Back to Start (em hiatus) escrita por asthenia


Capítulo 20
XIX — Torn


Notas iniciais do capítulo

É, mereço pedradas, socos e todo o o tipo de retaliação, eu sei. Mas como eu já disse, demoro para atualizar mas atualizo, não se preocupem. Por isso mesmo venho com mais um capítulo de Back To Start! Feliz 2014 para todos os lindos e lindas que me acompanham! Vocês são demais! Feliz ano novo pra você que lê também e não deixa review, haha. Sejam bem-vindos novos leitores e aí vai mais um capítulo. Leiam as notas finais! Espero que gostem (:



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I should have seen just what was there

And not some Holy light

But you crawled beneath my veins

And now I don't care, I have no luck

I don't miss it all that much

There's just so many things

That I can't touch

I'm torn.”

Eu deveria ter visto apenas o que estava ali

E não alguma luz divina

Mas você rastejou sob minhas veias

E agora eu não quero saber, eu não tenho sorte

Eu não sinto tanta falta

Apenas há muitas coisas

Que eu não posso tocar

Eu estou despedaçada.

( Torn – Natalie Imbruglia )

.

A troca de olhares entre Shinji e Masako, apesar de rápida, era de dar arrepios. Mesmo que um tivesse cedido à ordem do outro, não existia qualquer cumplicidade ou relacionamento amigável entre os dois, porém a breve troca de olhares antes de entrarem na sala da herdeira Hyuuga, foi o suficiente para que Shinji entendesse que Masako obedeceu a ele. De mau grado, mas obedeceu.

Ele tentou e não conseguiu, com aparência harmoniosa e caridosa para com Hinata, tirar-lhe um sorriso, fingindo não saber do ocorrido. O futuro sogro de Shinji, ao lado, também sempre carrancudo era mais um dos Hyuugas que não fazia questão de sorrir, qualquer que fosse o momento. Talvez ser um Hyuuga também acarretasse adquirir expressões sombrias.

Sua admirada noiva não estava encolhida, como ele achou que estaria. Estava de pé, em frente a uma mesa de carvalho grossa que lhe era útil para ler documentos do clã. Os cabelos perfeitamente alinhados num coque alto e o kimono com detalhes mínimos bordados a mão. Tudo nela lhe encantava, inclusive a expressão de desapontamento pelo Hokage. Ele amava aqueles olhos magoados e queria sempre consolá-los, bem longe do loiro escandaloso de Konoha. Perguntava-se como era possível uma flor feita de porcelana como ela amar aquela figura grotesca de olhos azuis. Tão pouco era delicado como ele, cuidadoso, ou então belo e de bom porte, que pudesse ceder a todos os caprichos da Hyuuga. No começo tudo era um plano elaborado, pronto para tirar todo o mérito do maior clã de Konoha e usá-lo para si próprio, no entanto, com o tempo, algo em seu peito crescia e tomava forma: a obsessão por Hyuuga Hinata.

As atitudes frias por parte do pai com Hinata eram indiscutíveis. Um homem como ele, sem sentimentos, não deveria ter tão perto alguém como ela. Todos no clã que a desvalorizavam, e o Hokage que abusou de um sentimento tão puro vindo dela, mostravam-lhe apenas uma coisa: nenhum deles merecia Hinata ou qualquer coisa que viesse dela. Por esse motivo seu plano foi refeito e ele sabia melhor do que ninguém que ela pertencia a ele, e que nenhum mal ele faria a ela, apenas o que a morena merecesse que era distância de todos aqueles malfeitores mal agradecidos. Afinal, apenas ele merecia – e sabia – cuidar dela do jeito que deveria ser feito.

As explicações eram expostas por parte dela e ele não ouvia nada, pois sabia do que se tratava. Ele só reparava na dificuldade que ela tinha em expor aquele assunto, sentia o mesmo nó da garganta que ela e sua alegria não poderia ser maior. Tudo nela doía e nele se alegrava. Sentia como se estivesse fazendo um bem enorme para ela, desintoxicando o que vinha do Hokage nela, sentindo cada vez que a decepção era maior do qualquer sentimento. Viu os olhos ficarem pesados e a respiração dificultar. Que bela visão! Seu plano estava perfeito e mais cedo ou mais tarde não haveria rastro de amor nela pelo Uzumaki. Escondeu o sorriso quando os olhos focaram os seus e fingiu uma expressão de espanto.

— Isso deve ser fruto da sua incapacidade, Hinata!

— Eu não estou falhando como herdeira. – ela se postou para o pai que a ofendida, fria e dura. Talvez sua calma estivesse tão nula, que não tinha dimensões de quem e para quem estava falando. Hiashi respirou fundo e antes que respondesse a filha, Shinji interrompeu.

— Eu tenho uma ideia se me permite, Hinata-sama.

Os olhos dos outros dentro da sala se focaram nele. Masako, mais incomodado ainda pela fala de Shinji cruzou os braços. A qualquer momento ele estaria pronto para encher a cara do outro com socos.

— Ele não pode te avaliar se não estiver em Konoha. Podemos adiantar a viagem que faríamos depois de nosso casamento para Vila Oculta da Água e conhecer a minha origem.

Hiashi, com a sua postura ereta e altiva, olhou para Shinji, com a testa enrugada, aparentemente não gostando daquela ideia um tanto quanto audaz.

— Isso é um absurdo! Hinata não é uma mulher casada para fazer viagens com você, ainda mais sozinha.

— Não se preocupe Hiashi-senpai, quanto a isso posso também oferecer uma solução. Chame seus guardas fiéis, de boa conduta, que eles também vão nessa viagem, guardas do próprio clã Hyuuga de sua confiança.

O silêncio voltou ao local, mostrando que todos ali fervilhavam as cabeças, pensando na solução daquele problema incômodo. Hinata não havia gostado da ideia de viajar com Shinji, mesmo que ele fosse uma ótima companhia, afinal este ainda lhe cobrava oficialmente a posição de noivo dela. Todavia, ela não tinha solução melhor para o problema. Ele estava se prontificando para o bem dela, e ela sempre se esquivava devido ao que ainda sentia por Naruto. Uma chance a Shinji não só salvaria a posição dela como herdeira, como também poderia dar outra chance ao seu coração, aliviando a dor latejante pela decepção que estava sofrendo. Sorriu para ele e respirou fundo.

— Não vejo razões para não achar uma boa ideia.

Hiashi suspirou algo e continuou incomodado. Masako admirava o chefe do clã, esperando que ele não concordasse com essa audácia de Shinji. Porém, passos firmes foram dados por Hiashi até Shinji, ficando de frente para ele, de igual para igual. Os olhos do Hyuuga cravaram nos olhos de Shinji, e este tentou não tremer.

— Depois de sete dias quero vocês dois de volta. Meus guardas pessoais irão com vocês.

Masako descruzou os braços e olhou perplexo a Hiashi. Shinji balançou a cabeça, não escondendo o sorriso, afirmando que aquela viagem seria extremamente formal a ambos. Hinata sentiu um calafrio na espinha. Provavelmente aquela viagem poderia surpreender a todos.

—/-

Os olhos esverdeados se incomodaram com as luzes da fresta da janela. O quarto estava parcialmente claro e alguns raios claros estavam sobre o seu rosto. Encolheu-se e resmungou, indisposta por acordar cedo, ainda mais sendo iluminada logo de manhã. Com os braços esticados, Sakura se espreguiçou e sentou na cama, assimilando onde estava e porque estava ali. Uma memória lhe refrescava a mente e ao olhar do outro lado da cama viu que estava vazia e aquele canto estava estranhamente arrumado. Sorriu, lembrando-se de como havia parado ali. Mas seu sorriso morreu assim que avistou na porta Sasuke, segurando uma caneca com um dos braços soltos próximo ao corpo.

— E-Eu dormi demais? – ela perguntou tímida, olhando fixamente para o rosto dele.

— São oito horas ainda.

O silêncio voltou a encher o local. Ela se levantou rapidamente, arrumando a outra parte da cama da qual estava deitada e ele continuava na porta sem expressão, apenas a observando. Sakura ouviu um riso baixo vindo dele e voltou a encará-lo, sem entender.

— Deixa isso. Você nunca vai arrumar do jeito certo.

— Jeito certo? – ela riu debochada – Isso é uma cama, todas elas são iguais.

Sasuke adentrou o quarto e colocou sua caneca na cômoda ao lado da cama. Foi até a Haruno e tirou as mãos dela da ponta do lençol que tentava arrumar. O rosto dela ficou tão vermelho que ele teve a impressão de que ela estava quente e não podia estar mais certo. Ela parou na frente dele e os dois se encararam. Sentiam as respirações tão próximas um do outro, podendo identificar o nervosismo de ambos. Ela sentia as pernas penderem e ele sentia as mãos coçarem, desejando tocá-la. Sasuke encarou os lábios de Sakura entreabertos, assustados, desejosos e voltou o mesmo olhar as esmeraldas que enfeitavam o rosto dela. Mordeu a própria mandíbula, mas continuou parado, com a mesma expressão fria.

— Você sabe que tudo isso é errado.

Ela o ouviu, baixo e firme, mas teve a sensação de insegurança por parte dele. Sentiu como se ele estivesse pronto para que ela o parasse, ela o impedisse de que ele se aproximasse e Sakura nada fez.

— Talvez seja errado. Essa gravidez, nós dois brincando de casinha... Eu tento me convencer disso toda a hora. O problema é que – ela respirou fundo – eu já estou nesse erro há tanto tempo, que nem sei mais diferenciar do certo.

Ele tocou nela para se afastar e ela o segurou pelo pulso direito.

— Não estou falando só da gravidez. Estou falando de mim, Sasuke. Você errou e sabe disso, sabe lidar com isso e com tudo o que nos ocorreu. Eu estou no papel de quem não sabe se perdoa ou finge que não dói tanto assim. A dor é maior em mim, e você precisa se convencer disso! A qualquer momento você pode virar as costas e me deixar aqui de novo, pode tentar me matar de novo, mas a grande decepção que irá crescer no meu coração vai ser tão grande quanto o amor! E eu não consigo entender como você pode ser a doença e a cura ao mesmo tempo...

Sasuke continou estático. Pela primeira vez depois de tudo o que os dois tinham passado, ele sentiu que precisava ouvi-la. Engoliu em seco aquelas palavras.

— Eu já estou na cova. A única coisa pelo o que eu espero é que você não jogue terra em cima.

O silêncio sepulcral durou alguns segundos, até que ele olhasse para ela.

— Eu estou na cova com você. Talvez você nunca tenha percebido, mas eu já me enterrei junto com você.

Sakura sentiu os olhos encherem d’água e o abraçou forte. Abraçou e deixou todas as lágrimas rolarem, sem impedir. Sentiu os braços dele em volta de sua cintura apertar, o cheiro dele, os cabelos tocarem as maçãs de seu rosto, e sentiu que não havia espaço nenhum entre os dois. Ela só tinha uma única certeza, estavam juntos naquilo. Na cabeça de Sasuke tudo rodava. Um turbilhão de pensamentos e lembranças passava em sua cabeça e ele fez o possível para esquecer tudo aquilo. Sabia que poderia se arrepender, no entanto, ele não se importava. Continuou aquele abraço e internamente precisou daquilo. Precisava de uma fuga. Precisava daquela criança. E, principalmente, foi capaz de assumir que precisava dela.

—/-

Seus olhar pela janela não era dos melhores e muito menos animador. Suspirou cansado e impaciente, enquanto Shizune o olhava ansiosa. O papel entre as mãos dele, aparentemente amassado, tinha contribuído para toda aquela sensação desconfortável na sala. O conselho já tinha dado o seu primeiro passo como empecilho a o novo herdeiro Uchiha, fruto do relacionamento de Sasuke e Sakura.

— De onde eles tiraram isso, Shizune? – disse Naruto, jogando o papel em cima de sua mesa, olhando fixamente a sua secretária.

— É uma lei que existe há muito tempo, Naruto-sama. Eles só te mandaram isso para que você saiba que os recursos são limitados. Eu lamento.

O Uzumaki se levantou, exasperado, nervoso e inquieto. Apertou o punho e virou de costas para Shizune, observando atrás de si a janela que dava vista a toda Konoha. Aquilo só podia ser piada mesmo. O conselho, sem perder tempo, lembrava o Hokage de uma lei estúpida, da qual não limitava o poder dele em decisões a respeito de Konoha e seus cidadãos, mas que lembrava que o conselho era parte importante em todas as medidas que deveriam ser tomadas, principalmente as que relacionavam com Sasuke e seus herdeiros. Tudo indicava que o conselho ainda daria opinião nas decisões que ele tomaria.

— Eu prometi que os protegeria Shizune e é isso o que eu vou fazer, ‘ttebayo!

Sua secretária sorriu, satisfeita pela forma imponente que Naruto falara, e orgulhosa por ele. Sabia que as dificuldades seriam grandes e que ele passaria por maus bocados, mas com a sua força de vontade, tinha fé que tudo se resolveria o quanto antes.

—/-

— Está bem, Hinata-sama?

A voz de Shinji era o único som que ela reconhecera além das pedras que batiam nas rodas da carruagem. Ela o olhou, saindo de algum devaneio, e surpreendeu pelo sorriso sincero que enfeitava seu rosto. Já fazia algum tempo em que Hinata não viajava em um veículo como aquele, as missões eram feitas a pé, e não em uma carruagem tão nobre quanto aquela. Seus pés sequer tocaram aquela estrada que já estavam há mais de cinco horas, pelo tratamento nobre e exagerado por parte de Shinji e de outros servos que os acompanhavam. Seus olhos voltaram ao moreno sentado em sua frente quando percebeu que ele estava falando com ela.

— Esse local tem as paisagens mais bonitas que já vi. É uma pena que poderá só ver isso.

Hinata não entendeu o que ele havia dito e se assustou ao constatar o sorriso macabro que surgira nos lábios do Mitsuaki. Respirou fundo e sentiu algo terrível no peito, como se num estalo soubesse que nada daquilo estava em ordem. A Hyuuga olhou em volta e não encontrou nada além de que a carruagem havia parado abruptamente no meio da estrada. Percebeu que todos os guardas que Hiashi havia mandado desapareceram. Sentiu uma forte tontura.

— Shinji-sama, o que está acontecendo? O-Onde estão os guardas de meu pai?

Notou que o sorriso macabro de Shinji aumentou. Sentiu ser fortemente puxada para fora da carruagem por um dos guardas pessoais que o pai havia mandado. Logo atrás, Shinji vinha, enquanto dois homens do clã Hyuuga seguravam com forças os braços e as pernas de Hinata. Mesmo pelo susto, ela percebeu que o brilho e a cor dos olhos deles estavam diferentes. A coloração não era mais perolada, mas sim escuro num tom castanho claro.

— Eu ordeno que me solte! Agora! E-Eu não entendo... Isso...

— Acalme-se, querida. – Shinji passava uma de suas mãos pelo rosto assustado de Hinata, enquanto a outra mão segurava uma seringa próximo ao pescoço da Hyuuga – Isso vai acabar em segundos.

E após uma forte picada em seu pescoço, tudo escureceu e ela não viu mais nada.


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Notas finais do capítulo

Bom, algumas explicações sobre o capítulo:
1º. Decidi dar um basta para SasuSaku. Não, não vou tirar eles da fic, muito menos dar um fim para os dois, mas eles decidiram que o passado é passado. Por isso esse momento tão lindo no capítulo! Mas eles ainda terão dificuldades com outras coisas. E sim, aparentemente eles decidiram ser um casal, o problema é que faltam MUITAS coisas para que os dois sejam um casal, e é exatamente isso que eu vou trabalhar daqui pra frente.
2º. Hinata foi capturada pelo Shinji sim, porém ainda vai surpreender, prometo!
3º. Próximo capítulo vou explicar um pouco mais sobre o Shinji, o que ele pode ou não fazer, as habilidades não são tão rasas quanto parecem.
4º. Estou de férias da facul mas não do trabalho, mas mesmo assim pretendo não demorar muito para o próximo (vigésimo primeiro capítulo, AAAE!).
Beijos seus lindos! Até o próximo! ♥