Legalmente Ruiva escrita por Snapelicious


Capítulo 6
Cinco


Notas iniciais do capítulo

Uh, ok, sem comentários. A situação abre parênteses minha vida fecha parênteses tá uma confusão, e eu realmente não acho tempo para vir no computador. E quando acho, fico assistindo Doctor Who e pensando que eu deveria estar escrevendo.Eu AMEI os reviewsTIPO MUITÃO MUITÃO MESMOFiquei tão animada :3 e logo comecei a pensar que eu não mereço o amor de vocês. Essa é a Snapelicious, melhor se acostumarem



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Se alguém algum dia dissesse que suas pernas não influenciam no seu trabalho, eu gastaria o pouco dinheiro que ainda me resta para comprar uma espingarda e fazer esse alguém retirar o que disse. Porque Cho Chang não teria conseguido chegar onde está por causa de sua inteligência.

Ok, tenho que admitir que não sou perfeita. Posso não ter as pernas mais longas do mundo, ou o cabelo mais brilhoso de Manhattan. Mas eu tenho sentimentos. E ainda estou tentando descobrir se isso vale para alguma coisa.

Ajeitei a bolsa nos ombros e segui em direção ao prédio. Gastei uns minutos do meu café da manhã escolhendo cuidadosamente que roupa colocar, e tinha absoluta certeza que essa não ia rasgar e nem fazer buracos na parede do meu chefe. Tinha escrito um artigo aceitável, mas eu não era boa o suficiente a ponto de andar estragando tudo ao meu redor.

Diferente da primeira vez, não me sentia intimidada pelas estruturas absurdamente bem-decoradas do hall. Era o que eu teria que ver todos os dias, afinal. Mesmo assim, continuava pensando que a empresa tinha uma plantação de secretárias-loiras-e-peitudas, porque não era possível! Deviam extinguir essas sementes da face da Terra.

–Ginevra Weasley – falei para a garota atrás do balcão. Ela mal me olhou, e já foi entregando um crachá.

–Sétimo andar – disse, com a voz cansada. Claro, cansada. O concurso de camisetas molhadas ontem deve ter sido cansativo.

–Obrigada – mantenha a pose, Ginny. Um dia você terá poder o suficiente para colocar em todo o prédio secretárias menos bonitas do que você.

Ou não.

Quando a porta do elevador fechava comigo dentro, uma mão passou pela fresta e a impediu. Imediatamente notei as compridas unhas amarelas que só podiam ter sido feitas no salão de beleza da Quarta Avenida. Aquele que para fazer as unhas custa setenta e três dólares. Aquelas, então. Deve ter sido o dobro. Isso se não forem incrustadas com diamantes.

Uma mulher alta e bem vestida entrou no elevador, pressionou o botão do vigésimo terceiro andar e parou ao meu lado. Reconheci sua minissaia da última edição da Cosmopolitan que vi na banca ontem. Não seria possível ela ter uma daquelas. Seu cabelo negro estava perfeitamente amarrado para o lado, deixando possível ver sua carteira verde-musgo em baixo do braço, de uma marca que eu nunca tinha ouvido falar, mas que parecia importante. Imediatamente fiquei intimidada. Porque minhas sapatilhas não eram páreas para suas botas de camurça.

–Jaqueta H&M com Jewelled Loafer? – perguntou ela, irônica, me lançando um olhar dos pés á cabeça – Eu não faria isso se fosse você.

Meu queixo caiu. Essa garota fala Prada?

A porta do elevador se abriu novamente e vários homens entraram tagarelando sobre imóveis, e eu e a morena fomos separadas bruscamente. Fiquei feliz porque não teria que inventar uma resposta suficientemente inteligente para revidar. Mas também fiquei triste, porque queria dar mais uma olhada na bolsa.

O elevador parou no sétimo andar e eu me espremi para passar entre os homens de terno e gravata e tropecei ao sair do elevador. Por sorte, consegui me manter em pé. Ergui a cabeça, decidida a agir como se não tivesse acontecido comigo, quando vi Harry Potter me observando, encostado no balcão da secretária do andar.

–Sinceramente, você devia procurar um seguro de vida – brincou ele.

–Pelo o menos se eu aparecer um dia com a perna quebrada, você não vai poder reclamar – falei, me endireitando. Ouvi o elevador fechar atrás de mim.

Ai, caramba. Eu acabei de chamar meu chefe de você. Logo no primeiro dia. E ainda fizera um comentário que poderia ofendê-lo. Já estava esperando ele me despedir antes mesmo de eu começar, mas, surpreendentemente, Harry Potter sorriu. É impressão minha ou ele está sempre sorrindo?

–Vamos torcer para que esse dia não chegue – disse. Ele se virou para a secretária atrás dele (oh, loira, que novidade) – Luna, você se importa de mostrar o local para a Srta. Weasley? Tenho uma reunião com os chefões em cinco minutos.

–Seria um prazer – ela sorriu para mim, e Harry desapareceu atrás de uma porta – Sou Luna Lovegood, se quiser me acompanhar.

Notei a diferença dessa secretária para as outras. Primeiro, essa não fazia questão de mostrar a maior parte possível de seu corpo que seria aceitável para trabalhar em uma empresa como essa. Ela parecia bem jovem, e imediatamente a alistei como uma possível aliada para sobreviver a essa selva de pedra.

–A Successful Savings é apenas uma das várias revistas que a empresa sustenta – disse, saindo de trás do seu balcão e abrindo a porta dupla, esperando eu passar – Pense nisso como uma árvore com raízes, e nossa revista é um pequeno galho lá no alto. Ou seja, descartável.

Hum, ok. A primeira impressão que querem que eu tenha do meu novo emprego é que a qualquer momento podemos ser todos mandados para a rua. Inspirador.

–Por isso damos o nosso melhor para superar todas as expectativas e continuar nas bancas – continuou ela, me guiando por uma sala comprida, cheia de cubículos com pessoas digitando furiosamente em seus computadores. Vários andavam de um lado para o outro, carregando pilhas de jornais, discutindo furiosamente ao celular ou carregando copos e mais copos de café barato – Tentamos o máximo encontrar furos, casos de pessoas que estão sendo enganadas sem saberem. É o que mais nos dá leitores. Já fomos processados por multinacionais três vezes – ela sorriu, parecendo feliz com isso – Essa é sua mesa – apontou para um cubículo vazio, parou de andar e se voltou para mim – Não consegui ler o artigo que fez para a entrevista, mas o Sr. Potter falou muito bem dele. Disse que era algo diferente, inovador. Precisamos mesmo de algumas novas ideias por aqui.

Ela suspirou, e olhou ao redor, viajando em pensamentos.

–Hum... Eu vou fazer o meu melhor – falei.

–O quê, desculpe? - ela piscou confusa – Enfim. O turno acaba ás cinco, mas o escritório não fica vazio antes das nove. Uma hora para o almoço ao meio-dia, mas isso não faz diferença, porque todo mundo fica ocupado demais para almoçar – ela sorriu – Seja bem-vinda, Ginevra Weasley.

–Hey, Luna! - chamei, quando ela se virou para voltar ao seu balcão – O que tem no vigésimo terceiro andar?

Ela começou a rir da minha cara. Não um sorrisinho, rir mesmo. Com direito a mão na barriga, inclinação para trás e tudo mais. Luna olhou para minha expressão confusa e imediatamente ficou séria.

–Espera, você realmente não sabe o que tem lá? - perguntou, apavorada.

–E porque você acha que eu perguntei? - resmunguei. Ela me pegou pelo braço, e me empurrou para dentro do meu próprio cubículo. O que era inútil, já que as paredes batiam em minha cintura.

–Você nunca, nunca mesmo deve falar desse andar por aqui – sussurrou ela, me olhando com uma cara de “você vai morrer em sete dias” - Vigésimo terceiro andar, Arlete – meu queixo caiu – Uma das revistas de moda mais famosas da atualidade. E o lugar onde tem mais imbecis nesse prédio. Quanto mais alto é o andar da revista, mas famosa ela é – Luna se endireitou, e sorriu – Mas se pensar pelo lado positivo, fica mais fácil de todos eles caírem lá de cima em um acidente fatal. Até mais!

E se foi, me deixando em meu cubículo levemente confusa e um pouco assutada. Puxei minha cadeira de baixo da mesa e me afundei nela, respirando fundo.

Tem uma revista de moda fantástica no último andar e eu aqui presa com viciados em economizar. Definitivamente, esse não é o meu lugar.

Olhei ao redor. Cubículo aceitavelmente razoável. Tinha espaço para esticar as pernas, o que era bom. Não dava para ver meus colegas de trabalho. Cadeira fofa. Mesa comprida e um computador de última geração. Só precisa de um pouco de glitter e tudo fica perfeito.

–OE!

Soltei uma exclamação de susto quando uma cabeça surgiu por cima da parede.

–Não assuste a garota, Neville.

O tal Neville pareceu sem graça.

–Ah, desculpe! - disse, se levantando. Graças a Deus ele não é apenas uma cabeça falante – Eu ouvi uma voz nova, e achei que fosse a Luna brincando de fantoches de novo.

–Ei! - reclamou a garota, se aproximando com uma pilha de cartas – Foi só uma vez! - ela empurrou as cartas no peito do outro, com violência – Sua avó ligou de novo. Estão acabando minhas desculpas, uma hora você vai ter que atender.

Ele gemeu de medo. De certa forma foi engraçado ver um adulto temendo a própria avó.

–Diz que eu estou fazendo horas extras – disse ele.

–Você está supostamente fazendo horas extras há um tempão! - recamou Luna – Sua avó pensa que você não come nem dorme há duas semanas. Falta pouco pra ela vir ameaçar o Harry de morte.

–Taí outro que não come nem dorme – resmungou Neville, e finalmente pareceu se lembrar de mim, apertando o enchimento da cadeira, nervosa – Ah! Você deve ser a irmã do Rony, não?

–Hum... É – respondi, franzindo o cenho – Da onde você conhece ele?

–Todo mundo aqui conhece Rony Weasley! - exclamou Luna, sorrindo.

–Lembra daquela vez que ele... - começou Neville.

–Lembro – respondeu Luna, e os dois riram e olharam para o além, com um sorriso bobo no rosto.

–Não vou nem perguntar – falei. Os dois piscaram, e pareceram voltar à realidade.

–Sou Neville Longbottom – disse ele, estendendo a mão por cima do seu computador. A apertei – Espero que você goste daqui. É um lugar legal para trabalhar, se você tiver talento e um pouco de paciência com o chefão.

–Quê? Ele é tão ruim assim? - perguntei, confusa. Neville sorriu.

–Você não faz ideia.

–Eu ouvi isso, Neville – disse Harry calmamente, passando no corredor ao nosso lado. Neville sumiu de vista, e logo eu ouvi o barulho do teclado.

–Eu não fiz nada – disse ele. Harry revirou os olhos e se dirigiu até sua sala. Luna sorriu para mim.

–Demora um tempo para se acostumar.

E me deixou sozinha em minha mesa sem decoração, quase tendo certeza pra onde foi parar o pessoal do hospício e pensando em quais as possibilidades de conseguir trabalhar no vigésimo terceiro andar.


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