“And when the morning comes you'll act surprised

And when the word gets out, it will get old

And every day you'll try to live your life

And every little scandal will unfold.”

“E quando a manhã surgir você estará surpreso

E quando a palavra sair será muito tarde

E todos os dias você irá tentar viver a sua vida

E todo pequeno escândalo irá se manifestar.”

( It Hurts - Angels & Airwaves )

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A casa não era a melhor, e muito menos acolhedora. Quando era nova, evitava passar perto, mesmo que seu colega de time morasse ali. Todo o mistério em torno do clã Uchiha, ainda era uma boa história para ser contada a uma criança para que não passasse por aquelas redondezas. No entanto, mesmo que o clima do local não tivesse mudado tanto, notou algumas reformas na mansão principal. Estava com cores mais alegres, um jardim sem flores, mas com a grama bem tratada, e os móveis restaurados. Observou cada canto, até que Sasuke lhe mostrasse o seu quarto.

Ouviu o aviso dele de que estaria tomando banho, mas não respondeu nada. O Uchiha perguntou se ela tinha fome, e a mesma negou. Estranhamente, Sakura se sentia bem acolhida e a vontade com todos aqueles cuidados. Mas, mesmo que quisesse todas as inseguranças não deixavam sua cabeça descansar e relaxar. Não pelo menos por aqueles instantes.

Aproveitando a saída de Sasuke e estando sozinha, Sakura caminhou pelo corredor, calmamente. A mansão não era um sobrado – o que era ótimo para aquele seu estado de gravidez. Estava cansada de subir as escadas de sua casa – mas ocupava a maior parte do terreno do Distrito Uchiha. Perguntou-se quanto tempo permaneceria lá. O que as pessoas pensariam se soubessem que a noiva do Hokage estava morando com outro homem, ou o que Ino diria a respeito. As portas dos quartos estavam abertas e Sakura pôde observar o que havia em cada um deles, exceto um quarto. Provavelmente o quarto que pertencia a Sasuke, e quando essa ideia lhe veio à mente, não pode evitar que a sua curiosidade se atiçasse mais ainda.

Cautelosamente ela abriu a porta do quarto e sabia que no banheiro do lado Sasuke tomava banho. Olhou cada detalhe do cômodo, as paredes, os móveis de cor mogno. Tudo simples e organizado, um contraste peculiar com a personalidade do Uchiha. A cama no meio do quarto, e uma estante do lado, com um abajur. Seus olhos pararam naquela estante, e não podia acreditar no que via. Ali, dentro de um porta-retrato marrom de bordas grossas, estava a fotografia do antigo time sete. O olhar de Sakura tímida para Sasuke, o sorriso largo de Naruto. As recordações fizeram um sorriso de saudade surgir no rosto de Sakura, que pegou a moldura e trouxe um pouco mais perto de si mesma. Com o porta-retratos em mãos, não tomou cuidado e viu que algo que estava do lado da fotografia tinha caído. Com cuidado e esforço devido a gravidez, abaixou-se até o objeto, uma caixinha azul-clara, que caiu no chão e pegou entre os dedos.

Abriu a caixinha e sentiu o coração acelerar. Os olhos estavam espantados, pois não podia acreditar naquilo. O objeto era, simplesmente, a antiga fita que Ino havia lhe dado na sua infância. Lembrou-se que havia perdido assim que decidiu que não usaria mais aquela fita, e nunca mais achou.

“Como Sasuke pode ter pego isso? Por quê ele teria guardado depois de tanto tempo?”

Sua cabeça borbulhava. Não podia acreditar que ele guardava um objeto que pertencia a ela depois de tanto tempo. A fita vermelha parecia nova, bem cuidada, sem qualquer fio fora do lugar.

Ouviu o chuveiro sendo desligado e caminhou rapidamente para fora do quarto, ansiosa, indo para o seu próprio, fechando a porta rapidamente, com o laço em uma das mãos. Estava incrédula, sentindo o coração batendo forte e os olhos encherem de lágrimas.

Só podia ter uma única certeza, Sasuke a surpreendia cada vez mais.

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— Calma, espera! – Ino se encostou às costas da cadeira, levantando a palma das mãos para Sakura, que estava sentada do outro lado da mesa de um café da qual as duas se encontravam sempre. – Primeiro você me diz que está morando com Sasuke, e agora tem mais? O que a senhora andou aprontando, hein?

— Ino, por favor. – Sakura disse, tentando evitar o olhar de desconfiança e travesso da loira.

— Não vem com essa não, Sakura. Eu já tinha sacado sobre a paternidade do seu filho faz tempo! Mesmo que o Naruto esteja um... – suspirou – Gostoso, sei bem que você nunca teria qualquer relação do tipo com ele. E naquele dia da festa do noivado de vocês, quando eu vi o Sasuke conversando com você... Matei a charada na hora!

— Isso não é motivo de piada Ino.

— Eu sei, eu sei. – Explicou-se, tentando acalmar o olhar nada amigável de Sakura – Mas eu posso falar, ok? Já aceitei ter pedido ele pra você, tenho esse direito.

— Só não se esqueça da encruzilhada que eu estou... Isso não diminui as minhas preocupações.

— Está bem. Vamos esquecer isso. Você tem outra coisa para me contar.

Sakura olhou a expressão de Ino e não soube como dar continuidade ao assunto. Então, vendo o quanto a loira a sua frente estava ansiosa, retirou a caixinha de um dos bolsos laterais do vestido vermelho de veraneio que vestia. A loira olhou a caixinha e seus olhos voltaram a Sakura. Ela não estava entendendo.

— Abra. – Sakura disse, empurrando a caixinha para a Yamanaka.

O olhar de Ino voltou a ela, e depois as mãos foram ansiosas para a caixinha. Ela abriu, pegou a fita, e depois olhou de volta para a Haruno como se não entendesse. Um sorriso irônico e brincalhão surgiu no rosto da loira.

— É um pouco tarde pra você me devolver isso, não?

— Não estou te devolvendo, Ino. Eu achei o laço no quarto de Sasuke, dentro dessa caixinha. Assim, do jeito que estou te mostrando.

Ino se espantou e voltou o olhar para a fita, entre as mãos. Estava tão incrédula quanto Sakura, com a recente descoberta. Ela se lembrava perfeitamente do dia em que havia dado aquele laço à Haruno, lembrava-se de tudo, mas nunca havia sequer pensando que fim o pedaço de pano tivera. Talvez, se voltasse a lembrar dele antes, teria imaginado que Sakura tivesse guardado, ou então simplesmente jogado fora, devido à rivalidade que existia entre as duas. Mas nunca, em hipótese alguma, imaginaria que aquilo estivesse nas mãos de Sasuke.

— Eu não acredito... Ele guardou isso durante todo esse tempo?

— Eu não paro de pensar nisso! – Confessou Sakura, seguida de um suspiro de derrota – Eu tinha guardado isso junto com meus objetos de luta até meus treze anos, mas não me lembro o que aconteceu com a fita depois. Achei que tivesse jogado fora, perdido em alguma missão, sei lá! Mas ele pegou! Não sei como, onde, quando... Mas estava com ele esse tempo todo.

— Talvez você precise reavaliar o que pensa a respeito dele. – Ino disse, colocando a fita de volta na caixinha e devolvendo a Sakura.

Sakura olhou para Ino, esperando encontrar um sorriso brincalhão e solto no rosto da mesma, mas só encontrou o olhar sério e compreensivo da loira. Talvez fosse mais fácil encarar tudo aquilo de maneira cômica, mas isso não mudaria os fatos. Ela tinha que tomar uma decisão com relação à Sasuke o quanto antes.

—/-

Ela tentou várias vezes mais não conseguia se sentir culpada. Olhou para ele, ali, deitado com um braço jogado de um lado, e o outro braço torto por debaixo do travesseiro, e não conseguiu esconder o sorriso tímido. Deu um beijo na testa do loiro, pegou as peças de roupas, e foi ao banheiro, vestir-se. Dobrou as peças dele com cuidado, deixando ao lado da cama. Mesmo que não quisesse, sabia que tinha de ir embora e partiu rumo ao Clã Hyuuga, naquela manhã fresca. No caminho, ocupou a cabeça com as desculpas que poderia utilizar. E ela usaria dessas desculpas, pelo simples fato de não sentir um pingo de arrependimento por passar a noite fora. Tentava raciocinar e achar alguma solução em que ambos ainda pudessem ficar juntos. Caminhou com passos firmes até uma das entradas que dava na sala de jantar de sua mansão, onde, de acordo com o horário, estaria sendo servido o café da manhã, e ela enfrentaria de uma vez o sermão e os questionamentos de seu pai.

Entrou decidida no local, mas em volta da mesa posta não encontrou seu pai e nem sua irmã. Viu apenas na lateral de um dos lados da mesa Shinji tomando uma xícara de chá.

— Hinata-sama! Bom dia!

A morena não conseguiu evitar o rubor nas bochechas. Pensou em se explicar, ou tentar pelo menos responder ao bom dia animado do rapaz, mas não conseguiu. Já o moreno continuou falando, calmamente.

— Seu pai acordou indisposto e pediu que o café fosse servido na cama para ele. Sua irmã saiu logo cedo para treinar. – Disse, sorvendo de mais um longo gole do chá verde – Nenhum deles sabe que você dormiu fora.

— S-Shinji-sama e-eu-

— Não há nada que precise me dizer. Não se preocupe.

Hinata se espantou com a atitude amigável dele. Envergonhou-se ainda mais por pensar que ele soubesse de alguma coisa. Mesmo que não tivesse oficializado nada com o Mitsuaki, sentia-se em dívida com ele naquele momento, principalmente por ele encobrir uma falha tão grande daquelas, ainda mais vindo da herdeira Hyuuga, além de oferecer sempre a sua amizade.

— M-Muito obrigada.

Ele a olhou e sorriu, mostrando todos os dentes brancos e perfeitamente alinhados. Shinji não era um desses que sabia fingir à toa. Ele usava de todas as suas artimanhas para conseguir o que queria, e Hinata era uma delas. Ele apreciava a doçura e a inocência dela, como se no meio de um campo rochoso ela fosse uma flor que precisasse ser cuidada, e o mesmo acreditava que só ele teria o cuidado correto a ela.

— Eu me preocupo com você, Hinata-sama. Por conta disso, acho que deveria dar uma olhada no que eu achei nos arquivos Hyuuga, na biblioteca de Konoha. – disse ele, que se levantou e pegou um envelope em uma mesa pequena, ao lado daquela tradicional japonesa em que era servido o café da manhã. – Leia com atenção.

Hinata pegou o envelope e olhou para ele, que voltou a carregar uma expressão séria no rosto. Ela voltou seu olhar ao envelope em mãos, mas não disse nada. Agradeceu, mais uma vez, de forma sincera e sucinta o rapaz, que retribuiu com mais sorriso estranho no rosto. Depois de encaminhou para o seu escritório avaliar o continha no envelope.

No caminho, foi abrindo aos poucos o papel, até retirar de dentro outro papel, enrolado em forma de pergaminho. Parou no meio de seu escritório, e seus olhos passearam uma, duas, e até três vezes o papel. Sentiu os olhos encherem de lágrimas e o coração se partindo lentamente, seguido de uma tontura. Colocou a mão na boca enquanto a outra continuava segurando o pergaminho, trêmula. As emoções não se seguraram e sentiu uma forte fraqueza nas pernas e na cabeça, até que caiu desfalecida no chão.

"Permissão para desqualificação:

Hyuuga Hinata.

Com o direito como Hokage, desqualifico Hyuuga Hinata ao cargo chefe do clã Hyuuga. As decisões são internas, mas peço a intervenção do conselho para impedir que isso aconteça. Ela não está preparada a esse tipo de responsabilidade, nem como kunoichi, ou com poder de representação de um clã de tal porte.

Por favor, avalie a situação o quanto antes.

Atenciosamente,

Uzumaki Naruto, o sexto Hokage de Konoha."