Charlotte Le Fay - Herdeira De Voldemort escrita por DudaGonçalves


Capítulo 7
Alice e Seus Cabelos Cor de Cobre


Notas iniciais do capítulo

Olá, amores! *---*
Como vão todos? Me perdoem pela demora.
Este capítulo é muito importante, então tive que caprichar nos detalhes e em outras coisas enquanto o escrevia.
Quero agradecer muito a Carol Carrett Cullen Potter (C.C.C.P. Adorei as inicias...), por ter dado a primeira recomendação desta história! Este capítulo é todinho seu, e a conta do médico também, porque caí da cadeira quando vi sua recomendação.
Boa leitura para todos.



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Estava em pé no meio da Plataforma 9 3/4, eu já a conhecia desde o dia em que meus primos levaram Thomás até aqui e me trouxeram junto. Adultos ajudavam seus filhos com suas bagagens, mães davam seus últimos avisos. E ao meu lado uma mulher me chamara a atenção, ela era alta e esbelta, seus lábios carnudos se moviam enquanto falava com uma garotinha que estava ao lado da mulher, as duas tinham os olhos verdes como esmeraldas, mas a mulher era loira e a garota tinha o cabelo cor de cobre.

–Boa viagem, minha filha. Você conseguirá ir para a Corvinal. Não se preocupe - ela falou sorrindo para a garotinha, que trocava de pé toda hora.

–Mas, mãe, e se eu for para a Grifinória ou a Sonserina ou, pior, para a Lufa-Lufa? - ela perguntou nervosa para a mulher.

–Você apenas irá, e terá orgulho de ser daquela Casa, porque você ainda será uma Le Fay. Ainda terá Sangue-puro... ainda terá o sangue de Morgana - a mulher sorriu para a menina. Elas são Le Fay! Mas elas são tão diferentes dos meus primos...

A garota deu um último olhar para sua mãe e adentrou no trem, eu resolvi segui-la. Ela foi caminhando pelo corredor do trem, parecia procurar um compartimento vazio, mas estavam todos cheios de alunos que conversavam alegres.

Então ela adentrou em um compartimento onde havia apenas uma garota de cabelos lisos platinados e com olhos claros e outra de cabelos crespos e negros, com olhos castanhos. Achei a garota loira um tanto familiar.

–Oi, posso me sentar com vocês? Não têm espaço nos outros vagões - ela perguntou olhando para elas e para suas vestes, reparando a qual Casa elas eram e viu que as duas eram da Sonserina.

–Claro, sente-se - a loira respondeu lentamente. Ela se sentou na frente das duas. - Sou Narcisa, Black. Esta é minha irmã, Belatriz - quando ela falou seu nome até me ajoelhei em frente a ela para ver melhor. Narcisa Malfoy é irmã de uma das Comensais mais fiéis do meu pai, Belatriz?

–Prazer - ela disse pensativa. - Sou Alice Le Fay

Naquele momento meu sonho mudou.

Agora estava em pé em um dos corredores de Hogwarts junto de Alice Le Fay e Narcisa Malfoy, mas Belatriz não estava com as duas.

Anotei na minha mente que talvez Narcisa estudou junto com alguém da minha família.

–Você e Belatriz são da família Black, não é? - Alice perguntou muito interessada.

–Sim, ela e eu somos irmãs - a loira mexeu no cabelo. - Bela é quatro anos mais velha do que eu.

Novamente meu sonho mudou. Agora Alice estava anos mais velha, caminhando por um corredor de Hogwarts junto de um garoto da Sonserina com cabelos negros ensebados e um nariz torto, Severo Snape, ele parecia mais novo do que ela e ela exatamente igual hoje em dia. E Narcisa Malfoy, mais velha ainda do que os dois.

–Lembre-se dos feitiços que te mostrei, Severo - ela disse ao garoto. - Se meu primo acha que pode destruir o nome da Sonserina só porque ele é da Grifinória está muito enganado. Eu não deixarei que ele acabe ainda mais com o nome dos Black.

–Aquele grupinho deles é só um bando de idiotas - Alice disse para o Snape. - Não os deixe tirar sarro de você - e as duas deixaram Snape ir sozinho para outro corredor.

–Tudo isso é culpa da sangue-ruim da Lílian Evans - Narcisa disse quando o garoto virou no corredor. - Não entendo porque o Snape não diz logo para ela a verdade, que ele é da Sonserina e que não pode conversar com uma sangue-ruim.

–Eles são amiguinhos, Cissa. É obvio que o Potter só enche o saco do Snape por causa da Evans, mas mesmo que ele faça o que você propõe não acho que mudará muito coisa.

Abri os olhos e vi meu sonho passar na minha mente repetidamente. Pisquei algumas vezes tentando tirar as imagens da minha mente e me sentei na cama, atordoada.

Jamais tinhas tido um sonho tão vivido, senti como se tivesse mesmo nos corredores entre uma Narcisa jovem e Alice Le Fay...

Narcisa... Ela estudou com a tal Alice, sabia que ela era uma Le Fay e não me fala nada?! E Snape? Nossa! Até mesmo Dumbledore deve ter a conhecido. Mas eles escondem de mim que talvez minha mãe tenha estudado aqui? Por quê?

Não sabia se meu sonho era só um sonho ou se era algo a mais, mas essas perguntas estavam gritando na minha mente. Desde pequena eu venho tendo sonhos estranhos que parecem mais lembranças de outra pessoa, mas nenhum chegou aos pés desse. Respirei fundo e coloquei todas minhas perguntas em uma pequena caixa da minha mente.

Peguei uma muda de roupa e fui até o banheiro. Entrei no chuveiro e deixei que a água quente lavasse minha mente e a caixa onde as perguntas estavam se abriu, mas estava tão relaxada que busquei uma maneira de respondê-las. Quando desliguei a água já tinha um plano.

Troquei minha roupa e fiz um coque no meu cabelo. Peguei tudo que era meu e coloquei na minha mochila. Coloquei-a nas minhas costas e dei uma última olhada no quarto. Suspirei, ficaria com saudades daqui... franzi a testa quanto a este sentimento.

Fui até o Salão Principal. Entrei pela porta e me sentei ao lado do professor Dumbledore. Comecei a comer uma panqueca com calda de maçã por cima, tinha que ter energia para comprar meu material.

–Professor, preciso conversar com o senhor antes de ir embora - falei para Dumbledore assim que terminei de comer. Esta é a primeira parte do meu plano.

–Fale - ele disse sorrindo.

–Prefiro que a seja a sós, Senhor - disse olhando para Snape que estava a duas cadeiras longe de nós.

–Claro - a sua boca formou uma linha reta, acho que soava estranho o que eu disse. - Me acompanhe Charlotte.

Nós dois fomos novamente para o escritório de Dumbledore e nos sentamos nos mesmos assentos. Ele se ajeitou na cadeira e me encarou com o rosto apoiado em suas mãos entrelaçadas.

–Você queria falar comigo sobre o que exatamente Charlotte? - esta parte era delicada. Dumbledore não era burro, seria difícil fazer com quê ele falasse.

–Eu... ouvi uma conversa entre o Professor Snape e a Senhora Malfoy e eles comentaram sobre a época deles em Hogwarts - respirei fundo, avaliando minha mentira.- Fiquei um tanto curiosa. Jamais imaginei que eles tivessem estudado juntos. E queria confirmar isto com o Senhor.

–Sim. A Senhora Malfoy é alguns anos mais velha que o Professor Snape, mas como os dois eram da mesma Casa devem ter se conhecido - ele me deu um sorriso. - Na época, Narcisa tinha o nome da família dela, os Black - pisquei, fingindo estar surpresa.

–Ela é uma Black?! Nossa... - fiz a voz mais surpresa que tinha. - E, também, ouvi eles falando de uma garota que estudaram com eles, ela tinha o cabelo com cor de cobre e era da Sonserina - omiti a parte de saber o nome dela e que ela era uma Le Fay. - O Senhor se lembra dela?

–Nossa... sim, lembro-me vagamente - ele parou, percebi que estava me avaliando. Rá! Então aquela garota tinha algo a ver comigo. - Por que quer saber, Charlotte?

–Curiosidade - olho para ele. - Mas isso não é importante - murmurei. - Também havia uma tal Lílian Evans.

–Ah Lílian... - ele me olhou, fiz uma cara de interrogação. - Lílian era uma nascida trouxa, muito especial. Ela se tornou uma Potter depois - senti minhas entranhas se apertarem. Potter? – Ela se casou com Tiago Potter. Eles são os pais de Harry Potter - minha mente borbulhava, tentei imaginar como seria Harry Potter agora que sabia a aparência da mãe dele.

–Nossa... Bem, é uma história muito interessante - disse. O silêncio prevaleceu por vários minutos. - Quando Narcisa virá?

–Daqui a pouco. Vamos esperá-la no Saguão de Entrada? - ele me perguntou sorrindo. Parecia aliviado de termos mudados de assunto.

–Claro - ele me estendeu a mão e fomos em direção ao Saguão.

Nós dois ficamos lá, esperando em silêncio a Senhora Malfoy. Quando deu dez horas Narcisa apareceu no portão toda bem vestida, com um vestido até o joelho e seus pés calçados com um pelo par de salto fino preto, muito social. Ela olhou do Professor Dumbledore para mim e para minha roupa.

Eu dei olhada no que vestia - minha calça jeans com um dos joelhos rasgados, uma blusa com manga cor de creme e meu tênis preto. Ela franziu o nariz, como se minha roupa cheirasse mal.

–Professor Dumbledore - ela estendeu a mão para o homem que deu um beijo nas costas da sua mão estendida. - Charlotte - eu lhe dei um sorriso.

–Olá, Senhora Malfoy - falei cordial para a mulher.

–Obrigada, Dumbledore. Eu cuido da Charlotte como o combinado - ela disse séria novamente.

–Tudo bem, então - ele se virou para mim. - Nos vemos em 1º de Setembro aqui, Charlotte.

–Tchau, Professor Dumbledore - olhei o velhinho nos olhos. - Obrigada, por tudo.

–Eu que agradeço. Tenham um bom dia - ele falou para nós duas. - Agora, eu tenho que entrar. Ainda não comi minha torta de limão, e ela não pode esperar muito mais. Adeus.

Dumbledore desapareceu pelo corredor em direção à sua sala, eu acho. Olhei para Narcisa, ela me deu um sorriso.

–Está com a lista? - ela me perguntou. Assenti. - Me perdoe se não for de grande ajuda, jamais fiz isso.

–Tudo bem. Também jamais comprei meu material de Hogwarts, então, não terei do que reclamar - suas feições continuavam sérias, mas seus olhos tinham aquele brilho de quando sorrimos.

–Bem, vamos?

–Sim, sim. Claro - ela foi em direção ao portão que dava para Hogsmeade comigo em seu encalço. Quando passamos pelo portão ela parou e se virou para mim.

–Aparatar? - lhe perguntei e ela assentiu.

Ela estendeu sua mão pálida com as unhas bem cuidadas e pintadas em um tom claro para mim. Eu a aceitei e senti o famoso puxão pelo umbigo e meus pulmões foram comprimidos quando tentei respirar.

Cambaleei um pouco quando meus pés tocaram o chão, pisquei algumas vezes e me vi em frente ao Gringotes.

–Você precisará de dinheiro, certo? - ela me perguntou.

–Bem, eu peguei um pouco mais na última vez que estive aqui - tirei a bolsinha de dinheiro e mostrei para ela o que eu tinha. Ela conferiu rapidamente o quanto eu tinha e me deu um olhar sério.

–Jamais leve tanto dinheiro assim consigo - abaixei minha cabeça, estava encabulada.

–Desculpe - senti minhas bochechas ficaram quentes, estava corada. Narcisa parecia minha mãe, me repreendendo e tudo.

–Tudo bem. Como viemos antes da hora de almoço, aqui ainda não está cheio. Então vamos às lojas que enchem mais e depois nas outras.

–Pode ser.

E assim nós duas fomos primeiramente ver meu uniforme, na loja Madame Malkin - Roupas para Todas as Ocasiões.

Uma bruxa baixinha e gordinha veio nos atender, ela estava sorrindo, mas quando viu Narcisa seu sorriso caiu até seus lábios formarem uma linha reta.

–Senhora Malfoy - ela cumprimentou . - Hogwarts, querida? - falou agora comigo.

–Sim, sim.

–Me acompanhe, por favor - quando eu ia estender minha perna para acompanhar a mulher para os fundos da loja Narcisa me parou.

–Acho que vou comprar seus livros, assim terminamos mais rápido. Que tal? - ela murmurou.

–Claro, pode ser - tateei meu bolso a procura do pergaminho do meu material. - Aqui - lhe estendi a lista, ela pegou e foi andando na direção da saída da loja, mas parou e virou-se para mim.

–Me espere aqui, se terminar me procure na loja. Não se perca, por favor - ela disse séria e eu assenti. Ela saiu rapidamente e eu me virei para ir até onde a bruxa que me atendeu fora.

Cheguei ao fundo da loja e vi algumas mulheres costurando e comentando que os alunos estão ficando cada vez maiores. Mas todas se silenciaram quando eu apareci.

–A senhorita quer o uniforme tradicional, certo? - a que me atendera perguntou.

–Sim, pode ser - nem ouvi o que a mulher havia dito.

Ela me pôs em cima de um banquinho de madeira, enfiou uma veste comprida pela minha cabeça e começou a fazer marcações e bainhas.

Devo ter ficado uns bons minutos em pé com a mulher me medindo e comentando que eu era muito esbelta e que minhas medidas eram ótimas, e eu agradecia.

–Bem, terminei com você - ela falou sorrindo.

–Como eu pago? - perguntei para ela.

–Ah, a Senhora Malfoy já resolveu isso - ela comentou mais baixo.

–Tudo bem, então. Obrigada - falei e saí em direção a Floreio e Borrões, onde tinha acabado de ver cabelos loiros platinados passarem pela vitrine.

Como Narcisa já havia "cuidado" de algo? Revirei os olhos enquanto entrava na loja, achei Narcisa quase que imediatamente e ele me deu um breve sorriso e me mostrou que pegara todos os livros. Fui junto com ela e paguei por eles quando chegou nossa vez no caixa. Percebi que ela franziu o nariz, talvez ela quisesse pagar ou algo do tipo. Mas não liguei.

–Posso ver uns livros depois? - perguntei para ela.

–Claro, assim que terminarmos tudo.

Fomos depois comprar um caldeirão, nós compramos tudo do jeito que a lista dizia. Mas Narcisa reclamava de cada escolha de Hogwarts e me dizia qual era melhor, na opinião dela. Depois compramos uma balança e um telescópio bem normais.

Fomos para a farmácia, dei uma olhada no que eles tinham para poções e me senti enojada. Mas disse para o homem atrás do balcão da loja que queria os itens básicos para o primeiro ano. Esperei, peguei a sacola e paguei o homem.

Narcisa e eu paramos o mais longe possível do lugar, porque a farmácia tinha um cheiro de ovo de dragão podre com perfume barato.

–Bem... - ela olhou para a lista. - Só falta a sua varinha.

–Então - olhei para as lojas. -, vamos ao Olivaras, certo?

–Bem, não gosto muito das varinhas dele. Mas como temos só hoje para comprar seus material, terá de servir o Olivaras - ela olhou para a loja e então para mim. - Prefiro que faça esta parte sozinha. Não quero dar minha opinião, varinhas são objetos muito difíceis de escolher, não quero atrapalhar.

–Mas o que fará enquanto estou lá dentro? - perguntei curiosa.

–Comprarei um animal de presente para você, talvez uma coruja ou um gato... - ela parou e pensou. - bem, seja o que for, será uma surpresa para você. Agora vá e não saia da loja de varinhas até eu aparecer, em?!

E ela se foi. Andei em direção a última loja do beco, ela era estreita e sem nenhum atrativo. Letras de ouro sobre a porta diziam; Olivaras: Artesãos de Varinhas de Qualidade desde 382 a.C. Fiquei com tédio só de ler o nome e entendi o que Narcisa havia falado.

Entrei na lojinha e ouvi um sino tocar ao fundo da loja quando passei pela porta. Parecia-me que aquele lugar estava deserto por anos, havia apenas uma cadeira alta para as pessoas se sentarem. Fiquei olhando para as milhares de caixas de varinhas que estavam bem empilhadas até o teto, mas todas estavam empoeiradas. Na verdade tudo estava empoeirado naquela loja.

–Boa tarde - disse uma voz tranquila. Virei-me e vi um velho parado diante de mim com seus grandes olhos claros brilhando na minha direção.

–Oi - dei um sorriso para o Sr. Olivaras.

–Senhorita Le Fay - ele disse sorrindo. - Me lembro da sua mãe, garota inteligente, varinha inteligente. Teixo, núcleo de pelo de unicórnio, vinte e oito centímetros, flexível. Me recordo do cabelo loiro dela, difícil esquecer já que depois dela ter testado uma varinha ele acabou ficando ruiva - naquele momento nada do que ele falava era importante, a garota do meu sonho tinha cabelo cor de cobre.

Ele parou e começou a olhar para as várias pilhas de varinha

–Qual o braço da varinha? - me assustei com a volta repentina dele ao mundo real, ele tirou uma fita métrica muito longa com números prateados do bolso.

–Sou canhota - comentei.

–Estique o braço, por favor - eu estiquei e a fita métrica começou a medir loucamente cada parte do meu corpo, a ponta dos meus dedos até o cotovelo, do queixo até o chão, da cabeça até o joelho. - A senhorita sabe muito sobre varinhas, Charlotte?

–Sim, sei. Adoro varinhas, mas sempre usei minhas mãos como forma de conduzir minha magia para fora do meu corpo.

–A Senhorita sabe fazer isto?

–Sim.

–Curioso - ele falou isso do outro lado da loja, estava tirando várias caixas de varinhas das prateleiras e colocando-as perto de mim. - Chega - falou e a fita métrica parou de me medir e caiu no chão.

–Experimente esta. Cipreste, pena de cauda de fênix. Quarenta centímetros. Elástica.

Segurei a varinha, mas nada diferente aconteceu e o Sr. Olivaras tirou-a da minha mão rapidamente.

–Salgueiro e pelo de unicórnio, trinta e seis centímetros, meio flexível - peguei-a e logo Olivaras a tomou de minha mão.

Experimentei mais de dez varinhas e nada acontecia. Olivaras parecia que ia arrancar seus cabelos brancos da cabeça. Mas ele parou e olhou para uma caixa, pensou por um bom tempo e resolveu pegá-la.

–Não custa tentar. Uma combinação muito drástica esta. Carvalho, fibra de coração de Dragão. Trinta e três centímetros, não flexível.

Apanhei a varinha já com a mão doendo e senti um formigamento estranho na ponta dos meus dedos que subiu até meu cotovelo. Dei um sorriso, estava feliz de ter conseguido.

–Bravo! - Olivaras exclamou feliz. - Curioso a Senhorita ter conseguido a fidelidade desta varinha.

–Por quê? - perguntei interessada.

–A Varinha escolhe o bruxo, Senhorita Le Fay, eu acho curioso esta ter lhe escolhido - ele parou e olhou para o horizonte. - Digo que é uma combinação drástica a desta varinha, porque jamais vi uma tão poderosa e tão misteriosa. Sempre que alguém tentava usá-la a loja ficava de pernas para o ar. Ela parecia já ter escolhido o bruxo que a merecia.

–E este bruxo sou eu?! - murmuro.

–Está claro que a Senhorita se tornará uma grande bruxa, de grandes feitos... Afinal, o último bruxo que teve a lealdade desta varinha também fez feitos tão impressionantes que ele se tornara uma lenda - ele me olhou com seus grandes olhos azuis. - Só me interessa saber por que depois de centenas de anos esta varinha quer voltar a lutar.

–Se a varinha era tão poderosa e tão... destrutiva. Por que a criou? - perguntei curiosa.

–Eu não a criei - ele disse chocado para mim. - Esta varinha deve ter séculos de idade, é sábia. Derrotou milhares de outras varinhas, ajudou aquele da qual ela era leal...

–Quantos tiveram a lealdade dela? - perguntei.

–Até neste momento... duas pessoas - ele me olhou. - A Senhorita e o mago, Merlin - Puta Merda. Eu. Tenho. A. Lealdade. Da. Varinha. De. Merlin.

Pisquei meus olhos umas centenas de vezes até estabilizar os meus pensamentos. Primeiramente dei uma risada seca para Olivaras, que me olhou tão normalmente que fiquei com medo. Depois comecei a compreender que era verdade, e que nas minhas mãos estava a varinha que Merlin usara por toda a sua vida.

–Carvalho? - fiz a única pergunta que veio na minha mente, ele assentiu. - Mas Merlin não usava um bastão?

–Sim... dentro do bastão a varinha descansava - ele me olhou e deu um breve sorriso. - Dizem que Merlin era muito aéreo, perdia tudo... ele precisava de uma grande arma, uma que ele jamais perdesse de vista

– Bem... obrigada, Senhor Olivaras.

Paguei o homem o mais rápido possível, porque comecei a ficar com vergonha daquela varinha ter me escolhido, me senti carregando a Varinhas das Varinhas do conto das Relíquias da Morte.

Olhei para fora e vi Narcisa na porta da loja, me avaliando. Andei até Narcisa e comecei a ficar mais calma quando saí da loja.

–Como foi? - ela me perguntou quando fechei a porta da loja.

–Bem, devo ter experimentado todas as varinhas da loja... mas aí ele me entregou esta - falei mostrando minha varinha que tinha um tom violeta. - Ela é de Carvalho e têm núcleo de fibra de coração de dragão.

–Não sei nada sobre varinhas, então não sei o que dizer - ela pareceu pensar em algo para dizer. - Ela é muito bela, me parece uma boa varinha.

–Pelo que Olivaras disse, ela é mesmo - murmurei, relembrando o que ele havia dito.

Nós duas ficamos em silêncio até eu ouvir um pio de uma coruja. Mas a loja das corujas era muito longe daqui... olhei para Narcisa, ela tinha um sorriso fraco em seu rosto. Nem havia percebido que em uma das suas mãos havia uma gaiola e, dentro dela, uma coruja de pelos alaranjados dormia.

Olhei para Narcisa, e lhe dei o sorriso mais sincero que tinha.

–Nossa! É... para mim? - perguntei abobada para ela, que assentiu.

–Sim, a vendedora disse que ele ainda não têm nome.

Fiquei alguns segundos pensando em um nome. Narcisa parecia estar esperando minha escolha.

–Que tal Rowan? - perguntei para ela.

–É um belo nome - ela olhou para a pequena coruja, que ainda dormia. - Vamos deixar Rowan dormir e vamos comer.

Nós duas fomos andando na direção da saída do Beco Diagonal.

–Quer comer em algum lugar? - ela me pergunta. - Soube que há um restaurante interessante. Claro, é um restaurante bruxo! Jamais saberia ir a um restaurante trouxa - ela falou com o nariz franzido. Minha barriga se contraiu em um riso que guardei só para mim. Narcisa era uma típica bruxa sangue-puro, achava que tudo que era trouxa era ruim e desgostoso.

–Não é assim Narcisa - falei calma. - Existem vários restaurantes ótimos que são trouxas, quase não há diferença entre eles e os bruxos!

–Mesmo assim... jamais conseguiria usar o dinheiro trouxa.

–É muito simples, se quiser experimentar eu te ajudo. Vou com você e te mostro - sorri para ela.

–Acho melhor não. Vamos comer naquele que vi ali atrás... - ela resmungou com o nariz meio franzido.

–Ok - murmurei.

Ela me levou até um restaurante que me pareceu uma lanchonete só que mais limpa e com o cardápio mais caro.

Nós duas sentamo-nos à mesa mais afastada e olhamos o que havia para comer. Percebi que estava com fome, muita fome.

–O que irá querer, Charlotte? - Narcisa me perguntou quando um garçom apareceu.

–Ainda estou me decidindo, faça seu pedido primeiro - falei em um tom de pedido. Não queria ter que escolher.

Não ouvi o que Narcisa pediu, deveria ser uma salada ou algo muito próximo disso.

–O mesmo - falei automaticamente quando o garçom se virou para mim. - E quero um suco de abóbora, com gelo.

Narcisa parecia esperar que o garçom saísse de perto.

–Então... o que vamos conversar? - ela me perguntou em um sussurro, parecia estar se divertindo. Minha consciência franziu a testa.

–Bem, como foi sua época em Hogwarts? - falei escondendo meu interesse, queria saber mais sobre a mulher que talvez, talvez, fosse a minha mãe.

–Ah - ela pareceu desconcertada com a minha pergunta. - Foi normal, quase como qualquer outra. Fui para a Sonserina, como todos da família...

–Você era uma Black, não é? - perguntei ainda mais calma. Estava testando Narcisa.

–Sim, como sabe? - ela me perguntou tentando parecer calma, mas senti o nervosismo em sua voz.

–Quando nos conhecemos eu reconheci seu nome, acho que alguém havia comentado sobre você perto de mim - parei. - Continue, por favor.

–Bem, eu sempre tentei ser uma das melhores. Assim como minha irmã - ela pareceu congelar quando falou sobre Belatriz. - Nós duas sempre fomos muito juntas, mas o destino acabou mudando algumas coisas. Acabamos não sendo mais tão juntas e eu fiz uma grande amizade com uma garota que era também da Sonserina e tinha sangue-puro.

–Ela era popular? - ela me olhou sem entender. - A garota com que começou a conversar?

–Ela tinha muitas amizades na Sonserina, chamava a atenção dos garotos - ela me olhou. - Foi assim que me aproximei do meu marido, Lúcio. Ela sempre me dizia que ele era muito "Malfoy" - Narcisa deu uma breve risada. - Agora entendo o que ela queria dizer. Ele e eu começamos a namorar e nos casamos depois que terminamos o sétimo ano em Hogwarts. Minha amiga ainda estava cursando e por isso não compareceu ao casamento.

–E a sua amiga? Ela também se casou? - perguntei fazendo pouco caso, minhas entranhas começaram a se apertar.

–Não, ela começou a trabalhar nessas lojas de artefatos mágicos. Era aqui, no Beco Diagonal... - ela pensou. - Depois disse que ia viajar e sumiu, jamais ouvi falar dela desde então - ela respirou e olhou para mim. Olhou no fundo dos meus olhos, a pouca cor que tinha na sua pele foi sumindo até ela parecer uma albina.

–O que houve? Você está pálida.

–Nada, nada - ela abanou a mão como se tentasse afastar uma mosca chata.

–Foi a lembrança da Alice? - perguntei.

–Um pouco, ela era muito especial. Tinha belos olhos verdes e o cabelo meio alaranjado - cobre é um pouco alaranjado! - Espera! Como sabe o nome dela? - ela me perguntou suas feições me pareciam de puro terror. Suspirei.

–Sei coisas demais, Narcisa - achei melhor terminar com a farsa, tinha acabado de me entregar de bandeja para a mulher. - Alice Le Fay. Ela conheceu você, Severo Snape, Lílian Evans, Tiago Potter, Lúcio Malfoy e sua irmã, Belatriz Black. Estudou na Sonserina, tinha os cabelos loiros, mas eles ficaram meio alaranjados depois dela ter testado uma varinha no Olivaras, antes de ir para Hogwarts. E, não menos importante, mãe de Charlotte Le Fay, filha do lorde do seu marido, da sua irmã e de Severo Snape. O homem que matou Lílian e Tiago Potter, e morreu tentando matar o filho dos dois, Harry Potter - quando terminei estava ofegante. Meus olhos ardiam, não podia chorar. Não agora.

Olhei para Narcisa, que me olhava como se eu tivesse admitido que matei alguém. Ela fechou os olhos e inspirou profundamente, ficou vários segundos naquela posição. Quando os abriu, soltou todo o ar calmamente, seus olhos se focalizaram nos meus olhos, azul no azul.

–Fiz uma promessa na última vez que vi Alice - ela olhou fundo nos meus olhos. - Uma promessa difícil de cumprir - murmurou.

–Qual era a promessa? - perguntei no mesmo tom que ela.

–Cuidar da filha dela - uma lágrima rolou pela sua bochecha e parou na volta do seu maxilar. - Você era tão linda, Charlotte. Cuidei de você quando sua mãe morreu, você ficou tão feliz quando Draco nasceu. Você brincava com ele - ela sorriu para mim. - Então, seu pai foi destruído, e você estava lá, nos meus braços. Eu tinha que te proteger... cuidar de você - ela me olhou, seus olhos marejados.

–E você me entregou para primos distantes que nem sabiam da minha existência e que não ligavam para mim? - praticamente gritei na cara dela. Senti um nó na minha garganta.

–Lúcio estava sendo investigado, ele era um Comensal, todos sabiam disso. O ministério ia à nossa casa a procura de artefatos das trevas, coisas do tipo... eles te viram lá - ela me olhou. - Dumbledore te viu lá. E quando descobriram da existência de um herdeiro de Voldemort tivemos que te levar para o mais longe possível... seu pai havia me dito que se algo atrapalhasse a sua segurança era para você morar com a família da sua mãe mais próxima, que eram aqueles.

–E quando virou mito a história do tal herdeiro vocês acharam melhor me deixar lá? Com aquelas pessoas? - o nó na minha garganta aumentou.

–Eles não sabem de quem você é filha, só sabem que você é uma Le Fay - ela fechou os olhos novamente. - Além do mais... Seu pai disse que nós não devíamos ficar com você, você tinha que aprender a se cuidar sozinha. E que um dia iria entender.

Meu pai queria que eu crescesse longe dos Comensais dele... Por quê?

–Com que idade você me deixou na casa dos Le Fay? - minha voz continuava fria, dura.

–Você tinha um pouco mais que dois anos.

Não queria ouvir mais nada, não queria saber... nem sequer imaginar. Só queria sair dali, deixar de ser avaliada pela mulher que estava na minha frente, ela não tinha o direito de me avaliar.

–Não fique com raiva de mim, Charlie - olhei para Narcisa. Minha visão estava embaçada. - Eu te chamava assim... Charlie - ela deu um breve sorriso para mim, meu estômago revirou. Tive fechar os olhos para não vomitar ali.

Abri meus lábios, pronta para uma resposta que quebraria até o coração mais duro, mas as palavras foram esquecidas quando o garçom trouxe dois pratos e duas taças postas sobre uma bandeja de metal redonda. Ele pôs um prato e uma taça em minha frente e fez o mesmo com Narcisa.

O homem foi sem olhar para nenhuma de nós duas, olhei ao redor para averiguar se alguém olhava para nós, havia um velhinho tão miúdo que estava escondido pelo Profeta Diário que, duas garotas mais velhas que eu que riam escandalosamente e três pessoas que estavam escondidas em capas negras de viagem, acho que elas eram de couro.

Narcisa se voltou para o prato, pegou os talheres e começou a comer como uma dama. Olhei para meu prato e o copo - risoto de camarão e suco de abóbora gelado. - Não sentia fome, na verdade, não sentia nada. Mas pela mais simples educação comecei a comer e bebericar. Numa vez ou outra, sentia o olhar de Narcisa sobre mim, mas não levava meus olhos de encontro aos dela.

–Eu sei que você está cheia de me ouvir, disso não posso culpá-la. Acho que eu em seu lugar já teria fugido daqui - senti que ela deu um breve sorriso. - Mas espero que me entenda, compreenda que meus erros foram na tentativa de ter acertos - pareceu-me que ela abaixara sua cabeça.

–Vou pensar em tudo que me disse - finalmente levantei meu olhar. Narcisa estava com a expressão e o corpo impassíveis, o que me deixou frustrada. - Talvez, um dia, nós nos falemos novamente - seu rosto se acendeu, mas ainda continuava com uma expressão sem vida.

–Você... está com raiva de mim?

–Como posso ter algum sentimento, bom ou ruim, por um desconhecido? - falei exasperada. - Não lhe conheço, você não me conhece. Pode achar que sim, mas mal sabe algo sobre mim, Narcisa Malfoy - uma raiva incontrolável se apoderou do meu ser. - Vou voltar para a casa que vocês me jogaram, adeus.

Levantei-me e caminhei o mais rápido possível para longe do restaurante. Passei por vários bruxos e bruxas cheios de sacolas de compras e percebi que não estava com as minhas. Parei no mesmo instante e me escondi em uma ruela paralela à rua principal do beco. Vários sentimentos estranhos despedaçavam meus pensamentos.

Me encostei na parede do beco e senti minha varinha no bolso traseiro da minha calça, conferi se havia alguém perto de mim.

Accio meu material de Hogwarts– murmurei.

Alguns segundos depois várias sacolas vieram pelo ar na minha direção, todas bateram em mim e caí de bunda no chão nojento da viela.

Peguei todas as sacolas, olhei mais uma vez para o Beco Diagonal e vi os olhos de Narcisa me encarando, raivosos e descontrolados, esse olhar acendeu um sentimento cruel no meu ser.

Dei um sorriso para ela e aparatei, apertando todas as sacolas contra meu peito. A viagem estava durando mais tempo, meu cérebro parecia estar derretendo pela falta de ar. Então respirei, puxei o ar que estava envolto em mim, meu cérebro parou de derreter e voltou a me torturar com a conversa que tive com Narcisa.

Percebi que ainda estava aparatando, apertei os olhos mais fortemente e imaginei a casa dos meus primos com toda a minha força.

Me estatelei no chão. A última coisa que ouvi fora três vozes exaltadas.


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Notas finais do capítulo

Espero que todos tenham gostado... e espero ver todos vocês, caros leitores, na minha caixinha de reviews!
Beijinhos especiais.