Meu Namorado De Mentira escrita por Bells


Capítulo 22
Água no feijão


Notas iniciais do capítulo

Olá gente, tudo bem com vocês? Como foi a Pascoa? Muito doce? k Eu nem ganhei chocolate (não posso comer), dai eu ganhei o livro "A Culpa é das Estrelas" ontem k Creio que muitos de vocês já leram, não?
Enfim, quero dar um mega abraço, um mega obrigado e um mega chocolate para a super linda da "Killer Zoombie" pela minha sexta recomendação, me deixou super emocionada. Obrigada, de verdade! Significou muito para mim :3 Ah! E vocês viram a capa nova? (Não lembro se já tinha comentado isso), mas a fofa da Ana (Mrs Everlark) fez para mim. Obrigada a vocês duas, de verdade :)
Enfim, sobre o capítulo... Ele tem de tudo. E ainda por cima tem mais de 4 mil palavras, um recorde para mim u.u Espero que gostem e não julgue da maneira que o escrevi, tudo bem?
Boa Leitura.
Capítulo não revisado.



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- Eu desisto de viver! - Grito começando a andar rápido tentando sair daquele lugar que eu odiava.

Eu estava na aula de balé quando me deu um ataque de nervo ao ver a idiota da Jéssica ser escolhida para fazer o Lago dos Cisnes. Não que eu estivesse querendo esse lugar para mim, pelo contrário, nem queria parecer nesta bosta de apresentação, mas ao ver ela jogado na minha cara que é melhor do que eu e que só ela tem capacidade para fazer a principal da apresentação... Subiu o sangue e eu acabei tendo um ataque. E isso causou minha expulsão (ou suspensão, se preferir) da escola de balé por uma semana. Como se eu me importasse com isso.

Ando estressada demais esses dias. São tantas coisas na minha cabeça que eu não sei mais controlar minhas emoções. Parece eu sempre estou a base de cafeína, misturado com energético e uma dose de raiva para deixar as coisas menos monótonas na minha vida. É óbvio que não daria certo, né?

Enfim, desde aquele dia que eu soube que Chuck ainda me amava, pelo menos era o que o mostarda dizia, não tive nem sinal do maldito (Chuck). Acreditem que ele evaporou da fase do universo? Dou graças ao Senhor por isso. Menos uma complicação na minha vida, por hora.

Juntei minhas coisas desjeitosamente, joguei minha bolsa em meu ombro e tentava arrancar aquele "tutu" ridículo de mim ao mesmo tempo que caminhava para fora daquele lugar horrível! Enquanto eu andava até a saída, podia escutar os choros escandalosos da vadia. Bem feito, quem manda se meter seu nariz no meio da minha mão? Ninguém!

- O que aconteceu? - Perguntou Patrick vindo em minha direção assim que saiu pela porta da escola.

- O que está fazendo aqui? - Pergunto assustada com sua aparição repentina.

- Vim te convidar para tomar sorvete... - Responde inocente e depois me avalia - Não devia colocar uma roupa?

Olho para mim mesmo e percebo que estou apenas com meu collant (seja lá o nome que dão para aquilo), meia calça e sapatilhas nos pés. Ah! E minha bolsa meio aberta no ombro.

- Bem, eu fui praticamente expulsa da escola... Então, não tem como eu voltar para me trocar. - Digo fechando (batendo) a porta atrás de mim e descendo os três degraus.

- Vai assim para casa?

- Não vejo nenhum problema! - Digo dando de ombros e começando a andar em direção a minha casa.

- E porque foi "expulsa" da escola de ballet? - Patrick pergunta me acompanhando.

- Porque acidentalmente minha mão foi parar no nariz da Jéssica. - Digo satisfeita. - Ela que colocou seu nariz de cocota na frente.

- Você quebrou o nariz dela? - Patrick pergunta surpresa.

- Não quebrou... Eu espero que não. - Digo percebendo na besteira que havia feito.

Ah! Foda-se!

- Você é impossível mesmo.

- Então o que está fazendo aqui? - Pergunto levemente irritada.

- Sou seu namorado...

- De mentira. É tô sabendo. - Respondo pegando meu celular que havia avisado que eu tinha recebido uma mensagem.

- Hm... Hoje minha mãe vai dar um jantar lá em casa para apresentar sei lá quem... Ela pediu para te convidar e sua família. - Patrick fala.

Eu paro do nada surpreso com aquele pedido ainda mais vindo da Anne. E bem, quase sou atropelada por um fusca, uma bicicleta e uma criancinha que estava correndo pela rua. Não sei como, só sei que Patrick me puxou bem a tempo deu não ser atropelada por nenhum dos elementos.

Ah! Não se preocupe a criança não foi atropelada. Menino melequento aquele, fica correndo entre carros. Não sabe o quão perigoso pode ser? Eu hein! Depois de morre uma praga dessas não sabe por quê.

- Agatha, é só um trombadinha, não seu filho. - Patrick fala e eu o olho sem entender. - Ele deve estar acostumado a correr entre os carros.

E mais uma vez eu penso alto e nem percebo.

- Enfim, sua mãe quer que eu vá para sua casa com meus pais... Para um jantar com sei lá quem? - Falo absorvendo todas as informações. - Por acaso Anne é suicida?

- Suicida, não sei. Mas que tem uns parafusos a menos, isso eu garanto. - Ele comenta rindo. - Eu disse que não era uma boa ideia convidar seus pais.

Eu o mirei com um olhar fumegante.

- Confirme com sua mãe... E mande-a colocar mais água no feijão.

- Não vai ter feijão. - Patrick constata me seguindo.

- É uma expressão idiota! - Digo revirando os meus olhos.

- Enfim... Minha mãe disse que agora que você faz parte da família devia aparecer mais lá em casa. - Patrick fala olhando para o céu.

- Sua mãe disse isso? Desde quando ela gosta de mim?

- Não sei. - Ele fala com sinceridade. - Acho que ela percebeu que você foi à última garota que dormiu lá em casa... Então, ela acha que é real e firma.

- Oh! - Eu só consigo dizer aquilo.

- Enfim, tenho que passar lá no Felipe... Vejo-te as oito lá em casa, tudo bem? - Patrick fala me parando e me olhando.

- Tudo bem. As oito eu apareço por lá. - Digo tirando uma mecha do meu cabelo de meu rosto.

Patrick se inclinou e me beijou. Rápido, firme e quis dizer alguma coisa com aquilo. Não sei o que ele quis me dizer com aquele beijo, só sei que não tive tempo de perguntar, pois ele havia sumido entre a multidão.

{...}

Ás sete da noite do mesmo dia, eu estava na sala olhando para o teto no maior tédio esperando meus pais terminarem de se acertar. Eles estavam brigando por que minha mãe queria ir por um caminho que ela julgava mais rápido, enquanto meu pai queria ir pelo outro que ele julgava mais seguro. E é claro, que eles não quiseram me ouvir.

- Vamos Agatha. Fica nos atrasando aí. - Minha mãe diz levemente irritada passando pela porta. - Tranque a porta quando sair.

Reviro os olhos com aquela situação. Já não era bom o suficiente de Anne nos convidar para jantar na sua casa, agora a culpada pela demora era eu. Também, a culpada de tudo naquela casa sempre sou eu.

Passei pela porta e tranquei a porta. Como sou uma pessoa nem um pouco desastrada deixo cair à chave no chão, e me abaixo para procura-la. Meu pai buzina atrás de mim impaciente. Faço sinal de "já vou" e continuo a procurar a maldita chave que desapareceu. Levantei o tapete de "Boas vindas ao lar dos Verona" e encontro a maldita chave e um envelope branco pequeno embaixo. Pego os dois e vou para o carro.

- Tinha perdido a chave. - Digo me desculpando pela demora e meu pai arranca com o carro indo para a rua.

- Só não perde a cabeça, pois ela está grudada. - Minha mãe fala com um tom de brincadeira sem graça, claro.

- Alguém deixou isso embaixo do tapete. - Comento mostrando o envelope branco sem remetente.

- Deve ser propaganda. - Meu pai diz.

Ele odiava propagandas em portas de casas. Na verdade, ele odiava tudo que estivesse vendendo alguma coisa. Porque você acha que ele é conhecido como "aterrorizador de vendedoras"? Por motivos meios óbvios, não?

Enfim, abri o tal envelope e nele tinha uma folha dobrada em dois. Larguei o tal envelope ao meu lado e desdobrei a folha. Primeiramente, percebi que a letra era daquelas recortadas de revistas, que vimos em novela ou filme para ameças, sabe? Então, ela era desse formato.

"Feliz aniversário! - C.W"

Ah! Ótimo! Além de a pessoa estar me desejando parabéns anonimamente, eu encontro depois de 15 dias o bendito papel. E pior, que a pessoa ainda teve o trabalho de recortar essas letras, e assinar com um "C.W". Adivinha, quem é? Chuck. Óbvio.

Rasguei o papel em mil pedaços e só não joguei pela janela, porque não queria sujar a cidade mais do que ela está com o Walter andando solto pela rua e infestando com seus germes todos os lugares.

Menos de cinco minutos estávamos na casa de Patrick, estacionando o carro e descendo dele. Meus pais se deram as mãos e eu revirei os olhos. Eles sempre querem mostrar para as outras pessoas que são um casal lindo, maravilhoso, cheiroso e quem não tem ninguém é um lixo fedorento.

Eles não são tão maus assim. Acredite!

- Olá. - Anne disse animadamente abrindo a porta com um sorriso que eu nunca havia visto antes. - Achei que não viriam mais.

- Desculpa a demora... - Minha mãe disse cumprimentando Anne com dois beijinhos em cada bochecha, daquele jeito de sempre. - Ag se atrasou.

- Claro. Eu. - Digo ironicamente e cumprimentando Anne.

- Verona. - Anne cumprimentou meu pai e logo depois fechou a porta.

A casa estava brilhosa (limpa?) desde minha última visita. Fomos até a sala e encontramos Patrick e Felipe sentados em um dos sofás. Um garotinho que no máximo tinha oito anos estava sentado na poltrona perto dos meninos. E um senhor de idade (seus 40 anos) sentado na outra poltrona bebendo em seu copo.

- Venham, venham. - Anne disse puxando meus pais - Deixe-me apresentar todos. - Ela apontou para Patrick e depois para Felipe. - Meu filho vocês já conhecem. No seu lado é o amigo dele, meu afilhado, Felipe.

- Olá. - Minha mão cumprimenta.

Meu pai só assentiu. Eu ando até os dois e me jogo entre eles. Eu não ia ficar parada olhando para as paredes quanto eu podia ficar sentada. Não que eu quisesse ficar ao lado dos dois idiotas, mas era o único lugar "vago" naquela sala.

- Esse pequeno é Henrique, filho do Gonçalo. - Anne apresentou o pequeno e o velho do outro lado da sala que andou até eles.

- Prazer. Sou Gonçalo.

- Antônio. E está é minha mulher, Sofia.

- Prazer. - Ele os cumprimentou.

Revirei os olhos e comecei a ignorar a conversa deles. Afinal, não era a conversa mais interessante do mundo. Olhei para Felipe, intrigada.

- O que você está fazendo aqui?

- Sou quase da família. - Ele me respondeu com uma careta. - Patrick praticamente me obrigou a vir para cá.

- Oh! Ele é o namorado da sua mãe?

- Não sei. Talvez seja. - Patrick deu de ombros.

Aquilo era estranho demais. Patrick não se importava se sua mãe estava namorando e nem queria saber quem era se isso fosse verdade. Ele na verdade, parecia indiferente com aquela situação.

- O.k. - Digo por fim.

- E o que você está fazendo aqui? - Pergunta Felipe para mim.

- Sou quase da família. - O imito.

- Só que não. - Ele retruca.

- Estou com fome! - Comento entediada.

- O jantar será servido em meia hora. - Responde-me Anne.

Meia hora? Querem me matar de fome, isso sim. Porque eu não trouxe meu pãozinho reserva? Ele seria útil nessa situação. Suspiro de indignação e em troca recebe um olhar fumegante da minha mãe.

- Oi. - Diz o menino olhando para mim.

- Olá. - Respondo com um sorriso.

- Você é namorada do Felipe? - O menino pergunta.

- Não. - Respondo rapidamente junto com os dois meninos. - Tem quantos anos?

- Seis. - O menino responde mostrando com os dedos.

- Que lindinho. - Eu digo achando aquele menino um fofo.

- Você é namorada de quem então? - Henrique pergunta.

- Minha. - Patrick responde de mau gosto.

Babaca!

- Patrick, porque você namora com ela se ela não é bonita? - Henrique pergunta.

Felipe começa a rir. E eu lanço um olhar de "te pego na saída idiota". Nem com isso ele para de rir.

- Eu sou feia? Já se olhou no espelho? - Rebati com raiva.

- Calma aí Ag. É só uma criança. - Patrick me recrimina.

Eu faço uma careta com aquilo.

- Eu sou lindo e maravilhoso. - Henrique fala. - Eu arraso as gatinhas.

- Mas você é muito novo para arrasar as gatinhas. - Felipe fala rindo.

- E daí? Elas desmaiam quando me veem. - Henrique falou fazendo pose.

Era só o que me faltava mesmo, um garoto convencido me chamando de feia. Eu fiz algo de errado na minha vida passada... Não, espera. Eu fiz coisas horríveis nesta.

Droga!

- Aposto que você joga areia nos cabelos das suas coleguinhas.

- Faço isso não. - Henrique diz. - Minha namorada briga comigo.

- Namorada? - Pergunto assustada.

Aquele menino tinha seis anos e tinha um namorado. 

O MUNDO ESTÁ PERDIDO. CORRAM PARA AS COLINAS.

- Sim. Ela conquistou meu coração. - Ele fala todo apaixonado.

- E o pai dela sabe?

- Não. Eu ainda não tive coragem de contar para ele.

- Que triste! - Digo.

- Agatha querida, por favor, me ajude com a mesa. Sim? - Anne me chamou e eu afirmei com a cabeça levantando e a seguindo.

A segui até a sala de jantar da casa, onde comecei a colocar os pratos na mesa como fui ensinada. Devo deixar claro, que foi uma das poucas coisas que eu sei fazer em uma casa... E me orgulho disso!

Quando me virei para colocar os pratos do outro lado da sala Anne parou e me veio até em mim. Ela largou os copos que estavam em sua mão e começou a falar.

- Querida, fico feliz que vocês tenham vindo hoje. – Anne disse com um sorriso.

- Obrigada pelo convite.

- Que isso! – Ela disse e me puxou para um abraço e sussurrou no meu ouvido – Eu sei quem é você, eu sei o que você fez no passado. Não posso dizer para o meu filho se afastar de você, porque perdi essa autoridade há tempos, porém se você for uma menina inteligente como eu sei que é, saberá que é hora de se afastar do Patrick.

- Você está me ameaçando? – Eu perguntei me afastando abruptamente perplexa com tudo aquilo.

- Meu recado foi dado, entenda como quiser. – Anne disse voltando sua atenção para a mesa a ser terminada.

- Para sua tristeza, eu não irei me afastar de Patrick. – Digo por birra.

Odiava quando alguém me dizia o que fazer. Odiava me sentir pressionada, pressa, governada. E quando isso acontecia, boas coisas nunca viam depois. É algo que eu aprendi com o tempo.

- A irá sim queridinha, porque você é uma “boa” menina – Ela disse fazendo as aspas na palavra boa – E não irá estragar a vida de meu filho com sua burrice e seu lado obscuro. Não quero que ele sofra por alguém como você.

- Primeiro você não sabe de nada sobre mim. – Eu afirmei irritada com ela – Segundo, você não manda em mim e eu decido o que vou ou não fazer. E terceiro, antes de falar de mim devia se olhar no espelho, não acha?

- Não me compare com você queridinha. – Anne disse irritada.

- Ah meu bem, eu e você somos farinha do mesmo saco... Conforme você mesmo está afirmando e garanto que eu não irei causar mais dor no Patrick do que você já não tenha causado. – Digo isso e saio do local em passos largos e pesados.

Passo pela cozinha e ando até a porta que leva para o pátio da casa. Ele era grande, tinha tudo o que uma casa daquele status havia. Desde piscina a canil (embora não tenha nenhum cachorro). Andei até a borda da piscina e fiquei olhando para sua água pensando em tudo.

Anne havia descoberto realmente o que eu havia feito, ou será que ela estava só blefando para eu me afastar do seu filho? Será que ela andou conversando com o Chuck? Mas isso não faria sentido, porque ele não contaria nada daquele dia... A menos, que ele tenha ganhado alguma coisa realmente boa em troca de um segredinho sujo meu. Ele anda sumido por esses dias... Será?

Mas eu não poderia machucar Patrick, poderia? Não. Claro que não. Estamos em uma aposta besta e nenhum dos dois quer realmente se apaixonar pelo outro. Certo? Então, por mais que eu tenha esse meu passado sujo, isso não poderia me afetar mais do que afetou por esses dias?

Não é?

Eu havia prometido a mim mesma que pararia de ser uma criança mimada e não choraria mais, ou teria pesadelos. No acampamento, eu prometi a mim mesma que nada mais me afetaria. E seria assim. Para sempre.

- Agatha... – Ouvi Patrick chamar meu nome vindo em minha direção. – Está bem?

- Claro! Eu só vim conhecer o restante da sua casa. – Minto.

Sou ótima para mentir, não?

- Oh! Aqui já foi melhor. – Patrick diz me puxando pela mão. – Vamos, o jantar será servido.

- Oba! Estou cheia de fome. – Digo sem muita empolgação, porque algo me diz que esse jantar será uma merda.

{...}

- Ótimo. Todos na mesa, podemos começar a comer. – Anne disse assim que eu me sentei entre o pequeno Henrique e meu namorado de mentira.

Em 1 segundo todos já estavam se servindo e conversando animadamente. Embora não tendo muita gente na mesa, o som da conversa com as batidas dos garfos e o barulho dos copos, parecia que estávamos comendo em um batalhão do exercito.

Servi-me pouco, havia perdido a fome depois de minha conversa amigável com Anne que por sua vez parecia nem se importar com as coisas que eu havia lhe dito, ou pelo menos sabia esconder direitinho à raiva que sentia por mim.

Felipe conversava sobre algum jogo de vídeo game com Patrick que comia apressadamente. Henrique reclamava da comida todo o tempo afirmando ser vegetariano, mas se recusava a comer as cenouras de seu prato. Meu pai conversava com Gonçalo sobre economia e minha mãe falava de flores com Anne. E eu? Bem, eu fiquei desenhando no meu purê de batatas com o garfo. É um belo exercício para se fizer quando está no tédio e não está com vontade de comer.

- Não gostou da comida Agatha? – Perguntou a bruxa da Anne.

- Está muito boa. – Eu respondo com sinceridade.

Estava bom mesmo, pena que eu havia perdido o apetite.

- Obrigada. – Anne disse me lançando um olhar que eu não captei a mensagem. E depois se virou para o seu acompanhante romanticamente.

Sim, porque eu não sei se é noivo, namorado, ficante... Sabe-se lá o que os dois são um do outro. Só queria que Henrique não tivesse uma madrasta como aquela mulher, porque senão seria a história da Cinderela, só que na versão masculina. Não seria agradável para uma criança com sérios problemas de precocidade ter um convívio com uma bruxa como Anne é.

- Agatha, porque não nos conta como você e Patrick começaram a namorar? – Gonçalo perguntou e eu fiz uma careta.

Todos da mesa pararam de conversar e olharam o casal de namorados, visivelmente perturbado com essa pergunta, porque era difícil de lembrar-se da história que eu havia inventado para os meus pais. E não poderia desmentir tudo.

- É uma história um pouco longa Gonçalo, e meio chata. – Patrick fala por fim.

- Oh! Sua mãe me disse que vocês foram para um acampamento nas férias. Como é lá?

- Incrível. – Eu respondo com sarcasmo, que só poderia ser reconhecido pelo Patrick que deu um sorriso ao meu lado.

- Sério? Eu estava pensando levar Henrique para um desses acampamentos, para ele aprender um pouco de disciplina. – Gonçalo falou colocando um pouco de comida em sua boca.

- Pai. Eu não preciso de disciplina. – O garotinho reclamou ao meu lado.

- Lá é ótimo para disciplina, tem um homem muito gentil e parece uma árvore de nat... – Eu ia dizendo, só que fui meio que beliscada por Patrick e percebi que estava falando de uma forma... Errada. – Quer dizer, o Senhor Boring é muito bom e é um ótimo disciplinador. Fazia-nos acordar sempre às cinco da manhã.

- Que maravilha! – Gonçalo exclamou maravilhado. – Henrique, você vai para esse acampamento nas férias.

- Obrigada Agatha. – Disse o menino com raiva ao meu lado.

- Vingança é algo realmente bom. – Digo num sussurro só para ele ouvir que fica emburrado.

- E você Felipe... – Meu pai começou e eu revirei os olhos.

Já até sabia o que veria a seguir.

- Eu vou muito bem senhor. Não fui para o acampamento. Tenho notas boas e não pego detenção que nem algumas pessoas por ai. – Felipe disse em um sorriso se referindo a mim.

Sim, eu era campeã em detenções. Só porque eu dormia na sala, respondia professores... Essas coisas normais que eu sempre fiz e sempre vou fazer.

- Oh! Muito bem rapaz. Continue assim. – Meu pai incentivou.

Eu mereço!

- Agatha, sua mãe me disse que você faz balé. – Anne falou terminando de jantar e me olhando sério.

- Faço. – Respondi.

Decidi não contar nada sobre minha possível expulsão da academia para não dar o gostinho de vitória para ela. E não causar mais problemas do que eu já tenho.

- Fazia né amor? – Patrick falou.

- Como assim? – A inocente Anne perguntou.

Eu chutei uma perna.

- Ai! – Reclamou minha mãe me lançando um olhar fumegante.

Chutei de novo e dessa vez acertou Patrick. Que entendeu o recado e tentou concertar a merda que tinha feito.

- Quer dizer... Agatha pensou em desistir, mas eu a fiz continuar nas aulas.

- Que maravilha! – Minha mãe comentou feliz. – É desse tipo de rapaz que você precisa para a sua vida, minha filha.

- Eu tive uma baita sorte. – Comento ironicamente.

- Patrick soube que você irá jogar futebol nos jogos intermunicipais. – Meu pai falou como se lembrasse de algo engraçado – Que maravilha hein!

- Sim. Eu vou. – Patrick comentou animadamente.

Ele estava feliz com aquilo. O diretor finalmente reconheceu seu maior e melhor atleta e deu uma chance de verdade de ver “seu garoto brilhar” como ele mesmo afirmava para quem perguntasse.

E a conversa retomou seu ritmo de antes. E eu não estava nem um pouco interessada de participar dela, então deixei que eles falassem olhando para minha comida com os pensamentos em outro lugar.

{...}

Depois do término do jantar, meus pais e os do Patrick foram para a sala fazer sei lá o que. Henrique tinha praticamente dormido no colo de seu pai e foi levado lá para o quarto de Anne. Felipe, Patrick e eu fomos para frente da casa. Já se passavam da meia noite e lua estava alta no céu. As estrelas mal apareciam. E estava frio, como sempre acontece à noite.

- Gente, eu vou indo para casa já... – Felipe anunciou bocejando. – Acordei às quatro da manhã hoje e estou caindo de sono.

- Tudo bem. – Patrick disse. – Eu aviso para minha mãe.

- Beleza. Boa noite Ag. – Felipe falou começando a caminhar para sua casa.

- Não foi tão ruim hoje. – Patrick falou.

- Talvez. – Digo apenas isso e olho para qualquer outro ponto sem ser Patrick.

Eu não conseguia o encarar e eu nem sabia direito o motivo.

Havia uma pergunta na minha mente que eu não conseguia abandona-la. Algo que me fez pensar sobre o assunto, algo que a própria Anne falou indiretamente, algo que me fez repensar no que eu estava fazendo.

Tomei coragem e olhei para Patrick. Ele me encarava sem compreender nada, ele me olhava da mesma forma que eu olhava uma equação matemática que eu nunca havia visto na vida. E aquele olhar me deixou temerosa.

Patrick me olhando com aqueles olhos de interrogação, Anne pedindo para eu me afastar de seu filho, na verdade ameaçando, possível expulsão do balé, recebendo detenção diariamente, problemas com Chuck, possíveis problemas com a polícia, um passado obscuro, um maníaco me perseguindo, um relacionamento de mentira e o mundo conspirando para que tudo na minha vida dê errado e uma pergunta, uma única pergunta em minha mente.

“Apenas 20 segundos de coragem.”, pensei lembrando-me de um filme.

E fiz minha pergunta.

- Patrick, você está apaixonado por mim?


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Notas finais do capítulo

Então... O que acharam? O que ele irá responder? hein, hein. Novas coisas estão para surgir e eu decidi qual capítulo vocês saberão toda a verdade dela, lembra que no cap. passado eu mencionei o dia 17 de novembro (na história)? Então, lá será meio que um desfecho para terminar a história de vez. k Vai ser um capítulo de "aguenta coração', mas até lá... ainda tem muito o que acontecer, muita enrolação, drama, confusões e é claro, muito amor. kk Enfim, quem acha a Anne uma vaca? Euu!
Sugestões: Leia as notas iniciais, e estão lá.
Ah! O próximo capítulo só sairá quando eu tiver 20 review's. Na boa. Pode demorar um mês, mas não aceito menos (a menos que tenha recomendação, dai posso pensar), porque eu fiz um capítulo que era para ser divido em 2 (sim, eu havia divido eles em dois, só que achei que vocês mereciam um grandão como esse, de 4 mil palavras) e o que eu peço é comentários para eu poder continuar escrevendo.
Ah! Outra coisa, vocês gostam de capítulos grande (como esse) ou preferem que eu siga na casa das 2 mil palavras, 3 mil palavras? Mandem por favor sua opinião.
Acho que é tudo.
MANDEM REVIEW'S. POR FAVOR.
Recomendações são bem vindas.
Review's. Review's. Review's. Recomendação.
Fiquem com Deus.
Até a próxima!