papel era assinado todo fim de mês por Sasuke. Nele continha o relatório de cada missão e o veredito do conselho, para que o Uchiha estivesse de acordo, e se comprometesse com os requisitos que o conselho impunha.

Sabia que se quisesse ir contra as leis e a tudo o que o conselho propunha, com certeza não se preocuparia com um pedaço de papel e com uma assinatura inútil. Como se isso valesse a pena para alguém de sangue frio como ele.

— Está aqui, dobe. – o Uchiha disse, entregando o papel ao Hokage – eu terei alguma missão nessa semana?

— Ainda não sei, assim que souber te comunico, 'ttebayo.

— Estou indo.

Sasuke se levantou dando menção de ir embora, mas Naruto disse seu nome, o que fez o Uchiha recuar e olhar para o loiro a sua frente. Talvez fosse mais um dos comentários de Naruto sobre "você tem que sair mais", "sei um bar ótimo para nós irmos". Propostas que Sasuke escapava na maioria das vezes, e só se rendia quando Naruto insistia demais, ou quando ele estava cansado de ficar no breu e na frieza que era sua casa.

— O que é, Naruto?

Quando Sakura mencionava o nome de Sasuke, ou então simplesmente se dirigia a ele de outra forma, Naruto sentia dor nas palavras dela, uma tensão em seus ombros, e os seus olhos ficavam completamente perdidos. Ele precisava entender que Sakura acreditava que o Uchiha era o mesmo assassino frio, e que nunca e nem ninguém o resgataria das profundezas de toda a escuridão a quem seu amigo havia entrado. Mas Naruto alimentava uma esperança de que Sasuke ainda era o mesmo menino de antes, e quando ele sorria, o Hokage se sentia a vontade.

Por esse motivo ele também acreditava que o Uchiha não era como uma pedra sem nenhum sentimento. Se não houvesse sentimento algum, ele nunca estaria de volta a Konoha e nunca se aproximaria de Sakura. Mesmo que Sasuke fingisse que era indiferente a notícia que viria a seguir, não seria fácil dizer como se fosse o acontecimento mais comum do mundo. Ele ainda estava com vontade de socar a cara do Uchiha e contar toda a verdade, mas sabia que se fizesse isso, Sakura corria um risco do qual ele podia evitar.

— Eu tenho uma coisa para te contar.

— Fale.

— Sakura-chan está grávida – disse receoso, enquanto Sasuke continuou encarando o loiro, sério – e nós vamos nos casar.

A pequena abertura dos lábios de Sasuke não denunciava a surpresa que teve quando Naruto soltou aquelas novidades para ele. Sentiu seus ombros tensos e por aquele momento queria fingir que não havia ouvido nada e sair do local. Por conta do seu raciocínio rápido, o rapaz segurou a sua vontade de rude com o Hokage, mas não era preciso tanta força para se fingir indiferente quando Naruto o conhecia tão bem.

— Parece que você conseguiu o que sempre quis. – depois de um silêncio que pesava sobre o local, forçando um sorriso sarcástico, Sasuke disse, fingindo não se importar.

— É isso que você vai me dizer afinal depois de todo esse silêncio? – Naruto procurava usar da ironia para tentar atingir o Uchiha cada vez mais, mesmo que ele fingisse não se importar.

— Você esperava que eu dissesse o quê? – por quase um momento, Sasuke esqueceu toda a sua pose fria para dizer "quer que eu fique feliz com isso?", mas sabia que, ao dizer isso, daria ao Naruto exatamente o que ele esperava o gosto da vitória de uma luta que o Uchiha nunca havia perdido. E, no final da história, a vitória pertencia ao sorriso irritante de Naruto.

— Eu não sei Sasuke! – Naruto disse derrotado. Não estava mais suportando toda aquela situação, mas aguentaria por Sakura. Sasuke agia como se nada tivesse acontecido entre ele e Sakura e que ela era não passava de mais uma estranha em sua vida.

— Parabéns Naruto, você realmente conseguiu o que queria. – Sasuke disse, dando as costas ao Hokage que apenas olhava a cena, de punhos fechados. O Uchiha caminhava em direção a porta e a fechou antes mesmo que Naruto pudesse falar qualquer coisa.

"Você é mesmo um imbecil, Teme!"

—/-

As promessas de tentar ser frio, congelar seu coração, ou simplesmente fingir que ele não existia eram difíceis de serem cumpridas todas as vezes em que ela estava nesse tipo de situação. Sakura o havia tirado de um abismo de solidão quando criança, e a sensação de necessidade nunca havia passado. Quando foi embora de Konoha, sabia que todos os seus pontos fracos deveriam ser deixados para trás e ele deveria agir como se eles nunca tivessem existido. Esses pontos eram, respectivamente, Naruto e Sakura. Depois, descobriu que deveria eliminá-los para se tornar um assassino completo, assim como Itachi havia sido.

Mas isso era mais difícil do que qualquer outro desafio. Seu coração não era pedra, mesmo que ele tentasse transformar em tal. Naruto ainda era seu irmão e Sakura mexia com os seus nervos. Quando criança, ele se irritava facilmente com a Haruno e por isso ela conseguia mexer com ele. Agora, mulher, Sakura mexia com os seus instintos masculinos e ele escondia entre outros desejos mais íntimos, o desejo de tê-la de forma imprescindível. Por isso, com essa ânsia de possuí-la, ele resolveu segurar pela cintura da moça, naquele fático dia, não a deixando escapar, no momento em que os dois se entregaram um ao outro.

Sasuke continuou andando a caminho de sua casa com uma vontade imensa de socar em alguma coisa. Ou em alguém.

O Uchiha não parava de pensar no maldito dia em que Sakura resolveu aparecer na sua casa. Depois do ocorrido, sem pensar, alguns dias ele encarava a porta em que ela havia entrado, por instantes, esperando - e achando - que talvez ela aparecesse por aquela porta novamente. Mas ela nunca mais apareceu. Não sabia se sentia aliviado por ela ter sumido, ou se sentia péssimo por ela ter se afastado de vez. Seu corpo ainda reagia a tudo o que tinha a ver com Sakura, mas sabia que o melhor para ela era que ela se afastasse de uma vez dele.

Encheu sua boca para pedir que ela matasse seus sentimentos por ele dentro dela. Insistiu que ele nunca faria bem a ela, que ele era um rastro de culpa e ela merecia alguém melhor. Mas tudo isso jurou apenas a ele mesmo. Mesmo que segura-la entre seus braços fosse completamente inebriante para ele, era preciso, para o bem dela, que de uma vez por todas Sakura enterrasse tudo e qualquer coisa que sentisse pelo Uchiha. Sasuke sabia que o ódio não era tão dolorido que o amor, que Sakura não merecia continuar sofrendo depois de tanto tempo por aquele sentimento que alimentava a alma do Uchiha para que se tornasse algo melhor. De alguma forma, aquele amor era uma chama que o mantinha vivo.

Adentrou rapidamente para a casa principal de seu clã, abriu a porta e olhou para aquele ambiente escuro. Ultimamente, a escuridão daquela casa dava arrepios a ele, que achou que talvez um dia se acostumasse com tudo aquilo. Aquela de cabelos rosados tornava cada detalhe escuro de sua alma em uma esperança de não viver sozinho, mesmo sabendo que ela pertencia a um idiota agora. Mesmo que pedisse para que ela o esquecesse pelo resto de seus dias. Sussurrou o nome dela baixo e uma pontada no seu peito começou a doer.

"E o meu ponto fraco volta a doer... Droga Sakura, você não devia mexer com os meus nervos desse jeito."

—/-

Os comentários de Hanabi não eram inválidos quando Hinata começou a reparar no novo convidado ilustre dos Hyuuga. Hanabi havia dito, assim que observou Mitsuaki Shinji, que era "Um rapaz charmoso, pra não dizer outra coisa e deixar a nii-san envergonhada". Mentira não era. Ele sorria quando falava, e sempre usava as palavras certas. O clima do jantar parecia menos pesado com a presença do rapaz, dos olhos azuis e cabelos longos, alegrando um pouco mais o ambiente. De costas, parecia Neji, outro comentário de Hanabi que deixou seu primo com um leve desconforto. Mas de frente, ele se diferenciava de Neji, visivelmente. Seu rosto era um pouco mais arredondado, e ele sorria o tempo todo. Os cabelos estavam sempre soltos, e algumas mechas ele usava próximo ao rosto. De vez em quando ele olhava para Hinata e sorria ainda mais. Incrivelmente, aquele rapaz sabia como deixá-la a vontade, mesmo que o seu sorriso não comparasse ao do atual Hokage.

— Seu clã parece grandioso, Mitsuaki-sama, pelo o que ficamos sabendo quando fomos a Vila Oculta da Névoa. – Hiashi travava uma conversa extremamente formal com o rapaz, que continuava respondendo sorrindo.

— Sim, Hyuuga-sama. Mesmo depois de algumas guerras continuamos de pé.

— Você irá ao festival de primavera no fim do mês, Mitsuaki-sama? – Hanabi comentava, alegremente – ficaríamos muito felizes se nos acompanhasse!

— Irei sim... E ficaria feliz se sua irmã me acompanhasse – Mitsuaki olhou para Hinata, sorrindo, que só observava a conversa, sem comentar. A mesma corou assim que o rapaz passou a encará-la – claro, isso se que realmente o festival for acontecer.

— Claro que vai! Por que acha que isso não será possível?

— Hoje ouvi dizer pelas ruas que haverá outra festa. Achei que o festival fosse cancelado para que não ocultasse a outra comemoração.

— Não estou entendendo, Mitsuaki-sama. – Hiashi o interrompeu, assim que respondeu Hanabi.

— Durante esta tarde ouvi dizer que haverá uma festa em breve. Em comemoração ao noivado do Hokage. Por isso achei que talvez esse festival fosse cancelado.

Hinata fechou o punho e, pausadamente, colocou os talheres da mesa parando de comer. Todas as vezes que ouvia a palavra "Hokage", seu coração começava a doer, sua respiração dificultava. Mais uma vez, isso tomou um rumo que era pior do que se imaginava. A frase se repetia em sua cabeça, e teve uma vontade enorme de correr e chorar. "Noivado do Hokage... Naruto está noivo...". Ela tentou parecer normal, mas ao abaixar a cabeça, fechar os olhos e os punhos sobre suas próprias pernas, Neji observou que a sua prima não se encontrava bem. O choque percorreu pelo corpo dela.

— Noivo? – Hiashi dizia surpreso – não estava sabendo disso.

— É o que estão falando por aí – Mitsuaki disse, depois de um longo gole de saquê – acho que a noiva dele está grávida, uma ninja médica e...

Sem pensar nos comentários que poderiam ocorrer após sua saída repentina da mesa, Hinata assim fez. Não aguentaria continuar ali por muito tempo, fingindo que estava bem. Ela não conseguia fingir o tempo todo.

— Com licença, preciso ir ao toilet.

Caminhou até a porta que levava ao longo corredor dos quartos. Assim que chegou à porta, correu até a varanda que ficava no fim do corredor, como se aliviasse a dor que aumentava no seu peito. Entrou na varanda e chorou. Chorou como precisava durante dias. Chorou como uma criança. O seu soluço era o único som que ouvia, juntamente com a tentativa desesperada de buscar fôlego. Aquilo era demais! Noivo. De Sakura, ao que tudo apontava. E ela ainda estava grávida. Sabia que ele nunca a amaria, mesmo que ele dissesse. Quando seu coração começou a convencê-la que ele a amava, aquela notícia vinha a tona, e sensação de ilusão enchia seu coração.

Doía saber que o amava tanto e a toa. Doía perde-lo de uma vez por todas.

Mas logo ela levantou a cabeça, olhou a lua que iluminava a varanda, e se lembrou de quem era. Lembrou-se que ela era a herdeira Hyuuga. Lembrou-se da dor que o seu pai carregava, assim como Neji, por um passado doloroso, mas que nenhum deles se entregava a tristeza. Não sabia se eles choravam todas as vezes que encostavam a cabeça no travesseiro e no dia seguinte sustentavam um falso sorriso de força, assim como ela fazia, mas, pelo menos naquele momento, ela resolveu conter o choro e se acalmar. Fechou os olhos e limpou as lágrimas assim que ouviu passos próximos dela.

— E-Estou bem, Neji-nii-san.

— Estaria melhor que soubesse que eu não sou seu primo.

Hinata ouviu aquela voz diferente e se virou. Logo identificou que o rapaz que estava ali não era Neji, e sim o convidado ilustre para o jantar na mansão Hyuuga.

—Mitsuaki-sama... Me desculpe... eu...

— Não há porque se desculpar, Hyuuga-sama. A culpa foi minha por chegar assim... – o rapaz respondeu sorrindo – posso observar a vista também?

— C-Claro. – Hinata estava constrangida. Não sabia se o rapaz havia a ouvido chorar, e por isso permaneceu calada. Ele se aproximou e passou a olhar a lua.

— A melhor fase da lua é cheia, com certeza. – Mitsuaki Shinji olhou para o rosto de Hinata, que evitava que olhá-lo. O rosto da Hyuuga estava corado - Ela se parece com os seus olhos. Já te disseram isso?

— N-Na verdade não, obrigada... – respondeu baixo – gostaria de me desculpar por ter saído do jantar daquela forma. Eu... Eu não estava me sentindo bem, Mitsuaki-sama...

— Achei que estava fugindo da sobremesa – o sorriso do rapaz iluminou seu rosto. Hinata passou a olhá-lo assim que ele se aproximou mais dela – vamos quebrar esse clima de tensão, está bem? Essa história de noivado me assusta um pouco. Não quero que comecemos assim.

— O-O que quer dizer?

— Não quero se fique desconfortável perto de mim. Por isso, prefiro que antes que qualquer coisa, fossemos amigos. O que acha?

— Eu... Me desculpe, mas... E-eu não estou entendendo.

— Oi, meu nome é Mitsuaki Shinji, prefiro que me chame apenas de Shinji e que pare de se desculpar. Assim parece que sou eu que está fazendo alguma coisa errada.

Hinata sorriu ao ver que o rapaz estava sendo simpático, e se esforçava para que aquele clima de tensão se quebrasse. Aos poucos ela se sentia menos constrangida perto dele, principalmente quando o mesmo fez aquele breve discurso, apresentando-se e se reverenciando. Ela sabia e temia que talvez "seu novo noivo" logo quisesse casar, ou achar que ela pertencia a ele. Mas, assim que Shinji passou a sorrir para ela de forma doce, Hinata se sentiu um pouco mais a vontade e pode perceber que aquele importante integrante do clã Mitsuaki tinha um lado humano, menos rude e mais simpático. Ela sorriu de volta para ele e também se apresentou. Era incrível como um par de olhos azuis e sorrisos abertos a confortavam, mesmo que não fosse que quem ela desejava tanto.


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Notas finais do capítulo

Como o começo da história está sendo explicada pelo ponto de Sasuke, não pude colocar , mas o "papel amarelado" que o Naruto estava lendo é o exame de gravidez Sakura. Isso explica a expressão dele...
Enfim, espero que tenham gostado e até semana que vem! Obrigada pelos reviews seus lindos e lindas!