Muitas vezes me deixei levar, permitindo que o futuro previsto cravasse suas garras vermelhas sangue em minhas entranhas, mas não devemos desistir. Agora eu sei que o futuro, mesmo que previsto, somos nós que o conduzimos, mesmo entre titubeios ou temores, agora em diante eu irei moldar a minha história... Eu juro.

- Jacob! Vamos lá! – dei partida, pois ele já sabia oque fazer.

Quando gritei, Jacob enterrou suas garras sobre uma das árvores, e logo saltou em outra, e assim foi. O lobo feroz subiu ao topo das árvores, correndo de uma a outra por dentro dos amontoados de folhas presas a elas, de forma que era impossível ver o transfigurador (Jacob), dando voltas sobre as árvores que cercavam Aro, assim um chaqualhar irritante envolvia nossos ouvidos – e esse era o intuito! O som produzido pelo chaqualhar das folhas seria capaz deixar a audição de Aro instável, já que a mesma capta os sons de forma mais alta, e contando que Jacob não podia ser visto, pois as folhas o escondiam da visão de Aro, era bastante provável que Jacob pudesse ter êxito ao investir num belo ataque surpresa!... Mas as chances dariam um salto para 80% se efetuasse mais uma de minhas dicas, da qual ele efetuara – enquanto ele dava voltas no topo das árvores, notei que Aro portava uma seriedade maligna, suponho que o mesmo desejava quebrar as costelas de Jacob.

- Isso! – exclamei, torcendo por Jacob.

De repente o lobo colossal saiu de dentro das árvores, num salto que parecia mais um voo, do qual ele planava em direção a Aro, o volturi de manto negro se virou, pronto para interceptar a fera, mas eu havia guardado mais um trunfo... Atrás do lobo ensandecido o sol cintilava calorosamente, irradiando uma luz extremamente intensa, isto é, qualquer um que olhasse em direção ao Jacob, não conseguiria o ver, pois o brilho do sol cegaria a visão de quem tentasse, e contando que as árvores mantinham o som de um chaqualhar ininterrupto pelo fato de serem esguias, faria com que a audição de Aro também não pudesse localizar a fera de caninos pontiagudos. E quando Aro virou-se para Jacob, que vinha ate ele numa viajem através do ar, quase que imediatamente o volturi pôs ambos os braços a frente da luz do sol, impedindo a própria visão!

- Agora! – anunciei quando enfim o lobo chegara ate Aro; já que os antebraços do tal se mantinham a frente de seu rosto, Jacob fez o favor de abocanhar o punho esquerdo do mesmo, eventualmente decepando sua mão, porém, quando o lobo fora efetuar uma nova investida, Aro lhe deu um soco brutal! O lançando a uma árvore, que logo fora destruída! O lobo que a pouco se mostrava tão afervorado, naquele instante levava consigo um olhar frágil e um corpo levemente machucado.

- Então foi você que deu as ordens, não é garota? – indagou Aro, dirigindo-se a mim. – Todos estão lá, lutando por uma causa perdida, levando uma esperança inexistente em seus peitos, tudo para lhe proteger... – então ele deu um passo à frente... Foi só então que minhas pupilas se inquietaram, um temor terrível tocava meu corpo, minha mente construía um temeroso pesadelo que me envolvia como uma neblina extremamente opaca, me isolando, o efeito que Aro causava em mim era o mesmo que o sol causava num cubo de gelo, sua áurea malignamente quente derretia meu ser; pois o passo que Aro dera não fora em minha direção, fora na direção do Jacob, eu desejava morrer antes de vê-lo partir! Se Aro viesse ate mim com a intenção de matar-me, eu saberia que era para proteger aqueles que eu amo, mas matar o Jacob era o mesmo que tirar minha cabeça fora, e assim mesmo, eu continuasse viva, sem cabeça, mas tendo que viver sem ela...

- Renesmee, você parece se importar muito com ele, não é mesmo?! E por esse motivo, irei mata-lo primeiro! Aprecie!

- Não ouse... – balbuciei temerosa. – E Jacob, não se esqueça de que estamos juntos nessa! Eu lutarei ao seu lado, ate o fim! Não vamos desistir agora!... Escute bem oque eu vou dizer... – eu dizia enquanto procurava uma lasca de pedra pontiaguda. – Quero que o ataque, permaneça próximo a ele o maior tempo possível! Eu farei o restante! – disse quando enfim achei a pedra de uma ponta mortalmente pontiaguda.

Foi num inverno, ainda em meus 5 anos de idade, num dia de temperaturas baixíssimas, que me acarretou um pesadelo perturbador, e em minha paranoia corri amedrontada ate o quarto dos meus pais e, implorei para que dormíssemos todos juntos – certos de que apenas eu dormiria – mas enquanto me mantinha acorda, meus pais contaram-me uma história atordoante e, ao mesmo tempo emocionante! Era sobre a vez em que meu pai travou uma intensa batalha contra Victória, a qual desejava incansavelmente vingar-se, e quando Edward e Victória se encontravam num acerado embate entre forças, minha mãe desejou mudar essa realidade, para que pudesse pender para o lado de meu pai, minha mãe perfurou o próprio braço, no intuito de que seu sangue pudesse puxar a atenção e o desejo de Victória, fazendo com que meu pai tivesse a chance de mata-la durante a desatenção da mesma dentro do embate entre forças. E essa era minha vez!

Jacob se lançou na direção de Aro, investindo com sua pata de garras mortais! Mas Aro por sua vez o agarrou pelo troco, atrofiando suas costelas com a força de uma das mãos, já que a outra tivera seu fim; se sua mão esquerda não tivesse sido descartada, certamente Jocob seria morto rapidamente. E durante tudo isso, eu ainda tentava ganhar coragem para cravar a ponta daquela pedra em meu braço! Notei o quanto Jacob estava se esforçando por mim, e eu também me esforçaria por ele! Fechei os olhos, cerrei a boca, girei a pedra sob a mão (categoricamente) num manuseio perfeito, logo a empunhei firmemente e a cravei no braço.

Quando a primeira gota de sangue se espatifou sobre as folhas do chão, Aro fitou meu braço, cobiçando o sangue que escorria belamente sobre o tal – bem diferente da dor que eu sentia, acredite, não era nada belo – o liquido vermelho traçava um caminho sobre meu braço, brincando com os desejos instintivos de Aro, mas Jacob aproveitou o instante propicio tentando abocanhar a cabeça de Aro, mas o volturi se defendeu com o braço esquerdo, assim o transfigurador foi capaz de arrancar fora sua outra mão e cravar as garras da pata esquerda sobre o rosto do vampiro repulsivo, e quando tive esperanças de que suas garras decepariam o vampiro, Aro girou seu próprio corpo sobre seu eixo, fugindo das garras de Jacob, e após a primeira volta, sua perna atingiu o focinho do lobo, o jogando em minha direção, franzi as pálpebras imaginando que o lobo colossal cairia sobre mim, mas o golpe fora tão forte que Jacob voltara a sua forma natural, caindo nu sobre meu corpo!

Quando me dei conta do que havia ocorrido, meus olhos se tornaram arregalados, pelo fato de Aro ter se safado de mais uma, Jacob estar fraturado e, se encontrar completamente nu sobre mim.

- Me desculpe... – tive duvida se Jacob estava pedindo desculpas por estar pelado ou por não ter conseguido acabar com Aro.

Jake se distanciou e deitou ao meu lado, com os movimentos restringidos pelas fraturas.

- Eu ainda vou derrota-lo – prometeu ele após um grunhido de dor.

- Não, nada disso! Veja como você está! – protestei.

Ele levou sua mão ate meus cabelos ruivos, os afagou, levou-os ate o rosto, fechou os olhos e os cheirou.

- Quero que você fique viva... – então ele sorriu. – viva por mim...

Ele se esforçou para se levantar, deu alguns passos, fitou-me de ombros e balbuciou:

- Pois eu te amo, Nessie – cerrou os punhos e dirigiu a visão a Aro, que escondia seus braços de mãos decepadas por d’baixo da capa negra que o cobria.

- Isso me diverte... Vê-los tão cheios de sentimentos supérfluos. – fitou-me Aro.

Levantei-me peremptoriamente e me pus à frente do Jacob.

- Jacob, preste atenção! Eu não vou deixar que morra por mim... – eu disse fitando o nada.

- Eu é que não permitirei sua morte!

- É-é...É que eu... –gaguejei – te amo... Passei toda minha vida junto a você, cresci com você, pensar em momentos marcantes e felizes, é pensar em quando eu estava ao seu lado, quando meus olhos encontram os seus, é uma coisa diferente, mesmo te conhecendo desde sempre, ainda sinto borboletas no estomago, ainda tenho vergonha de fazer alguma bobagem ao seu lado e, me sinto viva, me sinto junto a pessoa que eu sempre deveria estar! – meus olhos se encheram d’água, e uma nostalgia dos tempos em que nós estávamos juntos pairava sobre meus olhos, como lembranças em vídeo. – Quando estou angustiada você me conforta, eu nunca amei ninguém dessa forma! E, se um dia eu acordar e você não estiver lá, me esperando para dizer: ‘’bom dia!’’, prefiro não acordar! Prefiro morrer por você do modo mais patético que seja! Sou eu quem Aro deseja, então permita que as coisas ocorram do modo que tem que acontecer! – abri os braços e os estiquei, como uma cruz. – E agora, eu serei o seu escudo!

Ele correu ate mim e abraço-me forte, seu rosto ficou ao lado do meu, senti seu perfume e então fechei os olhos, esperando pelo inevitável...