Back to Start (em hiatus) escrita por asthenia


Capítulo 17
XVI — Inferno


Notas iniciais do capítulo

Olá gente bonita!
Como estão? Minhas férias estão lindas! haha. Ando bem inspirada! Obrigada por todas as reviews de vocês, amei cada uma delas! E consegui responder! AEAE, palmas pra mim! o/
Anyway, aí vai um pouquinho de drama pra alegrar (?) o dia de vocês! Leiam as notas finais!
Boa leitura!



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"We had love

Always thought it would be enough

Oh, but then it goes away

But I don't wanna really give up

It feels like hell to let you walk

Bet it all down but I couldn't afford it."

"Nós tínhamos o amor

Sempre achei que seria o suficiente

Oh, mas então ele se vai

Mas eu na verdade não quero desistir

É um inferno te deixar ir embora

Eu apostei tudo nisso mas não consegui pagar."

( The Way - Matchbox Twenty )

.

A sensação de tontura ia passando aos poucos, enquanto visualizava o teto impecavelmente branco acima. O corpo perdia a moleza, sentindo debaixo de si algo macio e quente, e percebeu que estava relaxada em sua cama, e aquele teto branco era de seu quarto. Os olhos iam aos poucos acostumando com a claridade do local, e antes de pudesse identificar o que realmente havia acontecido, ouviu um grito de ansiedade e passos até ela. O rosto de Hanabi se materializou a sua frente, falando freneticamente, num tom preocupado.

— Nee-san, está bem? – ela disse, atropelando as palavras – Como se sente?

As lembranças começam a vir de forma clara e límpida a sua cabeça. O momento que havia visto Naruto de forma desajeitada dormindo antes de sair de seu apartamento, a chegada a sua casa, o encontro com Shinji e o documento que ele lhe entregara. Sentiu a cabeça doer mais uma vez, e constatou que havia desmaiado.

— Como eu vim parar aqui...? – Sentou-se calmamente na cama, perguntando mais a si mesma do que a sua irmã.

— Shinji te trouxe. Ele disse que você estava desmaiada no escritório. Você está melhor?

Hinata balançou a cabeça positivamente e olhou para a sua escrivaninha do lado. O envelope que Shinji havia lhe entregado estava ali, e ela logo tomou consciência de seu conteúdo. Sentiu como se um tijolo pesasse em seu estômago, não devido à falta de alimentação naquela manhã, mas sim a algo que lembrara. Tinha algo a resolver o quanto antes, principalmente a ardência em seus olhos que trazia uma vontade imensa de chorar ao pensar na situação que teria que enfrentar. Sentou-se calmamente e começou a vestir seu sapato de salto baixo ninja, enquanto sua irmã levava as mãos até ela, tentando impedir que a mesma se movesse mais.

— Estou bem Hanabi. – levantou-se decidida e afastou as mãos de Hanabi de si própria – Não precisa se preocupar. Tenho algo urgente para resolver, com licença.

Hanabi não pôde dizer nada quando sua irmã levantou e pegou aquele documento em cima da pequena mesa e saiu com passos firmes e totalmente recuperados daquele desmaio de meia hora atrás. Não se atreveu a dizer nada, apenas acompanhou com os olhos ela sair do quarto. Com certeza aquilo não era nada bom.

—/-

Caminhou lentamente no quarto e depositou a caixinha delicada atrás do álbum, como se nada tivesse acontecido e ninguém tivesse o tocado. Sentiu os ombros mais tensos assim que observou o quarto, mas logo saiu. A cama estava arrumada, e tudo no devido lugar como se nada nunca tivesse sido tocado. Sorriu baixo. Sasuke podia parecer ser tudo, mas organizado era uma qualidade que ela era obrigada a apreciar. Os passos foram até a sala de estar assim que ouviu a porta ser aberta, e o moreno entrar com sacolas cheias e indo em direção à cozinha, que estava a poucos metros daquele cômodo. Acompanhou com os olhos depois que a olhou também, e logo foi atrás dele, com passos calmos e devagar.

— Achei que dormiria mais. – Ele disse, enquanto guardava o conteúdo das sacolas nos armários.

— Pra quê tanta comida? Estou grávida, mas nem por isso comeria tanto.

Sakura sorriu de lado, assim que o Uchiha virou as costas para ela, guardando os últimos alimentos dentro de um armário acima da pia. Ela reparou que ele também dava um sorriso mínimo.

— Se essa criança tiver o apetite igual ao de Naruto, tenho certeza que você comeria o dobro disso tudo.

Ela não escondeu o riso baixo, e não reparou que Sasuke sorria ainda mais aberto. Não tanto quanto os sorrisos exagerados do loiro, mas ele sorria. A risada dela, o cheiro, tudo enchia aquela casa numa sensação de lar, de um jeito que nunca aconteceu. Era tentador aproximar-se dela, ouvir de perto aquele riso, olhar próximos os dentes que apareciam, e os olhos que exprimiam, junto com o rosto que se modificava inteiro só porque ela sorria. E Sakura não tinha ideia de que, ao fazer isso, o Uchiha sentia algo dentro dele esquentar. Internamente, aquilo lhe trazia paz, mais do que talvez Sakura imaginasse algum dia. Aquele conjunto de maravilhas vinda dela lhe fazia tanta falta que ele fechou os olhos, ainda sem que ela o visse, perguntando-se se era mais uma das vezes que ele imaginava tudo aquilo só para ter a sensação de que estava tudo bem.

— Sasuke-kun? – estava receosa quando o viu parar o que estava fazendo e encarar qualquer coisa a sua frente. Será que ela tinha feito errado? – Está tudo bem?

Logo que ouviu a voz dela, ele voltou à postura firme e abriu os olhos, virando para ela, na mesma pose fria e indiferente de antes. Mas algo no olhar dele a deixou curiosa, que ignorou a pose indiferente dele.

— Não é nada.

Ele voltou a mexer nas sacolas e ela continuava observá-lo. Sentiu-se incomodada com a mudança de atitude do moreno, mas não falou nada. Estava acostumada com aquele humor difícil e frágil do Uchiha, portanto, não se pronunciou mais. Ele talvez não tivesse a vontade com ela dentro de casa, ou com a mania que ela tinha de observá-lo o tempo todo, e Sakura decidiu não se importar com isso. Agora, mais do que nunca, ela estaria de olho em todas as ações de Sasuke, do modo como a olhava e agia pronta para saber qual seria a próxima atitude dele. O seu raciocínio foi interrompido quando o ouviu falar mais uma vez, num tom mais cuidadoso.

— Naruto pediu para que fosse encontrar ele hoje. Ele quer marcar a reunião com o conselho o quanto antes para contar a nossa situação.

Sakura não escondeu a surpresa e o pesar ao ouvir falar do conselho. Aquilo era por em cheque a sua gravidez e colocar seu filho em risco. Mesmo que Naruto ainda fosse o Hokage, a pressão que sofria com o conselho era maior, devido à desconfiança na capacidade do Uzumaki.

— Você vai nessa reunião?

Ele a olhou firme e pensativo, e depois de um suspiro – graças a delicadeza do assunto – respondeu, olhando Sakura nos olhos.

— Sim. – ele pôde ver o misto de medo e insegurança que surgiu nela – Não se preocupe, nós vamos dar um jeito.

Mesmo com toda a dificuldade do que ocorria, ela se deixou relaxar quando um sorriso confiante, lindo e mínimo vindo de Sasuke apareceu. Talvez ele estivesse certo, não devia se preocupar. Talvez eles dessem um jeito.

—/-

Seus olhos passeavam entre as palavras, enquanto se concentrava no papel. Ele não se familiarizava com todos aqueles relatórios, e muito menos gostava de se ocupar com eles, mas sabia que fazia parte de suas obrigações se comprometer com aquilo. Talvez fosse o bom humor que tivesse lhe dado coragem para aquele tipo de serviço, já que a sua noite havia sido memorável, e o fez acordar com um sorriso grande e luminoso. O Hokage relaxou os ombros deixando mais um sorriso brotar em seu rosto, e as lembranças começaram a surgir em sua mente, tirando a sua atenção do relatório que estava em mãos.

Havia algum tempo que ele precisava se sentir assim, livre de sorrir pelo simples fato de tê-la por pelo menos uma noite, de novo. Quando a saudade teimava em aparecer, praticamente o tempo todo, ele sabia que nunca poderia desistir de Hinata, em momento algum. Sabia que o sentimento que carregava era algo puro, e mesmo sendo tardio era suficiente o bastante para querê-la pelo resto de seus dias. O pensamento foi interrompido quando ouviu o barulho da porta, e pode ver a própria Hyuuga parada, com um olhar estranho e nada animador.

— Não sabia que ia te ver de novo tão rápido. – sorriu sincero, levantando-se e caminhando até ela – Dormiu bem?

Mas, ao se aproximar, seu sorriso morreu ao ver que o olhar dela não estava estranho, e sim, cheios de lágrimas. Quando ia perguntar o que havia acontecido para que ela estivesse daquela forma, a Hyuuga estendeu o braço direito entregando a Naruto um pergaminho. Ele a olhou, confuso, esperando explicações, mas ela nada disse e apenas desviou o olhar para o pergaminho. Ele logo tratou de abrir com pressa, sentindo um incômodo dentro do peito.

Ele abriu e reconheceu o papel. Entendeu o que havia acontecido sem que ela lhe explicasse ou sequer abrisse a boca. O incômodo aumentou e ele fechou em uma das mãos o objeto, apertando mais do que deveria.

— Aonde você achou isso?

— Então é verdade que foi você mesmo que escreveu isso?

Pôde notar que o olhar dela estava longe de ser o mesmo da noite passada. Percebeu que Hinata estava fora de si, quase não se assemelhando em nada com a garota do qual ele amava tanto. Doía vê-la daquela forma, aparentemente transtornada. Naruto devia escolher as palavras certas, antes que fizesse mais uma besteira.

— Hinata, eu preciso sabe aonde-

— Você escreve um documento dizendo que eu sou uma incapaz, se intrometendo nas ordens de um clã, do MEU clã – ela o interrompeu, alterada e entre lágrimas – e acha que tem o direito de saber aonde eu achei isso? É você quem não tem o direito de dizer nada!

— Por favor, dattebayo, esse documento nem é válido! – assim como ela, ele também estava alterado, com os nervos a flor da pele.

— Mas você escreveu... E-Eu não consigo acreditar... V-Você me acha uma fracassada... – sua voz estava baixa, como se estivesse confirmando o que acontecia, sem olhar o loiro sem ação a sua frente. Fechou os olhos, as lágrimas começaram a molhar seu rosto, levando uma de suas mãos até testa e sentindo sua cabeça doer mais uma vez.

Naruto caminhou rápido até ela, segurando-a pelos ombros, forçando que ela olhasse nos seus olhos. Ele sabia do seu erro, mas vê-la daquela forma era pior do que qualquer coisa. Hinata continuava desviando seus olhos do dele.

— Escuta. – o Uzumaki tentava se acalmar, mas parecia em vão – Eu escrevi isso, mas não significa que eu acho que você seja uma fracassada, dattebayo! Eu tava fora de mim, eu-

Ela o olhou firme nos olhos, determinada e ferida.

— Pra quê então? Você diz que eu... Q-Que não deveria...

— No dia em que você veio aqui e nós conversamos sobre o seu noivado, eu fiquei perdido! – respirou fundo, pronto para continuar o assunto, enquanto os olhos dela estavam abertos e úmidos, dando atenção a ele – Eu bebi e achei outro documento parecido com esse, ‘ttebayo... Eu o usei como modelo e mudei algumas palavras. Eu tava bêbado Hinata! Eu vi que tinha feito uma idiotice e não levei isso pro conselho!

— Você acrescentou algumas palavras, não é?

— Sim. – Naruto afrouxou o aperto nos ombros dela, ainda atento as suas reações.

— A-Além do meu nome... – respirou fundo – “desqualifico” e... “não está preparada para essa responsabilidade” foram palavras que você acrescentou?

O Hokage mordeu forte a própria mandíbula e ficou sem ação. Sentiu um peso nos seus ombros aumentarem e a tensão começar a ficar quase palpável. Viu os olhos de Hinata encherem de lágrimas, assim que a mesma constatou que ele não iria responder. Estava claro. Ele havia pensado naquelas palavras, escolheu-as com cuidado e mesmo não estando sóbrio, usou uma falha dela para atingi-la. Ela se desvencilhou das mãos e deu alguns passos para trás, passando as mãos rapidamente pelos olhos, limpando as lágrimas que teimavam em cair.

— E-Eu aguentei as humilhações do meu pai e todos aqueles Hyuugas me dizendo como eu deveria agir e o quanto eu era... Desqualificada. – sentiu um gosto horrível ao usar a mesma palavra que o próprio Naruto usou – Mas eu senti que não era importante, porque eu tinha você, que me apoiava. Quer dizer, eu nunca tive você! – um choro silencioso começava mais uma vez e o Uzumaki sentia que estava sem força alguma – Eu era uma amante, ou seja lá o que for, estava longe de ter você. Eu aceitei todas essas condições só porque você era a única força que eu tinha. E agora... Agora eu descubro que você faz parte de todos que me acham incapaz.

— Não é isso Hinata! Dattebayo, por Kami-sama me ouve!

— ­Me explica então porque mesmo você achando que fez besteira, esse documento não estava no lixo!

— Será que dá pra você entender que eu estava bêbado? – estava sem paciência alguma, e percebeu que assim como ela, aquela conversa estava o ferindo cada vez mais – Eu juntei esse documento e coloquei no meio de outros e não mexi mais nele! Mas que merda, eu tô tentando te explicar mas eu tô achando que é você não quer me ouvir, dattebayo!

— Não. Talvez seja o conselho quem deva te ouvir. Leve esse documento até eles e faça eu perder o meu posto de herdeira! - cravou os olhos nele determinada - Faz faça logo porque daqui a alguns dias eu assumirei meu noivado, Hokage-sama.

O tom, a postura, e o modo que ela adquiria para falar se assemelhava a todos os outros Hyuugas que Naruto conhecia. Todos prepotentes e com uma forma altiva de falar, trazendo o desprezo que ele já sentiu de um Hyuuga, anos atrás, na luta com Neji. Sentiu raiva ao vê-la daquela forma e franziu o cenho, esquecendo que aquela discussão havia começado devido a um erro dele próprio. O sangue ferveu e ele não mediu mais palavras ao usá-las.

— A herdeira Hyuuga não devia dormir com quem não fosse da linhagem... Ou você se esqueceu de ontem à noite?

Sentiu as bochechas corarem, e ele não sabia que ela estava corada por raiva, ou então por se lembrar do que eles haviam feito na noite anterior. Hinata ouviu as palavras saírem da boca dele, sem qualquer tom de ironia, mas sim viu que ele estava com raiva. Também sentiu que precisava sair dali, antes que perdesse de vez toda aquela força e pose que surgira momentaneamente. Os olhos estavam prontos para mais choro, mas ela engoliu. Antes que pudesse sair dali deixando um Hokage com ainda mais raiva e fora de si, não deixou de atingi-lo com a cartada final.

— Mais um motivo para você colocar nesse documento para que eu deixe de ser herdeira Hyuuga. Com licença.

Fechou a porta e foi embora, mas ainda pode ouvir seu nome sendo chamado pelo loiro mais duas vezes, alto e desesperado.

Ele se sentou na própria mesa, com as mãos na cabeça ainda sussurrando o nome dela. Sabia que ela não ia voltar, que aquele típico orgulho Hyuuga já estava ferido demais. Sentiu o corpo doer e os olhos arderem, mas tratou de cobrir com uma das mãos. Mais uma vez voltou a se sentir sozinho e abandonado, num verdadeiro inferno.


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Notas finais do capítulo

Capítulo saiu maior do que eu esperava, haha.
Sei que a parte de SasuSaku ficou muito pequena, mas eu precisava dar um pouco mais de atenção a NaruHina nesse capítulo, mas o próximo vou escrever mais SasuSaku. Não tenham raiva da Hinata, ela sofreu com tudo isso, ficou muito magoada quando soube que justamente a pessoa que mais acreditava nela chamou ela de desqualificada, não é fácil. :/
Agora o Naruto podem matar! AUHSHUAH

Well, espero que tenham gostado!
Beijos e até o próximo!