Back to Start (em hiatus) escrita por asthenia


Capítulo 23
XXII — Eu me lembro


Notas iniciais do capítulo

Há alguns muitos capítulos atrás, eu disse que não ia abandonar essa fic. Mesmo depois de quase 2 anos, eu voltei. :)
Tive um ano difícil, uma baita falta de inspiração, e com o final de Naruto tive outras ideias para fics, que fogem totalmente com o enredo de BTS. Mas eu vou terminar essa fic, é minha nova (antiga na verdade) meta de vida.
Obrigada a todos que me mandaram mensagens perguntando sobre a fic. Fico extremamente feliz de ver que ainda tem gente que acompanha. Obrigada a todos, vocês são os melhores. ♥



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E foi assim que eu vi que a vida colocou ela pra mim

Ali naquela quinta-feira de dezembro

Por isso eu sei de cada luz, de cada cor de cor

Pode me perguntar de cada coisa

Que eu me lembro. ”

( Eu Me Lembro – Clarice Falcão e Silva )

.

Sakura era uma excelente médica. A melhor de sua geração. Por isso, examinar um garoto não era difícil para ela, fazendo parte de sua agenda diária. Mas nesse caso, era tudo diferente. Ishida era um garoto receoso e fechado. Suas palavras saiam baixo demais e sua respiração era quase inaudível. Ela olhou mais uma vez aqueles olhos azuis e se lembrou claramente das palavras de Tsunade. Lembrou-se da promessa que mudaria a situação de Ishida e, acima de tudo, jurou a si mesmo que o menino seria bem acolhido.

— Você tem um bebê aí? – disse o menino, olhando para Sakura, corado.

Ela sorriu, encantada pela inocência de Ishida.

— Sim. E em pouco tempo meu bebê irá nascer.

— Eu aposto que a senhora será uma ótima mãe, Sakura-san.

Sakura sorriu mais uma vez e sentiu seus olhos encherem d’água. Ela caminhou até o menino após deixar os instrumentos médicos em seu balcão e olhou nos olhos, ficando na altura dele que estava sentado na maca.

— Ishida, eu queria que você me contasse o que você lembra dos seus pais. Pode ser?

Ela viu novas lágrimas formarem nos olhos do garoto e respirou fundo. Teria mais uma missão impossível.

—/-

Ela forçou os olhos contra a luz. Sentiu todo o seu corpo doer, principalmente da cintura para baixo. Sentiu os dedos duros e algo pesando sobre seu estômago. A cabeça doía, dando a impressão de marteladas seguidas em seu crânio. Não pode evitar um gemido de dor.

— Fico feliz que tenha acordado, Hinata-sama! Temos que sair agora mesmo!

A voz de Shinji a lembrou de sua situação. Ela havia sido sequestrada por ele e levada aquele lugar desconhecido. No entanto, estava a tratando como se os dois estivessem numa simples viagem a passeio. Sentiu o peito arder e se amaldiçoou por suas pernas não responderem seus comandos direito.

— Hideo e Minoru nos abandonaram – ele continuava naquela conversa estranha – e deixaram sensores de chakra por todo o local. Temos que partir imediatamente!

Ela o olhou confusa. Hideo? Minoru? Não fazia ideia de quem eram. Por um momento teve vontade de praguejar aquela figura, levantar dali e deixa-lo inconsciente por tê-la posto naquela situação. Mas, num relapso, ela pensou em agir de forma diferente. Por mais mau-caráter Shinji fosse, ainda era um homem inteligente.

— Shinji-kun – chamou-o, baixo e suplicante – por favor, me ajude a sair daqui. Preciso de você comigo.

Shinji largou alguns objetos e foi até Hinata. Ela havia se forçado a se sentar na cama que estava e levantou os olhos até ele, erguendo os braços para abraça-lo. Shinji se surpreendeu mas retribuiu o abraço, passando seus braços em volta da cintura de Hinata. Ela se forçou a ativar seu byakugan mas não conseguiu. Quando o abraçou, levou uma de suas mãos em volta do pescoço de Shinji e seu dedo médio até sua jugular.

— Boa noite, Shinji-kun.

Apertou, com o máximo de chakra que podia, e sentiu o corpo de Shinji cair no chão, inconsciente.

—/-

Quando Shikamaru, Sasuke e Naruto pisaram no gramado daquela pequena cabana, vários alarmes começaram a tocar. Os três ficaram em alerta, mas Shikamaru logo percebeu que aqueles sensores de chakra só tinham alarmes. Os três olharam para a cabana e entraram no local. Naruto suava. Seus olhos vasculhavam o local e ele gritava por Hinata. Sentia seu chakra em todos os cômodos daquele local e já não sabia se podia confiar nos seus próprios sentidos. Após destruir uma porta de um cômodo vazio, ouviu a voz de Sasuke ecoar pelo casebre.

— Naruto! Shikamaru! Venham até aqui!

Os três se aproximaram do mesmo ponto. No chão, viram um buraco com uma grande escada, levando a mais um cômodo escuro. Naruto foi o primeiro a descer as escadas que o levavam até um corredor cumprido e mal iluminado. Sentiu-se mais alerta. O chakra de Hinata, que existia vestígios por todo o local, estava mais forte naquele ponto. Ele correu e teus sentidos o levaram até uma porta. Arrombou, com força, e viu o corpo de Shinji inconsciente no chão. Deu mais dois passos e, na parede próxima a porta, viu a figura fraca e sem forças de Hinata.

Ele se abaixou, ficando de joelhos na frente dela.

— N-Naruto-kun... – ela disse, sem forças.

Naquele instante, naquele segundo eterno, ele sentiu seu mundo sumir por alguns segundos. Passou um de seus braços em volta do corpo frágil de Hinata, colocando-a nos seus braços num estilo que lembrava os contos de fada. Não deixou de reparar na aparência adoentada, nos olhos fundos e quanto estava debilitada.

— Shii... – disse baixinho – Preciso que fique acordada, Hinata. Por favor.

— E-eu não consigo.. Naru-

Ela desmaiou, antes de completar a própria frase.

—/-

Quando o Hokage chegou ao hospital de Konoha com o corpo da herdeira Hyuuga em seus braços, não foi surpreendente o alvoroço no local. Uma das principais enfermeiras do local trouxe rapidamente uma maca, levando a Hyuuga para um daqueles compridos corredores. Naruto se sentou em um banco na sala de espera, enquanto apertava os dedos aflitos. Sasuke ficou ao lado dele, silencioso. Em uma das portas de entrada do hospital, Sasuke observou Shikamaru aparecer e foi até ele. Os dois saíram, olhando para os lados. Assim que os olhos de Sasuke encontraram o de Shikamaru, o Nara suspirou.

— Hinata deixou Shinji inconsciente e não temos previsão de quando ele irá acordar. Deixei ele com Ino no departamento de inteligência.

— Shikamaru, você reparou no local? – Sasuke perguntou, sério.

— Não era um lugar qualquer. Parecia que toda aquela construção era um armazenamento de chakra. E duvido que Shinji tenha feito aquilo sozinho.

— Quando Sakura foi sequestrada um dos sequestradores conseguiu sentir o chakra do bebê e associá-lo a mim. Isso pode ter haver com o sequestro de Hinata.

Shikamaru suspirou. Teria uma importante missão investigando os dois sequestros. Desde que encontrou aqueles sensores de chakra, lembrou-se do sequestro de Sakura. De alguma forma estranha, estavam diante de um mestre em manipulação de chakra que, provavelmente, não estava sozinho.

—/-

Ele encontrou os olhos perolados de Hyuuga Hiashi de uma forma que duvidou que um dia seria capaz de ver. Os seus olhos, tão frios e impiedosos estavam fundos e doloridos. Ele pensou que, talvez, aquele senhor severo deveria alguma misericórdia. Viu ao lado da figura apreensiva de Hiashi, Hanabi e Neji com os ombros tensos. No entanto, os seus olhos azuis se focaram na figura de Sakura, atrás da mesa de seu pequeno escritório.

— Hinata está estável. – começou diminuindo um pouco da tensão – Seus sinais vitais estavam fracos, mas graças ao socorro rápido conseguimos estabilizar. No entanto, temos outro ponto para tratar.

Sakura ergueu um envelope pardo até Hiashi para entrega-lo. O Hyuuga pegou, abrindo o envelope de imediato e tirando alguns papéis dali.

— Hinata teve mais de 50 tenketsus fechados no corpo. – As três figuras olharam para Sakura ainda mais apreensivos – Hinata conseguiu voltar a circulação em alguns desses pontos, mas não cem por cento. Os pontos localizados na altura da coxa e do joelho continuam fechados. Já os pontos dos braços, e dos cotovelos estão pouco abertos. Nenhum ponto acima do pescoço foi fechado.

— Hinata pode liberar esses pontos sozinha. Isso faz parte do treinamento Hyuuga e ela é apta a isso. – Hiashi disse, enquanto lia o resultado dos exames realizados.

— Na verdade, é isso que temos que discutir, Hyuuga-sama. – Sakura suspirou – Se esses pontos tivessem sido fechados por golpes, ela poderia recuperar, até através de fisioterapia. No entanto, o que fechou os pontos de Hinata não foram golpes. Foram doses repetidas de algum veneno que fez com que cada ponto se fechasse sozinho, deixando fina a passagem de chakra até que se fechasse realmente.

Os quatro ficaram em silêncio. Hiashi apertou suas sobrancelhas, inconformado, quase rasgando o papel em sua mão e, ao seu lado, Neji continuou pensativo. Naruto rangeu baixo, com raiva. Hanabi quebrou o silêncio, apertando as mãos, nervosa.

— E o que você recomenda, Sakura-san?

— A única pessoa que realmente pode dizer o que foi aplicado em Hinata é Mitsuaki Shinji.

— Não pode ser! - Naruto disse, exasperado, olhando fixamente para Sakura – Você tá dizendo que estamos na mão daquele idiota?

— Naruto, não podemos tomar medidas sem-

Um suspiro baixo, quase inaudível, interrompeu a discussão de Naruto e Sakura.

— O que você me diz, Hokage-sama? Qual é a sua recomendação já que sabe tão bem como podemos tratar Hinata?

— O que quer dizer, Hiashi? – Naruto gritou, já encarando o mais velho.

— Você se manteve num caso amoroso com a minha filha as escondidas, duvidou da capacidade dela como líder, e agora acha que pode se posar como o herói da história?

— Hiashi-sama! – Neji disse, apreensivo.

— Nunca duvidei dela como shinobi, esse papel cabia apenas ao senhor, ‘ttebayo. Aquilo foi um engano!

— Chega! – Sakura entrou no meio dos dois que já se encaravam ferozmente – Naruto, por favor, saia! Depois converso com você!

O Hokage saiu, bufando da sala, quase destruindo qualquer objeto que aparecia pela frente.

—/-

Quando ele a via nas proximidades do Ichiraku, sempre arranjava alguma desculpa para arrastá-la até o restaurante para almoçarem juntos. Sempre que se sentavam próximos, seus olhos passeavam pelo rosto dela. Ele gostava de observar o contraste de lábios tão rosados com uma pele tão pálida e branca. Naruto se lembrava das pinturas de Sai, que sempre tinham cores diferentes mas que sempre ficavam boas. Ele observou que ela também gostava de ramem, que conversava baixo, e tinha um sorriso iluminado. Aprendeu com Hinata que sussurrar a deixava corada e que sua pele corada era sempre mais bonita.

Na primeira vez que ele lhe roubou um beijo, nas surdinas de uma rua escura próximo a seu apartamento, não resistiu e tocou sua face. Porque o branco dela ficava bonito com o moreno dele, e não pode deixar de fantasiar sobre as duas cores. Quando dormiram juntos pela primeira vez, ele riu sozinho e mudo, reparando que quando estavam nus as duas cores ficavam mais bonitas. Que mesmo que apreciasse os olhos dela, vê-la serena e dormindo também era um prazer a parte.

Mas vê-la a beira da morte pela segunda vez era o seu maior inferno.

No seu peito ardia uma culpa, uma parte de que se tivesse agido diferente desde o começo talvez tivesse evitado os perigos que Hinata beirava. Se tivesse socado logo na primeira oportunidade Shinji, talvez ele não tivesse feito o que fez. Suspirou pesado. Pensar em possibilidades perdidas lhe tirava o pouco sossego que restou.

— Você fez o que pode, Naruto. – Neji disse, sentando-se ao lado do Hokage.

— Não Neji. Eu perdi ela. Eu perdi a Hinata.

— Quando ela acordar, ela vai chamar por você, Naruto.

Naruto o olhou, com as sobrancelhas apertadas, em dúvida.

— Eu estava em missão quando Hinata foi para essa viagem com Shinji. Quando cheguei e descobri o motivo dessa viagem, essa história de que você entraria com o conselho para tirar Hinata do posto de herdeira, soube que era mentira. Soube que Shinji inventou toda essa lorota.

— Por quê? Por que você não duvidou de mim? – Naruto sentiu algo pesado em seu peito.

— Porque você a ama. Ama antes de tudo isso e antes de perceber. Não falo do relacionamento que vocês tiveram, falo antes disso. Você é a força dela, mas além disso, ela é a tua força. O problema é que você é lerdo demais para perceber.

Naruto ficou em silêncio. Num instante, ele percebeu que estava tão apegado as palavras de Neji, que não evitou desabar em lágrimas. Ele segurou com força parte de sua blusa, do lado esquerdo, próximo ao coração.


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Notas finais do capítulo

Desculpem o capítulo curto. Vou fazer o possível para que o próximo seja mais longo. ♥