Bipolar escrita por UnknownName


Capítulo 8
Homem suspeito


Notas iniciais do capítulo

Dango, dango, dango, dango, dango daikazoku~



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O tempo estava passando mais rápido do que eu esperava. Desde a última vez que escrevi aqui, passou-se um mês. Tive mais duas trocas de personalidade pequenas desde então, mas, felizmente, nada grave. Uma época de provas tinha acabado de passar, e todos os alunos estavam relaxados.

Meu pai tinha viajado a trabalho mais uma vez ─ Ele vinha fazendo muito isso nos últimos meses. Isso me preocupava, porque eu não podia saber se ele estava cuidando da sua própria saúde desde então. Ele normalmente ficava fora de dois dias até uma semana, e sempre voltava com olheiras, ou pelo menos cansado. Sempre que eu perguntava se ele estava bem, ele pedia para que eu não me preocupasse.

O porquê de tudo isso? Ele tinha sido promovido. Tudo bem, meu pai está recebendo um salário melhor e tudo mais, mas eu acho que seria melhor se tivesse ficado como era antes, pelo menos ele não virava noites trabalhando e se estressava tanto assim.

O seu trabalho era promover a empresa. Uma distribuidora de móveis, se não me engano. Estou te dizendo: Meu pai é o melhor vendedor que eu já vi na vida. Ele tem, digamos, um "toque mágico", e foi contratado rapidamente em sua primeira entrevista de emprego. Eu tinha muito orgulho dele.

─ Nico, você já viajou de avião? ─ A Ana perguntou, em uma de nossas conversas aleatórias na volta para casa.

─ Não. Mas eu tenho um certo medo disso. ─ Falei, observando o céu. ─ Pra falar a verdade, tenho medo de qualquer tipo de automóvel. Só que no carro eu tenho que andar.

─ Você sempre foi muito medroso... ─ Ela ficou pensativa, e percebi que estava se lembrando de quando éramos crianças. ─ Bom, eu sempre quis voar num avião. Sempre quis saber qual era a sensação de estar flutuando nas nuvens.

─ Meu pai disse que é frio, barulhento se você ficar perto da janela, e quase sempre vai ter uma criança chata que vai ficar gritando a viagem inteira. ─ "Aumentei" suas expectativas.

─ Hm, agradável. Parece que o tio Rodrigo não gosta de viajar. ─ Rodrigo era o nome do meu pai, e a Ana o chamava de tio porque nos considerávamos primos. Muita gente realmente acredita que somos, porque, além de tudo, um dos nossos sobrenomes coincidia: Oliveira. Oliveira é um sobrenome tão comum, não acha?

─ É. Vai dar uma passada lá em casa hoje? ─ Perguntei, enquanto estava entretido chutando uma pedrinha.

─ Não, tenho que ficar de babá para o filho da vizinha, enquanto ela sai. Vou ganhar um dinheirinho, te-he~ ─ Ela deu uma risadinha seguida de um sorriso.

Mais tarde, lá estava eu, sem fazer nada. Como sempre...

─ Vá dar uma volta, Crow. ─ Abri sua gaiola, e o corvo saiu de lá imediatamente, voando pelo quarto. Provavelmente estava cansado de ficar sem mexer as asas por tanto tempo.

"Talvez um dia eu o leve para a escola comigo, para dar um susto nas pessoas, que vão ficar com medo de mim. Não, talvez isso faça elas ficarem só mais curiosas e quererem se aproximar. O Crow provavelmente seria uma celebridade naquele colégio no instante em que atravessasse o portão....", pensei comigo mesmo, depois dei um suspiro pesado. Apesar de a minha cidade não ser lá tão insignificante, eu não encontrava nada de interessante para fazer lá.

Apertei o botão para ligar o computador, me rendendo ao mundo da web. Fiquei lá pelas próximas horas, até a noite chegar. Era assim que eu tinha passado a maioria dos meus gloriosos e produtivos dias, como um útil membro da sociedade. Minha mãe chegou e entrou em casa, e vi-a,pela janela, que já estava fechada por causa da hora. Ela me pedira para que eu fosse até o mercado comprar uns ingredientes que faltavam para a janta, e assim o fiz.

Dois quarteirões a partir dali ficava o local que eu procurava. Não estava muito cheio, felizmente. Pude comprar tudo o que precisava sem demora. Bom, mas isso não interessa.

Fazendo o caminho de volta, tomei um susto. Duas pessoas, mais precisamente adolescentes, homem e mulher, observavam na direção da minha casa. Levei um tempo até perceber que os conhecia.

Fui devagar até eles, e pus a mão sobre o ombro da garota.

─ O que fazem aqui?! ─ Perguntei, fazendo-os quase pular com a surpresa. Deram um grito sufocado, também.

─ Shhhhhhhh! ─ A garota, que por acaso era a Ana, pôs o dedo sobre os lábios, pedindo silêncio. O outro, que era o Bruno, fez o mesmo, e os dois apontaram para frente.

Observei-os confuso, mas olhei na direção que indicavam mesmo assim. Levei um tempo até perceber, mas lá um homem alto estava de pé. Parecia esperar algo... "Ou alguém.", pensei. Precisamente, estava em frente à minha casa. Ele tinha negócios a tratar com a minha família, por acaso?

─ Quem é esse cara? ─ Perguntei, sussurrando.

─ Não sabemos. ─ Os dois disseram juntos.

─ Eu estava passando por aqui, quando o vi e parei. Um tempo depois, a Ana chegou. Essa pessoa está aí faz tempo. Toda hora fica checando o relógio, também. ─ O Bruno falou, sem me olhar.

─ Devemos chamar a polícia? ─ Perguntei.

─ Ainda não... ─ A Ana falou. Parecia curiosa.

Ficamos assim por mais uns 20 minutos, até ouvirmos passos vindos do fim da rua. Eu reconhecia o homem que vinha vindo... Era o meu pai! "Eu não sabia que ele voltaria tão cedo!", pensei.

E então, o perseguidor se escondeu. Eu ia correr para alertar o meu pai, mas antes que pudesse o fazer, ocorreu o ataque.

O homem o pegou por trás e apontou uma faca para o seu pescoço. Pedia dinheiro e objetos pessoais valiosos. Eu queria ajudar, mas estava morrendo de medo, assim como os outros dois atrás de mim. Bruno ia dar um passo à frente para ajudar, mas o parei, enquanto ficava com a visão embaçada e passava a me esquecer de tudo.


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Notas finais do capítulo

Ei, gente, essa fic eu não escrevo só pra mim mesma, então qualquer sugestão vinda dos leitores é totalmente bem vinda, viu?