Scorpius Malfoy

Ela, Rose Weasley, veio até mim e me beijou. Na boca. Tipo, beijou mesmo. E eu apenas retribui, é claro, havia gostado de beijar ela da última vez. Não fazia parte da ideia beijá-la quando ela estivesse emputecida com outro cara, mas… Não é sempre que um raio cai no mesmo lugar.

— Você está louca mesmo. — disse deitando-me no sofá e tendo ela por cima de mim, como da última vez. Engoli a seco, afinal, uau.

— Shhhhh. — sussurrou beijando o meu pescoço. Repito, beijando o meu pescoço.

— Tem certeza que não vai querer me matar depois?

— Tenho, Malfoy, fica quieto.

— Ok então.

Tudo teria ficado ótimo se continuássemos como estávamos. Ficamos ali, por um tempo, e ela acabou ficando sem blusa, eu sem camisa, e quase que sem calça, mas…

— ALERTA COR DE ROSA, ALERTA COR DE ROSA, ALERTA COR DE ROSA! — gritava Colin enquanto corria pela casa. Rose quase pulou ao sentido contrário que eu estava, só que foi em uma velocidade mais lenta do que planejou. — O que vocês dois estão fazendo nesse sofá?

— Ahhhh, Colin, fala sério! — resmunguei encarando-o muito bravo. — O que foi dessa vez?

— Vocês tem que salvar um… — ele olhava Rose, que estava da cor de seus cabelos. Ao olhar para mim, fez olhos pidões. — Casal.

— E precisa ser agora à noite?

— Digamos que se não for agora, talvez eles nunca mais tenham uma chance, Scorpius. — Maicon foi ao lado de Rose e estendeu papéis para ela. — Fred e Hubi são um dos casais mais complicados. E você é o culpado disso.

— Ah, claro, eu, como sempre. — rolei os olhos. — Por que eu?

— Porque a Hubi gosta de você, ou melhor, gosta de te dar umas bitocas. Só que ela é apaixonada pelo Fred, sabe? E ele é apaixonado por ela, mas nenhum dos dois têm coragem de chegar e passar isso a limpo. — Colin explicou sentado em uma poltrona. — É aí que vocês entram.

— E rápido! Porque eles vão se encontrar no corredor do banheiro dos monitores e vocês precisam estar lá para acertarem as flechas e resolver a situação. — Maicon, mais sério, alertou já me entregando as flechas.

— Pra aproveitar que você mais parece um boneco engessado do que você, o que é ponto para o lado do Fred. — Colin deu ombros e olhou para Rose. — Você está tão quietinha, amiga Rose.

— Não enche.

Rose estava séria, muito séria. Talvez um pouco mais confusa, nervosa, irritada do que o normal, mas… Deveria ser triste mesmo estar no lugar dela. Se bem que Brian Wood era um idiota. Um capitão idiota, um aluno idiota, um bruxo idiota. Ele não tinha uma única qualidade sequer e é óbvio que não era o cara certo para ela, definitivamente. Não que eu fosse conhecedor dos gostos e preferências dela, mas ele não era apto para estar com ninguém.

A única coisa que não estava clara na minha mente era um motivo cabível para ela querer me beijar, mas entre perguntar e levar uma patata ou ficar quieto, preferi ficar remoendo a dúvida enquanto ajeitava as minhas asas.

— Ótimo! Eles estão nesse corredor, que específico. — disse Rose quando chegamos em Hogwarts. Colin e Maicon disseram que Fred e Hubi estariam naquele corredor, só que o problema era que havia algumas portas.

— Acho que tenho uma ideia de onde eles podem estar.

Rose, para variar, não disse nada e só me seguiu até uma parede vazia. Claro, a Weasley era careta demais para saber onde ficava a sala precisa e provavelmente ficaria maravilhada quando visse. Infelizmente, tivemos que atravessar uma parede sólida, já que a porta não apareceria para nós. Mas, pelo menos, eu estava mais do que certo. Diferente, porém, do que eu havia pensado, eles estavam apenas conversando dentro de uma sala completamente espelhada. Romântico e nojento

— Fred, olha… O problema não é você, ok? — ela dizia um pouco alto demais. Quando ultrapassamos a porta, vimos que ela estava com aqueles olhinhos azuis maravilhosos vermelhos e Fred estava com cara de bunda.

— Não sou eu, mas você não quer nada comigo e blá, blá, blá. — ele rolou os olhos, grosseiramente. — Disso eu já sabia. Você me chamou aqui para repetir algo que já disse um zilhão de vezes?

— Cara estúpido. — peguei uma flecha. — Não merece a Hubi.

— E o que você entende de merecer, Malfoy? Fica na sua! — Rose disse irritada. — O termômetro do Fred está vermelho, e o dela está roxo, e… O que adianta isso, né? Se provavelmente está rosa pra você.

— Não fique com ciúme, cabeça de tomate, você sabe que eu sou todo seu.

Rose Weasley

Mas o quê?

Quando Scorpius atirou em Hubi e olhou para mim feliz, em seguida, pela sua pontaria, tudo parou de fazer sentido na minha cabeça. Scorpius Malfoy nunca havia falado aquelas exatas palavras, nem brincando. Fazia um tempo que eu estava sentindo um cheiro podre de fralda de bebê, mas não imaginei que estivesse tão forte. Quer dizer, era o único motivo cabível para eu ter beijado ele por iniciativa própria.

Ok, tudo bem, eu estava revoltada e pareceu uma boa ideia, mas… Nas outras vezes que eu havia ficado assim nunca tinha agarrado o meu, o meu… Rival em setores acadêmicos. Scorpius era engraçadinho e tinha um jeito legalzinho, e asas enormes e um corpo bacana, só que nunca havia surtido um efeito e eu esperava, profundamente, que nunca fizesse.

— O problema sou eu. — disse Hubi enquanto o grande cupido mirava em Fred. — Por não ter te dado valor, entende, Fred? Eu sei que errei e que fui uma tosca por ter preferido muitas vezes ficar com-

— Ele. Hm, e daí?

— Esse ele sou eu. — Scorpius passou a língua nos lábios e soltou a flecha para amanteigar o coraçãozinho de Fred. — Mas o que ela pode fazer, não é? Eu sou irresistível.

— Coitado de você. — ri fraco. — Amor próprio é tudo, certo?

— Como você é engraçada, Weasley, nem parece que estava me agarrando há alguns minutos.

— Você é um idiota. — arrrrgh, como ele era um idiota.

— Daí que eu quero te dar uma chance. Nos dar uma chance. — é, talvez Hubi Spinnet conseguisse convencer qualquer um com sua voz excessivamente doce e com Fred não seria diferente, principalmente sob efeito da flecha.

Enquanto Scorpius assistia o momento para ver se a flecha funcionaria, eu me virei e comecei a andar pela sala. Foi quando me assustei. Ao lado de sua cabeça, havia um termômetro que eu não conseguia enxergar muito bem a cor, até o momento que ele virou para mim.

— Isso é nojento. — murmurou sorrindo de canto, e eu pude ver que a cor era vermelha. — Mas bonitinho.

— É.

E a luz rosa nos puxou de volta para a CDC.