Back to Start (em hiatus) escrita por asthenia


Capítulo 5
IV — O antigo eu e você


Notas iniciais do capítulo

Aí está um capítulo super dramático para todos vocês!
Queria agradecer imensamente a recomendação que a Ellen fez da Back To Start. Muito obrigada! Aos elogios, ao carinho, tudo! Amei, de verdade. ;') Espero que a fic continue te agradando, obrigada mesmo. ♥
Obrigada por todas as reviews, torço para que continuem gostando!



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"I stood at a distance to feel who you are

Hiding myself in your eyes."

"Eu entenderei esta distância para sentir quem você é

Me escondendo em seus olhos."

( Before It's Too Late- Goo Goo Dolls )

.

— Grávida? Isso... – Ino falava baixo, em um dos quartos de consultas. Estava um pouco mais branca que o comum e com os olhos arregalados. Não tinha palavras.

Sakura havia decidido que não podia esconder isso por muito tempo. Sua barriga não havia crescido muito nesses quatro meses, mas em pouco tempo ela já iria aparentar um mulher grávida. Passou a usar roupas bem mais largas que o normal, o que ajudava a disfarçar. Sakura colocou sua cabeça entre suas mãos e permaneceu em silêncio. Só queria que Ino não perguntasse "Como?", mas sabia que em um momento ou outro, a pergunta iria sair.

— Estou aqui para te apoiar, não importa a situação. – Sakura segurou as lágrimas. Prometeu não chorar mais pela situação. Ino a abraçou, apertando-a. Alívio. Pelo menos em algum momento podia sentir aquilo.

—/-

Era quase meio-dia e o ronco de dentro do estômago estava alto. Naruto percebeu que precisava ir se alimentar antes que o barulho de seu estômago ficasse mais alto.
Ao sair para ir ao Ichiraku Ramen, um tumulto tomava conta da principal rua de Konoha. As pessoas falavam alto algo sobre "veja as roupas dele!", "quem seria esse?" e iam de encontro à rua, onde um único ponto chamava atenção. Naruto se viu confuso, querendo entender mais daquela confusão e o porquê de todo aquele alarde. Foi então que viu, no fim da rua, Shizune falando com um shinobi que aparentava ser da segurança. O Hokage já estava sem paciência com toda a confusão, e foi até Shizune com passos pesados sobre o chão.

— Que bagunça é essa, 'TTEBAYO?

— Hokage-sama... Não sabia que iria sair do seu escritório tão cedo... - disse, rindo nervosamente.

— Te perguntei uma coisa Shizune, que confusão é essa aqui?

— Isso foram ordens da Tsunade-sama, Hokage. Eu disse que você deveria saber disso, mas ela me ameaçou caso eu contasse e...

— O que Oba-chan tem a ver com isso, DATTEBAYO? Onde ela está?

Assim que Shizune respondeu, Naruto foi em direção ao hospital principal de Konoha. No caminho, pode observar o que estava chamando a atenção daquelas pessoas na rua. Um rapaz alto, de olhos azuis claríssimos, vestido com um kimono azul marinho chamava a atenção. Ele tinha cabelos longos, cor de castanho escuro até a altura da cintura, sorria e acenava para a população. Estava cercado de shinobis de máscaras pretas que cobriam a metade do rosto, como seguranças, saindo de um transporte carregado por outros shinobis. Parecia fazer parte de alguma realeza, e pela postura, vestes, e o modo como havia sido recebido, provavelmente era alguém importante e renomado. "Parece alguém querendo se aparecer mais que todo mundo, dattebayo! Eu deveria saber quem é? Estou sem vontade nenhuma de receber esse cara aqui... Tenho que falar com a Oba-chan e esclarecer essa história!" e voltou seu caminho para o hospital onde Tsunade-sama se encontrava.

— Hokage-sama! Como está? - disse sorrindo a recepcionista do hospital de Konoha, assim que Naruto entrou de supetão.

— Onde está Tsunade-sama?

— Ela está no seu escritório, mas no mome... - e antes que pudesse completar a frase, o loiro apressado ia até o escritório mencionado pela recepcionista.

— Você perde a noção do perigo, moloque. - Tsunade disse, rangendo os dentes, assim que Naruto abriu a porta de sua sala, quase derrubando todo o escritório.

— Será que dá pra me explicar, dattebayo, aquela confusão lá fora?

— Só você calar a boca! - tomou um gole de sakê, respirou o ar e expirou rápido, autoritária - e se acalme antes que eu te chute daqui!

Não importava a idade, o cargo, o poder ou qualquer outra coisa. Tsunade sempre trataria Naruto como seu aprendiz, brigando e sendo autoritária com o mesmo. Depois de se tornar o Hokage de Konoha, Tsunade estava ali para direcionar e ajudar na forma de governar Konoha. Naquele momento, Naruto se sentou e se calou. Não estava disposto a levar um chute no traseiro e voar longe. Respirou fundo e ficou a espera do pronunciamento de Tsunade.

— Esse rapaz que acaba de chegar aqui é um importante membro de uma família nobre da Vila Oculta da Água. Ele irá passar algumas semanas aqui em Konoha.

— E por que eu não podia saber disso? – estava impaciente e confuso com tudo, desde que saira de seu escritório. Teria um motivo mais profundo sobre o fato de Tsunade ter escondido aquilo - Qual é o motivo da sua vinda?

— Ele veio conhecer a sua noiva.

— Noiva? Que noiva, 'ttebayo?

Um silêncio se instalou. Tsunade tomou um longo gole de sakê antes de se pronunciar novamente.

— Há alguns anos atrás quando Mitsuaki Shinji tinha seis anos, foi prometido que se casasse com uma herdeira de um clã importante, tanto quanto ao que ele pertencia. Na época a situação não estava fácil para a Vila Oculta da Névoa e esse laço com Konoha foi estabelecido para as futuras necessidades de ambos os países. Na última semana eu recebi um comunicado sobre isso... – Tsunade respirou fundo – Dizia que o rapaz queria conhecer a sua noiva. Eu tinha esquecido essa história.

— Mas eu ainda não enten..

— Espera! Você está me deixando sem paciência! – gritou a loira meio enfurecida quando Naruto ameaçou interrompê-la – Ele veio conhecer Hyuuga Hinata.

A sala foi tomada pelo silêncio quando Tsunade disse sua última frase. O misto de impaciência e ansiedade que Naruto se encontrava havia se transformado em um misto de dúvidas. Suas palavras fugiram de seus lábios e ele ficou imóvel encarando Tsunade.

— Hinata...? – repetiu, tentando se convencer e confirmar o que Tsunade havia dito.

— É uma promessa garantida. Se eu contasse isso antes, você não iria deixar Mitsuaki Shinji entrar em Konoha.

Dentro dele algo cutucava, apontava, e doía. Tsunade continuou a observá-lo e viu que a pouca paciência que ele ainda possuía já havia acabado. Ela tinha o conhecimento sobre o que havia acontecido entre a herdeira Hyuuga e Naruto há muito tempo. Permaneceram num caso amoroso secreto por quase um ano, perto da data em que Hinata assumiria o cargo de herdeira Hyuuga, e a nomeação como Hokage de Naruto. Conhecia também a personalidade autoritária e prepotente dos Hyuuga, que de forma alguma Hinata poderia escolher entre ser a herdeira assumida e se casar com aquele que possuía um demônio do corpo, independente de cargo ou título. Mas, Tsunade sabia também que aquele caso teve fim quase 5 meses atrás. Que Naruto a procurou, em vão, para tentar reconciliar as coisas. E uma notícia como aquela mexeria com a estrutura de um relacionamento que estava se reestabelecendo entre Hinata, como a chefe de segurança de Konoha, e o Hokage.

— Maldição! Eu devia saber disso há muito tempo, dattebayo!

O Hokage se levantou e saiu em direção ao seu escritório. "Não, não, não!". A primavera havia passado e deixado Konoha mais alegre para o verão. As flores continuavam brotando nos jardins afastados. Detalhes que foram despercebidos quando Naruto voltava para sua sala. As pessoas o cumprimentavam, mas seus ouvidos não alcançavam som algum além de seus próprios pensamentos. "Isso é loucura... Eu sou um estúpido mesmo."

—/-

— Hinata, abra a porta! Hinata! – Hanabi batia à porta do quarto da herdeira freneticamente. Há algumas horas ela estava lá, aos prantos.

Forte demais era uma obrigação para quem estava pronta a assumir o cargo de responsável por um clã inteiro. Permaneceu forte quando ruínas internas se destruíram. Poucos alicerces de sentimentalismo a si própria, a ele, deviam acabar também. A ideia de um casamento de fachada, sem amor, sem vida, estava se consumindo em si e se desmanchando em lágrimas. Servir ao próprio clã acabava com qualquer motivação de vivência, em que a emoção dela mesma não era levada em conta. Em menos de vinte e quatro horas a notícia desconhecida da existência de um homem a quem era prometida trouxe de volta todas as frustrações de servir a algo que fora designada desde que nasceu. Um peso que não escolheu carregar, e que agora a identidade de mulher pertencia a outro homem. Não aquele que realmente amava, e sim a um desconhecido que provavelmente tinha o sabor de obrigação e não amor. Desmanchava-se em prantos, em lágrimas. Deitou-se na cama pela fraqueza do corpo, que sentia perder cada vez mais a si mesma e dar ao próprio clã. Nunca seria feliz com aquele homem a tocando e a desejando todas as vezes que queria, independente do que sentiria por ele. Não era Naruto.

A porta de seu quarto abriu. A figura de Neji próximo a cama não assustou Hinata, que permaneceu deitada na mesma, imóvel, respirando fortemente.

— Saia da cama que você compromisso.

— Eu não vou sair do meu quarto hoje. – respondeu em tom baixo.

— Você tem uma reunião com o Hokage-sama, Hinata. – Neji mantinha sua polidez ao falar com ela, mas em tom mais forte que o normal.

— Não espera que eu o encare... – disse, segurando as lágrimas – pelo menos hoje não quero ter nenhum dever com ninguém.

Neji fechou a porta do quarto de Hinata deixando Hanabi na parte de fora, que observava a cena atenciosa. Chegou mais perto da cama, indo em direção ao rosto de Hinata, que estava deitada com as pernas encolhidas perto do peito, encarando a varanda com os olhos inchados. Ele agachou e a olhou nos olhos.

— Não há como desmarcar. Te espero na sala principal em 15 minutos.

—/-

Assim que viu pelas janelas principais as duas figuras vindo em direção a seu escritório, respirou fundo tentando pegar mais oxigênio para o momento que se seguiria. Fechou os olhos. Permaneceu assim até que batessem na porta. Sua cabeça girava, seu coração parecia diminuir e pesar cada vez mais.

— Hokage-sama...

— Mande ela entrar, Shizune. Eu quero falar só com ela.

"Afinal de contas, o que eu faço 'ttebayo?". Continuou de costas assim que ouviu a porta se fechar. Queria demais encará-la, vê-la. Antes de dormir na noite anterior imaginou algum jeito de tê-la novamente. Ouvi-lá, rir com ela. Algo que faziam frequentemente antes, e agora, eram estranhos um para o outro.

— Olá, Hokage-sama. – Hinata disse, em tom baixo, quase que não ouvido. Tentou disfarçar as olheiras e as marcas do choro, mas estava visivelmente em um estado de tristeza.

Ao ouvir a sua voz, Naruto fechou o punho e se concentrou na figura de Hinata parada a sua frente. Estava de cabeça erguida, mas evitava olhar para ele. Respirou fundo pela última vez antes de falar.

— Você sabia disso?

Hinata fechou o punho tentando se manter aparentemente bem. Não queria falar sobre aquilo, mas sabia que ele não ficaria calado. Por esse motivo, a partir daquele dia, preferia não ver mais seu rosto, seu rastro, ou qualquer outra coisa. Com ele perto tudo se facilitava, mas também dificultava. A razão e a sensibilidade da Hyuuga não se conscentiam.

"Eu não posso passar por isso agora."

— S-senhor Hokage, - "Droga, eu tenho que gaguejar agora?" - nós temos que planejar o plano de segurança.

Os dois continuavam em pé. Ela evitando os olhos azuis do loiro, e ele tentando cada vez encará-la.

— Você sabe que eu não estou falando da segurança, dattebayo.

— N-não... Por favor, não. – disse baixo, mas o suficiente para que Naruto ouvisse.

O rapaz saiu detrás de sua mesa e foi em direção a Hinata, que permanecia de pé no meio da sala. O coração dela parou e voltou novamente quando ele estava a sua frente a encarando. Ela fugia dele. Tentaria evitar esse assunto para que as feridas de seu coração não se tornassem mais profundas, mais do que estavam. Ele voltou a fechar o punho e rangeu os dentes num som baixo. Sabia que se deixasse controlar pelas emoções, ficaria nervoso e perderia a calma. Aprendeu- não muito bem - que as coisas teriam que se resolver quando ele respirasse fundo e conversasse. Mas, provavelmente, seu temperamento não permitiria isso durante muito tempo.

Aproximou-se dela. Desejava mais de Hinata. Pelo menos até o momento precisava de resposta. Esteve perto o suficiente dela para sentir seu perfume.

— Não faça isso comigo de novo... – a Hyuuga fechou os olhos assim que ele se aproximou ainda mais.

— Você acha que eu não mereço uma resposta? Se não quer falar, não fale, mas eu preciso saber se você vai casar com esse cara. Vai? Você já mexeu demais com a minha cabeça, alguma consideração eu mereço!

— Eu.. – segurou as lágrimas, puxou o ar. Levantou sua face até a altura dele, e o encarou. – eu sirvo ao meu clã.

— Mas que diabos Hinata! É a sua vida!

— É-é, é a minha vida e se precisar...

— Se você soubesse, por Kami, como eu queria consertar as coisas! Mas você parece fugir disso e eu tô ficando puto com tudo isso, DATTEBAYO!

— Eu não estou fugindo, você n... Não entende... – engoliu novamente as lágrimas.

O loiro a segurou pelos ombros e puxou seu rosto até o dele. A poucos centímetros dele, o rosto de Hinata corou e ficou fortemente vermelho. O coração pulsava na garganta, e a respiração havia pausado. Ele continuava com um misto de confusão em seus olhos e sabia que uma força fora do comum estava trazendo ela assim, tão próxima a ele, para que se segurasse e não se aproximasse mais dela, tendo-a em seus braços de uma vez por todas. Sussurando, fazendo com que ela tremesse de leve ao som de sua voz tão próxima, sentenciou:

— Eu te perdi de vez então?

— Eu soube dessa história de casamento agora.

— Não me decepcione... Dattebayo, você não tem que servir a esses idiotas, Hinata! – trouxe-a mais perto para si – além de herdeira Hyuuga você ainda é a Hinata que me salvou da morte um dia.

Por fim, deixou que uma lágrima escorresse no seu rosto. Era impossível continuar engolindo o choro com aquelas palavras, aquele mesmo Naruto que amava descontroladamente. Mas antes de se deixar levar por seus sentimentos, lembrou-se de uma madrugada que saiu aos prantos, decidindo desistir de um amor de infância pelo posto de herdeira. Fez aquilo porque ele não havia dado o seu melhor nisso tudo, e que ele não a tinha salvado de um clã inteiro. O seu orgulho, adormecido por um momento, tomou conta, como uma verdadeira Hyuuga. Abriu os olhos, decidida, e o encarou. Naruto soltou seus ombros.

— Você não me salvou desse inferno – disse, transparecendo um pouco mais de decisão que o normal – você me salvou quando não sabia o que fazia por mim. Quando eu era devota pra você sem nem saber que eu existia. E quando soube, não pode responder a altura o que eu sentia.

— Dattebayo, não me diga isso agora, eu ten...

Limpou os olhos e concluiu:

— É você quem não devia tentar encontrar a Hinata que te salvou um dia.

Soltou-se dele e saiu porta a fora. Tinha pressa, o seu futuro marido deveria estar ansiosa para conhecê-la.


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Notas finais do capítulo

Atééé semana que vem gente bonita! ;*