Rose Weasley

Ao puxar Scorpius para à beira do lago, consegui ver o termômetro ao lado de sua cabeça e confirmar o que eu tinha visto no outro dia: vermelho. Seu termômetro estava vermelho, ou seja… Ele gostava de mim, de um jeito estranho e excêntrico ele gostava mesmo de mim. Diferente do jeito que o Wood gostava, diferente do jeito que eu gostava do Wood, diferente de… Tudo.

— O que foi? — ele perguntou e eu, seguindo o meu instinto racional, apenas neguei com a cabeça.

— Nada.

E tentei disfarçar o máximo que pude até sermos puxados de volta para a CDC. Assim que chegamos lá demos, literalmente, de cara com Maicon e Colin que já estavam com outra prancheta estendida para nós. Talvez eles achavam que éramos incansáveis ou coisa do tipo, mas... Ser cupido (e assistente) em ação não era nada fácil.

— Nem pensem em ir para casa, vocês vão juntar o último casal. — Maicon me deu os papéis. — O que é bom para eles, para vocês e para nós. Nunca fomos tão eficientes.

— Dando o trabalho pesado para os outros é bem fácil ser eficiente. — Scorpius cochichou, fazendo-me rir.

— Teddy Lupin e Victoire Delacour. — continuou Maicon. — Aliás, vocês não vão para Hogwarts, vocês vão para o lugar onde tudo isso começou, o Café da Madame Puddifoot.

— Que ótimo. Estou tão animado para voltar lá, vocês não tem ideia. — irônico, novamente.

— Scorpius, use uma flecha dourada. Eles tem que ficar juntos para sempre.

Quando ouvi “para sempre” senti um friozinho na barriga. Teddy e Victoire eram o exemplo de casal que todas as minhas primas queriam seguir. Praticamente, gostavam-se desde pequenos e nada conseguia atrapalhar esse sentimento, nem as briguinhas que aconteciam de vez em quando. Ficaram longe por um tempo devido Victoire ainda ter que ir para Hogwarts, mas… A pergunta central era: o amor foi causado por uma flecha que um dia os cupidos acertaram ou foi causado pelos dois que simplesmente nasceram para se pertencerem?

Assim que chegamos no estabelecimento, avistamos os dois que estavam conversando em uma mesa enquanto tomavam uma bebida quente.

Por ainda estar chocada com o termômetro de Scorpius, preferi ficar quieta e apenas assistir a cena.

— É um passo sério. — Victoire dizia mexendo no colar em seu pescoço. — E grande.

— Ah, sim, sem dúvidas. — Teddy levou sua xícara à boca e franziu os lábios em seguida. — Mas acho que estamos prontos.

— Eles vão se casar? — perguntou Scorpius mirando em Victoire. — Espero que sim, porque já é tarde agora para mudar de ideia.

— Por Dumbledore, Teddy, a vovó vai surtar. — seus olhos brilhavam após a flecha ter acertado o seu coração. — Vai querer ela mesma costurar o meu vestido.

— Então isso é um sim?

— É claro que é um sim, Lupin, se toca. — Scorpius sorria para os dois, como se tivesse concluído o seu trabalho com sucesso. — Inacreditável, as flechas podem até aumentar o amor, mas a lerdeza continua a mesma. Tomara que eu seja convidado para o casamento porque ele vai acontecer, ah é, graças a mim.

— Não, senhor. — eu disse, resolvendo que seria importante abaixar a bola dele. — Eles se casariam do mesmo jeito, você só fez com que eles… Fiquem juntos para sempre.

— Pouca coisa, não é? — riu passando o braço pelos meus ombros. — Bom trabalho, cabeça de tomate, você é a melhor assistente que um cupido pode ter.

— Isso foi um elogio? — olhei para cima e, ah merda, encarei os olhos dele. Aqueles olhos irritantemente irritantes e bonitos.

— Talvez. — sorriu, depositando um beijo na minha testa. — Será que vamos ser teletransportados para Hogwarts agora? A profecia foi cumprida, não foi?

— Acho que sim.

Quando a luz cor de rosa apareceu, uau, pensei que o meu coração realmente sairia pela garganta. O sonho maluco terminaria, eu estaria longe do Malfoy, segura na minha cama e, melhor ainda, bem longe de bebês de fraldas. Abrimos os olhos, um pouco felizes por talvez termos voltado para Hogwarts, só que…

— Por favor, me diga que a sala da Minerva foi reformada nesses dias que estávamos em outro planeta. — disse Scorpius assim que sentimentos nuvens nos nossos pés e vimos que estávamos, na verdade, na sala de Simon. — Ah não.

— Vocês falando assim até parece que não gostam da CDC. — choramingou Colin. — Não é culpa nossa se a profecia não se cumpriu.

— Acredito que ou vocês erraram as contas ou está faltando alguma coisa. — analisou Simon sentado em sua grande cadeira branca tomando uma mamadeira. — Já era para terem evaporado daqui. Não que, claro, não tenha sido…

— Bom ter vocês conosco. — Maicon colocou-se a frente do discurso. — Tem certeza de que vocês fizeram as contas certas, Rose?

— Sim, revisamos várias vezes. — suspirei entregando-lhe a prancheta. — Pela minha lógica, falta o casal que juntaríamos sem querer, mas dentre todos… Não sobrou nenhuma ponta, entende? Alvo e Alice, James e Dominique, Roxanne e Lorcan, Molly e Leo, Vic e Teddy, Lily e Adam, Lucy e… Wood.

— Wood. — Scorpius deu ênfase. — Até o Wood se deu bem. Não sobrou nada. Eu tenho certeza.

— Quando conseguirem juntar esse casal, voltarão para Hogwarts instantaneamente. — Simon digitou alguns códigos no computador. — Maicon e Colin sairão em uma missão no norte da Irlanda ainda hoje, mas vocês podem permanecer na CDC o tempo que precisarem.

Scorpius me olhou aflito, mais aflito do que eu esperava que estivesse. Os dois bebês vieram até nós e nos abraçaram — Colin, claro, abraçou primeiro Scorpius porque claramente ele era seu preferido, e Maicon o meu, óbvio.

— Até daqui duas semanas, amiguinhos, logo nos veremos de novo. — disse Colin se desvencilhando dos braços de Scorpius para vir me abraçar. — Não precisamos chorar, certo?

— Certo. — ele fungou, causando um riso sem humor em Maicon.

— Menos, Colin. — pediu segurando seu parceirinho pelos ombros. — Isso não é um adeus.