Scorpius Malfoy

— Rose foi atingida por uma flecha, na verdade ela se jogou na frente para impedir que tudo desse errado. — expliquei e Maicon fez sinal para eu continuar. Ele agia como se não fosse alguma coisa absurdamente grave e perigosa. — E então, o tapado e idiota vulgo eu, foi ajudar ela a se levantar porque ela parecia estar mais tonta do que o normal, e aí vi que os olhos dela ficaram enormes parecendo que iam explodir, e eu consegui ver meu reflexo... E depois um coração vermelho.

— Ela está apaixonada, não é lindo? — Colin fez, no mínimo, uma cara de idiota ao falar isso. — Não se preocupe, como só uma parte está apaixonada, logo Rose cairá na realidade.

— E quanto isso vai demorar? — perguntei vendo que Rose estava alheia na conversa, olhava para os lados como se estivesse esperando que eu terminasse de falar.

— Só Merlin sabe, Scorpius. — suspirei em cansaço, e os dois bebês me olharam estranhamente. — Bem, vocês saíram daqui dez horas, já são quinze para as quatro da tarde. Estão de folga até amanhã às nove ou dez horas, que vocês pegam outro casal.

— Ok. — disse por fim indo em direção a casa rosa.

Quando abri a porta e vi toda aquela decoração, percebi que Hogwarts não era tão ruim quanto eu falava. Rose subiu as escadas, e só me restou sentar no sofá e assistir o belo trabalho que eu e Rose fizemos. Juntamos um casal que jamais conseguiria se juntar sozinho, era legal e ao mesmo tempo ridículo, porque eles eram… Eles! Talvez algo mais estranho do que a CDC seria Adam e Lily juntos.

— Posso saber porque vocês estão tão estranhos? — Alvo estava sentado enquanto folheava um livro de ponta cabeça, muito esperto, e eu estava em sua frente sentado com postura, parecendo alguém que tinha classe ou apenas uma pessoa normal.

— Vocês quem? — nunca pensei que eu me veria agir tão idiotamente, mas tudo tem sua primeira vez.

— Você e Rose, é claro. — ele jogou o livro para o alto e me olhou assassinamente. — Você não mal olhou para o lado desde o dia em que fomos para Hogsmead, Rose vive na biblioteca, vocês não estão mais discutindo. Não acha isso suspeito?

— Ela vive sempre na biblioteca, Alvo, um argumento jogado fora. — o que era verdade.

— Eu acho que ela tem uma quedinha por você. Querendo ou não, o assunto principal na Toca é o fato de Rose andar com nós. Ou melhor, andar com você. Tio Rony acha que você pode fazer algo contra ela. — na televisão eu continuava com uma cara irritantemente tediosa.

— Tipo o que? — Alvo pareceu pensativo por um instante bem pequeno, logo tendo a resposta na ponta da língua.

— Seduzi-la, sei lá. — chega de televisão, nunca fui obrigado a ouvir tamanha asneira.

Deitei-me no sofá, fechei os olhos e tentei dormir. Sem sucesso. Comecei a pensar nas coisas que tinha que fazer para sair da CDC, e de como seria difícil achar a solução daquela profecia que Simon nos deu. Já que Rose estava meio abestada, não devia estar com o seu cérebro funcionando muito bem — não que algum dia ele teve grande utilidade, mas parecia estar um pouco pior.

— ROSE! — gritei esperando um ''O QUE FOI SEU JEGUE?'' vindo dela, mas aparentemente estávamos em uma fase de superação de problemas.

— Hm. — respondeu sentada no banquinho do balcão americano, olhando para mim.

— Desde quando está aí? — cerrei os olhos enquanto mirava-a.

— Um tempinho. — como eu sempre soube que era exagerada e que às vezes ela perdia todo exagero, eu deduzi que ela estava ali há algum tempo. Como se fosse uma stalker ou algo do tipo.

— Onde você deixou aquela profecia? — perguntei passando mão em meu rosto para ver se aliviava o sono. Estava com sono, mas não conseguia dormir, muito interessante.

— Vou pegá-la para você. — levantou-se e foi até seu quarto, voltando com o papel em mãos. Isso era definitivamente estranho, porém em um bom sentido. Ficar sem ouvir Rose reclamar de algo seria bem parecido como ganhar na mega-sena trouxa. Uma maravilha. — Aqui. — estendeu-o e eu peguei. Desenrolei e lá estava a profecia mais complicada de todos os tempos.

“ Humanos enxeridos, prestem atenção!

Para voltar ao mundo de pura tentação,

é preciso resolver a incógnita que tem a solução.

É uma simples matemática que só exige um tempo amando e pensando.

Se quiserem o mundo real, terão de juntar casais.

Usando o 1 com um coração e repartindo 8 ao meio para fazer a multiplicação dele vezes o 3º número ímpar dos numerais e somando um graveto dará um número par... Que dividido por dois dará o número de casais que vocês terão de juntar e ajudar.

Mas acabarão por juntar um a mais,

sem perceber, sem querer. “

— Você consegue entender alguma coisa? — perguntei enquanto ela dava a volta no sofá para sentar-se ao meu lado.

— O ''1 com um coração'' é a flecha do amor. E se usamos o ''1'' como um graveto, o graveto citado logo abaixo será como um ''1''. — explicou calmamente apontando as partes no pergaminho com o dedo.

— Então usaremos a flecha para juntar os casais, ótimo. Agora, 8 dividido é 4. Quatro vezes... — nunca fui o melhor com números, mas a necessidade faz a força. Só é que essa força nunca existiria no meu cérebro.

— Quatro vezes cinco é vinte, dividido por dois é dez... Mais 1, vai dar 11. Mas o pergaminho fala que tem que dar um número par, então está errado. — suspirou, e eu assenti olhando-a. — Somos os piores cupidos de todos os tempos.

— Não somos tão horríveis assim. — tentei nos defender, mas ela riu desanimada deixando o pergaminho em cima da mesinha de centro.

— Eu fui acertada por uma flecha. — pelo menos, ela estava ciente disso. — Somos sim os piores.

— Isso é ruim? — tentei aliviar a situação. Afinal, eu não era tão ruim de mira assim, e a culpa havia sido toda dela.

— Péssimo. — Rose abaixou a cabeça enquanto colocava uma mecha de seu cabelo para trás.

Ela me encarava como se realmente fôssemos ficar na CDC para sempre. Tudo bem, a profecia parecia ser um pouquinho difícil, mas com certeza ela já tinha resolvido coisas muito mais complexas — como qual roupa vestir e essas coisas de garotas. E, hm, talvez eu devesse parar de chamar o Alvo de pamonha, porque eu estava parecendo uma naquele exato momento.

Rose Weasley estava na minha frente, quase chorando de desespero, me olhando como um cachorrinho que caiu da mudança. O que, pelas barbas de Merlin, eu poderia fazer além de…

— Scorpius, o que você está fazen…

Beijá-la?