Bipolar escrita por UnknownName


Capítulo 10
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

Aos leitores de Anti-Social:
Muito obrigada. De verdade. Estamos quase alcançando a marca de 300 reviews, ganhei mais 2 recomendações e isso porque a história já acabou!
EU AMO VOCÊS! *corre e abraça*
O resto da mensagem está aqui: http://ask.fm/Potatochan/answer/27450405662



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─ Não vai revidar?! ─ O jovem perguntou, furioso. Olhei para o lado e vi o garoto chamado Cauã nos observando, estupefato. Não, eu não queria mais me meter em brigas, então tentei me acalmar e não falei nada. ─ Está com medo?!

Virei o rosto, não conseguindo olhar para a sua face.

─ Você me irrita! ─ Ele desferiu um chute na minha barriga, e vou e contar, doeu pra ca... ramba. 

─ Por que você tá fazendo isso, Diego?! Ele não fez nada de ruim! ─ Os olhos do pequeno estavam lacrimejados, mas, antes que o outro pudesse responder, ouviu-se uma voz. "Um anjo!", pensei.

─ O que tá acontecendo aqui? ─ A voz veio perto de uma árvore, e eu tentava localizar sua fonte. "Um anjo veio me salvar, só pode.", fantasiei, com um sorriso. "...Ou pode ser mais um da gangue que queria me machucar." Ok, agora eu tinha me assustado.

─ BRUNÃO! ─ O garoto saiu correndo pra dar um abraço no homem. 

─ B-Bruno... ─ Balbuciei, com a voz trêmula. Ok, eu admito, eu era um fracassado medroso que precisava de ajuda.

─ Nicolas? ─ O jovem me reconheceu, e eu comemorei internamente. ─ Ei, Diego, que merda é essa?

─ Ele é o cara que atacou a gente outro dia! ─ O outro protestou, enquanto eu me sentava, ainda no chão.

─ Droga, cara, eu já falei com você sobre isso. ─ Ele esfregou o rosto com uma das mãos. ─ Vem aqui.

O outro foi até ele, e os dois tiveram uma curta conversa. O cara que tinha me atacado parecia relutante, mas concordou com algo que o Bruno disse. Depois disso, o primeiro chamou o que acho que era seu irmão e foi embora. O garoto me deu "tchau" com a mão.

─ Você só se mete em confusão. ─ Bruno falou, estendendo a mão para me ajudar a levantar. Nisso, Crow voou para o meu ombro.

─ Eu sei... ─ Falei, coçando a nuca, depois de me levantar.

─ Olha, eu posso ficar de boa com você, mas nem todos os meus amigos também se sentem assim. Tome mais cuidado. ─ Ele suspirou. 

─ Não tinha como eu saber que ele estava aqui. ─ Expliquei.

─ É verdade. ─ Ele me olhou com uma expressão estranha. ─ Tem uma coisa que já vem me incomodando faz um tempo, mas... Por quê diabos tem um corvo no seu ombro?

─ Ah. ─ Coloquei o animal no braço, para mostrá-lo melhor. ─ O nome dele é Crow.

─ Não existem corvos no Brasil. Ele é de estimação? Esses bichos não são meio perigosos?

─ Ah, eu encontrei ele quando filhote. Provavelmente vítima de contrabando. Ele é super dócil, olha. ─ Aproximei-o de Bruno, incentivando-o a fazer carinho no animal. Um pouco hesitante, ele o fez. ─ Ele é como cachorro. Até come biscoito.

─ Eu ein. ─ Ele falou, e depois começamos a rir da situação toda.

[...]

Eu tinha entendido. O Bruno sempre foi um cara legal, mas por causa do fato de andar com briguentos e ter uma aparência de alguém perigoso também, todos pensavam que ele era um valentão. Porém, segundo ele, era ele quem tentava levar os outros pelo caminho certo, e sempre evitava brigas, apesar de sua personalidade, até pouco tempo atrás, ser meio "explosiva".

─ Então quer dizer que você fez um amigo? ─ Minha mãe perguntou, sorrindo. Eu sabia o quanto ela se preocupava comigo, já que, como eu já havia mencionado, eu tivera apenas uma amiga a vida toda.

─ Acho que sim. ─ Sorri também. Estávamos conversando, sentados no sofá, há alguns minutos. Fazia tempo que não tínhamos esse tipo de conversa.

Naquele momento, meu pai estava passando pela sala, indo para a cozinha, com um copo de água na mão.

─ Querido, o Nico fez mais um amigo! Isso não é bom? ─ Ela sorria.

─ É... ─ A mão do homem começou a tremer. Pude perceber isso porque a água em seu copo estava balançando. ─ M-Mas é m-melhor tomar cuidado...

─ Eu sei... ─ Falei, um pouco decepcionado. Tudo bem, eu sei que ele só estava preocupado, mas ele não poderia ao menos ter ficado um pouco feliz?

Eu sentia que meu pai estava ficando cada vez mais distante. Não falo de distância física, claro, fazia tempo que ele não viajava, mas... Não sei bem... Talvez ele estivesse começando a ficar com medo de mim. Compreensível, devo dizer. Quem não ficaria?

Cada vez mais eu pensava em mim mesmo como um monstro. O incidente de antes, de eu aparentemente ter ajudado ao invés de atrapalhar na minha outra identidade, foi mero acaso. Meu outro eu agia sem pensar, fazia o que quiser. "É, deve ser isso. Foi esse o motivo. Não é nenhum mistério...". Suspirei.

─ Algum problema, filho? ─ Minha mãe perguntou, com olhar preocupado. ─ Faz um tempo que você está olhando pro nada e suspirando. No que está pensando?

─ Nada em especial... ─ Cocei a nuca. Se eu a contasse minha hipótese com certeza receberia um "Claro que não!", ou "Que maluquice! Você não é um monstro!" ou sei lá. Não sei, mas provavelmente aquele poderia ser o início de uma leve depressão. Isso se eu já não estava assim antes, claro. É meio difícil perceber as coisas sobre si mesmo. ─ Vou pro meu quarto, tá?

Subi as escadas, e fiz o que falei. Apertando o botão, liguei o computador e fiquei lá o resto do dia. Crow estava dormindo, então não me deu atenção. Sua pata estava machucada. Eu quase jurei vingança, mas se o fizesse só traria mais problemas, então era melhor simplesmente ficar quieto.

─ Bah, que tédio. ─ Reclamei em voz alta. Já eram 3 da manhã, mas eu não tinha sono algum. Pelo menos era sábado, então não tinha problema ficar acordado até tarde.

Porém, de repente, ouvi barulhos vindos do quarto de meus pais (por favor, não pensem coisa errada). Eles estavam brigando. Mas... Por quê? 


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