Censure os meigos olhos azuis escrita por Honda Sakura


Capítulo 6
Dennis - Parte 1


Notas iniciais do capítulo

"O acaso... é um Deus e um diabo ao mesmo tempo."
(Machado de Assis)



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Ao retornarem do passeio, a notícia correu rapidamente pela escola. Todos ali já sabiam que Marc era de Geovanna e Geovanna era de Marc. Um casal bem resolvido.

Tepnora estava feliz pela amiga. Era o primeiro namorado de Geovanna. Mas na hora do recreio, sentia-se abandonada, pois sua amiga ia curtir o romance e a deixava de lado. Ela notou que durante as aulas, Geovanna também dava mais atenção a Marc. Então, Tepnora resolveu arrumar uma nova melhor amiga. E a eleita foi Roberta, a Ruivinha.

Roberta, além de ser ruiva, tinha uma pele bem clara, olhos azuis claros e como toda a clássica e original pessoa ruiva, ela tinha sardas no rosto. Roberta participava todos os sábados e quintas à tarde da banda da escola.

– Por que você não anda mais com a Geovanna? – perguntou Roberta a Tepnora na sala de aula.

– E que agora ela só quer saber do “bendito fruto” – disse Tepnora.

– Ah, o Marc. E você?

– Eu o quê?

– Você não tem um bendito fruto?

– Não, ainda não. E você?

– Estou ficando com o Samuel, um rapaz que toca bumbo na banda. Conhece?

– Não.

Nisso, Geovanna aproximou-se delas (porque agora Tepnora não sentava-se mais perto da antiga melhor amiga e sim perto da mais nova melhor amiga).

– Tepnora, eu e Marc gostaríamos de falar com você no recreio.

Tepnora olhou Geovanna dos pés a cabeça.

– Ok – respondeu, secamente.

Geovanna retornou ao seu lugar, perto de Marc.

– O que será que eles querem com você? – falou Roberta.

– Não sei, mas você vai ficar junto comigo, não importando se o assunto é em particular ou não! – revoltou-se Tepnora.

No recreio, Geovanna e Marc foram falar com a morena.

– Ah... Podemos falar em particular com você? – disse Geovanna, já que Roberta permanecia junto a Tepnora.

– Não. A Ruivinha vai ficar aqui comigo. Então fale se quiser – respondeu Tepnora, rispidamente.

– Eu e o Marc queríamos convidar você para ir assistir o filme “A dona da cerejeira” no cinema. Acho que seria legal, pois ultimamente parecemos tão afastadas... Você quer ir conosco?

Tepnora parecia mais calma agora, apesar de que o motivo do convite lhe enervava. Até parecia que a culpa das duas estarem tão afastadas fosse somente de Tepnora.

– Roberta pode ir junto?

– Sim, sem problemas. Então está marcado, sábado à noite a gente vai – falou Marc.

Tepnora esperou o casal se afastar para perguntar a Roberta:

– Você vai comigo, né?

– Vou, mas só se você for no sábado à tarde, na banda comigo. E então?

– Está bem.

Em pleno sábado à tarde, um sol potente brilhava no céu. Tepnora estava sentada na arquibancada do ginásio da escola assistindo Roberta ensaiar. Era a primeira vez em oito anos que ela viera à escola sem ser horário de aula.

Quando o ensaio da banda encerrou-se, Tepnora saiu da arquibancada e foi à quadra encontrar a amiga.

– Gostou da banda? – perguntou Roberta, entusiasmada.

– Ah, claro... – era claro que Tepnora beirava ao tédio naquele lugar – Com que roupa você vai ao cinema? – disse Tepnora.

– Bem, já que vai estar abafada essa noite, eu acho que vou ir com uma regata, short jeans e tênis. Quero ir bem básica.

– Eu vou usar um vestido preto e simples e sapatilha.

– Então está tudo ok! Nos vemos hoje à noite, Tepnora.

Depois da despedida cada uma seguiu sua rotina até a hora de ir ver “A dona da cerejeira”.

Todos se encontraram na frente da escola e dali seguiram para o cinema. O local estava cheio, por isso, tiveram que esperar um bom tempo na fila para poderem entrar.

– Vocês vão sentar perto da gente, né? – perguntou Geovanna as duas meninas.

– Sim – responderam Tepnora e Roberta ao mesmo tempo.

Mas quando finalmente conseguiram entrar no cinema, eles caminharam entre as cadeiras, a procura de assentos vazios. Tepnora viu algo que fez sua opinião, de sentar-se perto dos amigos, mudar.

Marc e Geovanna sentaram-se em uma das primeiras filas de cadeiras que se localizavam na frente do telão. Roberta já estava escolhendo o lugar dela e da amiga na mesma fila, quando Tepnora a pegou pelo braço e cochichou:

– Vem, vamos sentar nas filas de cima.

– Mas nós concordamos que iríamos sentar junto deles – respondeu Roberta apontando para o casal que não percebera a enrolação das duas.

– Tá, eu sei, mas mudei de ideia!

Como Tepnora alterara a voz em sua última frase, Geovanna e Marc olharam para elas.

– Por que não se sentam de uma vez? O filme já vai começar – disse Geovanna.

– Eu vou me sentar lá em cima – após dizer isso, Tepnora largou o braço da ruiva e subiu pelo corredor lateral da sala de cinema.

– Eu vou me sentar aqui com vocês – falou Roberta e sentou-se ao lado de Geovanna.

Havia um motivo para Tepnora ter mudado de ideia e esse motivo chamava-se Pablo.

Antes de já ir sentando-se ao lado dele, a garota observou se ele não estava esperando alguém. Quando Tepnora olhou para os lados, percebeu que era a única pessoa que ainda permanecia em pé na sala. As luzes apagaram-se e ela ficou às cegas. O reflexo das imagens que apareciam no telão iluminou os rostos das pessoas no cinema. Logo, Tepnora avistou o de Pablo e dirigiu-se a poltrona livre que estava à direita dele.

– Oi. Será que posso me sentar aqui neste banco? – disse Tepnora para Pablo.

Ele forçou os olhos para que pudesse ver quem lhe chamava, assim reconhecendo a aluna.

– Oi, Tepnora. É claro que pode sentar aqui.

Ela sentou-se e arrumou seu vestido.

– Tepnora, este é o meu amigo Dennis.

O rapaz que estava sentado à esquerda do professor estendeu a mão para cumprimentá-la e ela retribuiu o aperto de mão. Ele disse “Olá”, ela disse “Oi”.

O amigo de Pablo podia ser confundido como o irmão de Pablo. As únicas diferenças que ele tinha com o docente era a sua altura, a cor do cabelo e os olhos. Dennis era uns dez centímetros mais baixo que Pablo, seus cabelos eram castanhos e seus olhos eram pretos, mas tinham o mesmo toque sedutor que os do professor.

O filme começou e o silêncio entre os expectadores foi total.

“A dona da cerejeira” era um drama e Tepnora odiava dramas, talvez se ela tivesse descoberto isso antes, não teria aceitado o convite para assisti-lo. Quanto mais tentava prestar atenção no filme, menos conseguia. Sua atenção forçada ao filme, ganhou outro foco, quando ouviu uma movimentação na poltrona ao seu lado.

– Oi, resolvi vir aqui – disse Roberta.

– Ué? O que houve? – disse Tepnora, com um tom esnobe na voz.

– Os dois começaram a se beijar e eu percebi que estava segurando uma vela de sete dias!

Pablo notando também a movimentação, olhou para o lado e viu Roberta.

– E aí, ruivinha! – disse ele, abrindo um largo sorriso.

– Beleza, “sor” – Roberta e o docente deram um soquinho com as mãos como forma de cumprimento.

Tepnora sentiu seu sangue ferver e seu rosto corar. Estava sentindo ciúmes de toda aquela encenação entre os dois. Por que ele não agia assim com ela? Por que ele era todo formal e sem graça com ela, enquanto, que com a Roberta comunicava-se como um adolescente falando gírias?

– Será que vocês poderiam conversar mais baixo? – reclamou Tepnora – Se não perceberam estou tentando ver o filme!

Pablo e Roberta se entreolharam, intrigados e calaram-se. O ciúme que a garota estava sentindo desapareceu, mas mesmo assim, ela não conseguia compreender o filme, ficando feliz, quando aquilo finalmente terminara. As luzes do cinema foram ligadas.

– Estão só vocês duas aqui? – perguntou Pablo para as alunas.

– Não, a gente veio com o Marc e a Geovanna – respondeu Roberta.

Em seguida, o casal aproximou-se deles.

– Oi – disseram os dois para todos.

Mas somente o professor os cumprimentou.

– Nós já vamos ir. Vocês vão ir conosco? – disse Geovanna.

Como Pablo ainda não lia os pensamentos de Tepnora, que deseja muito ouvi-lo dizer a ela “Quer uma carona?”, a garota teve que ir para casa com o casal do ano e a ruiva assanhada. Após a despedida entre alunos e professor, Dennis disse a Pablo:

– Que alunas bonitas você tem. De que séries são?

– Oitava.

– Que idade elas têm?

– Devem ter 14, 15 anos...

– Gostaria muito de sair com uma delas.

– Você não toma vergonha na cara, não, hein?

– E qual é o problema? Hoje em dia as meninas andam se entregando cada vez mais cedo.

– O pior é que você tem razão...


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Notas finais do capítulo

5 reviews e eu continuo... Preciso saber se alguém está lendo, se não o ânimo de postar se esvai... :(
~le sentindo um wild vácuo eterno~



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