Bipolar escrita por UnknownName


Capítulo 12
Repartindo uma laranja...


Notas iniciais do capítulo

Meu deus quantos séculos faz que eu não posto? e-e Gomeeeen, mas são os mesmos motivos de antes... Estou numa espécie de hiatus ^^'

Sem mais delongas, aqui está!



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"Se eu a abraçar agora, o que vai acontecer?" Foi o que pensei. Parecia um momento propício para o ato, então, por que não?

─ Posso te abraçar? ─ Murmurei. Não sei se ela conseguiu ouvir, mas não esperei por uma resposta, apenas envolvi meus braços em seu corpo. Fazia tanto tempo que eu não abraçava alguém desse jeito... Eu realmente estava precisando daquilo.

Eu não sei o que eu esperava, mas, um pouco surpresa talvez, Ana retribuiu o abraço, um abraço forte. Mesmo que ela não gostasse de mim, mesmo que gostasse de outra pessoa, aquele nosso momento estava perfeito para mim e eu não desejaria nada mais. Nem poderia desejar, devo dizer.

Passamos alguns instantes daquele jeito até eu cessar o abraço.

─ Obrigado. Eu estava precisando disso. ─ Sorri, e ela fez o mesmo. 

─ É pra isso que servem os amigos, certo? ─ Ela estendeu o polegar, e eu dei uma leve risada. 

─ Acho que sim. ─ Olhei para a minha mão. ─ Sabia que meus punhos já não doem mais?

─ Isso é ótimo! ─ Ela parecia feliz. Fiquei feliz também.

...

Já estava de noite, e a garota já havia ido embora. Meus pais ainda não estavam em casa. Onde poderiam estar? Eu me perguntava.

"Fruta que caiu, eu tenho lição de casa e trabalho pra fazer!" Percebi, desesperado. Correndo escadas acima, fui direto pro meu quarto e joguei a mala na cama, tirando caderno, livro, estojo, agenda e um bloco de sulfite de lá. Hora do trabalho.

─ Vamos ver... ─ Folheei minhas anotações ─ Página 179 até a página 187... Página 50 até página 62... E páginas 290, 292 e 294, mais um trabalho de 20 páginas de sociologia. 

"Tô fudido." Foi a única coisa que consegui pensar.

...

01:45 da manhã. Finalmente eu havia terminado tudo! E adivinha só? Eu tinha que acordar às 6:50 da manhã no dia seguinte! E sabe de mais uma coisa? MEUS PAIS AINDA NÃO HAVIAM CHEGADO.

O que tinha acontecido?! Eles não eram de fazer isso. Mas foi aí que eu lembrei.

"O celular, caramba!" Dei um tapa na minha testa e saquei o dito objeto. Quando estava prestes a apertar o botão verde de "ligar", após discar o número, a porta de entrada se abriu.

─ Onde vocês estavam ?! ─ Falei, correndo até lá.

─ Ainda acordado Nico? ─ Minha mãe perguntou, com a sobrancelha arqueada.

─ Eu tinha um trabalho e lição pra fazer... Mas essa não é a questão! ─ Falei.

Eles entraram meu pai depois da minha mãe, e fecharam a porta.

─ Tá, tá, vá dormir. Tínhamos que resolver umas coisas. Deixamos um bilhete. ─ Olhei em volta e encontrei um papelzinho caído no chão, no canto da sala. Oh. Tinha voado.

─ Ah, eu não vi... ─ Falei, coçando a nuca. Dei boa noite aos dois e subi para o meu quarto, me atirando na cama, morto de sono.

Não levei mais de 5 minutos para dormir.

No dia seguinte, por algum motivo desconhecido, acordei 5 minutos antes do despertador. Como eu só levantava mesmo 10 minutos depois do alarme, fiquei aqueles 15 minutos pensando no ocorrido do dia anterior. Onde meus pais teriam ido? Eles meio que tinham escondido de mim. Usaram poucas palavras... Como se fugissem do assunto. “Resolver umas coisas”? Que coisas? O que os fizera ficar fora o dia inteiro? Bem, acho que depois de uma briga não poderia ser um encontro, então...?

Acho que não adiantava ficar pensando no caso, apenas iria me deixar estressado, não? É, isso mesmo. Hora de se levantar e ir pra escola.

[...]

Bruno estava com seus amigos, e eu não via a Ana. Provavelmente ela estava por aí, já que eu sabia que ela não gostava de ficar parada. Já deve ter ido para o outro canto da escola, com suas caminhadas, hobby que ela adquirira recentemente.

Suspiro, que tédio. Mais alguns minutos antes da aula começar, mas eu estava sozinho. Não que eu realmente me importasse com isso, de certa forma me acostumei, mas era, de um jeito ou de outro, solitário. E a próxima aula seria com um professor rígido, então eu não poderia conversar com a Ana durante a mesma. E provavelmente isso se estenderia pelo resto do dia...

Dia vem, dia vai, o período escolar terminou. Alunos exaltados correndo em direção à saída como se fosse a salvação de suas vidas ou a última barra de chocolate do mundo. Obviamente, eu estava entre esses alunos. Esmagado, sufocado, com as tripas quase saindo pelo ouvido, mas estava.

Enquanto caminhava para casa, ouvi sem querer a conversa de dois adolescentes da minha idade. Um era bem alto com cabelos castanho-escuro, e o outro era baixinho, com cabelos loiros. Chegava a ser cômico vê-los lado a lado.

─ Ei, eu ouvi dizer que os pais do Rafa estavam brigando, é verdade? ─ Disse o mais alto, coçando a cabeça.

─ É. Acho que vão se separar... ─ O baixo falou, pensativo. Estava visivelmente triste. Provavelmente ele, o cara ao seu lado e o tal de "Rafa" eram muito amigos.

─ Coitado... Meus pais se separaram quando eu era pequeno, então foi até mais fácil se adaptar, mas assim, no meio da adolescência, deve ser difícil, né? ─ O outro observou, se recostando em uma árvore e colocando os braços atrás da cabeça.

─ Também acho... Espero que o Rafa fique bem... ─ O baixinho parecia preocupado, com um olhar diferente.

Fui embora. Não aguentava mais ouvir aquela conversa. Qualé, meus pais brigaram uma vez. A conversa daqueles caras nem era sobre mim. Com o que eu estava preocupado?

Não era nada. Não era nada. Não era nada. Não preciso me preocupar. Não preciso me preocupar. Não preciso me preocupar.

Repetia essas palavras incessantemente em minha cabeça, tentando negar o que meu subconsciente tomava como fato. Talvez fosse um medo irracional, se separar na primeira briga era algo meio idiota, mas...

... E se não fosse a primeira briga?


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Notas finais do capítulo

O que acharam? ^^ Mais uma vez, me desculpem por não poder postar com frequência... Prometo que vou sair desse hiatus o mais rápido que puder =D